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Com o advento da tecnologia, tornou-se muito usual as abreviaturas no que se refere à linguagem dos internautas. Tal prática não é bem aceita por estudiosos da língua, nem tão pouco pela maioria de educadores, pois quando se trata da linguagem formal, a mesma interfere na qualidade da escrita.
Mas você sabia que essa prática remonta tempos antigos?
Desde os primeiros séculos da história do Brasil havia a abreviatura de documentos, e dentre os fatores que contribuíam para esta ocorrência estavam: a falta de recursos em adquirir materiais, como tintas, papéis e plumas, em razão da distância entre Portugal e a colônia, e a ausência de um sistema ortográfico oficial para a língua portuguesa.
Com isso, a melhor opção era abreviar as palavras, em virtude da praticidade do ato frente à escrita de textos produzidos à mão.
Mesmo quando surgiram os primeiros documentos impressos, ainda no século XVII, com a chegada da família real portuguesa, as abreviaturas não deixaram de existir em razão dos altos preços dos materiais utilizados na impressão.
Isto dificulta o trabalho de pesquisadores em decifrar manuscritos antigos.
Para que possamos compreender melhor, um exemplo destas dificuldades é a letra ”P”, que quando grafada isoladamente possui até 50 significados identificados, desde as unidades de medidas, como “pé” e “polegada”, até os nomes próprios, como “Paulo” e “Pedro”.
Vejamos agora outros exemplos das abreviaturas coloniais:
X- Essa letra, na sua forma maiúscula, era empregada para designar “Cristo”.
7.bro e 8.bro - Essas abreviaturas serviam para grafar os nomes dos meses de setembro e outubro, muito semelhante ao modelo atual encontrado nas salas de bate -papo.
Vm - Hoje é muito comum colocar “vc” para abreviar você, e naqueles tempos era para designar “vossa mercê”.
Onra e Sõra - Abreviaturas de senhora.
Hoje, a constante repetição de termos em correspondências oficiais e empresariais é muito usual, como é o caso de Cia., Ltda.(abreviação de Companhia Limitada).
Em virtude disso, já existem órgãos responsáveis por padronizar as normas de abreviação para os textos oficiais, que é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Como já foi mencionado anteriormente, o assunto gera polêmica entre muitas pessoas, entretanto, um estudo realizado pela pesquisadora Carla Jeanny Fusca, da Universidade Estadual Paulista, mostrou que o hábito de os internautas utilizarem uma linguagem reduzida para se comunicarem em tempo real não afeta o desempenho linguístico quando se trata de textos escritos, os mesmos apenas fazem a distinção entre a “situação contextual” em que estão inseridos, levando em consideração o perfil dos interlocutores envolvidos.
Não só na Internet se dá essa prática, mas também no uso de celulares no que se restringe ao envio de mensagens como torpedos e SMS, em que a abreviatura significa economia linguística e também financeira.
Diante disso, resta-nos concluir que em comparação com os tempos coloniais, apenas houve um método mais moderno de implementação, mas a técnica continua a mesma.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola