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Geografia econômica é um ramo do conhecimento geográfico que estuda as atividades econômicas e a sua interação com o espaço geográfico. Parte da Geografia humana, os estudos da vertente econômica da Geografia analisam a distribuição da produção econômica pelo mundo, a localização dessa produção e a maneira como um aspecto se relaciona com o outro.
Aborda temas de grande importância para a compreensão do funcionamento da economia em diversas escalas territoriais, como os setores produtivos, o desenvolvimento do sistema econômico e a globalização, alguns dos quais são cobrados com frequência em provas como o Enem.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Geografia econômica
- 2 - O que é a Geografia econômica?
- 3 - Divisões da Geografia econômica
- 4 - Conceitos importantes da Geografia econômica
- 5 - Por que a Geografia econômica é importante?
- 6 - Geografia econômica no Enem
- 7 - Geografia econômica do território brasileiro
- 8 - Como surgiu a Geografia econômica?
- 9 - Exercícios resolvidos sobre Geografia econômica
Resumo sobre Geografia econômica
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A Geografia econômica estuda as atividades econômicas e a sua relação com o espaço geográfico: onde se localizam, como de distribuem e suas interações.
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Pode ser dividida em quatro grandes áreas: Geografia das indústrias, Geografia agrária, Geografia do comércio e do consumo, e Geografia dos transportes.
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Trabalha com conceitos importantes como sistema econômico, setores da economia, redes e fluxos, mercado, globalização e infraestrutura.
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Surgiu com a inserção do componente espacial nas discussões sobre a economia, o que se deu por volta da segunda metade do século XX.
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É importante para a compreensão dos aspectos econômicos de determinado recorte espacial e para o entendimento da evolução dos sistemas econômicos.
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Questões que abordam temáticas da Geografia econômica são recorrentes no Enem.
O que é a Geografia econômica?
A Geografia econômica é um ramo da ciência geográfica que estuda as atividades econômicas e a maneira como elas interagem com o espaço. É parte da Geografia humana. O espaço geográfico, principal objeto de estudo da Geografia, é produzido e transformado por meio das ações humanas, que, na maioria das vezes, estão atreladas às atividades produtivas e às dinâmicas próprias do sistema econômico.
Nesse sentido, são três os principais pontos abordados pela Geografia econômica:
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localização das atividades econômicas, isto é, onde elas se realizam;
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distribuição dessas atividades, associada aos fatores locacionais e aos aspectos do território;
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inter-relação entre as atividades econômicas e a forma como essa relação se reproduz no espaço geográfico.
São exemplos de importantes temas abordados pela Geografia econômica:
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a dinâmica de redes e fluxos;
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a modernização do campo;
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a globalização e a formação das cadeias globais de produção.
Divisões da Geografia econômica
Os estudos da Geografia econômica podem ser divididos em quatro grandes áreas de acordo com a atividade produtiva e o meio em que ela se realiza. São essas divisões:
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Geografia das indústrias: analisa o desenvolvimento das indústrias e a maneira como elas se distribuem pelo espaço geográfico, levando em conta também as transformações e os impactos causados por essa atividade econômica, como a urbanização.
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Geografia agrária: analisa as atividades agropecuárias em suas diferentes modalidades de produção e a dinâmica do meio rural. Para saber mais sobre essa área, clique aqui.
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Geografia do comércio e do consumo: analisa a circulação de mercadorias pelo espaço e os diferentes padrões de consumo que se estabelecem diante das transformações no sistema econômico mundial.
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Geografia dos transportes: analisa a distribuição das redes de infraestrutura e das redes de serviços pelo espaço, assim como a dinâmica dos diferentes tipos de fluxo (mercadorias, pessoas, informações e capitais) que dependem delas.
Veja também: Indústria — como surgiu, seus tipos e as mudanças que provocou no Brasil e no mundo
Conceitos importantes da Geografia econômica
Assim como as demais áreas do conhecimento científico, a Geografia econômica se baseia em alguns conceitos-chave importantes para o desenvolvimento e compreensão dos estudos desse ramo da Geografia. Confira alguns desses conceitos a seguir.
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Sistema econômico: conjunto de normas e instituições que determinam o funcionamento da economia. No mundo atual, o sistema econômico dominante é o capitalismo.
