PUBLICIDADE
Jorge Amado foi um escritor brasileiro. Ele nasceu em 10 de agosto de 1912, na cidade baiana de Itabuna. O escritor fez faculdade de Direito, no Rio de Janeiro, mas não exerceu a profissão de advogado. Durante alguns anos, viveu no exterior, por questões políticas. E fez sucesso mundial com seus romances.
O romancista faz parte da Geração de 1930 do modernismo brasileiro. Suas obras, portanto, valorizam a cultura regional e apresentam crítica sociopolítica. O romance Gabriela, cravo e canela é um dos livros mais famosos desse autor, que faleceu em 6 de agosto de 2001, em Salvador.
Leia também: Capitães da areia — análise de uma das principais obras de Jorge Amado
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Jorge Amado
- 2 - Videoaula sobre Jorge Amado
- 3 - Biografia de Jorge Amado
- 4 - Prêmios, títulos e homenagens de Jorge Amado
- 5 - Principais características da obra de Jorge Amado
- 6 - Obras de Jorge Amado
- 7 - Análise da obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado
- 8 - Poema de Jorge Amado
- 9 - Frases de Jorge Amado
Resumo sobre Jorge Amado
-
O escritor brasileiro Jorge Amado nasceu em 1912 e faleceu em 2001.
-
Além de romancista, também foi deputado federal por São Paulo.
-
O autor é integrante da Geração de 1930 do modernismo brasileiro.
-
Suas obras apresentam crítica sociopolítica e elementos regionais.
-
Um de seus livros mais famosos é o romance Gabriela, cravo e canela.
Videoaula sobre Jorge Amado
Biografia de Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, Bahia. Seu pai era fazendeiro, produtor de cacau. Com um ano de idade, o escritor foi morar em Ilhéus. Mais tarde, estudou no colégio Antônio Vieira e no ginásio Ipiranga, na cidade de Salvador, onde trabalhou no Diário da Bahia.
No ano de 1923, seu professor, o padre Luiz Gonzaga Cabral (1866-1939), descobriu que o menino tinha talento como escritor, ao ler uma de suas redações. A partir daí, passou a estimular o pequeno Jorge a ler clássicos da literatura mundial. Dois anos depois, o rapaz fugiu do colégio interno e viajou até Sergipe, onde estava a casa de seu avô paterno.
Em 1931, publicou seu primeiro livro, o romance O país do carnaval. Era o início de uma carreira literária de grande sucesso. Dois anos depois, se casou com Matilde Garcia Rosa (1913-1986). Desse relacionamento, nasceu sua filha Lila. No Rio de Janeiro, em 1935, o autor se formou em Direito.
Era comunista e, por isso, foi preso e teve seus livros queimados em praça pública. Assim, fugindo da perseguição do Estado Novo, viveu na Argentina e no Uruguai durante os anos de 1941 e 1942, quando voltou ao Brasil e foi novamente preso. Solto, foi mantido sob vigilância.
Então, escreveu para a Folha da Manhã, de São Paulo, além de atuar como secretário do Instituto Cultural Brasil-União Soviética. Em 1943, voltou a publicar romances no Brasil, após seis anos de proibição de suas obras. Já em 1944, o casamento com Matilde chegou ao fim.
No ano seguinte, foi eleito deputado federal por São Paulo, como membro do Partido Comunista Brasileiro. Ainda no ano de 1945, ele se casou com a escritora Zélia Gattai (1916-2008). Como deputado, Jorge Amado criou a lei que protege a liberdade de culto religioso.
Mas, com a volta à ilegalidade do PCB, em 1947, o escritor, a esposa e o filho foram viver na França. Assim, quando a primeira filha do autor faleceu, em 1949, ele não pôde comparecer ao enterro. No ano seguinte, foi expulso da França, por ser comunista. Era o início da Guerra Fria.
Então, se mudaram para Praga, onde nasceu sua segunda filha. Voltaram ao Brasil em 1952 para viver no Rio de Janeiro. Nos Estados Unidos, durante o macarthismo, a entrada do autor e de suas obras foi proibida naquele país. Em 1955, o romancista decidiu se afastar da política e se dedicar apenas à literatura.
Com a venda dos direitos, para o cinema, do romance Gabriela, cravo e canela, em 1961, o escritor mandou construir sua casa em Salvador, onde residiu de 1963 até a sua morte, em 6 de agosto de 2001. Era o fim de uma vida marcada pela atuação política e pelo sucesso mundial como romancista.
→ Jorge Amado e a Academia Brasileira de Letras
Jorge Amado foi o quinto ocupante da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o escritor José de Alencar (1829-1877). Eleito em 6 de abril de 1961, o autor tomou posse em 17 de julho do mesmo ano.
Prêmios, títulos e homenagens de Jorge Amado
→ Prêmios de Jorge Amado
-
Graça Aranha (1936)
-
Internacional Stalin (1951) — Moscou
-
Machado de Assis (1959)
-
Jornal do Comércio (1959)
-
Luísa Cláudio de Souza (1959)
-
Carmem Dolores Barbosa (1959)
-
Paula Brito (1959)
-
Jabuti (1959)
-
Juca Pato (1970)
-
Latinidade da Academia do Mundo Latino (1971)
-
Iila (1976) — Itália
-
Fernando Chinaglia (1982)
-
Nestlé de Literatura Brasileira (1982)
-
Brasília de Literatura (1983)
-
Internacional Dag Hammarskjöld (1983) — Portugal
-
Moinho Santista de Literatura (1984)
-
Personalidade Literária do Ano (1984)
-
Nonino (1984) — Itália
-
BNB de Literatura (1985)
-
Dimitrof (1986) — Bulgária
-
Pablo Picasso (1988) — Unesco
-
Pablo Neruda (1989) — Moscou
-
Etruria de Literatura (1989) — Itália
-
Mundial Cino del Duca (1990)
-
Agogô de Ouro (1992)
-
Vitaliano Brancatti (1995) — Itália
-
Luís de Camões (1995) — Portugal
-
Dai Grandi (1995) — Itália
-
Ministério da Cultura (1997)
→ Títulos de Jorge Amado
-
Ogan de Oxossi (1927)
-
Obá Otum Arolu (1959)
-
Cidadão Carioca (1959)
-
Cidadão Paulistano (1961)
-
Amigo do Livro (1961)
-
Cidadania Honorária da República do Livro (1962)
-
Cidadão da Cidade de Estância (1963)
-
Cavaleiro do Clube da Madrugada (1971)
-
Cidadão Sergipano (1973)
-
Benemérito da Cidade de Ilhéus (1975)
-
Cavaleiro Benemérito da Ordem da Literatura de Cordel (1976)
-
Cavaleiro Benemérito da Ordem dos Cantadores (1976)
-
Comendador da Ordem das Artes e Letras (1979) — França
-
Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada (1980) — Portugal
-
Doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (1980)
-
Doutor honoris causa pela Universidade Federal do Ceará (1981)
-
Grande Oficial da Ordem do Mérito da Bahia (1981)
-
Presidente Honorário da Academia Antero de Quental (1982)
-
Comendador da Cultura Popular da Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (1982)
-
Comendador da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho (1983)
-
Cidadão da Cidade de Salvador (1984)
-
Commandeur de la Légion d’Honneur (1984) — Paris
-
Cidadão Honorário da Cidade de Guimarães (1985)
-
Cidadão da Cidade de São Paulo (1985)
-
Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco (1985)
-
Cidadão de Honra da Comunidade de Mirabeau (1985) — França
-
Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1986) — Portugal
-
Comendador da Ordem do Congresso Nacional (1986)
-
Cavaleiro e Comendador da Ordem dos Cantadores (1986)
-
Doutor honoris causa pela Universidade Lumiére Lyon II (1987) — França
-
Chevalier de Beaugolais (1989) — França
-
Doutor honoris causa pela Universidade de Israel (1990) — Israel
-
Doutor honoris causa em Língua e Literatura da Universidade Dagli Studi de Bari (1990)
-
Doutor honoris causa pela Universidade do Sudoeste (1992)
-
Cidadão de Fortaleza (1994)
-
Cidadão de Ipiaú (1994)
-
Cidadão Cachoeirano (1995)
-
Doutor honoris causa pela Universidade de Pádua (1995) — Itália
-
Cidadão Honorário de Cascais (1996) — Portugal
-
Doutor honoris causa pela Université de Sorbonne, Paris III (1996)
-
Doutor honoris causa pela Universidade de Pádua (1996) — Itália
-
Cidadão de Ilhéus (1997)
-
Cidadão Honorário de Brasília (1997)
-
Doutor honoris causa pela Universidade Moderna de Lisboa (1998) — Portugal
-
Doutor honoris causa pela Universidade de Bolonha (1998) — Itália
-
Doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (1999)
-
Cidadão Honorário do Concelho de Cascais (2000) — Portugal
→ Homenagens de Jorge Amado
-
Medalha do Centenário de Castro Alves (1947)
-
Medalha Comemorativa do Centenário de João Ribeiro (1960)
-
Medalha Ordem dos Trovadores do Grêmio Brasileiro de Trovadores (1960)
-
Diploma e Medalha de Bronze pelos serviços prestados ao desenvolvimento da Radiodifusão Educativa Cultural. (1961)
-
Diploma de Reconhecimento e Medalha de Prata da Editora Italiana, Belo Horizonte (1962)
-
Diploma de Honra ao Mérito da Organização de Pesquisas de Opinião Pública (1967)
-
Diploma de Honra ao Mérito do Culto Afro-Brasileiro Xangô das Pedrinhas (1977)
-
Homenagem da Câmara de Vereadores de Itabuna (1978)
-
Medalha de Prata de Mérito Turístico (1982) — Portugal
-
Diploma e Medalha do Mérito Cultural Castro Alves (1983)
-
Diploma de Membro da The Hispanic of America (1983)
-
Medalha Tomé de Souza (1984)
-
Medalha Anchieta (1985)
-
Medalha Ipiranga (1985)
-
Medalha da Cidade de São Paulo (1985)
-
Diploma de Honra ao Mérito da Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (1986)
-
Comenda da Ordem do Congresso Nacional (1987)
-
Medalha de Vermeil (1988) — França
-
Diploma de Honra ao Mérito da Associação Internacional dos Amigos de Ferreira de Castro (1989)
-
Medalha da Cidade de Cassis (1991) — França
-
Medalha e Troféu das Terras d’Ouro (1992)
-
Troféu Gabriela de Ouro (1992)
-
Comenda de Ordem do Mérito de São Jorge dos Ilhéus (1992)
-
Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra (1993)
-
Certificado Especial de Reconhecimento do Congresso dos Estados Unidos (1993) — Filadélfia
-
Troféu Roda Rotária (1993)
-
Troféu Axé de Turismo (1994)
-
Medalha da Ordem de São Jorge dos Ilhéus (1995)
-
Medalha do Mérito Jornalístico (1996)
-
Medalha de Ouro Simon Bolívar (1997) — Unesco
-
Troféu Filme de Ouro (1997)
-
Troféu Primeira Página (1998)
-
Diploma e Medalha da Cidade de Paris (1998)
-
Comenda do Mérito da Ordem de São Jorge dos Ilhéus (1998)
Principais características da obra de Jorge Amado
O escritor Jorge Amado faz parte da Geração de 1930 do modernismo brasileiro. As obras de autores dessa geração apresentam as seguintes características:
-
Neorregionalismo: elementos da cultura regional; no caso de Jorge Amado, da cultura baiana.
-
Ausência de idealizações: ao contrário do regionalismo romântico, as obras da Geração de 30 não apresentam caráter idealizador.
-
Neorrealismo: as narrativas são realistas, mas, ao contrário do realismo do século XIX, apresentam parcialidade por parte do narrador.
-
Crítica sociopolítica: a obra mostra os problemas sociais e a negligência das autoridades políticas.
-
Determinismo: o destino de alguns personagens é determinado pelo meio em que vivem, mas, ao contrário do determinismo naturalista, no modernismo, o narrador vê solução para o problema, caso haja uma transformação do meio.
-
Valorização do espaço: o meio se torna imprescindível para a construção do personagem.
-
Linguagem objetiva: o texto é claro e direto, visando ao entendimento imediato do(a) leitor(a).
-
Narrativa envolvente: por possuir uma intenção política, o narrador busca envolver os leitores no enredo, para que eles não abandonem a leitura.
Veja também: Graciliano Ramos — outro grande nome da Geração de 1930 do modernismo brasileiro
Obras de Jorge Amado
-
O país do carnaval (1931) — romance.
-
Cacau (1933) — romance.
-
Suor (1934) — romance.
-
Jubiabá (1935) — romance.
-
Mar morto (1936) — romance.
-
Capitães da areia (1937) — romance.
-
A estrada do mar (1938) — poesia.
-
ABC de Castro Alves (1941) — biografia.
-
O Cavaleiro da Esperança (1942) — biografia.
-
Terras do sem fim (1943) — romance.
-
São Jorge dos Ilhéus (1944) — romance.
-
Bahia de Todos os Santos (1945) — guia.
-
Seara vermelha (1946) — romance.
-
O amor do soldado (1947) — peça de teatro.
-
O mundo da paz (1951) — relato de viagem.
-
Os subterrâneos da liberdade (1954) — romance.
-
Gabriela, cravo e canela (1958) — romance.
-
A morte e a morte de Quincas Berro d’Água (1961) — romance.
-
Os velhos marinheiros ou O capitão de longo curso (1961) — romance.
-
Os pastores da noite (1964) — romance.
-
Dona Flor e seus dois maridos (1966) — romance.
-
Tenda dos milagres (1969) — romance.
-
Teresa Batista cansada de guerra (1972) — romance.
-
O gato Malhado e a andorinha Sinhá (1976) — infantojuvenil.
-
Tieta do Agreste (1977) — romance.
-
Farda, fardão, camisola de dormir (1979) — romance.
-
Do recente milagre dos pássaros (1979) — contos.
-
O menino grapiúna (1982) — memórias.
-
A bola e o goleiro (1984) — infantil.
-
Tocaia grande (1984) — romance.
-
O sumiço da santa (1988) — romance.
-
Navegação de cabotagem (1992) — memórias.
-
A descoberta da América pelos turcos (1994) — romance.
-
O milagre dos pássaros (1997) — fábula.
-
Hora da guerra (2008) — crônicas.
Análise da obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado
Gabriela é a personagem principal dessa obra de Jorge Amado, uma heroína que traz em si a sensualidade baiana. Na cidade de Ilhéus, Gabriela se torna cozinheira do sírio Nacib, dono do bar Vesúvio. A moça é de origem pobre, pele escura, bela, sensual, uma jovem que gosta do prazer e da liberdade.
Logo os dois iniciam um relacionamento sexual. Apaixonado pela moça, Nacib tem medo de ser abandonado por ela, que é desejada por muitos homens. A solução que ele encontra é se casar com Gabriela. Mas o casamento não traz felicidade à moça, pois acaba com sua liberdade e a obriga a assumir um papel social que lhe desagrada.
Paralelamente à história de amor entre Grabriela e Nacib, a obra também traz elementos políticos da década de 1920. No fim da República Velha, o coronel Ramiro Bastos é quem detém poder político na região. Até que Mundinho Falcão, um exportador de cacau, passa a exercer grande influência em Ilhéus. Falcão e Nacib se tornam sócios, em um restaurante.
Gabriela trai Nacib com o sedutor Tonico Bastos, filho do coronel. O marido surpreende os amantes e agride a mulher, pancadas que deixam manchas roxas na pele “cor de canela” de Gabriela. Sem coragem de matar a esposa, Nacib dá um jeito de anular o casamento. Mas, no final, Nacib e Gabriela reatam o relacionamento e voltam a se encontrar como antes.
→ Videoaula sobre a obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado
Poema de Jorge Amado
A estrada do mar, publicado em 1938, é o único livro de poesias de Jorge Amado, mas é uma obra rara e pouco se sabe sobre seu conteúdo. O único poema conhecido do autor é “Canção da judia de Varsóvia’’, que tem como temática o Holocausto (genocídio cometido por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial):
Meu nome, já não o sei...
Só de Judia me chamam.
Meu rosto já foi bonito, na primavera em Varsóvia.
Um dia, chegou o inverno,
Trazido pelos nazistas;
E nunca mais quis ir embora.
Um dia já fui bonita,
Tive noivo, e tive sonhos.
Trazidos pelos nazistas
Veio o terror, veio a morte.
[...]
Em campo de concentração
São mil judias comigo, mas nenhuma nome tem.
Só, sobre o peito, uma marca feita com ferro em brasa,
Como um rebanho de gado
Para os açougues dos nazis.
[...]
Disseram que em outras terras,
Judias e não judias, moças que nem
Nome têm,
Em armas se levantaram,
Que guerrilheiras se chamam, que
Matam nazis nas noites,
[...]
Porque... se fosse verdade, mulheres
Matando nazis,
Nesse campo desgraçado uma alegria eu teria,
[...]
Frases de Jorge Amado
Vamos ler, a seguir, algumas frases de Jorge Amado, extraídas de seu romance Mar morto:
-
“O mar é mistério que nem os velhos marinheiros entendem.”
-
“Dificilmente um homem da terra entende o coração dos marinheiros.”
-
“Do mar vem a música, vem o amor e vem a morte.”
-
“O amor cresce de um beijo e termina numa sentida lágrima.”
-
“No amor há música, estrelas, bonança.”
Créditos de imagem
[1] coelhomochileiro / Shutterstock
[2] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Grupo Companhia das Letras (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura