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Desemprego estrutural

A incorporação de tecnologias avançadas na economia tem levado à substituição da mão de obra humana e a maiores exigências de qualificação, gerando o desemprego estrutural.

Uma pessoa, com capacete de segurança amarelo, manipulando braços robóticos por um notebook em uma indústria.
A automatização do processo produtivo é a principal causa do desemprego estrutural.
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Desemprego estrutural é o nome dado à perda do posto de trabalho e à extinção de profissões ocasionadas por transformações estruturais na economia ou na produção, especialmente relacionadas à modernização tecnológica e à incorporação de automação no processo produtivo e na vida cotidiana. Trata-se de um tipo de desemprego definitivo, que demanda do trabalhador uma maior qualificação para a sua reinserção no mercado de trabalho. Quando isso não acontece, a tendência é de aumento da informalidade.

Veja também: Revolução Industrial — a substituição do trabalho da manufatura pelo trabalho industrial

Tópicos deste artigo

Resumo sobre desemprego estrutural

  • Desemprego estrutural corresponde à demissão de indivíduos e à perda de postos de trabalho em função de transformações estruturais do processo produtivo e da economia.

  • A principal causa do desemprego estrutural é a automatização de etapas da produção e a modernização tecnológica de diferentes tarefas da vida cotidiana.

  • É um tipo de desemprego permanente (ou definitivo).

  • Entre suas consequências está o aumento da informalidade e do subemprego, em decorrência da dificuldade dos trabalhadores se reinserirem no mercado formal.

  • É um tipo de desemprego que tem crescido no Brasil nas últimas décadas.

  • O desemprego estrutural é somente um dos tipos de desemprego, que pode ser também conjuntural, natural ou sazonal.

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O que é desemprego estrutural?

O desemprego estrutural é um tipo de desemprego caracterizado pela perda ou extinção de postos de trabalho em decorrência de transformações estruturais efetivadas no sistema econômico e produtivo, no processo de produção, na economia de um território ou no interior de uma empresa.

Está mais comumente associado ao avanço tecnológico de um modo geral, que leva à incorporação de novas tecnologias no processo produtivo e da automatização completa ou parcial da produção e da execução de tarefas do cotidiano. Nesse contexto, o desemprego tende a ser definitivo, havendo assim a necessidade de o indivíduo se readequar para que ele possa conseguir a sua reinserção no mercado de trabalho.

Exemplos de desemprego estrutural

O desemprego estrutural pode ser observado na modernização das telecomunicações, que tornou algumas profissões obsoletas. Uma dessas profissões é a de telefonista, ocupação das pessoas responsáveis pela transferência de ligações e fornecimento de informações via telefone para aqueles que chamavam na central. Atualmente, com os celulares e com o acesso à internet em qualquer lugar, o próprio usuário realiza essas funções.

Um exemplo mais recorrente é o da mecanização dos processos produtivos no campo, como o plantio e a colheita. Em muitas propriedades rurais, todos os procedimentos realizados na lavoura são realizados por máquinas, dispensando assim a mão de obra humana no campo e gerando a extinção de determinados postos de trabalho. Podemos citar ainda a retirada dos cobradores de ônibus, substituídos por bilhetes eletrônicos que liberam automaticamente as catracas e, mais recentemente, o pagamento realizado pelo celular.

Quais são as causas do desemprego estrutural?

A principal causa do desemprego estrutural é a automação do processo produtivo e a adoção de novas tecnologias nas mais diferentes etapas da produção, seja na indústria ou nas atividades dos setores primário e terciário, o que leva à substituição da mão de obra humana pelo trabalho de uma ou várias máquinas.

Do ponto de vista do empregador, essa transformação torna o trabalho mais eficaz, ao mesmo tempo em que auxilia na redução dos custos de produção. Do ponto de vista do trabalhador, no entanto, a introdução do maquinário leva à perda do trabalho e, em muitos casos, à extinção de determinados postos de serviço. Nesse sentido, a baixa qualificação dos trabalhadores tende a ser um agravante que dificulta a sua reincorporação em outros postos de trabalho.

