O acento grave é utilizado para sinalizar graficamente o processo de crase, ou seja, a contração ou fusão de duas letras “a”, uma que funciona como preposição e a outra que pode ser um artigo feminino ou a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo. Esse acento só pode ser utilizado quando uma das palavras exige o uso da preposição “a”, da mesma forma, também só pode ocorrer antes de palavras femininas, jamais masculinas ou verbos.
Leia também: O que é o acento diferencial?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre acento grave
- 2 - O que é o acento grave?
- 3 - Quando o acento grave é utilizado?
- 4 - Regras do acento grave
- 5 - Diferenças entre acento grave, crase e acento agudo
- 6 - Lista de palavras com acento grave
- 7 - Exercícios resolvidos sobre acento grave
Resumo sobre acento grave
- O acento grave é utilizado para sinalizar a crase, ou seja, a fusão entre a preposição "a" e um artigo feminino ou pronome demonstrativo iniciado em "a".
- Para que o acento grave seja utilizado, é necessário que haja a presença duas vezes da letra "a".
- O acento grave pode ser utilizado para pontuar locativos antecedido por artigos, na indicação de hora exata, no uso de expressões de modo, como "à maneira de" e "à moda de".
- O acento grave também é utilizado em locuções adverbiais de base feminina ou em locuções conjuntivas e prepositivas.
- Com pronomes possessivos femininos, a crase pode ser opcional (singular) ou obrigatória (plural).
O que é o acento grave?
O acento grave (`) é usado para indicar a crase da preposição “a” com os artigos “a”, “as” e com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo. A crase é o processo de contração entre duas letras “a”, uma é a preposição e a outra pode ser um artigo ou a inicial dos pronomes demonstrativos.
Vou a (algum lugar).
Vou a (a) casa de Lúcia.
Vou à casa de Lúcia.
Vou a (aquela) casa.
Vou àquela casa.
Quando o acento grave é utilizado?
O acento grave é utilizado quando alguma palavra pede um complemento regido pela preposição “a” e é precedida por:
- um artigo feminino (“a”, “as”); ou
- pelos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo.
Em outras palavras, o acento grave só é utilizado quando ocorre a crase, ou seja, quando há a união de uma preposição “a” com outra letra “a” (artigo ou pronome).

Sendo assim, usamos o acento grave quando ocorre a repetição da vogal “a”, logo, ele jamais ocorre antes de substantivos masculinos, pois estes são antecedidos pelo artigo masculino “o”. Além disso, a crase nunca ocorre antes de verbos e advérbios, por exemplo, pois essas e outras classes de palavras não são antecedidas por artigo.
Palavra regente |
Preposição |
Termo regido |
Estrutura final |
Próximo |
a |
aquele poste |
Próximo àquele poste |
Vou |
a |
a biblioteca |
Vou à biblioteca |
Chegamos |
a |
a conclusão |
Chegamos à conclusão |
Fui |
a |
a padaria |
Fui à padaria |
Entregue |
a |
a diretora |
Entregue à diretora |
Referência |
a |
as regras da gramática |
Referência às regras da gramática |
Regras do acento grave
- Para indicar locativos quando estes forem antecedidos por artigo feminino:
Fui a São Paulo.
Fui à São Paulo dos modernistas.
Preciso ir a Brasília.
Preciso ir à Brasília escondida.
- Em pronomes demonstrativos antecedidos da preposição “a”:
Não recorra àquelas pessoas!
Levei aquelas senhoras àquele restaurante.
Trabalho das 2h às 18h.
A reunião será às 18h30.
- Nas expressões “à moda de” e “à maneira de” (estando elas explícitas ou não):
Ele só se vestia à moda de Elvis.
Ele só se vestia à Elvis.
Escreve à maneira de Guimarães Rosa.
Escreve à Guimarães Rosa.
- Em locuções adverbiais de base feminina (à mão, à caneta, à noite, à toa, à vista, à vontade, às vezes, às pressas, às escuras, à primeira vista):
Vamos sair à noite.
Fiz minha carta à mão.
- Em locuções conjuntivas (à medida que, à proporção que):
À medida que nos aproximamos, fomos percebendo nossas afinidades.
- Em pronome possessivo feminino, há três possibilidades: no singular, o acento é facultativo, logo, as duas escritas estão corretas; no plural, o acento é obrigatório.
Ela ofereceu bolo a sua vizinha.
Ela ofereceu bolo à sua vizinha.
Ela ofereceu bolo às suas vizinhas.
- Nas palavras “terra” e “casa”, usa-se o acento grave somente quando esses termos são modificados por algum qualificador
Os turistas já chegaram a terra. (sentido de terra firme)
Os turistas já chegaram à terra do silêncio. (sentido de um local)
Veja também: Quais são as regras de acentuação das palavras?
Diferenças entre acento grave, crase e acento agudo
O acento grave (`) é utilizado para marcar a contração entre a preposição “a” e o artigo feminino (“a”, “as”) ou os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo. A crase é o nome do processo de contração de dois termos em um vocábulo só, ou seja, refere-se à união da preposição “a” com o artigo ou pronome em uma única expressão. O acento agudo é utilizado para marcar a sílaba tônica das palavras e indicar o som aberto da vogal, como em “saúde”.
