Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

El Niño

El Niño se refere ao aquecimento anormal das águas do Pacífico. Ele altera temporariamente a distribuição de umidade e calor no planeta, principalmente na zona tropical.

Mapa dos impactos do El Niño no mundo.
Mapa dos impactos do El Niño no mundo.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem duração média que varia entre um ano a um ano e meio, com início nos últimos meses do ano.

Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongas as regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul.

Leia também: Qual é a influência do El Niño no Brasil e na atividade pesqueira?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre El Niño

  • El Niño corresponde ao fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico.

  • Ele ocorre a cada cinco ou sete anos; sua duração é de aproximadamente um ano e meio.

  • Provoca secas no sudeste da Ásia e nos países da Oceania. As chuvas são intensificadas na região central do Pacífico, assim como na costa oeste norte-americana. A América Central experimenta tempo quente e seco.

  • A América do Sul recebe tempo quente e chuvoso na costa do Pacífico, com secas que atingem as regiões mais elevadas do Peru, parte da Colômbia e da Bolívia.

  • O Brasil sofre com secas prolongadas e calor no Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas na região Sul; no Sudeste e Centro-Oeste, não há previsão.

  • Em função do aquecimento das águas oceânicas, sobretudo no litoral ocidental do continente americano, a pesca é prejudicada.

O que é El Niño?

O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciando-se por volta do mês de dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.

Essa anomalia foi uma descoberta de pescadores na costa oeste da América do Sul, próximo do litoral do Peru. Nessas áreas, é comum a ressurgência de águas frias e profundas em camadas superiores, trazendo nutrientes para próximo da superfície e favorecendo a atividade pesqueira. Em um período atípico, entretanto, os pescadores notaram uma baixa produtividade associada a correntes de água mais quentes do que o habitual para a época do ano.

Curiosidade: Como o período de observação dos pescadores foi próximo do Natal, atribuiu-se, por isso, o nome El Niño ao fenômeno, uma referência, na língua espanhola, ao menino Jesus (el niño = o menino).

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Características do El Niño

O El Niño, como vimos, é caracterizado pelo aumento anormal da temperatura das águas do oceano Pacífico próximo à Linha do Equador, na região intertropical do planeta Terra. Comumente, a variação se dá no intervalo de 2 ºC a 3,5 ºC, levando em consideração que, em condições normais, a temperatura das águas superficiais do Pacífico é de 23 ºC. Em anos de El Niño muito intenso, como aquele que ocorreu entre 1997 e 1998, observou-se valores superiores, que chegaram a um acréscimo de 4 ºC.

A ocorrência do El Niño é cíclica, mas é difícil prever a sua periodicidade. Sabe-se que esse fenômeno acontece em intervalos de cinco a sete anos em média, geralmente intercalando com o La Niña em períodos que variam de um a 10 anos. O El Niño começa no final do ano, entre os meses de setembro a dezembro, e tem duração de até um ano e meio.

Saiba mais: Furacão — tempestades tropicais que ocorrem sobre oceanos tropicais

Como ocorre o El Niño?

O El Niño está diretamente associado aos ventos alísios — um sistema de ventos que sopram em direção ao Equador no sentido leste–oeste. Em anos de ocorrência do fenômeno, os alísios apresentam intensidade menor do que a convencional. Quando isso acontece, a ressurgência de água fria na costa oeste da América do Sul perde a força e a água quente avança sobre essa região, o que implica o acréscimo das temperaturas gerais do oceano.

Posto de outra forma, temos que a termoclina, camada que marca a separação entre as águas quentes e frias do oceano, encontra-se mais profunda na costa oeste sul-americana, como demonstra o esquema da figura seguinte.

O aumento da temperatura das águas do oceano implica mudanças na pressão atmosférica na camada imediatamente acima da superfície, transformando o padrão de circulação das células convectivas. Nesse caso, refere-se às células de Walker. Em condições normais, essa célula é formada por ar quente ascendente no leste da Ásia e descendente na costa oeste da América do Sul.

Com as temperaturas mais elevadas do oceano, especialmente na região central, forma-se uma zona de baixa pressão nessa área e há uma divisão na célula de Walker. As parcelas ascendentes de ar se concentram no centro do oceano Pacífico, enquanto o movimento descendente é intensificado sobre a porção ocidental da América do Sul e passa a ocorrer também no leste asiático.

Ilustração dos ventos alísios e sua influência sobre a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e de El Niño.
Esquema simplificado do comportamento dos ventos e sua influência sobre a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e em anos de El Niño.

São decorrentes dessa transformação no padrão de circulação dos ventos, em diversas regiões do planeta, as modificações:

  • no regime de chuvas;

  • na disponibilidade de umidade;

  • na temperatura.

Quais as consequências do El Niño?

O El Niño provoca alterações na circulação geral da atmosfera, o que implica consequências em vários países, principalmente aqueles localizados na zona intertropical. Nas regiões sul e sudeste da Ásia, que compreendem países como a Índia, a Indonésia e as ilhas próximas a esses territórios, ocorre o enfraquecimento das monções e predomínio de tempo quente e seco.

O mesmo acontece na Oceania, notadamente na Austrália e Nova Zelândia. Já as ilhas da região central do Pacífico experimentam um acréscimo no volume de chuvas. A costa oeste da América do Norte experimenta tempo quente e chuvas muito intensas no verão, causadoras de enchentes e alagamentos, enquanto no inverno as temperaturas mínimas podem ficar muito abaixo da média esperada. Esse padrão se repete na costa leste do continente.

Nos países da América Central, o tempo se torna quente e seco, enquanto os efeitos do El Niño para a América do Sul são muito variáveis. As chuvas diminuem consideravelmente na Colômbia, nas áreas mais elevadas do Peru e na Bolívia, provocando secas.

No oeste do Peru, do Equador e dos países mais setentrionais do continente sul-americano, a precipitação é mais intensa e volumosa. Desse modo, as atividades econômicas sofrem grande prejuízo em anos de El Niño, sobretudo a agricultura e a pesca. Nas áreas de chuvas torrenciais de verão, a população é afetada por enchentes e alagamentos.

Quais as diferenças entre El Niño e La Niña?

O El Niño e a La Niña são ambos parte do fenômeno conhecido como El Niño-Oscilação Sul (Enos). Diferentemente do El Niño, o La Niña corresponde ao resfriamento anormal das águas do Pacífico devido à intensificação da ressurgência na costa oeste sul-americana, provocada por ventos alísios de maior intensidade.

O nome desse fenômeno, que significa “a menina” em espanhol, foi dado justamente por se tratar de um evento oposto ao El Niño. Ele tem início na mesma época do ano e ocorre a cada intervalo de dois a sete anos, com duração de nove meses.

Durante o La Niña, são experimentadas chuvas muito intensas e aumento das temperaturas nas regiões do leste e sudeste asiáticos e dos países da Oceania. A costa oeste da América do Norte tem frio intenso, o mesmo ocorrendo na América Central, onde há a combinação de tempo frio e chuvas volumosas, e em toda a costa pacífica sul-americana.

No Brasil, o La Niña:

  • gera secas severas e muito calor na região Sul;

  • provoca chuvas torrenciais no Norte e Nordeste, com chances de alagamentos e enchentes;

  • varia de uma ocorrência a outra no Sudeste e Centro-Oeste.

Com ocorre o El Niño no Brasil

O El Niño faz surgir condições de tempo muito contrastantes no território brasileiro:

  • Norte e Nordeste: seus estados e municípios passam por um período de seca severa, o que se deve à redução considerável no volume de chuvas para ambas as regiões. Aumenta, com isso, o risco de incêndios florestais devido ao calor extremo e à falta de umidade, além, é claro, dos prejuízos à economia e sobretudo à saúde das pessoas.

  • Sul: experimenta chuvas muito intensas e volumosas em anos de El Niño, sobretudo nos meses de primavera e na transição do outono para o inverno. As temperaturas tendem a aumentar para valores acima da média.

  • Centro-Oeste e Sudeste: possuem uma condição menos previsível. A tendência geral é de aumento de chuvas em algumas áreas, especialmente nos estados do Centro-Oeste, como no Mato Grosso do Sul, e padrões de temperatura mais elevados, principalmente para o inverno.

Confira nosso podcast: O dilema das queimadas no Brasil e no mundo

Exercícios resolvidos sobre El Niño

Questão 1

(Fuvest) “Menino travesso: El Niño retorna mais poderoso e ameaça enlouquecer o tempo em todo mundo.”

(Revista “Veja” 27/08/97 p. 42-43)

A notícia anterior exemplifica a ampla cobertura da mídia sobre esse fenômeno, geralmente relacionado à

A) atuação inesperada da massa de ar úmida que, ao resfriar as águas do oceano Pacífico, eleva os índices de evaporação e intensifica as chuvas de monções no SE asiático.

B) presença de correntes marítimas com baixas temperaturas na costa ocidental americana, justificando a diminuição dos cardumes no Chile e as estiagens no SE do Brasil e dos EUA.

C) inversão térmica oceânica que aquece parte das águas superficiais do Pacífico, aumenta o número de tempestades marítimas e desregula os índices de chuva na região tropical.

D) temporada de furacões e episódios de secas nas costas ocidentais americanas, devido ao aumento da força dos ventos tropicais que sopram da Ásia em direção à América do Sul.

E) formação de ondas que trazem à tona as águas mais frias do fundo do oceano Pacífico, intensificando os índices de aridez no Peru e Sul do Brasil e as inundações na Ásia tropical.

Resolução:

Alternativa C.

Com o El Niño, há o aquecimento das águas superficiais do Pacífico Equatorial em toda a sua extensão, notadamente nas áreas onde há a ressurgência de água fria, o que caracteriza uma inversão das temperaturas nessa região. A porção central do Pacífico experimenta um aumento nos índices pluviométricos devido à presença de massas de ar em ascensão, ao mesmo tempo em que há um descompasso nas chuvas das demais áreas, principalmente no sudeste asiático e na América do Sul.

Questão 2

(UEL) Sobre os desdobramentos do fenômeno El Niño no território brasileiro, considere as afirmativas a seguir.

I. No Hemisfério Sul a atuação do fenômeno El Niño eleva a frequência e a intensidade das frentes frias que avançam sobre as regiões Sudeste e Nordeste durante os períodos de primavera e verão.

II. Algumas culturas agrícolas das regiões Sul e Sudeste são beneficiadas com o fenômeno que propicia um inverno com temperaturas acima da média, diminuindo as geadas.

III. Na região Amazônica, a ocorrência do fenômeno El Niño acentua a estação seca e contribui com o aumento do risco de incêndios causados pelo uso das queimadas na agropecuária.

IV. A região brasileira mais afetada pelo fenômeno El Niño é a Centro-Oeste, onde prolongados períodos de seca atingem o Mato Grosso do Sul.

Estão corretas apenas as afirmativas:

A) I e II.

B) II e III.

C) III e IV.

D) I, II e IV.

E) I, III e IV.

Resolução:

Alternativa B.

Somente as afirmativas II e III trazem informações verdadeiras. A primeira está incorreta porque o El Niño não ocasiona um aumento nas frentes frias. Esse aspecto é característico do La Niña. A afirmativa IV, por sua vez, está incorreta porque os impactos descritos do El Niño ocorrem nas regiões Norte e Nordeste, e não no Centro-Oeste.

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "El Niño"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/el-nino.htm. Acesso em 24 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(UFT) El Niño é um fenômeno oceânico caracterizado pelo aquecimento incomum das águas superficiais nas porções centrais e leste do Oceano Pacífico, nas proximidades da América do Sul, mais particularmente na costa do Peru. A corrente de águas quentes que ali circula, em geral, na direção sul no início do verão, somente recebe o nome de El Niño quando a anomalia térmica atinge proporções elevadas (1ºC) ou muito elevadas (de 4 a 6ºC) acima da média térmica, que é de 23ºC. Esse fenômeno se faz notar com maior evidência nas costas peruanas, pois as águas provenientes do fundo oceânico (fenômeno conhecido como ressurgência) e da corrente marinha de Humboldt são interceptadas por águas quentes oriundas do norte e oeste. Essa alteração regional assume dimensões continentais e planetárias à medida que provoca desarranjos de toda a ordem em vários climas da Terra. (Mendonça e Danni-Oliveira, 2007)

Ainda sobre a influência do fenômeno El Niño na dinâmica climática mundial, pode-se afirmar que:

I. Afetando a dinâmica climática em escala global, a ocorrência do fenômeno gera bruscas alterações climáticas no mundo.
II. Influenciando a dinâmica climática em escala global, o fenômeno gera impactos generalizados sobre as atividades humanas, causados por inúmeras catástrofes ligadas a severas secas, inundações e ciclones.
III. Mesmo com maior influência nas costas peruanas, o fenômeno não interfere na dinâmica climática local e regional.
IV. Além de atuar na costa pacífica da América do Sul, o El Niño provoca graves perturbações climáticas (secas anormais ou, ao contrário, ciclones e chuvas com totais pluviométricos extremamente elevados) em regiões isentas de tais eventos.
V. Apesar de atuar na costa pacífica da América do Sul, esse fenômeno não traz mudanças climáticas significativas para a região.

Com base no texto, as assertivas verdadeiras são:

a) I, II, III e IV
b) I, III, IV e V
c) II, IIII, e IV
d) I, II, e IV
e) II, IV e V

Exercício 2

O fenômeno El Niño é um acontecimento climático natural cuja origem ainda não é definida, existindo várias hipóteses. Esse evento provoca aquecimento anormal das águas de qual oceano?

a) Atlântico

b) Pacífico

c) Índico

d) Ártico

e) Antártico