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O século XX, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, representou um marco para a industrialização, que passou a se expandir por praticamente todo o planeta, incluindo países de economia periférica ou subdesenvolvida, que, até então, eram puramente rurais. Esse conjunto de países recentemente industrializados é chamado de NPI, sigla para Novos Países Industrializados, e eventualmente é representado também por NIC (New Industrialized Countries).
Os NPIs, ou NICs, consolidaram o seu processo de industrialização a partir da década de 1950. Eles concentraram em torno de si uma série de atividades produtivas e tornaram-se grandes centros fabris de equipamentos eletrônicos e de componentes industriais. Outro aspecto foi a grande presença de investimentos estrangeiros sobre eles, de modo que as empresas multinacionais, na maioria dos casos, passaram a exercer um maior peso sobre essa transformação econômica que esses países passaram no período em questão.
É claro que cada processo industrial dos NPIs apresentou-se de maneira específica. No entanto, entre as características gerais, podemos destacar a grande dependência tecnológica em relação aos países desenvolvidos, a urbanização acelerada, o crescimento rápido do setor terciário (comércio e serviços) e a reorganização da Divisão Internacional do Trabalho. Nessa orientação, os NPIs passaram a exportar produtos industriais e a importar do mundo desenvolvido tecnologias mais avançadas.
Inicialmente, o processo de industrialização do mundo subdesenvolvido ocorreu na América Latina, com destaque para três países: Brasil, México e Argentina. Esses territórios assemelham-se por apresentar um grande mercado consumidor, uma elevada disponibilidade de mão de obra barata, uma grande quantidade de matérias-primas e o desenvolvimento de suas infraestruturas voltadas à atração de empresas estrangeiras.
O modelo latino-americano de industrialização foi o de substituição de importações e priorizou a fabricação, principalmente, de bens de consumo antes importados, ou seja, aqueles equipamentos utilizados para a posterior transformação em mercadorias. Esse modelo persistiu com a entrada de uma grande quantidade de empresas multinacionais, permanecendo ativo até os anos 1980, quando entrou em crise. Em geral, a velocidade de evolução da industrialização da América Latina ocorreu em um ritmo mais lento em comparação com os demais NPIs.
O maior destaque, nesse último aspecto, foi para os Tigres Asiáticos, nome dado aos quatro países da Ásia que apresentaram um alucinante ritmo de industrialização: Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan. Esses países desenvolveram-se com base na industrialização orientada para exportação, de forma distinta, portanto, dos latino-americanos. Em outras palavras, a maior preocupação desse modelo industrial foi atender o mercado internacional, tanto pelas empresas estrangeiras que ali se instalaram (a maioria delas japonesas) quanto pelas empresas nacionais, de modo que algumas dessas se tornaram também grandes multinacionais, com destaque para as empresas coreanas.
Outro caso importante entre os países recentemente industrializados foi o da China, que se desenvolveu a partir de uma estrutura econômica planificada, ou seja, com a total presença do Estado na economia e a autodenominação “socialista”. A partir da década de 1970, diante da forte crise que marcou os países que adotaram esse modelo econômico (incluindo a URSS), a China passou a implantar uma maior abertura econômica, havendo o recebimento de empresas estrangeiras e a comercialização internacional.
O modelo chinês de industrialização, ainda sob a forte presença do Estado, foi consolidado pelo estabelecimento das Zonas Econômicas Especiais, nas quais o poder público direcionava os locais de infraestrutura em que as empresas estrangeiras se estabeleceriam. Além disso, nesse país, uma fábrica multinacional deveria se associar em uma joint venture com uma empresa nacional, o que alavancou o desenvolvimento da indústria local durante muitas décadas. As vantagens da China são o seu mercado consumidor muito amplo, a mão de obra extremamente barata e o fácil acesso a matérias-primas, o que tornou o país como um dos maiores produtores mundiais e, até o momento, com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.
Por fim, merecem destaque, entre os NPIs, os Novos Tigres Asiáticos, fruto da expansão dos Tigres Asiáticos pela Ásia e também do investimento dos Estados Unidos e do Japão. Os novos tigres são Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas, que apresentam um processo de desenvolvimento industrial ainda mais recente. Esses países, embora apresentem menos qualificação profissional entre os seus trabalhadores, dispõem de menos gastos com salários e direitos trabalhistas, o que os faz atrair um grande número de empresas. Desse modo, eles se tornaram grandes produtores industriais, principalmente de produtos têxteis e eletroeletrônicos, embora alguns deles ainda possuam economias centradas no mercado agrícola, como o Vietnã.
Por Me. Rodolfo Alves Pena