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A gramática é a disciplina que estuda a língua e seu uso, pensando as convenções de fala e escrita estabelecidas no idioma. Há alguns enfoques diferentes na gramática, podendo ser: gramática normativa, gramática descritiva, gramática histórica e gramática comparativa. A gramática tem três grandes principais áreas: a fonologia, a morfologia e a sintaxe.
Leia também: Qual é a origem da língua portuguesa?
Tópicos deste artigo
- 1 - O que se estuda na gramática?
- 2 - Tipos de gramática
- 3 - Quais são as divisões da gramática?
- 4 - Qual é a importância da gramática?
- 5 - Algumas dúvidas gramaticais
O que se estuda na gramática?
A gramática estuda a língua, seu uso e sua estrutura, pensando não só na forma escrita, como também na oral, ou seja, na fala. A gramática apresenta alguns tipos de enfoque diferentes, assim como se divide em áreas específicas.
Tipos de gramática
A gramática pode ser classificada em alguns tipos: a normativa, a descritiva, a histórica e a comparativa. Esses tipos definem o enfoque por meio do qual se estuda a gramática.
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Gramática normativa
A gramática normativa é a que se volta para as normas e regras do falar e escrever em determinado idioma. Portanto, é aquela que estuda e rege o que é considerado padrão gramatical na língua, pensando no uso culto e formal e definindo um uso “correto” da língua em detrimento de um uso “incorreto”, que seria o que foge às regras determinadas pela gramática normativa.
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Gramática descritiva
A gramática descritiva, também chamada de gramática sincrônica, é a que se volta para o estudo das regras da língua a partir de como ela é efetivamente usada pelos falantes, desconsiderando as regras prescritas pela gramática normativa. Assim, na gramática descritiva, busca-se entender a estrutura da língua considerando as variações em seu uso, seja esse no contexto formal ou informal, abrangendo diferentes regiões e grupos sociais.
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Gramática histórica
A gramática histórica se volta para a história da língua analisada, estudando suas origens e a evolução de seu uso do início até os dias de hoje. Para isso, é feito um recorte temporal, ou seja, a escolha de um período no tempo para analisar a estrutura da língua daquele período — podendo até analisar também as mudanças no modo de falar e escrever de outros períodos.
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Gramática comparativa
A gramática comparativa se volta para a comparação da formação e da evolução da gramática de um idioma com a de outro de mesma origem. No caso do português, é mais comum comparar com outras línguas neolatinas, como o espanhol, o italiano, o francês ou o romeno.
Quais são as divisões da gramática?
A gramática pode ser entendida a partir de algumas grandes áreas principais: a fonologia, a morfologia e a sintaxe.
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Fonologia
É a área da gramática que estuda os fonemas (sons) do idioma, entendendo quais sons existem naquela língua e se articulam para gerar significado na linguagem oral.
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Morfologia
Essa área da gramática estuda os morfemas, que são uma unidade mínima de significado. Os morfemas podem ser entendidos como “pedaços” que se juntam para formar uma palavra (nos casos em que a palavra é formada por mais de um morfema, o que não ocorre sempre). Assim, na morfologia, estuda-se a palavra isoladamente, entendendo como ela é formada e sua classe gramatical.
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Sintaxe
Nessa área da gramática, estuda-se o enunciado linguístico, a frase, a oração, ou seja, como as palavras se juntam no enunciado para construir um discurso. Na sintaxe, analisa-se a função da palavra dentro do enunciado, e não mais sua classe gramatical isoladamente, como ocorre na morfologia.
Qual é a importância da gramática?
A gramática é uma disciplina muito importante para entender um comportamento básico do ser humano: a comunicação. Estudando gramática, podemos entender como falamos, o que comunicamos e por que e para que fazemos isso, aprendendo a analisar discursos e a produzir enunciados mais eficientes para atingir nossos objetivos.
Leia também: Afinal, o que é linguagem?
Algumas dúvidas gramaticais
É muito comum surgirem dúvidas de ortografia, de acentuação ou de pronúncia, que podemos tirar pesquisando. Porém, outras dúvidas gramaticais que podem surgir têm a ver com nomenclaturas da área e o porquê das regras. Tire algumas dessas dúvidas a seguir.
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Qual é a diferença entre norma-padrão e norma culta?
Na gramática normativa, a norma-padrão é o conjunto de regras que sistematiza o uso do idioma, ditando uma forma “correta” de falar e escrever.
Já a norma culta é o resultado do uso do idioma em um grupo social intelectualizado, chamado “culto”. A norma culta tende a ser muito parecida com a norma-padrão, mas elas não necessariamente são iguais. A norma culta pode apresentar desvios às regras da norma-padrão, mas ainda é tida como uma manifestação de prestígio do idioma, já que é falada por uma classe considerada culta e intelectualizada.
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As regras gramaticais são sempre as mesmas?
Não! Quando se diz que a língua é viva, significa que as regras gramaticais se adaptam ao uso dos falantes. Muitas vezes na história da língua portuguesa, uma regra gramatical foi quebrada tantas vezes pelos falantes até o ponto em que ela deixou de fazer sentido, passando a ser considerada artificial. Assim, o que era considerado desvio gramatical pode passar a se tornar regra a partir do momento em que soe mais natural para os falantes do idioma.
A própria língua portuguesa é resultado de uma série de “erros” e desvios cometidos pelos falantes de outra língua: o latim vulgar. É claro que nada disso acontece em um curto período no tempo, sendo necessárias muitas décadas ou até séculos para que uma regra gramatical seja alterada.
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Só existe um jeito certo de falar e escrever?
Não! A linguagem é a expressão de um indivíduo a partir de sua percepção do mundo e da cultura em que foi criado. A língua portuguesa, por exemplo, tem muitas variações entre os países lusófonos, ou seja, aqueles que falam português. Mesmo no Brasil, sabemos que o português falado no Rio Grande do Sul é bem diferente daquele falado no Amapá, tendo vocabulários e expressões diferentes.
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O que é preconceito linguístico?
É o preconceito contra determinados modos de falar, principalmente quando esses são considerados fora do padrão de prestígio. O preconceito linguístico geralmente se manifesta contra o modo de falar de determinadas regiões geográficas, classes sociais, entre outras formas de se expressar que se diferenciem da norma-padrão ou da norma culta. O preconceito linguístico desrespeita as diversas formas de uso possível de um idioma, além de desconsiderar que a língua é usada em diferentes contextos, sendo adaptável a eles. O importante é haver uma comunicação eficiente. Para saber mais sobre o preconceito linguístico, clique aqui.
Por Guilherme Viana
Professor de Gramática