Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna foi um autor nordestino muito importante para a literatura brasileira, por sua estética despojada e lúdica de abordagem da cultura sertaneja.

Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Ariano Suassuna foi escritor, dramaturgo e poeta, tendo ficado mais conhecido por sua produção em prosa, embora tenha se arriscado a escrever versos ao longo de sua vida. Um dos expoentes literários da cultura nordestina, Ariano rompeu fronteiras regionais e caiu nas graças do público brasileiro, que se rendeu à simpatia de dois de seus maiores personagens, João Grilo e Chicó, da peça teatral em forma de auto, Auto da Compadecida.

Leia também: João Cabral de Melo Neto – conhecido como poeta-engenheiro graças às características de sua poesia

Tópicos deste artigo

Biografia de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, na Paraíba, no dia 16 de junho de 1927. Filho de um influente político, João Suassuna, cujo assassinato foi movido por motivações políticas, Ariano viu sua vida marcada pelo trágico episódio e, até o final de seus dias, defendeu a inocência do pai, acusado de ser o mandante do homicídio contra João Pessoa, então governador da Paraíba.

Ariano Suassuna é um nome muito importante do texto teatral moderno brasileiro. [1]
Ariano Suassuna é um nome muito importante do texto teatral moderno brasileiro. [1]

Em 1942, ingressou na Faculdade de Direito e, enquanto estudava as leis, escrevia suas primeiras peças para teatro, encenadas no Teatro do Estudante Pernambucano, espaço criado por ele e pelo amigo Hermilio Borba Filho. Pouco advogou e, em 1957, tornou-se professor dos Departamentos de História e de Teoria da Arte e Expressão Artística da Universidade Federal do Pernambuco, cargo no qual permaneceu durante 31 anos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Movimento Armorial

Lançado no dia 18 de outubro de 1970, o Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna, foi um movimento artístico que apresentou o sertão como um universo cultural e lúdico, espaço até então colocado em segundo plano na cultura brasileira. A intenção era construir uma arte essencialmente erudita por meio de elementos autenticamente nacionais, fundindo a cultura popular com o intrincado universo erudito. O Movimento Armorial tinha por objetivo também subverter a estética regionalista dos anos 30, demasiadamente preocupada com questões sociopolíticas.

Enquanto em Os Sertões - obra fundadora do Movimento Armorial - Euclides da Cunha construiu uma imagem do sertanejo completamente oposta à imagem do gaúcho, visto como homem bravo e destemido, na obra de Ariano esse mesmo sertanejo foi transportado para um universo mítico, retirado de sua vida comum e colocado no centro de uma narrativa lúdica, resgatando assim o espírito mágico dos folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste. O Movimento Armorial, muito mais do que uma estética literária, foi um movimento artístico que incluiu diferentes tipos de arte, como música, dança, teatro e arquitetura.

Obra de Ariano Suassuna

Ariano escreveu diversas peças, entre elas Uma mulher vestida de sol, Cantam as harpas de Sião, Os homens de barro, Auto de João da Cruz e Auto da Compadecida, certamente a obra mais famosa de Ariano, considerada, pelo teórico e crítico teatral Sábato Magaldi, como o texto mais popular do moderno teatro brasileiro.

Entre as obras de ficção estão Fernando e Isaura, Romance d' A pedra do reino e o príncipe do sangue vai-e-volta, As infâncias de Quaderna e História d' O rei degolado nas caatingas do sertão. Cronologicamente, Ariano Suassuna foi considerado como integrante do movimento modernista de 1945, embora em sua obra sejam encontradas referências ao Simbolismo e até mesmo ao Barroco.

Veja também: Cora Coralina – assim como Suassuna, não fez parte de uma estética específica

Morte de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna faleceu no dia 23 de julho de 2014, aos 87 anos, na cidade de Recife, capital do Pernambuco, em decorrência de uma parada cardíaca.

Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.

Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.

Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue do Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido

que, em vão – Sangue insensato e vagabundo —
tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!

(Soneto “Lápide”, de Ariano Suassuna)

Ariano percorria o Brasil ministrando suas “aulas-espetáculo” em teatros e universidades, defendendo ardorosamente a cultura brasileira e a identidade nacional contra o lixo cultural importado dos Estados Unidos.

Em uma de suas mais célebres frases, Ariano afirmava: “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa”, resumindo assim sua intensa e importante trajetória na Literatura Brasileira.

Crédito da imagem

[1] Wilson Dias/ABr / Commons


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Luana Castro Alves Perez Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PEREZ, Luana Castro Alves. "Ariano Suassuna"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/ariano-suassuna.htm. Acesso em 18 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(UEL)

Leia o texto abaixo:

João Grilo: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver? (Recitando.)

Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.

Encourado: Vá vendo a falta de respeito, viu?

João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito!

Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me. Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.

Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, A compadecida, entra.

Encourado, com raiva surda: Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!

João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu recitei?

A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo escreveu para mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças, mas isso até a torna alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza é o diabo.

João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.

A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas exteriores. É um fariseu consumado.

Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de minha mãe é que eu não vou.

(…)

(Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.)

A obra O Auto da Compadecida foi escrita para o teatro:

a) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas recorrentes do Nordeste brasileiro.

b) E seu autor, Ariano Suassuna, aborda o tema da seca que sempre marcou o Nordeste.

c) Pelos autores do Movimento Armorial, abordando temas religiosos e costumes populares.

d) Por Ariano Suassuna, tendo como base romances e histórias populares do Nordeste brasileiro.

e) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas religiosos divulgados pela literatura de cordel.

Exercício 2

Fundado por Ariano Suassuna em 18 de outubro de 1970, o Movimento Armorial teve como principais características:

a) Ruptura estética com o ideal da primeira fase modernista, exaltando principalmente a importância da produção cultural europeia e utilizando elementos greco-romanos para a construção de uma nova estética literária.

b) Exaltação do universo cultural e lúdico do Sertão em detrimento do universo cultural e lúdico manifestado nas demais regiões do país. Criação de uma arte erudita com elementos da identidade cultural do povo nordestino.

c) O Movimento Armorial foi a força motriz para um grupo de artistas criativos que demonstrou inconformismo com os moldes literários impostos pela academia, apresentando assim uma interessante proposta de inovação poética que subvertia a cultura oficial.

d) Entre as principais características do Movimento Armorial estão a exaltação da natureza e o racionalismo, cujo propósito literário era discutir a arte greco-romana, considerada modelo de perfeição, equilíbrio e beleza.