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Setores da economia: segmentos em que são agrupadas as diferentes atividades econômicas e produtivas. São três:
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primário — referente à agropecuária e ao extrativismo;
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secundário — referente à indústria;
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terciário — referente ao comércio e aos serviços.
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Infraestrutura: conjunto de equipamentos físicos, serviços e as normas presentes em um território e fundamentais para o desenvolvimento da economia. Para saber mais sobre esse conceito, clique aqui.
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Redes: é a estrutura física (concreta) e abstrata que promove a conexão entre lugares, territórios e pessoas. Por meio das redes é que os fluxos se realizam.
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Fluxos: movimentos de pessoas, mercadorias, capitais e informações que se realizam por meio das redes entre diferentes lugares e partes do globo.
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Globalização: processo de integração do espaço mundial que se deu com base nas inovações na tecnologia, na ciência e nas comunicações. Para saber mais obre esse conceito, clique aqui.
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Mercado: representa todas as trocas e negociações de mercadorias físicas e ações que acontecem entre diferentes agentes. O termo é mais comumente associado ao mercado de ações, ou financeiro.
Por que a Geografia econômica é importante?
A Geografia econômica é uma área do conhecimento importante porque nos permite analisar com maior profundidade os aspectos econômicos de determinado recorte espacial e compreender a maneira como os elementos do espaço geográfico daquela região interferem na sua estrutura econômica, e vice-versa.
Os estudos da Geografia econômica proporcionam, ainda, a compreensão da evolução dos sistemas econômicos em conjunto com os avanços na técnica e na ciência, o que inclui a sua abrangência pelo espaço mundial e a distribuição das atividades econômicas pelos diferentes territórios. Muitos desses territórios acabam realizando acordos entre si que garantem maior dinamismo à economia local e regional, além de formarem blocos econômicos que trabalham em conjunto para o desenvolvimento em comum. Todos esses temas são importantes no escopo da Geografia econômica.
Geografia econômica no Enem
Os temas de grande importância acadêmica e social são cobrados com frequência nas provas do Enem, razão pela qual encontramos questões com temáticas estudadas pela Geografia econômica com frequência. Como sabemos, o Enem preza por interdisciplinaridade, boa interpretação de texto e também contemporaneidade dos assuntos abordados. Entre os temas de Geografia econômica cobrados no Enem, estão:
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industrialização brasileira e mundial;
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desenvolvimento da economia brasileira;
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acordos comerciais e blocos econômicos;
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crises econômicas;
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setores da economia e atividades produtivas;
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Divisão Internacional do Trabalho (DIT);
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estabelecimento e evolução do sistema capitalista;
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infraestrutura dos territórios;
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cadeias globais de produção;
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globalização;
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impactos ambientais das atividades econômicas.
Geografia econômica do território brasileiro
A formação do território brasileiro aconteceu em concomitância com o ordenamento e transformação do espaço econômico do país. Desde o princípio do Período Colonial até as primeiras décadas do século XX, a dinâmica da economia do Brasil foi dividida em ciclos que evidenciavam o principal produto desenvolvido em determinado momento e as áreas nas quais eles eram predominantes. Nota-se que, do ciclo do pau-brasil, passando pelo ciclo do ouro até chegar ao derradeiro ciclo da borracha, a economia brasileira se desenvolvia essencialmente no meio rural.
Com o impulso proporcionado pela economia cafeeira e pelos incentivos governamentais, entre as décadas de 1930 e 1940, as primeiras indústrias surgiram no território nacional ao mesmo tempo em que crescia a rede de infraestrutura dos transportes em áreas estratégicas, facilitando a circulação de bens e mercadorias. O meio rural deixou de ser o principal núcleo da economia brasileira, tendo em vista que a industrialização acelerou o processo de urbanização no Brasil.
A urbanização brasileira, a modernização do campo e a consequente expansão da fronteira agrícola, que teve início entre as décadas de 1970 e 1980, conduziram o processo que ficou conhecido como reestruturação produtiva do território nacional, provocando alterações significativas no espaço econômico do Brasil. Soma-se a isso a liberalização e internacionalização da economia brasileira, que aconteceu no final do século XX e promoveu a maior inserção do país nas cadeias globais de produção.
Diante desse contexto, o Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores mundiais de produtos primários, em especial de commodities agrícolas como a soja, contando com grandes parceiros comerciais. O país se consolidou, ainda, como uma das principais economias emergentes do mundo, ao lado de outras importantes nações, como China, Rússia, Índia e África do Sul (os países do Brics).
Apesar disso, o Brasil apresenta um espaço econômico pautado pelas desigualdades sociais, por uma rede de infraestrutura deficitária e pela concentração tanto de renda quanto de terras, quando consideramos a atividade primária. À medida que a economia brasileira se desenvolve, o setor terciário vai ganhando cada vez mais importância na composição do PIB nacional, ao passo em que se observa um movimento de desindustrialização.
Saiba mais: Agronegócio — setor de grande destaque na economia brasileira
Como surgiu a Geografia econômica?
A Geografia econômica é uma área do conhecimento que surgiu a partir do momento em que o componente espacial passou a fazer parte das análises a respeito do funcionamento da economia e da distribuição das atividades produtivas.
Não obstante a ciência econômica sempre tenha se ocupado da compreensão de temas como o acúmulo e geração de riquezas e a industrialização, o geógrafo francês Paul Claval destaca|1| que a economia espacial e, posteriormente, a Geografia econômica surgiram a partir da segunda metade do século XIX. Abordava-se, nesse contexto, a lógica do ordenamento espacial e de localização das atividades econômicas, tema central da Geografia econômica.
Na medida em que o conhecimento geográfico se transformou, o mesmo aconteceu com a Geografia econômica. Esse importante segmento da Geografia passou a incorporar temas como as desigualdades socioeconômicas entre territórios, a globalização, os padrões de consumo da sociedade e diversos outros de grande interesse acadêmico, cada vez mais alinhado com os principais assuntos abordados pela ciência geográfica.
Exercícios resolvidos sobre Geografia econômica
Questão 1) (Enem 2022) Brasil e Argentina chegaram a um acordo para a redução em 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. O consenso foi alcançado durante negociação entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil e o seu equivalente argentino, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no início do mês de outubro de 2021. A redução da TEC é um antigo desejo do Brasil, que pretende abrir mais sua economia e, com isso, ajudar a controlar a inflação. Já a Argentina temia que a medida pudesse afetar sua produção industrial. O acordo vai abranger uma ampla gama de produtos e ainda será apresentado ao Paraguai e Uruguai, para que seja formalizado.
Brasil e Argentina fecham acordo para corte de 10% na tarifa do Mercosul. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 8 out. 2021 (adaptado).
A necessidade de negociação diplomática para viabilizar o acordo tarifário mencionado é explicada pela seguinte característica do Mercosul:
a) limitação da circulação financeira.
b) padronização da política monetária.
c) funcionamento da união aduaneira.
d) dependência da exportação agrícola.
e) equivalência da legislação trabalhista.
Resolução: Alternativa C. A necessidade de negociação se deve ao funcionamento da união aduaneira, característica do acordo comercial entre países sul-americanos conhecido como Mercosul. Essa união prevê a criação de uma zona de livre comércio baseada em uma Tarifa Externa Comum (TEC), utilizada pelos membros do bloco.
Questão 2) (Enem)
ILVA, E. S. O. Circuito espacial de produção e comercialização da produção familiar de tomate no município de São José de Ubá (RJ). In: RIBEIRO, M. A.; MARAFON, G. J. (orgs.). A metrópole e o interior fluminense: simetrias e assimetrias geométricas.
Foto: Rio de Janeiro: Gramma, 2009 (adaptado).
O organograma apresenta os diversos atores que integram uma cadeia agroindustrial e a intensa relação entre os setores primário, secundário e terciário. Nesse sentido, a disposição dos atores na cadeia agroindustrial demonstra:
a) a autonomia do setor primário.
b) a importância do setor financeiro.
c) o distanciamento entre campo e cidade.
d) a subordinação da indústria à agricultura.
e) a horizontalidade das relações produtivas.
Resolução: Alternativa B. O organograma mostra a importância do setor financeiro, responsável por fornecer empréstimos, financiamentos e linhas de crédito aos principais atores das cadeias produtivas agrícolas (fornecedores de insumos, produtores e comerciantes).
Nota
|1| CLAVAL, Paul. Geografia econômica e economia. GeoTextos, [S. l.], v. 1, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/geotextos/article/view/3028.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia