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A região Nordeste tem várias características bem peculiares a ela. Podemos destacar duas: a primeira dá-se pelo fato de ser a região de colonização mais antiga do país, sendo ocupada pelos portugueses desde sua chegada, em 1500.
Outra característica peculiar dessa região é em relação ao clima. Devido à presença de solos rasos e pobres, além da proximidade com a Linha do Equador, muitos estados possuem o clima semiárido, o que faz alguns rios secarem completamente, além de cidades inteiras ficarem sem chuva durante seis meses ou mais ao longo do ano.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Estados da região Nordeste
- 2 - Dados gerais da região Nordeste
- 3 - Breve histórico da região Nordeste
- 4 - Clima da região Nordeste
- 5 - Relevo da região Nordeste
- 6 - Hidrografia da região Nordeste
- 7 - Vegetação da região Nordeste
- 8 - Demografia da região Nordeste
- 9 - Principais atividades econômicas da região Nordeste
- 10 - Aspectos culturais da região Nordeste
Estados da região Nordeste
A região Nordeste apresenta a maior quantidade de estados do Brasil, mas isso não significa que ela é a maior em extensão territorial. Veja, em ordem alfabética, os estados do Nordeste e suas respectivas capitais.
Estados |
Capitais |
Gentílicos |
Alagoas |
Maceió |
Alagoano |
Bahia |
Salvador |
Baiano |
Ceará |
Fortaleza |
Cearense |
Maranhão |
São Luís do Maranhão |
Maranhense |
Paraíba |
João Pessoa |
Paraibano |
Pernambuco |
Recife |
Pernambucano |
Piauí |
Teresina |
Piauiense |
Rio Grande do Norte |
Natal |
Potiguar, norte-rio-grandense ou rio-grandense-do-norte |
Sergipe |
Aracaju |
Sergipano ou sergipense |
Dados gerais da região Nordeste
Veja agora alguns dados estatísticos dessa região, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Esses dados são de 2019.
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Área territorial: aproximadamente, 1,5 milhão de km², o que resulta em 18% do território brasileiro.
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População: 57.071.654 habitantes
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Rendimento domiciliar per capita (em reais): 887,00
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Densidade demográfica: 39,64 habitantes por km²
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Produto Interno Bruto (em reais): 367.861.916.000,00
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Índice de Desenvolvimento Humano: 0,659
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Taxa de mortalidade infantil|1|: 16,6
Breve histórico da região Nordeste
A colonização portuguesa, iniciada em meados de 1530, iniciou-se pela região Nordeste. Isso porque ela foi a porta de entrada dos europeus em nosso território. Nesse período (século XVI), os portugueses iniciaram o cultivo da cana-de-açúcar, produto muito disputado nos mercados do Velho Mundo, como ficou conhecida a Europa.
Esse cultivo foi muito bem-sucedido em várias áreas nordestinas, em especial no território que hoje corresponde ao estado de Pernambuco. O sucesso do plantio de cana deve-se a alguns fatores, como o clima quente e úmido no litoral nordestino e o seu solo fértil, conhecido como massapé, além disso, à certa proximidade com portos europeus.
Nessa época, o plantio da cana desenvolvia-se paralelamente ao surgimento de latifúndios e trabalho escravo, fosse com mão de obra indígena, fosse com mão de obra negra africana. A estrutura social era, basicamente, formada pelos senhores de engenho (os proprietários dos latifúndios), sua família e os trabalhadores, alguns assalariados, mas a maioria escravos.
O senhor de engenho era a pessoa a que todos deviam respeito e obediência. Esse modelo de sociedade ficou conhecido como patriarcal, em que o chefe da família ditava as regras. Essas regras iam além de suas fazendas, e muitas vezes esses senhores governavam cidades e até estados.
A economia açucareira e seu modelo de sociedade, em que o benefício atingia poucos em vez de muitos, trouxe reflexos até os dias atuais no Nordeste, pois ainda há uma grande concentração de terras (latifúndios) e a influência dos grandes fazendeiros na política nordestina é muito forte.
