Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Sinestesia

Sinestesia é uma figura de linguagem caracterizada pela combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos, de forma a despertar sensações físicas nos leitores.

Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Sinestesia é uma figura de palavra ou semântica caracterizada pela combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos, isto é, visão, tato, audição, paladar e olfato. É uma figura de linguagem bastante comum nos textos poéticos em que o autor pretende produzir, na leitora e no leitor, a ilusão de estar experimentando sensações físicas, como o frio ou o amargor, por exemplo.

Leia também: Hipérbole – figura de linguagem que se caracteriza pelo exagero proposital

Tópicos deste artigo

O que é sinestesia?

Sinestesia é uma figura de palavra ou semântica caracterizada pela combinação entre dois ou mais sentidos — audição, olfato, paladar, tato e visão. Assim, no poema “Retrato”, do livro Viagem, de Cecília Meireles (1901-1964), é possível apontar palavras que acionam os sentidos do leitor ou leitora, isto é, “amargo” (paladar), “frias” (tato), “olhos” e “espelho” (visão):

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Já no soneto “Sonho branco”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa (1861-1898), a sinestesia ocorre por meio das seguintes palavras: “brancas”, “claro”, “alvo”, “radiante”, “esplendor” e “branco” (visão); “cantas” e “sonorizam” (audição); “aromal” (olfato); “frescas” (tato); “nevado” (visão e tato):

De linho e rosas brancas vais vestido,

Sonho virgem que cantas no meu peito!...

És do Luar o claro deus eleito,

Das estrelas puríssimas nascido.

Por caminho aromal, enflorescido,

Alvo, sereno, límpido, direito,

Segues radiante, no esplendor perfeito,

No perfeito esplendor indefinido...

As aves sonorizam-te o caminho...

E as vestes frescas, do mais puro linho

E as rosas brancas dão-te um ar nevado...

No entanto, Ó Sonho branco de quermesse!

Nessa alegria em que tu vais, parece

Que vais infantilmente amortalhado!

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Mas atenção! Para ocorrer a sinestesia, é preciso haver a combinação entre dois ou mais sentidos. Se houver apenas a presença de um sentido, isso não caracteriza essa figura de linguagem. No poema “Os sinos”, do livro O ritmo dissoluto, de Manuel Bandeira (1886-1968), apenas o sentido da audição predomina:

Sino de Belém,
Sino da Paixão…

[...]

Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém, bate bem-bem-bem.

Sino da Paixão, pelos que lá vão!
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão.

[...]

Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.

Sino da Paixão… Por meu pai?… — Não! Não!...
Sino da Paixão bate bão-bão-bão.

[...]

Leia também: Metáfora — uma das mais populares figuras de linguagem

A sinestesia está relacionada aos cinco sentidos.
A sinestesia está relacionada aos cinco sentidos.

Exercícios resolvidos

Questão 1

Analise os enunciados a seguir e marque a alternativa em que está presente a sinestesia.

a) O estrondo dos canhões reverberava por toda a planície e aterrorizava a todos nós.

b) Não pensávamos que a comida ficaria tão saborosa com o acréscimo de manjericão.

c) O céu estava tão azul naquele dia que a repentina chuva provocou admiração.

d) Eleanor sentia tanto frio que não conseguia falar sem tremor em sua voz enfraquecida.

e) Fiquei impressionado quando ouvi Petrônio falar francês, sem sotaque algum.

Resolução:

Alternativa “d”.

Nesse enunciado, é possível apontar dois sentidos: tato (“frio”) e audição (“voz”).

Questão 2

Leia, a seguir, um trecho do poema “Tuberculosa”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa.

Alta, a frescura da magnólia fresca,

Da cor nupcial da flor da laranjeira,

Doces tons d’ouro de mulher tudesca

Na veludosa e flava cabeleira.

[...]

Era assim luminosa e delicada

Tão nobre sempre de beleza e graça

Que recordava pompas de alvorada,

Sonoridades de cristais de taça.

Mas, pouco a pouco, a ideal delicadeza.

Daquele corpo virginal e fino,

Sacrário da mais límpida beleza,

Perdeu a graça e o brilho diamantino.

Tísica e branca, esbelta, frígida e alta

E fraca e magra e transparente e esguia,

Tem agora a feição de ave pernalta,

De um pássaro alvo de aparência fria.

[...]

Marque a alternativa em que a palavra destacada corresponde ao sentido indicado.

a) “doces” — audição.

b) “sonoridades” — olfato.

c) “brilho” — paladar.

d) “veludosa” — tato.

e) “fria” — visão.

Resolução:

Alternativa “d”.

O poema desperta várias sensações físicas nos leitores, por meio do paladar (“doces”), da audição (“sonoridades”), da visão (“brilho”) e do tato (“veludosa” e “fria”).

 

Por Warley Souza
Professor de Gramática 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Sinestesia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/sinestesia.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante