Geografia econômica

A Geografia econômica é uma área da Geografia que se dedica ao estudo das atividades econômicas e produtivas e da maneira como elas se relacionam com o espaço geográfico.

Geografia econômica é um ramo do conhecimento geográfico que estuda as atividades econômicas e a sua interação com o espaço geográfico. Parte da Geografia humana, os estudos da vertente econômica da Geografia analisam a distribuição da produção econômica pelo mundo, a localização dessa produção e a maneira como um aspecto se relaciona com o outro.

Aborda temas de grande importância para a compreensão do funcionamento da economia em diversas escalas territoriais, como os setores produtivos, o desenvolvimento do sistema econômico e a globalização, alguns dos quais são cobrados com frequência em provas como o Enem.

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Resumo sobre Geografia econômica

O que é a Geografia econômica?

A Geografia econômica é um ramo da ciência geográfica que estuda as atividades econômicas e a maneira como elas interagem com o espaço. É parte da Geografia humana. O espaço geográfico, principal objeto de estudo da Geografia, é produzido e transformado por meio das ações humanas, que, na maioria das vezes, estão atreladas às atividades produtivas e às dinâmicas próprias do sistema econômico.

Nesse sentido, são três os principais pontos abordados pela Geografia econômica:

São exemplos de importantes temas abordados pela Geografia econômica:

Divisões da Geografia econômica

Os estudos da Geografia econômica podem ser divididos em quatro grandes áreas de acordo com a atividade produtiva e o meio em que ela se realiza. São essas divisões:

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Conceitos importantes da Geografia econômica

Assim como as demais áreas do conhecimento científico, a Geografia econômica se baseia em alguns conceitos-chave importantes para o desenvolvimento e compreensão dos estudos desse ramo da Geografia. Confira alguns desses conceitos a seguir.

Vista aérea de um viaduto, uma infraestrutura estudada em Geografia econômica.
Conceitos como o de infraestrutura são fundamentais para a compreensão da Geografia econômica.

Por que a Geografia econômica é importante?

A Geografia econômica é uma área do conhecimento importante porque nos permite analisar com maior profundidade os aspectos econômicos de determinado recorte espacial e compreender a maneira como os elementos do espaço geográfico daquela região interferem na sua estrutura econômica, e vice-versa.

Os estudos da Geografia econômica proporcionam, ainda, a compreensão da evolução dos sistemas econômicos em conjunto com os avanços na técnica e na ciência, o que inclui a sua abrangência pelo espaço mundial e a distribuição das atividades econômicas pelos diferentes territórios. Muitos desses territórios acabam realizando acordos entre si que garantem maior dinamismo à economia local e regional, além de formarem blocos econômicos que trabalham em conjunto para o desenvolvimento em comum. Todos esses temas são importantes no escopo da Geografia econômica.

Geografia econômica no Enem

Os temas de grande importância acadêmica e social são cobrados com frequência nas provas do Enem, razão pela qual encontramos questões com temáticas estudadas pela Geografia econômica com frequência. Como sabemos, o Enem preza por interdisciplinaridade, boa interpretação de texto e também contemporaneidade dos assuntos abordados. Entre os temas de Geografia econômica cobrados no Enem, estão:

Geografia econômica do território brasileiro

A formação do território brasileiro aconteceu em concomitância com o ordenamento e transformação do espaço econômico do país. Desde o princípio do Período Colonial até as primeiras décadas do século XX, a dinâmica da economia do Brasil foi dividida em ciclos que evidenciavam o principal produto desenvolvido em determinado momento e as áreas nas quais eles eram predominantes. Nota-se que, do ciclo do pau-brasil, passando pelo ciclo do ouro até chegar ao derradeiro ciclo da borracha, a economia brasileira se desenvolvia essencialmente no meio rural.

Com o impulso proporcionado pela economia cafeeira e pelos incentivos governamentais, entre as décadas de 1930 e 1940, as primeiras indústrias surgiram no território nacional ao mesmo tempo em que crescia a rede de infraestrutura dos transportes em áreas estratégicas, facilitando a circulação de bens e mercadorias. O meio rural deixou de ser o principal núcleo da economia brasileira, tendo em vista que a industrialização acelerou o processo de urbanização no Brasil.

A urbanização brasileira, a modernização do campo e a consequente expansão da fronteira agrícola, que teve início entre as décadas de 1970 e 1980, conduziram o processo que ficou conhecido como reestruturação produtiva do território nacional, provocando alterações significativas no espaço econômico do Brasil. Soma-se a isso a liberalização e internacionalização da economia brasileira, que aconteceu no final do século XX e promoveu a maior inserção do país nas cadeias globais de produção.

Máquina agrícola no campo, um dos objetos de estudo da Geografia econômica do Brasil.
A agricultura e as demais atividades do setor primário constituem a base da economia brasileira.

Diante desse contexto, o Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores mundiais de produtos primários, em especial de commodities agrícolas como a soja, contando com grandes parceiros comerciais. O país se consolidou, ainda, como uma das principais economias emergentes do mundo, ao lado de outras importantes nações, como China, Rússia, Índia e África do Sul (os países do Brics).

Apesar disso, o Brasil apresenta um espaço econômico pautado pelas desigualdades sociais, por uma rede de infraestrutura deficitária e pela concentração tanto de renda quanto de terras, quando consideramos a atividade primária. À medida que a economia brasileira se desenvolve, o setor terciário vai ganhando cada vez mais importância na composição do PIB nacional, ao passo em que se observa um movimento de desindustrialização.

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Como surgiu a Geografia econômica?

A Geografia econômica é uma área do conhecimento que surgiu a partir do momento em que o componente espacial passou a fazer parte das análises a respeito do funcionamento da economia e da distribuição das atividades produtivas.

Não obstante a ciência econômica sempre tenha se ocupado da compreensão de temas como o acúmulo e geração de riquezas e a industrialização, o geógrafo francês Paul Claval destaca|1| que a economia espacial e, posteriormente, a Geografia econômica surgiram a partir da segunda metade do século XIX. Abordava-se, nesse contexto, a lógica do ordenamento espacial e de localização das atividades econômicas, tema central da Geografia econômica.

Na medida em que o conhecimento geográfico se transformou, o mesmo aconteceu com a Geografia econômica. Esse importante segmento da Geografia passou a incorporar temas como as desigualdades socioeconômicas entre territórios, a globalização, os padrões de consumo da sociedade e diversos outros de grande interesse acadêmico, cada vez mais alinhado com os principais assuntos abordados pela ciência geográfica.

Exercícios resolvidos sobre Geografia econômica

Questão 1) (Enem 2022) Brasil e Argentina chegaram a um acordo para a redução em 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. O consenso foi alcançado durante negociação entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil e o seu equivalente argentino, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no início do mês de outubro de 2021. A redução da TEC é um antigo desejo do Brasil, que pretende abrir mais sua economia e, com isso, ajudar a controlar a inflação. Já a Argentina temia que a medida pudesse afetar sua produção industrial. O acordo vai abranger uma ampla gama de produtos e ainda será apresentado ao Paraguai e Uruguai, para que seja formalizado.

Brasil e Argentina fecham acordo para corte de 10% na tarifa do Mercosul. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 8 out. 2021 (adaptado).

A necessidade de negociação diplomática para viabilizar o acordo tarifário mencionado é explicada pela seguinte característica do Mercosul:

a) limitação da circulação financeira.

b) padronização da política monetária.

c) funcionamento da união aduaneira.

d) dependência da exportação agrícola.

e) equivalência da legislação trabalhista.

Resolução: Alternativa C. A necessidade de negociação se deve ao funcionamento da união aduaneira, característica do acordo comercial entre países sul-americanos conhecido como Mercosul. Essa união prevê a criação de uma zona de livre comércio baseada em uma Tarifa Externa Comum (TEC), utilizada pelos membros do bloco.

Questão 2) (Enem)

Organograma sobre cadeia agroindustrial em exercício de Geografia econômica.

ILVA, E. S. O. Circuito espacial de produção e comercialização da produção familiar de tomate no município de São José de Ubá (RJ). In: RIBEIRO, M. A.; MARAFON, G. J. (orgs.). A metrópole e o interior fluminense: simetrias e assimetrias geométricas.

Foto: Rio de Janeiro: Gramma, 2009 (adaptado).

O organograma apresenta os diversos atores que integram uma cadeia agroindustrial e a intensa relação entre os setores primário, secundário e terciário. Nesse sentido, a disposição dos atores na cadeia agroindustrial demonstra:

a) a autonomia do setor primário.

b) a importância do setor financeiro.

c) o distanciamento entre campo e cidade.

d) a subordinação da indústria à agricultura.

e) a horizontalidade das relações produtivas.

Resolução: Alternativa B. O organograma mostra a importância do setor financeiro, responsável por fornecer empréstimos, financiamentos e linhas de crédito aos principais atores das cadeias produtivas agrícolas (fornecedores de insumos, produtores e comerciantes).

Nota

|1| CLAVAL, Paul. Geografia econômica e economia. GeoTextos, [S. l.], v. 1, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/geotextos/article/view/3028.

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/geografia/geografia-economica.htm