Ortografia é como chamamos o segmento da gramática que determina a forma correta de escrever as palavras. Ela pode ser regular (relacionada a uma regra) ou irregular (de origem etimológica ou consagrada pelo uso). Assim, “enxada”, por exemplo, possui uma ortografia regular; já “algema”, irregular.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre ortografia
- 2 - O que é ortografia?
- 3 - Exemplos de regras de ortografia
- → Regras de uso de “ç”, “s” e “ss”
- → Regras de uso da letra “e”
- → Regras de uso da letra “g”
- → Regras de uso da letra “i”
- → Regras de uso da letra “h”
- → Regras de uso da letra “j”
- → Regras de uso das letras “k”, “w” e “y”
- → Regras de uso de “rr” e “ss”
- → Regras de uso da letra “s” com som de “z”
- → Regras de uso da letra “x”
- → Regras de uso da letra “z”
- → Verbos terminados em “-isar” e “-izar”
- → Uso das vogais nasais “ã”, “ãs”, “im”, “ins”, “om”, “nos”, “um”, “uns”
- 4 - Alguns erros ortográficos comuns
- 5 - Parônimos e homônimos
- 6 - Tipos de ortografia
- 7 - Qual a importância da ortografia?
- 8 - Acordo ortográfico
- 9 - Exercícios resolvidos sobre ortografia
Resumo sobre ortografia
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A parte da gramática que estuda a forma correta de escrever as palavras é a ortografia.
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É comum errar na escrita de termos que possuem letras com sons iguais, como “g” e “j”.
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Parônimas são palavras que apresentam pronúncia e escrita semelhantes, mas significados diferentes.
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Homônimas são palavras que apresentam pronúncia e/ou escrita iguais, mas significados diferentes.
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A ortografia pode ser regular (resultado de regras) ou irregular (de origem etimológica).
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O que é ortografia?
A ortografia é a parte da gramática que apresenta as regras para a escrita correta das palavras.
Exemplos de regras de ortografia
→ Regras de uso de “ç”, “s” e “ss”
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Quando usar |
Exemplos |
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ç |
Em substantivos derivados de verbos finalizados em “-ter”. |
deter — detenção |
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s |
Em substantivos derivados de verbos que apresentam o fragmento “-nd-”. |
escandir — escansão |
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ss |
Em substantivos derivados de verbos que apresentam o fragmento “ced-”. |
suceder — sucessão |
→ Regras de uso da letra “e”
A letra “e” é utilizada na sílaba final de verbos terminados em “-oar” e “-uar”, quando conjugados na primeira, segunda e terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo (por exemplo: caçoe, caçoes) e na terceira pessoa do singular do imperativo (por exemplo: continue).
→ Regras de uso da letra “g”
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Em substantivos terminados em “-agem”, “-igem” e “-ugem”. Exemplos: rolagem, vertigem, penugem etc. (Com exceção de “pajem” e “lambujem”)
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Em palavras terminadas em “-ágio”, “-égio”, “-ígio”, “-ógio” e “-úgio”. Exemplos: pedágio, colégio, vestígio, relógio, refúgio etc.
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Após o “a-” inicial de palavras como “agenda”, “agilizar” etc. (Com exceção de “ajeitar” e derivados)
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Em termos derivados de outros que são escritos com “g”. Exemplos: vertiginoso, litigioso etc.
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→ Regras de uso da letra “i”
A letra “i” é utilizada na última sílaba de formas dos verbos terminados em “-uir”. Exemplos: destituis, destituí etc.
→ Regras de uso da letra “h”
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No início de alguns termos por razões etimológicas. Exemplos: haver, Helena, horóscopo etc.
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No final de interjeições. Exemplo: Ah!
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No termo “Bahia” (referente ao estado brasileiro).
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Nos dígrafos “ch”, “lh” e “nh”. Exemplos: chá, telha, vinho etc.
→ Regras de uso da letra “j”
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Em vocábulos derivados de outros escritos com “j” ou acabados em “-ja”. Exemplos: igrejinha, de igreja; jeitoso, de jeito etc.
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Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplos: jiló, jenipapo etc.
→ Regras de uso das letras “k”, “w” e “y”
Essas letras são usadas em abreviaturas, símbolos e palavras de origem estrangeira. Exemplos: km (quilômetro), K (potássio), w (watt), W (tungstênio), Y (ítrio), byroniano, kamikaze, newtoniano etc.
→ Regras de uso de “rr” e “ss”
São dígrafos, com som de “r” e “s”, respectivamente, utilizados entre vogais. Exemplos: agressivo, amarrotar etc.
→ Regras de uso da letra “s” com som de “z”
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Em adjetivos com os sufixos “-osa” ou “-oso”. Exemplos: gostoso, famosa etc.
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Em adjetivos e substantivos terminados em “-ês” ou “-esa”. Exemplos: dinamarquês, dinamarquesa etc.
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Em substantivos formados com os sufixos gregos “-ese”, “-isa” ou “-ose”. Exemplos: metamorfose, hipótese, poetisa etc.
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Em algumas formas dos verbos “pôr” e “querer”. Exemplos: pusemos, quisemos etc.
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Depois de um ditongo. Exemplos: lousa, maisena etc.
→ Regras de uso da letra “x”
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Após ditongo. Exemplos: feixe, trouxa etc. (Com exceção de “recauchutar” e derivados)
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Depois da sílaba inicial “en-”. Exemplos: enxada, enxugar etc. (Com exceção de “encharcar”, “encher” e derivados)
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Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplos: xangô, abacaxi etc.
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Depois da sílaba inicial “me-”. Exemplos: mexerico, mexilhão etc. (Com exceção de “mecha”)
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Em palavras inglesas aportuguesadas, inicialmente escritas com “sh”. Exemplos: xavante, xampu etc.
→ Regras de uso da letra “z”
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No sufixo “-izar”. Exemplos: amortizar, deslizar etc.
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Em substantivo abstrato terminado em “-eza” Exemplos: estranheza, gentileza etc.
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Em substantivo abstrato feminino formado com o sufixo “-ez”. Exemplos: morbidez, pequenez etc.
→ Verbos terminados em “-isar” e “-izar”
Usamos “-isar” em verbos relacionados a um substantivo que possui “s” na última sílaba, por exemplo: catálise + ar = catalisar; do contrário, utilizamos “-izar” (suave + izar = suavizar).
→ Uso das vogais nasais “ã”, “ãs”, “im”, “ins”, “om”, “nos”, “um”, “uns”
No final de palavras. Exemplos: alemã, alemãs, cupim, cupins, marrom, marrons, comum, comuns etc.
Veja também: Como evitar os erros mais comuns de português
Alguns erros ortográficos comuns
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Trocar “x” por “ch” e vice-versa |
ERRADO |
CERTO |
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Ele puchou a tomada, e o computador apagou. |
Ele puxou a tomada, e o computador apagou. |
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Peguei o caxecol, e fomos ao restaurante. |
Peguei o cachecol, e fomos ao restaurante. |
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Trocar “g” por “j” e vice-versa |
Júlia disse que a jente é confiável. |
Júlia disse que a gente é confiável. |
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Há coisas que não têm geito. |
Há coisas que não têm jeito. |
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Trocar “s” por “z” e vice-versa |
Compramos uma caza mal-assombrada. |
Compramos uma casa mal-assombrada. |
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O material de limpesa está muito caro. |
O material de limpeza está muito caro. |
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Trocar “ss” por “s” |
Eu pasei muito mal esses dias. |
Eu passei muito mal esses dias. |
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Trocar “e” por “i” e vice-versa |
Não podemos permitir que ele continui a prejudicar tanta gente. |
Não podemos permitir que ele continue a prejudicar tanta gente. |
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Ela possue um grande senso de justiça. |
Ela possui um grande senso de justiça. |
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Trocar “o” por “u” e vice-versa |
Aquela táboa é pequena demais. |
Aquela tábua é pequena demais. |
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A mágua é um sentimento que nos consome. |
A mágoa é um sentimento que nos consome. |
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Trocar “rr” por “r” |
Janete faleceu em decorência de um infarto. |
Janete faleceu em decorrência de um infarto. |
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Uso equivocado de homônimos |
É preciso coser bem os alimentos. |
É preciso cozer bem os alimentos. |
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É preciso cozer a camisa. |
É preciso coser a camisa. |
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Uso equivocado de parônimos |
Meu vizinho sofreu descriminação racial. |
Meu vizinho sofreu discriminação racial. |
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O iminente juiz proferiu a dura sentença. |
O eminente juiz proferiu a dura sentença. |
Parônimos e homônimos
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Parônimos: termos que apresentam pronúncia e escrita semelhantes, mas significados diferentes. Exemplos: absorver e absolver; descrição e discrição; deferir e diferir; delatar e dilatar, entre outros.
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Homônimos: termos que apresentam pronúncia e/ou escrita iguais, mas significados diferentes. Exemplos: cobra (animal) e cobra (do verbo “cobrar”); censo e senso; prezar e presar; traz e trás, entre outros.
→ Videoaula sobre parônimos e homônimos
Tipos de ortografia
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Ortografia regular: faz referência a palavras cuja grafia é fruto de uma regra.
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Exemplos:
- enxame, enxaqueca, enxerga, enxofre, enxoval, enxurrada etc.;
- mexediço, mexerica, mexicana etc.;
- linguagem, mensagem, pilhagem etc.
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Irregular: faz referência a termos cuja grafia não é resultado de uma regra. Nesse caso, a escrita da palavra se explica por meio de sua origem etimológica ou mesmo pela tradição, ou seja, uma forma de escrever consagrada pelo uso.
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Exemplos:
- bruxa, caxumba, praxe etc.;
- arrocho, chimpanzé, chuchu etc.;
- algema, argila, esfinge etc.
Qual a importância da ortografia?
Conhecer as regras de ortografia de uma língua é essencial para uma escrita formal bem-sucedida. Assim, por meio dessas regras, o usuário da língua portuguesa pode evitar erros ao escrever. As normas referentes à escrita das palavras, em um contexto formal, visam tornar a comunicação mais uniforme e, consequentemente, mais eficiente.
Saiba mais: Regras de uso do hífen — o que mudou com o novo acordo ortográfico
Acordo ortográfico
Com o acordo ortográfico, foram acrescentadas ao alfabeto português as letras “k”, “w” e “y”. Desse modo, nosso alfabeto passou a contar com 26 letras, em vez de 23. Além disso, o uso do trema (ü) foi abolido. Por fim, foi eliminado o uso das consoantes mudas “c” e “p” em palavras que apresentavam dupla grafia, como “exacto” e “adopção”.
Exercícios resolvidos sobre ortografia
Questão 01
Assinale a alternativa que apresenta um par de parônimas:
a) caçar/cassar
b) cela/sela
c) cesto/sexto
d) esbaforido/espavorido
e) desconcerto/desconserto
Resolução:
Alternativa “d”
As palavras “esbaforido” e “espavorido” são parônimas, pois apresentam semelhança na pronúncia e na escrita. Já as outras alternativas apresentam termos homônimos.
Questão 02
Qual das palavras abaixo apresenta um erro de ortografia?
a) Estágio
b) Pajem
c) Garajem
d) Vestígio
e) Agiotagem
Resolução:
Alternativa “c”
O correto é escrever “garagem” (com “g”), pois essa palavra é um substantivo terminado em “-agem”, sendo “pajem” uma exceção.
Questão 03
Marque a alternativa em que o uso de “x” ou “ch” está incorreto:
a) enchovalhar
b) peixe
c) enchimento
d) mexido
e) frouxa
Resolução:
Alternativa “a”
O correto é escrever “enxovalhar” (com “x”), uma vez que, após o “en-” inicial, utilizamos “x” em vez de “ch”, sendo “enchimento” uma exceção.
Fontes:
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BRASIL. Acordo ortográfico da língua portuguesa: atos internacionais e normas correlatas. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2014.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 45. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002.
FREITAS, Hellen Mariany Abrão de; SANTOS, Nilma Fernandes do Amaral. Investigando a ortografia: regularidades e irregularidades. SEMINÁRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CAMPUS ANÁPOLIS DE CSEHUEG, 3., 2016, Anápolis. Anais [...]. Goiás: UEG, 2019.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 9. ed. São Paulo: Scipione, 1992.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.