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Os domínios morfoclimáticos são grandes regiões delimitadas com base na presença de elementos em comum que formam paisagens homogêneas. Esses elementos são o clima, a vegetação, o solo, o relevo e a hidrografia. O geógrafo Aziz Ab’Sáber identificou seis domínios no Brasil:
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amazônico
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da caatinga
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do cerrado
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dos mares de morro
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das araucárias
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das pradarias
Entre eles se formam faixas de transição.
Leia também: Quais são os biomas brasileiros?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre domínios morfoclimáticos do Brasil
- 2 - Videoaula sobre domínios morfoclimáticos
- 3 - O que são domínios morfoclimáticos?
- 4 - Quais são os domínios morfoclimáticos do Brasil?
- 5 - Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos do Brasil
- 6 - Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil
- 7 - Exercícios resolvidos sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil
Resumo sobre domínios morfoclimáticos do Brasil
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Domínios morfoclimáticos são regiões definidas com base na sua composição paisagística, formada pela interação dos seguintes elementos: clima, relevo, vegetação, solo, hidrografia.
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O Brasil é composto por seis domínios: amazônico, da caatinga, do cerrado, dos mares de morro, das araucárias e das pradarias.
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Entre os domínios se formam as chamadas zonas de transição, que apresentam características de duas ou mais unidades paisagísticas.
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São zonas de transição: mata dos cocais, pantanal e agreste.
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O desmatamento e as queimadas são alguns dos problemas ambientais identificados nos domínios morfoclimáticos brasileiros, motivados pelo avanço da agropecuária, do extrativismo e também das áreas urbanas em expansão.
Videoaula sobre domínios morfoclimáticos
O que são domínios morfoclimáticos?
Domínios morfoclimáticos são extensas regiões delimitadas no território brasileiro por meio da análise da presença e interação de elementos em comum, formando assim paisagens relativamente homogêneas. Em essência, o conjunto de elementos que compõem os domínios morfoclimáticos hoje conhecidos é o seguinte:
A classificação dos domínios morfoclimáticos ou paisagísticos, como são também chamados, foi feita pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber, e é amplamente utilizada nos estudos da paisagem natural brasileira.
Veja também: Consequências das ações antrópicas no meio ambiente
Quais são os domínios morfoclimáticos do Brasil?
Conforme o estabelecido por Ab’Sáber, o Brasil é composto por seis domínios morfoclimáticos, os quais podem variar de centenas de milhares a até milhões de quilômetros quadrados de superfície.
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Domínio morfoclimático amazônico
O domínio morfoclimático amazônico é a maior das seis unidades paisagísticas do Brasil. Situa-se predominantemente na região Norte, abrangendo os estados do
Estende-se ainda por uma pequena parte do Nordeste, no noroeste do Maranhão.
Essa região é caracterizada pelo clima Equatorial, marcado pelas altas temperaturas e elevada umidade relativa do ar. Além disso, as chuvas são abundantes nessa unidade, proporcionando a formação de uma cobertura vegetal densa e o abastecimento dos seus principais cursos d’água.
A vegetação do domínio amazônico é formada pela Floresta Amazônica, que abrange um total de nove países. Trata-se da maior floresta tropical do mundo, onde são encontradas matas ciliares, igapós, igarapés e matas de terra firme. Abriga uma enorme biodiversidade, com mais de 12 mil espécies vegetais e 40 mil espécies animais catalogadas.
A hidrografia desse domínio se divide entre a bacia Amazônica, que é a maior bacia hidrográfica do mundo, e a bacia do Tocantins-Araguaia, considerada a maior bacia exclusivamente brasileira. Entre os principais rios que banham a região estão o Amazonas, Negro, Tapajós, Madeira, Tocantins e Araguaia.
Já o relevo do domínio amazônico é bastante diversificado. Extensas áreas de planície e terras baixas amazônicas dividem espaço com os planaltos e as depressões, demarcando assim áreas com substrato bastante antigo e erodido pela intensa ação dos agentes modeladores do relevo.
Os solos são pobres em nutrientes e, em parte, arenosos, contrastando com a vegetação exuberante da floresta tropical. Em contrapartida, possuem uma camada de material orgânico depositado em sua superfície, proporcionando assim a sua fertilização. Os solos mais férteis são encontrados nas áreas de planícies fluviais, onde há o depósito de nutrientes pelas águas dos rios. Os principais tipos de solos encontrados nesse domínio são os argissolos, latossolos e gleissolos.
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Domínio morfoclimático da caatinga
O domínio da caatinga compreende estados da região Nordeste do Brasil. Abrange:
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integralmente o estado do Ceará;
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o oeste do Rio Grande do Norte;
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Paraíba, Pernambuco e Alagoas;
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o leste do Maranhão;
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e uma extensa área da Bahia.
Uma pequena parte ao norte do estado de Minas Gerais, da região Sudeste, integra também o domínio da caatinga.
Constitui uma região com regimes de chuva irregulares, podendo haver longos períodos de estiagem. Além da baixa umidade relativa do ar, as temperaturas são bastante elevadas durante a maior parte do ano, havendo assim a predominância do clima Semiárido.
Seu relevo é caracterizado pelas depressões Sertaneja e do São Francisco, indicando assim a intensa ação de agentes erosivos na região. Os solos encontrados na área variam conforme a localização e o relevo, estabelecendo-se estruturas profundas, como latossolos, pouco profundas e de difícil infiltração, como os vertissolos, e também rasas, como os neossolos e luvissolos. Assim, existem nesse domínio áreas com solos férteis e outras com coberturas com baixo teor de nutrientes e pedregosas, o que dificulta o desenvolvimento de vegetação densa e limita as atividades agrícolas.
A vegetação característica desse domínio é a da Caatinga, formada por plantas adaptadas ao calor e aos longos intervalos sem chuva. Dessa forma, observa-se a presença de espécies de baixo e médio porte, caducifólias, isto é, que perdem as suas folhas em determinado período do ano, com raízes longas destinadas à absorção de água, e algumas delas com estruturas que servem para a sua defesa, como espinhos, e para o armazenamento de água, como as cactáceas.
Quatro bacias hidrográficas comportam os rios e mananciais desse domínio, que são as bacias do São Francisco, do Parnaíba, do Atlântico Nordeste Oriental e do Atlântico Leste. Em decorrência do seu regime de chuvas, grande parte dos seus rios é intermitente. O principal rio perene da região é o São Francisco.
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Domínio morfoclimático do cerrado
O domínio morfoclimático do cerrado é o segundo mais extenso do Brasil, abrangendo estados de quatro regiões do país, com predominância do Centro-Oeste. Nesta região, o domínio do cerrado ocorre em todos os estados e também no Distrito Federal. No Sudeste inclui áreas de Minas Gerais, no Nordeste compreende o oeste da Bahia, sul do Maranhão e uma estreita faixa a sudoeste do Piauí, enquanto na região Norte incorpora áreas do Tocantins e de Rondônia.
O clima no domínio do cerrado é tipicamente Tropical, havendo a alternância entre uma estação seca e a outra chuvosa, o que reflete em sua vegetação. Esta, como o nome sugere, é caracterizada pelos cerrados e cerradões, variando assim de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno, formando campos e savanas, e médio porte até árvores de grande porte e formações florestais.
Muitas das espécies lenhosas do Cerrado apresentam troncos espessos e retorcidos, feições que surgiram da adaptação às condições climáticas e também à ação do fogo por meio de queimadas naturais ou antrópicas.
O relevo desse domínio é marcado pela presença de planaltos, chapadas e depressões. Os solos encontrados no Cerrado são geralmente pobres em nutrientes e, portanto, possuem baixa fertilidade natural. Além disso, a sua composição confere a eles um pH baixo, o que caracteriza a ocorrência de solos ácidos.
Esse domínio é conhecido por abrigar as nascentes de importantes rios brasileiros, como o Paraná, São Francisco, Tocantins, Araguaia, Parnaíba e outros, abrangendo grande parte das bacias hidrográficas que conformam o sistema hidrológico brasileiro.
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Domínio morfoclimático dos mares de morros
O domínio dos mares de morros compreende todo o litoral leste do Brasil, desde o Nordeste até a região Sul, além de abranger a quase totalidade do estado de São Paulo. Seu nome é derivado das formas de relevo observadas em boa parte de sua extensão, caracterizadas por conjuntos de morros arredondados, que são também chamados de relevo mamelonar ou de meia-laranja.
Além das formas convexas que compõem a paisagem de mar de morros, tal domínio é marcado pelas planícies litorâneas, portanto, áreas de baixas altimetria, e pelas serras, das quais se destacam as serras do Espinhaço, do Mar e da Mantiqueira, bem como formas residuais, como ocorre no Rio de Janeiro.
Os climas variam conforme a latitude, indo de Tropical quente e úmido a Subtropical. Nos estados da região Sudeste, destaca-se também a ocorrência dos climas Tropical e Subtropical de altitude nos terrenos mais elevados. A área coincide com o bioma Mata Atlântica, onde se observa a presença de florestas, campos e vegetação litorânea.
Possui um denso sistema de drenagem potencializado pelo relevo acidentado. Ao todo, seis bacias hidrográficas fazem parte desse domínio, entre elas as bacias do Paraná, do Atlântico Leste e do Atlântico Sul.
Veja também: Quais são as zonas térmicas da Terra?
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Domínio morfoclimático das araucárias
O domínio das araucárias ocorre em áreas de clima Subtropical do Brasil, abrangendo então os estados da região Sul, sendo predominante em Santa Catarina e Paraná, e caracterizando a porção norte e nordeste da paisagem do Rio Grande do Sul.
A mata de araucárias, embora tenha sofrido uma severa redução de área em decorrência do avanço das atividades extrativas e agropecuárias, recobre a maior parte do domínio, motivando assim a sua denominação. O desenvolvimento das araucárias, árvores de grande estatura e aciculifoliadas (folhas em forma de agulha), foi favorecido por, além das condições climáticas, solos de elevado grau de fertilidade, em especial aqueles que recebem o nome de “terra roxa”, que nada mais são do que os latossolos avermelhados derivados da decomposição de rochas basálticas.
O relevo do domínio das araucárias é composto por terrenos elevados que formam os planaltos e chapadas, onde se observa feições que vão de suavemente onduladas até encostas íngremes. Os corpos d’água e rios que banham suas terras estão compreendidos nas bacias hidrográficas do Paraná, do Atlântico Sudeste e Sul e também do Uruguai.
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Domínio morfoclimático das pradarias
O domínio das pradarias está presente, no Brasil, somente no estado do Rio Grande do Sul. Abrange boa parte do oeste e sudoeste gaúchos, e corresponde à paisagem que conhecemos campanha gaúcha.
Ocorre em clima Subtropical com temperaturas amenas e frias, dispondo de uma vegetação formada por gramíneas, principalmente, arbustos e árvores esparsas. O relevo dessa região recebe o nome de coxilha, caracterizado por feições suavemente onduladas e planas. Trata-se de uma área com solo fértil da classe dos chernossolos, de coloração escura, em sua maioria raso e com alta propensão ao desenvolvimento agrícola.
Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos do Brasil
As faixas de transição correspondem a áreas situadas entre dois ou mais domínios morfoclimáticos. Em função da sua localização, dispõem de características físicas e climáticas que se assemelham aos domínios próximos. As principais faixas de transição encontradas hoje no Brasil são:
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Mata dos cocais: localizada entre os domínios do cerrado, da caatinga e amazônico.
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Agreste: situado entre os domínios da caatinga e dos mares de morros (zona da mata).
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Pantanal: localizado entre os domínios amazônico e do cerrado, no território brasileiro, e também do chaco, que recobre países vizinhos como a Bolívia, a Argentina e o Paraguai.
Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil
Identifica-se problemas ambientais em todos os domínios morfoclimáticos brasileiros, em maior ou menor grau. A grande maioria deles associada ao desmatamento e ao processo de queimadas, ambos com motivações de cunho econômico.
O principal impacto, causador de grandes perdas nos domínios amazônico, do cerrado e também dos pampas, está associado com o avanço da produção agropecuária com a abertura de novas áreas destinadas ao plantio de commodities, como a soja, e também de pastagens para a prática da pecuária extensiva.
Áreas nas proximidades da fronteira entre Rondônia, o Amazonas e o Mato Grosso têm sido consideradas como a “última fronteira agrícola”, no sentido de mais nova, justamente pela crescente presença de grandes lavouras. No domínio das pradarias, o que tem ocorrido é um processo de arenização dos solos devido à remoção da vegetação natural também para a prática agrícola de grande escala.
Os desmatamentos avançam pela caatinga em função da retirada de matérias-primas utilizadas na produção de lenha e carvão vegetal, assim como atividades agropecuárias. Esse domínio se vê ameaçado igualmente pelas queimadas, que, somadas ao desmatamento, podem causar a desertificação do solo.
Os índices de degradação e descaracterização dos domínios são elevados na mata de araucárias e no domínio dos mares de morro, este recoberto pela Mata Atlântica, e são causados pela extração de recursos destinados à indústria madeireira, por exemplo, e pelo avanço das áreas urbanizadas.
Exercícios resolvidos sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil
Questão 1 - (Unesp) Observe o mapa.
(Mellen Adas, Panorama geográfico do Brasil, 1998.)
Assinale a alternativa que contém os domínios morfoclimáticos intertropicais.
A) I, II, III e IV.
B) I, II, IV e V.
C) I, II, IV e VI.
D) I, II, V e VI.
E) III, IV, V e VI.
Resolução
Alternativa A. Os domínios amazônico (I), do cerrado (II) e da caatinga (IV) estão integralmente na Zona Intertropical, enquanto o domínio dos mares de morros (III) possui sua maior extensão nessa região do planeta. Os demais ficam na Zona Temperada Sul.
Questão 2 - (UFPB) O Brasil, por suas dimensões continentais, possui uma diversidade de domínios naturais. Dentre os principais, destaca-se o domínio Amazônico.
Nesse sentido, é correto afirmar que são características físico-ambientais e econômicas do domínio Amazônico:
A) Maior domínio natural brasileiro / Solos pobres e de baixa fertilidade / Extração de essências medicinais.
B) Vegetação com folhas grossas e pequenas / Relevo pouco ondulado / Matas de restingas.
C) Clima tropical e umidade alta / Maior domínio natural brasileiro / Relevo extremamente ondulado.
D) Florestas de galerias / Cultivos de monoculturas / Controle de pesca e do ecoturismo.
E) Queimadas sem controle / Cultivo de monoculturas / Clima seco e baixa umidade.
Resolução
Alternativa A. O domínio amazônico é a maior unidade paisagística do território nacional, e é caracterizado por solos pobres em nutrientes e uma grande variedade de espécies animais e vegetais, o que inclui plantas com propriedades medicinais.
Crédito da imagem
[1] Caio Pederneiras / Shutterstock
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia