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Estilística

Estilística é a parte da gramática que se ocupa dos elementos expressivos de uma língua. Ela é dividida em quatro categorias: fônica, sintática, morfológica e semântica.

O estilo também é uma característica da fala e da escrita.
O estilo também é uma característica da fala e da escrita.
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Estilística é a parte da gramática ou da linguística que se preocupa com os elementos criativos, subjetivos ou expressivos de uma língua. Ela pode ser:

  • fônica (relacionada à sonoridade),
  • sintática (referente à disposição dos elementos de uma frase),
  • morfológica (concernente à formação das palavras) e
  • semântica (relativa ao significado dos vocábulos).

Veja também: Qual a diferença entre conotação e denotação?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre estilística

  • A estilística estuda os elementos expressivos de uma língua.
  • A estilística fônica está associada à sonoridade dos vocábulos.
  • A estilística sintática refere-se à disposição de elementos na frase.
  • A estilística morfológica está relacionada à formação das palavras.
  • A estilística semântica tem relação com o significado dos termos.
  • As figuras de linguagem são os principais recursos estilísticos.

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O que é estilística?

É a parte da gramática ou da linguística associada ao estilo, isto é, aos elementos expressivos, criativos, de uma língua no que diz respeito a seus recursos fonéticos, sintáticos, morfológicos e semânticos.

Dessa forma, a linguagem adquire um aspecto conotativo, verificado, por exemplo, nas figuras de linguagem. E isso permite que o enunciador use a linguagem para exprimir seus pensamentos de forma mais subjetiva.

Categorias da estilística

  • Estilística fônica

Está associada à expressividade obtida a partir da sonoridade dos vocábulos em figuras de linguagem, como:

Mas, também, em fenômenos linguísticos, como:

  • a paronímia (semelhança gráfica e fônica) e
  • a homonímia (mesma forma gráfica e/ ou fônica).

Veja estes exemplos:

  • aliteração: A bola bateu na barata.
  • assonância: A bola bateu na barata.
  • onomatopeia: Acordo sempre com o cocorocó do meu galo.
  • parônimos: Ouço o osso quebrar entre seus dentes e sinto um calafrio.
  • homônimos: O homem ficou são após fazer uma promessa a São Camilo.

Confira em nosso podcast: 10 palavras para enriquecer o vocabulário

  • Estilística sintática

Tem relação com a expressividade obtida a partir da disposição de elementos na frase ou oração, verificada em figuras de linguagem, como:

  • a elipse (ocultação de um termo no enunciado),
  • a anáfora (repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou frases),
  • o pleonasmo (repetição intencional e enfática),
  • o anacoluto (falta de coesão entre o início e a sequência da frase),
  • a silepse (concordância ideológica),
  • o hipérbato (inversão da ordem direta da oração) e
  • o polissíndeto (repetição da conjunção “e”).

Observe estes exemplos:

  • elipse: [Eu] Comprei um barbeador novo.
  • anáfora: “É um não querer mais que bem querer;/ É um andar solitário entre a gente;/ É nunca contentar-se de contente;/ É um cuidar que ganha em se perder” (Camões).
  • pleonasmo: A ele nada lhe interessava mais do que a astronomia.
  • anacoluto: O vício ninguém sabe de um modo eficiente para deixar de fumar.
  • silepse: A gente somos muito bons no que fazemos.
  • hipérbato: A vida amo apesar dos pesares.
  • polissíndeto: Ugo ria, e pulava, e gritava de felicidade.
  • Estilística morfológica

A existência de uma estilística morfológica é questionada por alguns estudiosos que defendem que a morfologia não permite desvios de linguagem e que os elementos mórficos são apenas auxiliares na estilística sintática e semântica.

