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Divisão Internacional do Trabalho (DIT)

A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é a segmentação do espaço econômico mundial caracterizada pela divisão da produção e dos serviços entre os países.

Ilustração da conexão econômica mundial como representação da Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
O ordenamento da produção industrial e da oferta de serviços em escala mundial é chamado de Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
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Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é o nome dado ao ordenamento das atividades econômicas em escala mundial, em que cada país desempenha uma diferente função produtiva. À medida que o sistema capitalista se transforma, a DIT adquire novas configurações.

Instalada ainda no século XVI, a DIT se encontra atualmente baseada no capitalismo financeiro, nas cadeias produtivas globais e nas relações estabelecidas entre os países desenvolvidos, que concentram a indústria de ponta e serviços financeiros e bancários; os países emergentes, em que a indústria divide espaço com um setor primário consolidado; e os países subdesenvolvidos, cuja economia é baseada na produção primária.

Leia também: Nova Ordem Mundial — a emergência de múltiplos centros de poder

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Divisão Internacional do Trabalho (DIT)

  • Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é o nome dado à organização do espaço econômico mundial caracterizada pela divisão da produção e dos serviços entre os países.

  • Tem como base a especialização produtiva das economias nacionais e a distribuição desigual de recursos entre os territórios.

  • Foi criada no século XVI para o suprimento das demandas internas dos países centrais, hoje conhecidos como país desenvolvidos.

  • Divide-se em três fases.

  • A primeira fase aconteceu durante o século XVI, quando as colônias destinavam matérias-primas e metais preciosos para as metrópoles.

  • A segunda fase aconteceu entre os séculos XVIII e XIX, quando os países não industrializados enviavam matérias-primas e outros produtos do setor primário para os países industrializados, que, em contrapartida, exportavam bens industrializados.

  • A terceira fase teve início no século XX e perdura até o presente, sendo marcada pela formação de cadeias produtivas globais e pela maior presença das empresas transnacionais.

  • Na atual fase da DIT, países desenvolvidos realizam a produção industrial com alto nível tecnológico, além de ofertarem serviços bancários, financeiros e de comunicações. Países emergentes realizam a produção industrial e são, também, fornecedores de matérias-primas.

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Por que a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) foi criada?

A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) se estabeleceu de formas distintas ao longo do processo de transformação do sistema capitalista. Essa diferenciação nos papéis que os países assumem no sistema econômico mundial foi criada entre os séculos XV e XVI, quando as nações dominantes à época (majoritariamente europeias, como Portugal, Espanha e Inglaterra) estavam em busca de áreas fornecedoras de matérias-primas para suprir a demanda interna da sua produção manufatureira.

Assim, podemos dizer que a DIT foi criada porque havia uma escassez de recursos nos países dominantes que precisou ser suprida pelos países da periferia econômica. Esse processo resultou em profundas transformações nas nações hoje conhecidas como emergentes e subdesenvolvidas, que levaram ao reforço da posição destas nas fases subsequentes da DIT.

Qual a função da Divisão Internacional do Trabalho (DIT)?

A função da DIT é a repartição das atividades econômicas em escala global, designando a cada país um diferente papel, que vai desde o fornecimento de matérias-primas e recursos naturais, passando pela produção industrial, até o comércio e a realização de serviços de naturezas diversas.

Cabe lembrar que a DIT leva em consideração a distribuição dos recursos naturais entre os territórios, que não é homogênea, e também a especialização produtiva de cada um dos países. No segundo caso, a DIT também acaba por aprofundar essa especialização da produção em muitas economias nacionais, especialmente nos países subdesenvolvidos.

Quais são as fases da Divisão Internacional do Trabalho (DIT)?

 Pessoa apontando uma localidade em um mapa-múndi como representação da Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
A fase mais recente da DIT é caracterizada pelas cadeias produtivas globais e pela consolidação do capitalismo financeiro.

As diferentes fases da DIT estão alinhadas com o processo de transformação que o sistema capitalista sofreu no decorrer do tempo. Com isso, podemos compreender a DIT por meio de três momentos distintos:

Primeira fase da DIT: colonialismo e capitalismo comercial

A primeira fase da DIT teve início entre os séculos XV e XVI, quando o sistema capitalista incipiente vivia a sua etapa comercial. Essa fase é baseada no colonialismo europeu, marcado pelo estabelecimento de colônias fornecedoras de matérias-primas e recursos naturais, como metais preciosos (ouro, prata) para as metrópoles, onde seriam manufaturados e transformados em produtos a serem comercializados. Muitos desses produtos manufaturados retornavam para as colônias como mercadorias.

Segunda fase da DIT: DIT clássica e capitalismo industrial

A Revolução Industrial do século XVIII representou a consolidação do sistema capitalista, que adentrava agora em sua etapa industrial. Como sabemos, inicialmente o processo de industrialização aconteceu nos países europeus, e somente em sua segunda fase se expandiu para outras regiões do planeta. Considerando todo o período que se estende do século XVIII até o final do século XIX, podemos falar em uma segunda fase da DIT, que ficou conhecida como DIT clássica.

Intensificou-se a circulação mundial de produtos industrializados oriundos dos países que temos hoje como desenvolvidos. Ao mesmo tempo, as colônias estabelecidas principalmente na América foram conquistando a sua independência e abolindo o sistema escravagista, que sustentou a produção durante o período colonial. Esse movimento fez com que os países agora independentes se tornassem o destino produtos industrializados, mantendo a mesma estrutura básica da DIT anterior.

Portanto, a DIT clássica é caracterizada pela divisão entre os países industrializados e os países não industrializados. O primeiro grupo realizava a produção e a exportação dos produtos industrializados enquanto o segundo grupo comercializava matérias-primas e outros produtos derivados do setor primário da economia.

Terceira fase da DIT: nova DIT e capitalismo financeiro

A terceira fase da DIT teve início a partir do século XX e pode ser dividida em dois momentos. O primeiro deles diz respeito ao início do processo de industrialização dos países em desenvolvimento, classificado como industrialização tardia, e da maior inserção dessas economias nacionais no comércio mundial durante as décadas de 1950 e 1960.

Esse período foi caracterizado ainda pela terceira etapa da Revolução Industrial nos países desenvolvidos e pelo maior fluxo de capitais que partia das nações desenvolvidas em direção aos países emergentes na forma de investimentos diretos.

Foi nesse contexto que se deu o desenvolvimento de importantes áreas industriais, como os Tigres Asiáticos (Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan). Nota-se ainda a intensificação do uso de novas tecnologias na produção industrial dos países desenvolvidos, haja vista que a nova fase da industrialização ficou marcada por avanços significativos no campo da ciência, da tecnologia e da inovação.

A partir da década de 1970, a modernização técnica nas comunicações e a consolidação do capitalismo financeiro, com maior atuação dos agentes de mercado, promoveram uma nova transformação na DIT.

Durante esse período, que se estende até hoje, as empresas transnacionais ampliaram a sua escala de atuação e passaram a se instalar em diversos países ao redor do globo, com sede nos países desenvolvidos. As cadeias produtivas foram desintegradas verticalmente, e cada etapa da produção passou a ser desenvolvida em uma região ou país diferente como uma forma de as empresas aproveitarem as vantagens locacionais e ampliarem os seus lucros. Os países emergentes foram os principais destinos dessas empresas.

Para além da indústria, muitos dos países emergentes se mantêm como fornecedores de produtos primários para o comércio exterior, como é o caso do Brasil e das economias latino-americanas, por exemplo. Dentre esses produtos se destacam as commodities agrícolas, os alimentos e os combustíveis fósseis.

Os países desenvolvidos se voltaram ao aperfeiçoamento dos serviços bancários e financeiros, das comunicações e do setor de tecnologia de ponta, assumindo o papel centros de negócios e de gerenciamento. O capital originado por meio da produção nas transnacionais é direcionado majoritariamente a esses países, que mantêm também um parque industrial moderno e de alta tecnologia. Do outro lado, os países considerados subdesenvolvidos continuam à margem do processo, com economias nacionais baseadas no setor primário.

Veja também: Quais são os Novos Tigres Asiáticos?

Qual a importância da Divisão Internacional do Trabalho (DIT)?

