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Ariano Suassuna

Ariano Suassuna é um escritor paraibano cujas obras apresentam elementos da cultura popular nordestina. Ele é autor da famosa peça de teatro Auto da Compadecida.

Fotografia de Ariano Suassuna, um conhecido dramaturgo brasileiro e o autor de “Auto da Compadecida”.
Ariano Suassuna é um conhecido dramaturgo brasileiro. [1]
Crédito da Imagem: Commons
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Ariano Suassuna é um dramaturgo brasileiro. Ele nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, no estado da Paraíba. Mais tarde, ele se formou em Direito e em Filosofia, foi professor da Universidade Federal de Pernambuco, além de exercer o cargo de secretário de Cultura do estado de Pernambuco.

O escritor, que faleceu em 23 de julho de 2014, em Recife, escreveu obras que valorizam a cultura popular nordestina e brasileira. Ele é autor de livros como Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta e Auto da Compadecida, peça teatral que o tornou conhecido nacionalmente.

Leia também: Dias Gomes — outro importante nome da dramaturgia brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Ariano Suassuna

  • Ariano Suassuna é um conhecido escritor brasileiro.

  • Nasceu em 1927 e faleceu em 2014.

  • Ariano Suassuna foi advogado, professor, dramaturgo, poeta e romancista.

  • Ele criou o Movimento Armorial em 1870.

  • Seus textos apresentam crítica social e valorizam a cultura popular nordestina.

  • Sua obra mais conhecida é a peça teatral Auto da Compadecida.

Biografia de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna nasceu em João Pessoa, no estado da Paraíba, no dia 16 de junho de 1927. Seu pai — João Suassuna (1886-1930) — era fazendeiro e governador do estado. Dois anos depois, durante a Revolução de 1930, o pai do autor foi assassinado no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1934, na cidade de Taperoá, o escritor iniciou seus estudos.

Em 1942, sua família foi viver em Recife, no estado de Pernambuco. Nessa cidade, o jovem Suassuna estudou no Ginásio Pernambucano. Em 1945, foi transferido para o colégio Oswaldo Cruz. E, no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito. Em 1947, escreveu sua primeira peça teatral — Uma mulher vestida de sol.

No ano seguinte, em 1948, por essa obra, recebeu o Prêmio Nicolau Carlos Magno. Ainda em 1948, passou a trabalhar com teatro ambulante. Em 1950, ganhou o Prêmio Martins Pena e concluiu o curso de Direito na Universidade Federal de Pernambuco. Porém, devido a uma doença no pulmão, voltou para Taperoá.

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Dois anos depois, retornou ao Recife, onde trabalhou como advogado até 1956, quando começou a trabalhar como professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco. Também assumiu o cargo de diretor de cultura do Serviço Social da Indústria, o qual ocuparia até 1960.

Ganhou o prêmio Vânia Souto de Carvalho, em 1957, ano em que se casou com Zélia de Andrade Lima. Sua famosa peça teatral Auto da Compadecida levou a medalha de ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais, em 1958. No ano seguinte, em parceria com Hermilo Borba Filho (1917-1976), Suassuna criou o Teatro Popular do Nordeste.

O dramaturgo, em 1960, se formou em Filosofia na Universidade Católica de Pernambuco. No ano de 1967, fez parte do Conselho Federal de Cultura e, no ano seguinte, do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco. Em 1969, assumiu o cargo de diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco.

Fotografia em preto e branco de Ariano Suassuna autografando alguns livros.
Ariano Suassuna autografando um de seus livros em 1971.[2]

Foi nomeado, em 1975, secretário de Educação e Cultura do Recife, função ocupada até 1978. No ano de 1995, assumiu o cargo de secretário de Cultura do estado de Pernambuco. Anos depois, em 2007, ocupou novamente esse mesmo cargo. Ariano Suassuna faleceu no dia 23 de julho de 2014, em Recife.

Ariano Suassuna na Academia Brasileira de Letras

Ariano Suassuna foi eleito para a ABL em 3 de agosto de 1989. E ocupou a cadeira número 32, em 9 de agosto de 1990, quando tomou posse.

Ariano Suassuna e o Movimento Armorial

O Movimento Armorial foi criado por Ariano Suassuna, em 1970. A base desse movimento é a relação entre a cultura popular nordestina e as produções artísticas. É um movimento aberto, sem propostas específicas, a não ser a valorização das raízes da cultura popular nordestina e brasileira.

Desse modo, o movimento valoriza a dança, a música, a literatura, o cinema em que se percebem elementos populares da cultura nordestina. A palavra “armorial” vem do francês e faz referência a “brasão” (armoiries), de forma a valorizar uma tradição nacional, que seja ao mesmo tempo popular e erudita.

Características da obra de Ariano Suassuna

As obras de Suassuna apresentam estas características:

  • regionalismo;

  • valorização da cultura nordestina;

  • linguagem coloquial;

  • caráter nacionalista;

  • crítica sociopolítica;

  • ironia;

  • aspectos cômicos e trágicos.

Obras de Ariano Suassuna

Poesia de Ariano Suassuna

  • Ode (1955).

  • Dez sonetos com mote alheio (1980).

  • Sonetos de Albano Cervonegro (1985).

  • Poemas (1999).

Romances de Ariano Suassuna

  • A história do amor de Fernando e Isaura (1956).

  • Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta (1971).

  • História d’O rei degolado nas caatingas do sertão: ao sol da onça Caetana (2015).

  • Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores (2017).

Teatro de Ariano Suassuna

  • Uma mulher vestida de sol (1947).

  • Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa (1948).

  • Os homens de barro (1949).

  • Auto de João da Cruz (1950).

  • Torturas de um coração (1950).

  • O arco desolado (1952).

  • O castigo da soberba (1953).

  • O rico avarento (1954).

  • Auto da Compadecida (1955).

  • O casamento suspeitoso (1957).

  • O santo e a porca (1957).

  • O homem da vaca e o poder da fortuna (1958).

  • A pena e a lei (1959).

  • Farsa da boa preguiça (1960).

  • A caseira e a Catarina (1962).

  • As conchambranças de Quaderna (1987).

Obras selecionadas de Ariano Suassuna

  • Auto de João da Cruz (1950).

  • Auto da Compadecida (1955).

  • O santo e a porca (1957).

  • Farsa da boa preguiça (1960).

  • Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta (1971).

Obras acadêmicas de Ariano Suassuna

  • O Movimento Armorial (1974).

  • Iniciação à estética (1975).

  • A onça castanha e a ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira (1976).

Análise da obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

Capa do livro “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, publicado pela editora Nova Fronteira.
Capa do livro Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, publicado pela editora Nova Fronteira.[3]

A obra Auto da Compadecida pertence ao gênero dramático, já que é uma peça de teatro. Essa comédia de Ariano Suassuna valoriza a cultura popular nordestina, representada por personagens como João Grilo e Chicó. Na história, João Grilo é o cérebro, enquanto Chicó é a imaginação.

Assim, a esperteza de João Grilo é auxiliada pelas mentiras de Chicó, nessa história que começa com os dois protagonistas empenhados em conseguir a bênção do padre para o cachorro doente da esposa do padeiro. Mas o animal acaba morrendo sem que o padre o tenha benzido.

Na sequência, a esposa e o padeiro querem que o padre realize a cerimônia de enterro do cachorro, como manda a tradição, ou seja, em latim. O padre, a princípio, fica revoltado com tal proposta e a rejeita. Para o convencer, Chicó e João Grilo dizem que o cachorro deixou um testamento que beneficia o padre, o bispo e o sacristão.

Mas, para receber o dinheiro, eles precisam realizar a cerimônia do enterro em latim. Para substituir o cão defunto, João Grilo e Chicó vendem para a esposa do padeiro um gato que “descome” dinheiro. Assim, após apresentar esses fatos cômicos, a peça assume um caráter levemente trágico quando o cangaceiro Severino invade o povoado.

Desse modo, o cangaceiro mata o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e a esposa do padeiro. Enganado por João Grilo, Severino pede a outro cangaceiro que o mate para que João o ressuscite com uma gaita mágica. O temido Severino é devoto de padre Cícero, por isso aceita morrer para conhecer o padre e depois voltar à vida.

Mas João Grilo não escapa, pois o comparsa de Severino, ao perceber o engano, mata nosso herói. Os mortos então são julgados por Jesus e pelo diabo. E a advogada de João Grilo acaba sendo a Compadecida, isto é, Nossa Senhora. Desse modo, nosso herói popular acaba tendo um final feliz.

Acesse também: Auto da barca do inferno — peça teatral do escritor português Gil Vicente

Frases de Ariano Suassuna

A seguir, vamos ler algumas frases de Ariano Suassuna, extraídas de suas obras A onça castanha e a ilha Brasil e Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta:

  • “A razão solar e masculina se enriquece ao contato com a parte noturna, enigmática e subterrânea, lunar e feminina do espírito.”

  • “O pensamento e a reflexão são necessidades vitais, uma vocação, um instinto fundamental do homem, de qualquer homem.”

  • “Há sempre em mim uma tendência a simpatizar mais com os troianos derrotados do que com os gregos vitoriosos.”

  • “Na Arte, a gente tem que ajeitar um pouco a realidade que, de outra forma, não caberia bem nas métricas da Poesia.”

  • “Por enquanto, só existem dois tipos de Governo: o dos opressores do Povo e o dos exploradores do Povo.”

Créditos de imagem

[1] Igor Almeida Suassuna / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Editora Nova Fronteira (reprodução)

Fontes

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Ariano Suassuna. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/ariano-suassuna.

BARROS, Frederico Machado de. Cantiga de Longe: o Movimento Armorial e a proposta de uma música de concerto brasileira. 2006. Dissertação (Mestrado em História) – Departamento de História, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2006.

GONÇALVES, Maria das Dores Farias. O ensino de literatura no processo de formação e preservação da cultura nordestina. 2018. Monografia (Licenciatura em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2018.

LIMA, Andréa de. Suassuna recebe título honoris causa. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 abr. 2000.

MUSEUAFROBRASIL. Movimento armorial. Disponível em: http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/movimentosesteticos/movimento-armorial.

SUASSUNA, Ariano. A onça castanha e a ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira. 1976. Tese (Livre Docência) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1976.

SUASSUNA, Ariano. Ariano Suassuna — história pessoal sob forma cronológica. In: SUASSUNA, Ariano. Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Ariano Suassuna"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/ariano-suassuna.htm. Acesso em 26 de julho de 2024.

De estudante para estudante


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Lista de exercícios


Exercício 1

(UEL)

Leia o texto abaixo:

João Grilo: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver? (Recitando.)

Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.

Encourado: Vá vendo a falta de respeito, viu?

João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito!

Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me. Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.

Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, A compadecida, entra.

Encourado, com raiva surda: Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!

João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu recitei?

A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo escreveu para mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças, mas isso até a torna alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza é o diabo.

João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.

A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas exteriores. É um fariseu consumado.

Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de minha mãe é que eu não vou.

(…)

(Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.)

A obra O Auto da Compadecida foi escrita para o teatro:

a) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas recorrentes do Nordeste brasileiro.

b) E seu autor, Ariano Suassuna, aborda o tema da seca que sempre marcou o Nordeste.

c) Pelos autores do Movimento Armorial, abordando temas religiosos e costumes populares.

d) Por Ariano Suassuna, tendo como base romances e histórias populares do Nordeste brasileiro.

e) Por João Cabral de Melo Neto e aborda temas religiosos divulgados pela literatura de cordel.

Exercício 2

Fundado por Ariano Suassuna em 18 de outubro de 1970, o Movimento Armorial teve como principais características:

a) Ruptura estética com o ideal da primeira fase modernista, exaltando principalmente a importância da produção cultural europeia e utilizando elementos greco-romanos para a construção de uma nova estética literária.

b) Exaltação do universo cultural e lúdico do Sertão em detrimento do universo cultural e lúdico manifestado nas demais regiões do país. Criação de uma arte erudita com elementos da identidade cultural do povo nordestino.

c) O Movimento Armorial foi a força motriz para um grupo de artistas criativos que demonstrou inconformismo com os moldes literários impostos pela academia, apresentando assim uma interessante proposta de inovação poética que subvertia a cultura oficial.

d) Entre as principais características do Movimento Armorial estão a exaltação da natureza e o racionalismo, cujo propósito literário era discutir a arte greco-romana, considerada modelo de perfeição, equilíbrio e beleza.

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