De qualquer forma, a estilística morfológica está relacionada à expressividade obtida por meio da formação das palavras. Portanto, o principal fenômeno que integra essa modalidade estilística é o neologismo, que se configura na criação de uma palavra nova. Então, vejamos alguns exemplos:

  • Gilete: metonímia que, a partir do nome de uma marca, se refere a qualquer lâmina de barbear.
  • Tintim: onomatopeia referente ao som de copos em um brinde.
  • Inverdade: eufemismo de “mentira”, formado a partir do prefixo “in-” mais a palavra “verdade”.
  • Internetês: gíria utilizada por usuários da internet.
  • Estilística semântica

Refere-se à expressividade obtida a partir do significado das palavras em figuras de linguagem como:

  • a comparação (analogia com o uso de conjunção ou locução conjuntiva comparativa),
  • a metáfora (analogia sem o uso de conjunção ou locução conjuntiva comparativa),
  • a metonímia (substituição de um elemento por outro) e
  • a sinestesia (combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos humanos).

Mas, também:

  • nos diminutivos (afetivos e pejorativos),
  • nos aumentativos afetivos,
  • na sinonímia (semelhança de significados),
  • na paronímia (semelhança gráfica e fônica, mas com significados diferentes) e
  • na polissemia (palavra com mais de um significado).

Observe estes exemplos:

  • comparação: Luísa é como um touro.
  • metáfora: Luísa é um touro.
  • metonímia: Hoje li Carolina Maria de Jesus.
  • sinestesia: O lodo fétido brilhava debaixo do Sol.
  • diminutivo afetivo: Meu filhinho tem bons sentimentos.
  • diminutivo pejorativo: Foi um filminho bem desagradável.
  • aumentativo afetivo: Wuberdan é meu amigão!
  • sinonímia: Quanta insanidade! Quanta loucura! Como chegamos a isso?
  • paronímia: Depois que o assessor retificou o comunicado, a deputada ratificou a sua posição ideológica.
  • polissemia: Molhava as raízes da mangueira com uma mangueira azul.

Recursos estilísticos

O recurso estilístico, especialmente em textos literários, é um procedimento associado à expressividade, à afetividade e à subjetividade do enunciador, de forma a realizar um desvio da norma-padrão. E, portanto, os principais recursos estilísticos utilizados são as figuras de linguagem, como:

No entanto, outras áreas, que não a literária, possuem, também, seus próprios recursos estilísticos. Desse modo, um texto científico, jornalístico, jurídico, didático etc. possui suas próprias características e recursos pertinentes a cada gênero.

Isso ressalta a diferença entre o literário e o não literário, já que, por exemplo, em um texto científico, se observa um estilo mais formal e associado a uma linguagem denotativa.

Leia também: Poema – texto literário escrito em versos

Exercícios resolvidos sobre estilística

Questão 1 -  (Enem)

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de

A) oposição.

B) comparação.

C) conclusão.

D) alternância.

E) finalidade.

Resolução

Alternativa A. No poema, o polissíndeto, caracterizado pela repetição da conjunção “e”, é utilizado para estabelecer, entre as ideias relacionadas, um sentido de oposição.

Portanto, a conjunção “e”, nesse caso, tem o mesmo valor de “mas”: “O mundo é grande [mas] cabe/ Nesta janela sobre o mar./ O mar é grande [mas] cabe/ Na cama e no colchão de amar./ O amor é grande [mas] cabe/ No breve espaço de beijar”.

Questão 2 - (Enem)

Poema de sete faces

Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

[...]

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.

Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.

No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem equivale a

A) emprego de termos moralizantes.

B) uso de vício de linguagem pouco tolerado.

C) repetição desnecessária de ideias.

D) emprego estilístico da fala de outra pessoa.

E) uso de uma pergunta sem resposta.

Resolução

Alternativa D. Ao repetir as palavras de Cristo, o eu lírico faz uma citação. Portanto, faz o emprego estilístico da fala de outra pessoa.

Questão 3 - (Enem)

Carnavália

Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[...]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.

Essa palavra corresponde a um(a)

A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.

D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.

Resolução

Alternativa B. O termo “corasamborim” é um neologismo, isto é, uma palavra nova, criada pela união dos vocábulos “coração”, “samba” e “tamborim”.

 

Por Warley Souza
Professor de Gramática

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Estilística"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/estilistica.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante


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