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A Revolução Verde foi uma das profundas transformações pelas quais o mundo passou após a Segunda Guerra Mundial. Essa inovação ficou conhecida por melhorar a produção agrícola e aumentar a produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970.
Entretanto, essa revolução não trouxe apenas melhoras no campo da agricultura e pecuária. Algumas consequências negativas surgiram, como a dependência tecnológica dos países subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento para com os países desenvolvidos.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que é Revolução Verde?
- 2 - Características da Revolução Verde
- 3 - Origem da Revolução Verde
- 4 - Pontos positivos e negativos da Revolução Verde
- 5 - Revolução Verde no Brasil
- 6 - Consequências da Revolução Verde
- 7 - Exercícios resolvidos
O que é Revolução Verde?
A Revolução Verde tratou-se de um conjunto de inovações tecnológicas que permearam o setor primário da economia (agricultura e pecuária) a fim de melhorar tais atividades. Essas inovações caracterizaram-se por conter um conhecimento técnico avançado, com cientistas empenhados em fortalecer as produções agrícolas mundo afora.
Dentre essas inovações, podemos citar o desenvolvimento de
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fungicidas
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herbicidas
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fertilizantes químicos
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sementes mais adaptáveis a climas extremos
Além disso, também houve a criação dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).
Características da Revolução Verde
Como características da Revolução Verde, podemos citar o alto índice de tecnologia, pesquisa e estudo nas áreas do setor primário e, posteriormente, do setor secundário da economia, com o aprimoramento de máquinas pesadas para o trabalho rural.
Essas pesquisas trouxeram grandes avanços na produção agrícola, em todos os tipos de alimentos, com os fertilizantes químicos e agrotóxicos, permitindo aos agricultores (desde o pequeno até o grande latifundiário) maior controle de pragas e incremento de lavouras mais rentáveis, tornando as propriedades mais produtivas.
Origem da Revolução Verde
Grande parte das inovações promovidas pela Revolução Verde surgiu a partir da década de 1940, mas a revolução ganhou seu auge na década de 1970, com a expansão de fronteiras agrícolas nos países do Hemisfério Sul, como no Brasil.
O termo Revolução Verde foi cunhado por William Gown, em 1966, na cidade de Washington, Estados Unidos, durante uma conferência na capital estadunidense. Contudo, as inovações começaram com Norman Borlaug, na década de 1930. Borlaug era agrônomo estadunidense e pesquisou a variedade de sementes de trigo que fossem resistentes a pragas e doenças. Seus estudos foram aplicados, primeiramente e em larga escala, no México, que viu sua produção de trigo saltar sete vezes na década de 1940.
Em 1970, os estudos de Borlaug renderam-lhe o Prêmio Nobel da Paz, pela proeza de aumentar a produção de alimentos, o que poderia erradicar a fome nas décadas seguintes.
Veja também: Rotação de culturas – prática em que há alternância planejada de diferentes culturas
Pontos positivos e negativos da Revolução Verde
A Revolução Verde surgiu com o intuito de aumentar-se a produção alimentícia e erradicar-se a fome no mundo por meio de novas técnicas agrícolas, geração de emprego em áreas de clima extremo, além de novas maneiras de corrigir-se a acidez do solo e da utilização de máquinas e equipamentos agrícolas.
Em termos práticos e na relação aumento de produção x área plantada, a Revolução Verde foi um sucesso, pois conseguiu seu objetivo inicial de aumento na produção agrícola, sendo possíveis plantações em localidades semiáridas ou de climas frios.
As sementes tornaram-se mais resistentes às pragas, além de vitaminas e outros nutrientes que foram acrescidos aos OGMs. Áreas menores começaram a produzir mais alimentos, pois muitas sementes eram modificadas para reduzir-se seu tempo de reprodução. Um avanço extraordinário.
No campo da pecuária, as inovações permitiram que animais crescessem mais rápido e com menor percentual de gordura nos derivados (leite, carne, ovos), podendo ser resistentes a determinadas doenças. A variedade de plantas comerciais, como milho, soja e arroz, também foi algo benéfico da Revolução Verde, elevando o Produto Interno Bruto (PIB) de países agrários e exportadores de commodities.
No entanto, todo esse êxito alimentício transformou a agricultura em um grande empreendimento capitalista, intensificando-se a concentração fundiária nos países em desenvolvimento. Além disso, o uso exagerado de agrotóxicos e fertilizantes, segundo alguns estudos, pode causar câncer, alergia e outras doenças semelhantes em quem consome alimentos regados a esses itens químicos.
Como a Revolução Verde trouxe grandes incentivos tecnológicos, houve a dependência dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento em relação às empresas que produzem essas melhorias. Grande parte dessas empresas é de transnacionais de países desenvolvidos, favorecendo-se a lógica histórica de dependência norte x sul tão criticada nas últimas décadas.
Revolução Verde no Brasil
No Brasil, a Revolução Verde trouxe uma série de benefícios para os grandes produtores rurais, como a expansão da fronteira agrícola nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, na década de 1970.