A modernização da vida cotidiana e a informatização de tarefas, que são características do atual período técnico e científico em que estamos inseridos, estão também entre as causas do desemprego estrutural no mundo moderno.

Da mesma forma, o advento da globalização e as transformações engendradas no sistema econômico e financeiro internacional introduziram novas demandas e necessidades produtivas que levaram à reorganização de diversos segmentos da economia, levando ao desemprego estrutural.

Quais são as consequências do desemprego estrutural?

O desemprego estrutural apresenta uma série de consequências que atingem principalmente a população. Listamos abaixo alguns dos impactos desse fenômeno:

  • aumento no índice geral de desemprego;

  • aumento da procura por novas vagas de emprego, muitas vezes inexistentes;

  • incapacidade de reabsorção da mão de obra demitida;

  • crescimento da informalidade, do subemprego e do número de trabalhadores autônomos;

  • maior contingente de pobreza e aprofundamento das desigualdades sociais;

  • perda da qualidade de vida para o indivíduo que foi demitido;

  • aumento no número de desalentados, que são pessoas que estão sem emprego e não estão procurando recolocação no mercado.

Leia também: Trabalho informal — uma característica dos processos de transformação no mercado de trabalho

Diferenças entre o desemprego estrutural e o desemprego conjuntural

O desemprego conjuntural difere do desemprego estrutural nas suas causas e na duração. Gerado por questões conjunturais, o desemprego conjuntural associa-se a crises econômicas, políticas ou sanitárias que se instalam em escala regional, nacional ou mundial e que levam a demissões, fechamento de empresas, suspensão de serviços, corte de gastos e outras consequências.

Diferente do estrutural, o desemprego conjuntural tende a ser temporário, com a recriação do posto de trabalho ou recontratação após o restabelecimento do equilíbrio conjuntural.

Desemprego estrutural no Brasil

O desemprego estrutural cresceu significativamente no Brasil nas últimas três décadas, notadamente a partir da década de 1990, motivado inicialmente pela ampliação da automatização das indústrias e depois aprofundado pela dificuldade com a qual muitos trabalhadores se deparam que é a de encontrar um novo trabalho e se reinserir formalmente no mercado.

Os motivos para tal são variados, sendo o principal deles a baixa qualificação profissional. De acordo com uma reportagem da BBC News de 2021|1|, o nível de desemprego estrutural no Brasil recente já supera o de países desenvolvidos.

Com a ampliação do desemprego estrutural no Brasil, o que se observou foi o crescimento do índice de pessoas que procuram o seu sustento por meio de trabalhos precários ou informais, atuando ainda como trabalhadores autônomos, o que fez ampliar essa categoria no país.

Outros tipos de desemprego

O desemprego estrutural e o desemprego conjuntural não são as duas únicas dimensões desse fenômeno. Existem ainda dois outros tipos de desemprego.

  • Desemprego natural ou friccional: corresponde ao desemprego de ocasião ou momentâneo, geralmente atribuído às pessoas que se encontram na busca pelo seu primeiro emprego ou aqueles recém-demitidos ou desligados de seus antigos trabalhos e que estão em busca de um novo trabalho.

  • Desemprego sazonal: corresponde ao desemprego que acontece com um intervalo determinado e atinge setores específicos, como o turismo, ao final da alta temporada; o comércio, após as contratações temporárias de períodos de maior demanda, como datas comemorativas; e a agricultura, quando chega ao fim a safra de uma determinada cultura e os trabalhadores são dispensados.

Notas

|1| CARRANÇA, Thais. Mesmo após crise gerada por pandemia, Brasil terá 10 milhões de desempregados, dizem economistas. BBC News Brasil, 23 jul. 2021. Disponível aqui.

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Desemprego estrutural"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/desemprego-estrutural.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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