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Sinestesia é uma figura de palavra ou semântica caracterizada pela combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos, isto é, visão, tato, audição, paladar e olfato. É uma figura de linguagem bastante comum nos textos poéticos em que o autor pretende produzir, na leitora e no leitor, a ilusão de estar experimentando sensações físicas, como o frio ou o amargor, por exemplo.
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Tópicos deste artigo
O que é sinestesia?
Sinestesia é uma figura de palavra ou semântica caracterizada pela combinação entre dois ou mais sentidos — audição, olfato, paladar, tato e visão. Assim, no poema “Retrato”, do livro Viagem, de Cecília Meireles (1901-1964), é possível apontar palavras que acionam os sentidos do leitor ou leitora, isto é, “amargo” (paladar), “frias” (tato), “olhos” e “espelho” (visão):
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Já no soneto “Sonho branco”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa (1861-1898), a sinestesia ocorre por meio das seguintes palavras: “brancas”, “claro”, “alvo”, “radiante”, “esplendor” e “branco” (visão); “cantas” e “sonorizam” (audição); “aromal” (olfato); “frescas” (tato); “nevado” (visão e tato):
De linho e rosas brancas vais vestido,
Sonho virgem que cantas no meu peito!...
És do Luar o claro deus eleito,
Das estrelas puríssimas nascido.
Por caminho aromal, enflorescido,
Alvo, sereno, límpido, direito,
Segues radiante, no esplendor perfeito,
No perfeito esplendor indefinido...
As aves sonorizam-te o caminho...
E as vestes frescas, do mais puro linho
E as rosas brancas dão-te um ar nevado...
No entanto, Ó Sonho branco de quermesse!
Nessa alegria em que tu vais, parece
Que vais infantilmente amortalhado!
Mas atenção! Para ocorrer a sinestesia, é preciso haver a combinação entre dois ou mais sentidos. Se houver apenas a presença de um sentido, isso não caracteriza essa figura de linguagem. No poema “Os sinos”, do livro O ritmo dissoluto, de Manuel Bandeira (1886-1968), apenas o sentido da audição predomina:
Sino de Belém,
Sino da Paixão…
[...]
Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém, bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão, pelos que lá vão!
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão.
[...]
Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão… Por meu pai?… — Não! Não!...
Sino da Paixão bate bão-bão-bão.
[...]
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Exercícios resolvidos
Questão 1
Analise os enunciados a seguir e marque a alternativa em que está presente a sinestesia.
a) O estrondo dos canhões reverberava por toda a planície e aterrorizava a todos nós.
b) Não pensávamos que a comida ficaria tão saborosa com o acréscimo de manjericão.
c) O céu estava tão azul naquele dia que a repentina chuva provocou admiração.
d) Eleanor sentia tanto frio que não conseguia falar sem tremor em sua voz enfraquecida.
e) Fiquei impressionado quando ouvi Petrônio falar francês, sem sotaque algum.
Resolução:
Alternativa “d”.
Nesse enunciado, é possível apontar dois sentidos: tato (“frio”) e audição (“voz”).
Questão 2
Leia, a seguir, um trecho do poema “Tuberculosa”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa.
Alta, a frescura da magnólia fresca,
Da cor nupcial da flor da laranjeira,
Doces tons d’ouro de mulher tudesca
Na veludosa e flava cabeleira.
[...]
Era assim luminosa e delicada
Tão nobre sempre de beleza e graça
Que recordava pompas de alvorada,
Sonoridades de cristais de taça.
Mas, pouco a pouco, a ideal delicadeza.
Daquele corpo virginal e fino,
Sacrário da mais límpida beleza,
Perdeu a graça e o brilho diamantino.
Tísica e branca, esbelta, frígida e alta
E fraca e magra e transparente e esguia,
Tem agora a feição de ave pernalta,
De um pássaro alvo de aparência fria.
[...]
Marque a alternativa em que a palavra destacada corresponde ao sentido indicado.
a) “doces” — audição.
b) “sonoridades” — olfato.
c) “brilho” — paladar.
d) “veludosa” — tato.
e) “fria” — visão.
Resolução:
Alternativa “d”.
O poema desperta várias sensações físicas nos leitores, por meio do paladar (“doces”), da audição (“sonoridades”), da visão (“brilho”) e do tato (“veludosa” e “fria”).
Por Warley Souza
Professor de Gramática