Lista de palavras com acento grave
- Ir à igreja
- Voltar à casa antiga
- Chegar à biblioteca
- Comparecer à reunião
- Assistir à missa
- Aspirar à aprovação
- Visar à vitória
- Preferir filosofia à história
- Obedecer à mainha
- Responde à professora
- Agradar à gerente
- Avisar à escola
- Comunicar à direção
- Advertir às alunas
- Dedicar à musculação
Saiba mais: Crase e regência — qual a relação e quais palavras pedem crase?
Exercícios resolvidos sobre acento grave
1. (Avança-SP) Assinale a alternativa que a crase foi empregada corretamente.
A) Fique a distância de pessoas problemáticas.
B) O pescador foi à terra para trocar peixes por redes.
C) Isso não se refere às alunas problemáticas.
D) Cheguei à casa tarde, pois todos faltaram ao trabalho.
E) Fui à São Paulo no último final de semana.
Resposta: C
Comentário: A palavra “refere-se” rege com a preposição “a” e, na frase, é precedida do artigo “as”, logo, a crase é obrigatória.
2. (Instituto Consulplan-2025) Analise os trechos a seguir.
I. “Deu fim à nossa mãe [...]” (1º§)
II. “Repetia, ao ver a ruma de mulheres caminhando para o mangue à beira do Paraguaçu [...]” (2º§)
III. “Eu não fazia mais gestos de assentimento às suas recomendações.” (2º§)
Sobre o acento indicativo de crase nas orações anteriores, pode-se afirmar que:
A) A utilização no trecho II é facultativa.
B) Ocorre no trecho I devido à exigência do pronome.
C) Foi utilizado pelo mesmo motivo nos trechos I e III.
D) Foi empregado no trecho II devido à exigência da locução prepositiva.
E) Foi empregado no trecho III devido à exigência da locução pronominal.
Resposta: D
Comentário: A locução “à beira de” exige o uso do acento grave.
3. (Vunesp-2025) Atribui-se______________Bertie Felstead, que faleceu______________ portas do século XXI, o privilégio de ter sido a última testemunha do insólito jogo de 1915, quando britânicos e alemães, alheios______________brutalidade da guerra, ficaram frente______________frente apenas como oponentes no futebol.
Considerando a norma-padrão de emprego do sinal indicativo de crase, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
A) a ... as ... à ... à
B) a ... às ... à ... a
C) a ... às ... a ... à
D) à ... às ... à ... a
E) à ... as ... a ... à
Resposta: B
Comentário: Na primeira lacuna não se usa o acento, pois não há artigo feminino antes do nome próprio; na segunda lacuna, a locução adverbial pede o uso do acento grave; na terceira lacuna, a palavra “alheio” exige a preposição “a” e é seguida de um substantivo feminino “a brutalidade”, portanto, é necessário o uso do acento grave; na última lacuna, não se usa o acento grave por se tratar de palavras repetidas.
4. (Vunesp-2025) Na neurociência, a relação entre ________ manutenção de padrões e a criatividade também é mediada principalmente pelo córtex pré-frontal, que desempenha um papel crucial nas funções executivas e nas tomadas de decisões. Próximo ________ essa área do cérebro temos o sistema límbico, relacionado ________ decisões mais emocionais e intuitivas. O neocórtex é responsável pelo pensamento crítico e por decisões mais estratégicas. A dinâmica entre esses sistemas é essencial para a resolução criativa de problemas, permitindo que questionemos nossas escolhas e desbloqueemos _______ capacidade de reconfigurar nosso pensamento e nossas experiências.
(Rubens Bollos. www.nexojornal.com.br . 01.11.2024. Adaptado)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas.
A) a ... a ... às ... a
B) a ... à ... à ... a
C) à ... a ... às ... à
D) a ... à ... às ... à
E) à ... a ... à ... a
Resposta: A
Comentário: Na primeira lacuna, não é necessário o uso do acento, pois a preposição usada é “entre”; na segunda lacuna, também não é necessário o uso do acento grave, pois a preposição “a” é seguida do pronome “essa”; na terceira lacuna, é obrigatório o uso do acento grave, pois a palavra “relacionado” pede a preposição “a” e é seguida do substantivo “as decisões”; na última lacuna, o verbo desbloquear não pede preposição “a”, logo, não é necessário o uso do acento.
5. (IF-ES - 2025) Assinale a alternativa em que o “A” deve obrigatoriamente receber o acento grave indicador da CRASE:
A) O progresso tecnológico finalmente havia chegado a essa cidade.
B) Clara perguntou a sua mãe se ela gosta de viajar no verão.
C) Pediram a Fátima que telefonasse para a família.
D) Nos minutos finais da leitura do testamento, Fidélia demonstrou, com segurança, que sua devoção visava a fortuna dos antepassados.
E) A renda arrecadada seria destinada a diversas instituições de caridade da cidade.
Resposta: D
Comentário: A alternativa correta é a D, pois o verbo “visar”, com sentido de “ter algo como objetivo”, rege pela preposição “a”. Como o substantivo “fortuna” é feminino, o correto seria “visava à fortuna”, pois, sem o acento, o sentido modifica-se para “olhar a fortuna”. A alternativa B não é correta, pois o uso do acento grave é opcional e não obrigatório, como pediu a questão.
Fontes
BECHARA, Evanildo Gramática fácil / Evanildo Bechara. – 4.ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2021.
CUNHA, Celso; Cintra, Luís F. L. Nova gramática do português contemporâneo, 5ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo [recurso eletrônico) 7.ed. Rio de Janeiro : Lexikon, 2017.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional, s/d.