Grande parte dessa expansão teve contribuição significativa do governo federal, que criou órgãos responsáveis pela adoção das melhorias tecnológicas oriundas da revolução. Dentre um desses órgãos, podemos citar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fundada em 1973. As melhorias foram tão significativas que o período conhecido por “milagre econômico” nessa época teve como um dos pilares a agricultura.
Com base nisso, o Brasil tornou-se uma das grandes lideranças mundiais na produção e exportação de alimentos, com destaque para a soja e o milho, grãos destinados, em sua maioria, ao mercado interno de países do Hemisfério Norte.
Atualmente, o Brasil ainda mantém o status de liderança exportadora em alguns produtos agrícolas, como cana-de-açúcar, laranja e milho, e é o segundo maior exportador de soja, atrás dos Estados Unidos. Essa liderança é devida às inovações da Revolução Verde, que transformaram a agricultura brasileira em algo bastante mecanizado e competitivo no cenário mundial.
Contudo, essa competição tem custos, muitas vezes, pagos pelo meio ambiente e pela população carente, que acaba se mudando da zona rural para as cidades em busca de empregos por não encontrar algo nas grandes propriedades rurais, acentuando-se o êxodo rural e o inchaço urbano.
Para corroborar com esse cenário, podemos observar a composição da população brasileira em termos de espaços ocupados. Na década de 1960, a população rural era de 55%, e a população urbana, de 45%. Na década seguinte, os números inverteram-se, tornando-se o Brasil um país urbano, com 55% da população vivendo nas cidades, percentual que só aumentou nas últimas décadas do século XX e nas primeiras décadas deste século.
Consequências da Revolução Verde
Com as mudanças promovidas pela Revolução Verde, graças à tecnologia e às pesquisas científicas, nas últimas décadas do século XX, foi constatado o aumento considerável do número de alimentos, e alguns países passaram a ser protagonistas nesse campo econômico, comBrasil e México (este o pioneiro nas inovações agrícolas ainda na década de 1940).
Todavia, essas inovações são caras e relacionadas com elementos químicos perigosos à natureza, ao solo, aos alimentos e aos seres humanos consumidores desses alimentos. Nas áreas plantadas, houve a retirada da vegetação natural para expandir-se a produção agrícola, o que acentua problemas ambientais, como:
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contaminação do solo por parte do uso excessivo de agrotóxicos;
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perda da biodiversidade natural, entre outros processos negativos para com a natureza.
Há, também, o problema social, como a acentuação do êxodo urbano por parte da população mais carente e o endividamento de produtores rurais para a compra dos insumos químicos, gerando-se concentração de renda e terra.
A ideia inicial da Revolução Verde era erradicar a fome do planeta nas décadas posteriores à sua implantação, mas isso não ocorreu, como sabemos. Ao contrário, cada vez mais pessoas passam fome mundo afora. A revolução beneficiou as grandes empresas detentoras das patentes químicas dos OGMs e agrotóxicos, responsáveis pela produção e distribuição desses materiais. Essas empresas aumentaram suas riquezas e são fundamentais na cadeia agrícola mundial, o que não significa algo positivo.
Acesse também: Evolução da agricultura e suas técnicas
Exercícios resolvidos
Questão 1 – (UEA 2017) A agroecologia adota princípios sustentáveis nas relações de produção no campo, constituindo-se uma alternativa ao modelo de agricultura definido pela
A) economia informal.
B) revolução verde.
C) rotação de culturas.
D) especulação financeira.
E) teoria do desenvolvimento.
Resolução
Alternativa B. A agroecologia adota princípios que não agridem o meio ambiente ou interferem no ritmo natural das plantas, sem agrotóxicos e/ou organismos geneticamente modificados.
Questão 2 – (Unimontes 2015) A partir da década de 1950, um modelo de desenvolvimento agrícola exportado para países subdesenvolvidos ficou conhecido como Revolução Verde, que provocou profundas transformações no espaço agrário desses países. Considerando os efeitos da Revolução Verde, é possível inferir, EXCETO:
A) O uso de agrotóxicos e de máquinas agrícolas não adaptadas aos tipos de solos em que foram usadas acarretou uma série de impactos ambientais nos ecossistemas dos países que buscaram investir na Revolução Verde.
B) A concessão de financiamentos bancários subsidiados pelos governos dos países subdesenvolvidos tornou-se uma medida emergencial devido aos altos custos dos pacotes que os produtores assumiram com a adesão da Revolução Verde.
C) Na organização do espaço, as monoculturas avançaram sobre regiões ambientalmente preservadas, criando áreas de fronteira agrícola em áreas de florestas e cerrados etc., que cederam, assim, lugar para pastagens e plantações.
D) O aumento da produção de cereais nos países que aderiram à Revolução Verde desde a década de 1960 conseguiu atingir a meta básica da Revolução Verde, que era a de assegurar produção de alimentos suficientes para combater a fome.
Resolução
Alternativa D. A produção alimentar hoje aumentou consideravelmente, mas ainda não é capaz de combater a fome devido à logística, à infraestrutura, aos interesses capitalistas, entre outros empecilhos.
Por Átila Matias
Professor de Geografia