A criação de gado também contribuiu, inicialmente, para o desenvolvimento da região. Esses animais eram utilizados para transporte, movimentação do engenho, e, com o passar do tempo, serviram para colonizar o interior do Nordeste. Atualmente, é comum vermos áreas do sertão nordestino praticando a pecuária extensiva, na qual o gado é criado livre e o emprego da tecnologia é baixo.
Na Segunda Revolução Industrial foi implementado no Nordeste o cultivo do algodão, que era destinado, exclusivamente, para a Europa devido às indústrias têxteis que havia naquele continente. Esse fator aumentou mais o poder dos latifundiários, pois toda produção era controlada por eles e visava ao mercado externo, já que no Brasil não havia esse tipo de indústria.
Veja mais: Revolta dos Malês – maior revolta escrava do Brasil que teve como palco o Nordeste
Clima da região Nordeste
Como a região é localizada em uma área de baixa latitude, seu clima sofre pouca variação nas temperaturas ao longo do ano, tanto durante o dia quanto à noite. No entanto, há grande variação quanto ao volume de pluviosidade durante o ano, sendo mal distribuído na região, causando secas severas em alguns estados e abundância de chuva em outros.
Os climas encontrados no Nordeste são: equatorial, tropical semiárido, tropical continental e tropical litorâneo.
O clima equatorial pode ser encontrado no oeste do Maranhão e possui características semelhantes ao clima da região Norte, com altos índices pluviométricos e temperaturas elevadas o ano todo e com médias termais entre 25 ºC e 27 ºC.
Já o clima tropical semiárido é o que mais predomina no Nordeste, com temperaturas acima dos 25 ºC o ano todo e baixa pluviosidade (menos de 1000 mm por ano). No verão, há presença de chuvas devido à influência das massas de ar equatorial continental e atlântica. A área de ocorrência desse clima é conhecida como sertão, que pode chegar a ficar oito meses sem chuva.
O clima tropical continental pode ser localizado em áreas da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Com temperaturas elevadas, as chuvas são concentradas no verão.
No litoral nordestino temos o clima tropical litorâneo. Esse clima possui grande índice pluviométrico devido às massas de ar úmidas que vêm dos oceanos, além de médias térmicas altas durante todo o ano.
Relevo da região Nordeste
O relevo dessa região ajuda-nos a entender alguns problemas relacionados à seca que ocorre no sertão. É uma região com muitos planaltos, depressões e planícies, sendo estas últimas encontradas no litoral nordestino.
Os planaltos e as depressões ocupam todo o interior. O Planalto da Borborema localiza-se nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Com altitudes de 800 m a 1000 m, funciona como uma barreira dos ventos úmidos que vêm do oceano Atlântico. Devido à altitude, os ventos úmidos do oceano precisam elevar-se, esfriando e perdendo umidade. Com isso, ao transpor a barreira planáltica, esses ventos estão secos, o que explica, de forma parcial, a seca em algumas áreas do interior nordestino.
Além do Planalto da Borborema, podemos encontrar a Chapada Diamantina, localizada nos planaltos e serras leste-sudeste. Essa chapada ocupa o centro-sul baiano. Outros planaltos podem ser encontrados na bacia do rio Parnaíba (os quais chamamos de planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba), no Maranhão, Piauí e oeste da Bahia. Como exemplos, temos a Chapada das Mangabeiras e a Serra Grande no Piauí.
As depressões podem ser encontradas ao longo do vale do rio São Francisco, sendo conhecidas como depressões sertanejas e tendo altitudes de 200 m a 500 m. Elas ocorrem em todos os estados nordestinos, exceto no Maranhão e no Piauí.
Hidrografia da região Nordeste
No Nordeste brasileiro encontramos a presença de três grandes bacias hidrográficas: a Parnaíba, a São Francisco e a Tocantins-Araguaia. Esta última tem incidência apenas no sul do estado do Maranhão, divisa com Tocantins.
A bacia hidrográfica Parnaíba envolve os estados do Piauí, Maranhão e Ceará. É a segunda bacia mais importante da região Nordeste, percorrendo áreas semiáridas. Entretanto, grande parte de seus rios, como o rio Canindé e o rio Poti, é intermitente, ou seja, eles deixam de existir durante o período da seca. Em contrapartida, essa bacia abriga um rico reservatório de água subterrânea, o que promove a construção de poços artesianos que ajudam a população local nos períodos mais críticos de seca.
Já a bacia do São Francisco é a mais importante, pois o rio que leva seu nome é perene, não deixa de existir nos meses de seca. O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e vai em direção sul–norte, passando por Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Sua importância vai além do consumo humano. Ao longo de seu curso, devido ao relevo acidentado da região, usinas hidrelétricas foram instaladas para a geração de energia, como a usina de Moxotó, entre os estados da Bahia e de Alagoas, e a usina de Sobradinho, também na Bahia.
Para minimizar a seca nas áreas mais interioranas, semiáridas, há um projeto que visa a transposição do Rio São Francisco, buscando alcançar a população do sertão.
Vegetação da região Nordeste
Devido ao clima quente e à variação no relevo, podemos encontrar cinco tipos de vegetação no Nordeste: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Mata dos Cocais e Manguezais.
A Mata Atlântica era uma grande floresta que ocupava uma área do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Localizada no litoral nordestino, essa floresta sofreu grande alteração por parte do ser humano no início da colonização: primeiro para a extração do pau-brasil, depois para o cultivo da cana, sendo a primeira vegetação desmatada do país. Atualmente possui algumas áreas preservadas na Bahia, onde há um rico cultivo de frutas.
O Cerrado é encontrado nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí. É uma vegetação típica de climas tropicais com duas estações definidas, uma seca (inverno) e outra chuvosa (verão), com árvores de baixo e médio porte.
Presente no sertão semiárido, a Caatinga é uma vegetação com plantas acostumadas com a baixa umidade, o que chamamos de plantas xerófitas. Essas plantas costumam ser tortuosas, com cascas grossas e cheias de espinhos. Quando não chove, elas perdem suas folhas para reter água, além de ter raízes profundas que ajudam na captação de água no solo.
O nome Caatinga é de origem tupi e significa “mata rala”, pois, durante a seca, a vegetação fica cinza, sem folhas. No entanto, basta pouca chuva para que o verde volte, mostrando a grande capacidade de recuperação dessa vegetação.
A Mata dos Cocais, encontrada no Piauí e no Maranhão, recebe esse nome devido às espécies de palmeiras: a carnaúba e o babaçu. Essas palmeiras fornecem matéria-prima para a indústria de sabão, margarina, combustíveis, e são importantes para o sustento da população local, que retira os cocos para sua subsistência.
No litoral do Nordeste, temos a presença de Manguezais, vegetações acostumadas a solos com alta salinidade devido ao contato com a água do mar. Nessa vegetação encontramos crustáceos, como caranguejos e siris, muito utilizados na gastronomia das praias nordestinas.
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Demografia da região Nordeste
O povoamento da região Nordeste ocorreu desde os primórdios da história brasileira, com a chegada dos portugueses, no século XVI. Nessa época, o cultivo da cana em grandes latifúndios voltado para a exportação era a base da economia e desenvolvia-se, basicamente, no litoral, dando origem a cidades como Salvador, Recife e Olinda, grandes centros comerciais e administrativos.
Já o interior da região foi povoado com base na criação de gado destinado à alimentação e para o trabalho nos engenhos. Entretanto, no século XVII, a produção de açúcar no Brasil entrou em declínio, pois outros centros produtores surgiram no mundo, principalmente na América Central.
No século XVIII e XIX, com a demanda europeia por algodão, novamente a região Nordeste volta a ser ocupada para o plantio dessa matéria-prima exportada para a Europa. Com isso, vários empresários estrangeiros preocupados em interligar o interior nordestino, onde era feito o plantio do algodão, com os portos financiaram ferrovias pela região, o que favoreceu a ocupação do sertão e do agreste. As ferrovias explicam a expansão de várias cidades do Nordeste, como Fortaleza (CE), Caruaru (PE), Campina Grande (PB) e Sobral (CE).
Já no século XX, com a forte industrialização da região Sudeste, o Nordeste assume o papel de fornecer produtos agrícolas utilizados na alimentação da população daquela região. Isso gerou mais empobrecimento nordestino, pois as riquezas ali produzidas eram exportadas, como ocorria desde o cultivo da cana. Isso fez com que muitas pessoas migrassem para o centro-sul do país em busca de melhores oportunidades.