Com o avanço tecnológico e o desenvolvimento do sistema capitalista, a DIT criou uma cadeia produtiva global de elevado dinamismo que foi importante para as economias nacionais dos países emergentes, principalmente, ainda mais quando se trata da geração de novos postos de trabalho, da diversificação do seu parque industrial e do maior aporte de capitais oriundo dos países desenvolvidos.

Apesar disso, os países emergentes e os países subdesenvolvidos mantêm certo grau de dependência com relação aos países desenvolvidos, o que se deve à forma como a DIT se impôs no passado e à manutenção dessa estrutura no sistema capitalista.

Exercícios resolvidos sobre a Divisão Internacional do Trabalho (DIT)

Questão 1

(Enem)

A Divisão Internacional do Trabalho significa que alguns países se especializam em ganhar e outros, em perder. Nossa comarca no mundo, que hoje chamamos América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se aventuraram pelos mares e lhe cravaram os dentes na garganta. Passaram-se os séculos e a América Latina aprimorou suas funções.

GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1978.

Escrito na década de 1970, o texto considera a participação da América Latina na Divisão Internacional do Trabalho marcada pela:

A) produção inovadora de padrões de tecnologia.

B) superação paulatina do caráter agroexportador.

C) apropriação imperialista dos recursos territoriais.

D) valorização econômica dos saberes tradicionais.

E) dependência externa do suprimento de alimentos.

Resolução:

Alternativa C.

Os países latino-americanos foram colônias das nações europeias no passado histórico, quando perderam recursos naturais e foi atribuído a eles o papel de fornecedores de matérias-primas. Embora tenha havido progresso industrial desde então, que avançou a partir da segunda metade do século XX, a América Latina mantém certa dependência com relação aos países desenvolvidos, principalmente na exportação de bens primários.

Questão 2

(IFSP) Observe a figura abaixo.

Figura ilustrando a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) em uma questão do IFSP.

A figura ilustra a Divisão Internacional do Trabalho (DIT). De acordo com Milton Santos (1996), a DIT corresponde às funções produtivas desempenhadas por cada Estado-nação no sistema internacional. Em relação ao Brasil, em que pese a condição ainda subordinada no que se refere à sua participação na divisão do trabalho (agora ainda mais internacionalizada), analise as assertivas abaixo.

I. Devido ao fortalecimento de seu parque industrial, a participação do Brasil no cenário internacional como país exportador de matérias-primas (carne bovina, cana-de-açúcar, minério de ferro, soja etc.) tem declinado no comércio internacional.

II. A participação do Brasil na DIT permanece estritamente agroexportadora, tendo o agronegócio como principal setor produtivo.

III. O Brasil, apesar das significativas transformações no seu parque industrial que ocorreram nas últimas décadas, continua sendo um país exportador de matérias-primas, como cana-de-açúcar, minério de ferro, soja etc.

IV. Apesar da internacionalização crescente, o Brasil não participa da DIT, uma vez que possui tanto um parque industrial variado, cuja tecnologia de ponta é predominante, como uma forte agricultura.

É correto o que se afirma em:

A) II e IV, apenas.

B) I e II, apenas.

C) III, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II, III e IV.

Resolução:

Alternativa C.

A presença da indústria brasileira na DIT apresentou aumento expressivo nas últimas décadas. Apesar disso, o país se consolidou como um importante exportador de commodities agrícolas e produtos primários, como soja, minério de ferro, cana-de-açúcar, couro e carnes. Portanto, somente a afirmação III é correta.

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Divisão Internacional do Trabalho (DIT)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/divisao-internacional-trabalho-dit.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Conceitue e caracterize a Divisão Internacional do Trabalho (DIT).

Exercício 2

Observe as colunas abaixo e relacione as informações.

Coluna 1

I. Primeira Divisão Internacional do Trabalho

II. Segunda Divisão Internacional do Trabalho

III. Nova Divisão Internacional do Trabalho

Coluna 2

1. ( ) Exportação de cana-de-açúcar do Brasil para Portugal no século XVII.

2. ( ) Produção e exportação de café no período da República Velha.

3. ( ) Exploração de ouro no território brasileiro por Portugal no século XVIII.

4. ( ) Instalação da fábrica da Susuki no Brasil.

5. ( ) Compra de produtos industrializados britânicos pelo Brasil no final do século XIX.