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Personificação (prosopopeia)

A personificação (ou prosopopeia) atribui características e ações humanas a entes não humanos, como seres inanimados e animais. É uma figura de linguagem muito usada na ficção.

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A personificação, também conhecida como prosopopeia, é um recurso estilístico em que se dá características humanas a entes não humanos, como animais ou objetos inanimados. Assim, essa figura de linguagem é muito presente em contos, prosas e, até mesmo, na publicidade.

Leia também: Metonímia – recurso linguístico em que há a substituição de um termo por outro

Tópicos deste artigo

O que é personificação?

A personificação é usada quando se humaniza (personifica) objetos inanimados ou animais não pertencentes à espécie humana, atribuindo-lhes características e ações tipicamente humanas.

Essa figura de linguagem é muito utilizada na ficção, como na literatura, em letras de música e na publicidade, por permitir um efeito lírico ou cômico em sua composição. Desenhos animados e quadrinhos utilizam frequentemente essa figura de linguagem com personagens personificadas. Vejamos alguns exemplos.

Exemplos de personificação

A personificação é vastamente utilizada na linguagem artística para expressar conceitos, histórias e características humanas utilizando entes não humanos. No trecho abaixo do conto A cartomante, de Machado de Assis, a virtude e o interesse ganham traços humanos, como a “preguiça” e a característica de ser “ativo”, havendo, portanto, personificação:

“A virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.”

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O romance A revolução dos bichos, de George Orwell, conta a história de animais em uma fazenda que se organizam para se rebelar contra os humanos, para que os animais possam se autogovernar na fazenda. Vejamos um trecho:

“Correra, durante o dia, o boato de que o velho Major, um porco que já fora premiado numa exposição, tivera um sonho muito estranho na noite anterior e desejava contá-lo aos outros animais. [...]

O Major levantou a pata, pedindo silêncio.

- Camaradas - disse ele -, eis aí um ponto que precisa ser esclarecido. As criaturas rebeldes, tais como os ratos e os coelhos, serão nossos amigos ou nossos inimigos? Coloquemos o assunto em votação. Apresento à assembleia a seguinte questão: são os ratos camaradas?

A votação foi realizada imediatamente e concluiu-se, por esmagadora maioria, que os ratos eram camaradas. Houve apenas quatro votos contra, dos três cachorros e da gata, que, depois se descobriu, votara pelos dois lados.”

Na poesia e na música, também há muito uso de personificação. Nos versos abaixo da música O bêbado e a equilibrista, composta por João Bosco e Aldir Blanc, vemos o efeito da personificação na lua que pede um brilho de aluguel às estrelas. Tais astros são inanimados, mas ganham ações humanas para criar o efeito lírico.

“A lua, tal qual a dona de um bordel,

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel”

(João Bosco e Aldir Blanc)

A saga da animação Toy Story conta uma história totalmente baseada na personificação, pois seus protagonistas são brinquedos (portanto, objetos inanimados) que têm atributos humanos, como a racionalidade e a capacidade de ter e expressar sentimentos.

As personagens do filme Toy Story são exemplos de personificação. [1]
As personagens do filme Toy Story são exemplos de personificação. [1]

Como pudemos ver, a personificação é uma figura de linguagem bastante flexível, visto que humaniza todo e qualquer ente não pertencente à espécie humana, como astros, objetos, sentimentos, qualquer outro animal não humano, entre outras possibilidades.

Atenção: não confunda personificação com animalização e reificação.

  • A personificação é somente a humanização de entes que não são humanos.

  • A animalização ocorre quando se atribui características de outros animais ao ser humano.

  • A reificação ocorre quando se atribui características de entes inanimados a seres animados.

Veja também: Hipérbole – figura de linguagem que expressa intensidade e exagero

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (UFPE) Assinale a alternativa em que o autor NÃO utiliza prosopopeia.

A) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector)

B) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” (Drummond)

C) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector)

D) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar)

E) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto)

Resolução

Alternativa E. Na sentença, não há entes não humanos com características humanas.

Questão 2 – (FGV) Há um exemplo de prosopopeia em:

A) “Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram!”

B) “E antes seja olvido que confusão; explico-me.”

C) “Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas.”

D) “Não, não, a minha memória não é boa.”

E) “... e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.”

Resolução

Alternativa E. A personificação ocorre ao atribuir a ação de dormir a notas musicais, que não são seres animados.

Crédito da imagem

[1] Papin Lab / Shutterstock

 

Por Guilherme Viana
Professor de Gramática

Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VIANA, Guilherme. "Personificação (prosopopeia)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/personificacao-prosopopeia.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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