Atualmente, três grandes cidades são referência no assunto de urbanização e infraestrutura social: Recife, Fortaleza e Salvador. Essas cidades, durante o século XX, apresentaram melhor desenvolvimento econômico e social, adquirindo papel importante no Nordeste. Esses fatores revelaram uma migração de retorno, no fim do século passado e início do século XXI, de muitos nordestinos que estavam no Sudeste para suas cidades natais.
Principais atividades econômicas da região Nordeste
Podemos classificar as principais atividades econômicas do Nordeste distribuindo-as nas sub-regiões nordestinas: zona da mata, agreste, sertão e meio-norte.
A zona da mata corresponde a uma região que abrange todo o litoral nordestino, desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Essa sub-região possui a maior concentração de pessoas, tendo o maior número de grandes cidades, como Salvador, Recife e Natal.
Dentre as atividades econômicas, podemos citar o turismo, os centros comerciais, a produção de petróleo (tanto em terra quanto mar, na plataforma continental), a produção de sal marinho (Rio Grande do Norte) e as atividades industriais, como o polo industrial de Camaçari, no litoral baiano. Destaca-se, também, a produção de cacau na Bahia, responsável por mais de 60% da produção dessa fruta no Brasil.
O agreste está localizado entre o sertão e a zona da mata, podendo ser considerado uma zona de transição entre essas duas sub-regiões. No agreste, a atividade que se destaca é a pecuária, com criação de ovinos e bovinos. As cidades que se destacam são: Garanhuns e Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
No sertão, área do interior do Nordeste, de clima semiárido e rios intermitentes, a atividade econômica mais produtiva é a criação de caprinos, além da criação do gado bovino, ambos de forma extensiva. O nordeste é responsável por 91% dos caprinos criados no Brasil, isso porque cabras e bodes são adaptados ao clima seco da região. Além do gado, há a produção de algodão, com destaque para cidades da Paraíba, do Ceará e do Piauí, o maior produtor da região.
O meio-norte abrange a transição entre o sertão e a Floresta Amazônica. Corresponde a uma área do oeste piauiense e a todo o estado do Maranhão. Nessa sub-região, podemos destacar o extrativismo vegetal, com o cultivo da carnaúba e do babaçu. Há também um importante complexo metalúrgico, que surgiu com o Projeto Carajás, e a construção da ferrovia Carajás, que liga o Pará ao porto de Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão.
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Aspectos culturais da região Nordeste
A cultura nordestina é rica e bem diversificada. Devido ao passado colonial e à variedade natural, muitas manifestações artísticas retratam a vida dura do sertanejo, o homem do sertão, ou a luta pela sobrevivência no passado escravista.
Há também manifestações folclóricas que se baseiam na mistura que houve de povos, como nativos, negros e portugueses. Dessa forma, o artesanato, a gastronomia, as festividades e o vestuário remetem a uma grande miscigenação, dando à região traços de riqueza e diversidade.
Nas festividades, podemos citar o frevo, dança típica pernambucana que tem seu nome originado do verbo “ferver”, pois o ritmo é “quente”, rápido e bastante animado. Há também outros tipos de dança, como xote, forró e baião.
A capoeira, mistura de dança com luta, iniciou-se no Brasil no estado da Bahia, no período em que os escravos africanos lutavam contra os senhores em busca de liberdade e dignidade. Hoje é um evento praticado em todo o mundo, o que revela sua força, sendo considerada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.
A literatura nordestina é riquíssima, com autores renomados no Brasil e alguns até no mundo. Dentre os mais importantes, podemos destacar Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Ferreira Gullar e Augusto dos Anjos.
Podemos mencionar, ainda na literatura, o cordel, uma espécie de poesia em que os versos rimam entre si. Essa literatura é marca registrada do Nordeste, e muitas histórias foram contadas dessa forma, passadas de geração para geração.
Na culinária, a mistura de povos também faz-se presente, além de englobar frutos do mar, utilizando-se das riquezas naturais. Como exemplo, temos o vatapá, a moqueca, o acarajé, o caruru, o mugunzá, a paçoca, a canjica, a rapadura, a buchada de bode, o bolo de rolo, e outras comidas típicas da região.
Notas
|1| Dado do censo do IBGE de 2010.