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O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem duração média que varia entre um ano a um ano e meio, com início nos últimos meses do ano.
Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongas as regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul.
Leia também: Qual é a influência do El Niño no Brasil e na atividade pesqueira?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre El Niño
- 2 - O que é El Niño?
- 3 - Características do El Niño
- 4 - Como ocorre o El Niño?
- 5 - Quais as consequências do El Niño?
- 6 - Quais as diferenças entre El Niño e La Niña?
- 7 - Com ocorre o El Niño no Brasil
- 8 - Exercícios resolvidos sobre El Niño
Resumo sobre El Niño
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El Niño corresponde ao fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico.
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Ele ocorre a cada cinco ou sete anos; sua duração é de aproximadamente um ano e meio.
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Provoca secas no sudeste da Ásia e nos países da Oceania. As chuvas são intensificadas na região central do Pacífico, assim como na costa oeste norte-americana. A América Central experimenta tempo quente e seco.
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A América do Sul recebe tempo quente e chuvoso na costa do Pacífico, com secas que atingem as regiões mais elevadas do Peru, parte da Colômbia e da Bolívia.
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O Brasil sofre com secas prolongadas e calor no Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas na região Sul; no Sudeste e Centro-Oeste, não há previsão.
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Em função do aquecimento das águas oceânicas, sobretudo no litoral ocidental do continente americano, a pesca é prejudicada.
O que é El Niño?
O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciando-se por volta do mês de dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.
Essa anomalia foi uma descoberta de pescadores na costa oeste da América do Sul, próximo do litoral do Peru. Nessas áreas, é comum a ressurgência de águas frias e profundas em camadas superiores, trazendo nutrientes para próximo da superfície e favorecendo a atividade pesqueira. Em um período atípico, entretanto, os pescadores notaram uma baixa produtividade associada a correntes de água mais quentes do que o habitual para a época do ano.
Curiosidade: Como o período de observação dos pescadores foi próximo do Natal, atribuiu-se, por isso, o nome El Niño ao fenômeno, uma referência, na língua espanhola, ao menino Jesus (el niño = o menino).
Características do El Niño
O El Niño, como vimos, é caracterizado pelo aumento anormal da temperatura das águas do oceano Pacífico próximo à Linha do Equador, na região intertropical do planeta Terra. Comumente, a variação se dá no intervalo de 2 ºC a 3,5 ºC, levando em consideração que, em condições normais, a temperatura das águas superficiais do Pacífico é de 23 ºC. Em anos de El Niño muito intenso, como aquele que ocorreu entre 1997 e 1998, observou-se valores superiores, que chegaram a um acréscimo de 4 ºC.
A ocorrência do El Niño é cíclica, mas é difícil prever a sua periodicidade. Sabe-se que esse fenômeno acontece em intervalos de cinco a sete anos em média, geralmente intercalando com o La Niña em períodos que variam de um a 10 anos. O El Niño começa no final do ano, entre os meses de setembro a dezembro, e tem duração de até um ano e meio.
Saiba mais: Furacão — tempestades tropicais que ocorrem sobre oceanos tropicais
Como ocorre o El Niño?
O El Niño está diretamente associado aos ventos alísios — um sistema de ventos que sopram em direção ao Equador no sentido leste–oeste. Em anos de ocorrência do fenômeno, os alísios apresentam intensidade menor do que a convencional. Quando isso acontece, a ressurgência de água fria na costa oeste da América do Sul perde a força e a água quente avança sobre essa região, o que implica o acréscimo das temperaturas gerais do oceano.
Posto de outra forma, temos que a termoclina, camada que marca a separação entre as águas quentes e frias do oceano, encontra-se mais profunda na costa oeste sul-americana, como demonstra o esquema da figura seguinte.
O aumento da temperatura das águas do oceano implica mudanças na pressão atmosférica na camada imediatamente acima da superfície, transformando o padrão de circulação das células convectivas. Nesse caso, refere-se às células de Walker. Em condições normais, essa célula é formada por ar quente ascendente no leste da Ásia e descendente na costa oeste da América do Sul.
Com as temperaturas mais elevadas do oceano, especialmente na região central, forma-se uma zona de baixa pressão nessa área e há uma divisão na célula de Walker. As parcelas ascendentes de ar se concentram no centro do oceano Pacífico, enquanto o movimento descendente é intensificado sobre a porção ocidental da América do Sul e passa a ocorrer também no leste asiático.
São decorrentes dessa transformação no padrão de circulação dos ventos, em diversas regiões do planeta, as modificações:
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no regime de chuvas;
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na disponibilidade de umidade;
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na temperatura.
Quais as consequências do El Niño?
O El Niño provoca alterações na circulação geral da atmosfera, o que implica consequências em vários países, principalmente aqueles localizados na zona intertropical. Nas regiões sul e sudeste da Ásia, que compreendem países como a Índia, a Indonésia e as ilhas próximas a esses territórios, ocorre o enfraquecimento das monções e predomínio de tempo quente e seco.
O mesmo acontece na Oceania, notadamente na Austrália e Nova Zelândia. Já as ilhas da região central do Pacífico experimentam um acréscimo no volume de chuvas. A costa oeste da América do Norte experimenta tempo quente e chuvas muito intensas no verão, causadoras de enchentes e alagamentos, enquanto no inverno as temperaturas mínimas podem ficar muito abaixo da média esperada. Esse padrão se repete na costa leste do continente.
Nos países da América Central, o tempo se torna quente e seco, enquanto os efeitos do El Niño para a América do Sul são muito variáveis. As chuvas diminuem consideravelmente na Colômbia, nas áreas mais elevadas do Peru e na Bolívia, provocando secas.
No oeste do Peru, do Equador e dos países mais setentrionais do continente sul-americano, a precipitação é mais intensa e volumosa. Desse modo, as atividades econômicas sofrem grande prejuízo em anos de El Niño, sobretudo a agricultura e a pesca. Nas áreas de chuvas torrenciais de verão, a população é afetada por enchentes e alagamentos.
Quais as diferenças entre El Niño e La Niña?
O El Niño e a La Niña são ambos parte do fenômeno conhecido como El Niño-Oscilação Sul (Enos). Diferentemente do El Niño, o La Niña corresponde ao resfriamento anormal das águas do Pacífico devido à intensificação da ressurgência na costa oeste sul-americana, provocada por ventos alísios de maior intensidade.
O nome desse fenômeno, que significa “a menina” em espanhol, foi dado justamente por se tratar de um evento oposto ao El Niño. Ele tem início na mesma época do ano e ocorre a cada intervalo de dois a sete anos, com duração de nove meses.
Durante o La Niña, são experimentadas chuvas muito intensas e aumento das temperaturas nas regiões do leste e sudeste asiáticos e dos países da Oceania. A costa oeste da América do Norte tem frio intenso, o mesmo ocorrendo na América Central, onde há a combinação de tempo frio e chuvas volumosas, e em toda a costa pacífica sul-americana.
No Brasil, o La Niña:
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gera secas severas e muito calor na região Sul;
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provoca chuvas torrenciais no Norte e Nordeste, com chances de alagamentos e enchentes;
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varia de uma ocorrência a outra no Sudeste e Centro-Oeste.
Com ocorre o El Niño no Brasil
O El Niño faz surgir condições de tempo muito contrastantes no território brasileiro:
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Norte e Nordeste: seus estados e municípios passam por um período de seca severa, o que se deve à redução considerável no volume de chuvas para ambas as regiões. Aumenta, com isso, o risco de incêndios florestais devido ao calor extremo e à falta de umidade, além, é claro, dos prejuízos à economia e sobretudo à saúde das pessoas.
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Sul: experimenta chuvas muito intensas e volumosas em anos de El Niño, sobretudo nos meses de primavera e na transição do outono para o inverno. As temperaturas tendem a aumentar para valores acima da média.
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Centro-Oeste e Sudeste: possuem uma condição menos previsível. A tendência geral é de aumento de chuvas em algumas áreas, especialmente nos estados do Centro-Oeste, como no Mato Grosso do Sul, e padrões de temperatura mais elevados, principalmente para o inverno.
Confira nosso podcast: O dilema das queimadas no Brasil e no mundo
Exercícios resolvidos sobre El Niño
Questão 1
(Fuvest) “Menino travesso: El Niño retorna mais poderoso e ameaça enlouquecer o tempo em todo mundo.”
(Revista “Veja” 27/08/97 p. 42-43)
A notícia anterior exemplifica a ampla cobertura da mídia sobre esse fenômeno, geralmente relacionado à
A) atuação inesperada da massa de ar úmida que, ao resfriar as águas do oceano Pacífico, eleva os índices de evaporação e intensifica as chuvas de monções no SE asiático.
B) presença de correntes marítimas com baixas temperaturas na costa ocidental americana, justificando a diminuição dos cardumes no Chile e as estiagens no SE do Brasil e dos EUA.
C) inversão térmica oceânica que aquece parte das águas superficiais do Pacífico, aumenta o número de tempestades marítimas e desregula os índices de chuva na região tropical.
D) temporada de furacões e episódios de secas nas costas ocidentais americanas, devido ao aumento da força dos ventos tropicais que sopram da Ásia em direção à América do Sul.
E) formação de ondas que trazem à tona as águas mais frias do fundo do oceano Pacífico, intensificando os índices de aridez no Peru e Sul do Brasil e as inundações na Ásia tropical.
Resolução:
Alternativa C.
Com o El Niño, há o aquecimento das águas superficiais do Pacífico Equatorial em toda a sua extensão, notadamente nas áreas onde há a ressurgência de água fria, o que caracteriza uma inversão das temperaturas nessa região. A porção central do Pacífico experimenta um aumento nos índices pluviométricos devido à presença de massas de ar em ascensão, ao mesmo tempo em que há um descompasso nas chuvas das demais áreas, principalmente no sudeste asiático e na América do Sul.
Questão 2
(UEL) Sobre os desdobramentos do fenômeno El Niño no território brasileiro, considere as afirmativas a seguir.
I. No Hemisfério Sul a atuação do fenômeno El Niño eleva a frequência e a intensidade das frentes frias que avançam sobre as regiões Sudeste e Nordeste durante os períodos de primavera e verão.
II. Algumas culturas agrícolas das regiões Sul e Sudeste são beneficiadas com o fenômeno que propicia um inverno com temperaturas acima da média, diminuindo as geadas.
III. Na região Amazônica, a ocorrência do fenômeno El Niño acentua a estação seca e contribui com o aumento do risco de incêndios causados pelo uso das queimadas na agropecuária.
IV. A região brasileira mais afetada pelo fenômeno El Niño é a Centro-Oeste, onde prolongados períodos de seca atingem o Mato Grosso do Sul.
Estão corretas apenas as afirmativas:
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
Resolução:
Alternativa B.
Somente as afirmativas II e III trazem informações verdadeiras. A primeira está incorreta porque o El Niño não ocasiona um aumento nas frentes frias. Esse aspecto é característico do La Niña. A afirmativa IV, por sua vez, está incorreta porque os impactos descritos do El Niño ocorrem nas regiões Norte e Nordeste, e não no Centro-Oeste.