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Mata dos cocais é o nome dado a um tipo de vegetação do meio-norte do Brasil, uma das sub-regiões do Nordeste, que abrange parte dos estados do Maranhão e Piauí, estendendo-se ainda para o Pará e Tocantins. Essa formação vegetal corresponde à transição entre os biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga e, por isso, tem muitas características em comum com os três, como climas e propriedades dos solos, sendo um bioma tipicamente brasileiro.
O babaçu e a carnaúba, ambos de grande importância econômica para as comunidades locais, são os principais representantes da flora desse domínio. O avanço da agropecuária para a região, entretanto, coloca em risco o equilíbrio ambiental da mata dos cocais.
Veja também: Mata de araucárias — outra vegetação tipicamente brasileira
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre mata dos cocais
- 2 - Características da mata dos cocais
- 3 - Aspectos econômicos da mata dos cocais
- 4 - Degradação e conservação da mata dos cocais
- 5 - Curiosidades sobre a mata dos cocais
- 6 - Exercícios resolvidos sobre a mata dos cocais
Resumo sobre mata dos cocais
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Mata dos cocais é uma vegetação brasileira da região do meio-norte, situada entre Maranhão e Piauí e compreendendo áreas também no Pará e Tocantins.
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Trata-se de uma cobertura vegetal de transição (ecótono) entre três biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Caatinga.
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É caracterizada pela presença de palmeiras como o babaçu e a carnaúba.
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Está sob a influência de três tipos climáticos: equatorial, semiárido e tropical semiúmido.
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Representa uma importante fonte de renda para as comunidades locais, como para as mulheres quebradeiras de coco babaçu e artesãos.
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A exploração mineral e principalmente a abertura de novas áreas para o desenvolvimento da atividade agropecuária colocam em risco esse ecossistema.
Características da mata dos cocais
A mata dos cocais, conhecida também como zona dos cocais, é uma vegetação tipicamente brasileira que é uma transição entre diferentes domínios vegetais: a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga. Por essa razão, condicionada pelos aspectos fisiográficos de cada uma das áreas de ocorrência desses biomas, a mata dos cocais dispõe de características únicas que conheceremos na sequência.
→ Localização da mata dos cocais
A mata dos cocais está localizada no meio-norte do Nordeste do Brasil, uma de suas quatro sub-regiões. Os estados do Maranhão e Piauí abrigam a maior extensão desse ecossistema, que recobre áreas no centro-norte e leste maranhense e no norte e oeste piauiense. A vegetação característica da mata dos cocais é encontrada também no norte do Tocantins, no extremo oeste do Ceará e em uma breve área no leste do estado do Pará.
→ Vegetação da mata dos cocais
Característica do meio-norte do Brasil, a mata dos cocais é formada por uma floresta ombrófila aberta. Na literatura a respeito do tema, há a discussão sobre a mata dos cocais ser um tipo de vegetação secundária que surgiu após a remoção da cobertura original daquela região.
Uma das principais características da mata dos cocais é que ela é uma vegetação transicional entre três diferentes biomas, que são:
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Amazônia: localizada a oeste, compreendendo o oeste do Maranhão e os estados da região Norte, notadamente o Pará.
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Caatinga: localizada a leste, compreendendo os estados do Nordeste, incluindo o Piauí.
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Cerrado: localizado ao sul e compreendendo o sul do Maranhão, o oeste do Piauí e o Tocantins.
Por essa razão, podemos empregar o termo ecótono para descrever a mata dos cocais. Um ecótono é, por definição, uma área de transição entre dois ou mais ecossistemas e que pode apresentar uma ou mais características das paisagens que ele intercala.
→ Fauna da mata dos cocais
A fauna que tem a mata dos cocais como seu habitat é muito diversa, formada em sua maioria por animais de pequeno e médio porte. Alguns dos animais terrestres e aquáticos encontrados nesse ecossistema são os seguintes:
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lobos (como lobo-guará);
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onça-parda;
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paca;
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macaco-prego;
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cuxiú;
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gato-do-mato;
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cachorro-do-mato;
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jaguatirica;
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cobras;
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lagartos;
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aves como jacu, gavião, araras, periquitos;
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boto;
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acará-bandeira (peixe de água doce);
→ Flora da mata dos cocais
A flora da mata dos cocais é bastante característica desse domínio vegetal. Ela é constituída principalmente por palmeiras, dentre as quais se destacam o babaçu, uma espécie endêmica do Brasil que pode atingir até 20 metros de altura, e a carnaúba, que é originária do Nordeste brasileiro e possui cerca de 15 metros. Ambas apresentam grande valor econômico, principalmente para a população local.
Outras plantas que integram a mata dos cocais são:
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buriti;
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oiticica;
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guerobais;
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açaí.
→ Solo da mata dos cocais
Em função da variedade climática característica do domínio da mata dos cocais, as propriedades dos solos em que essa vegetação se desenvolve varia conforme a região:
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No oeste, uma área que apresenta maior umidade, há a presença de solos rasos, com excesso de umidade e ricos em ferro.
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No sul, é comum a ocorrência de solos de baixa fertilidade, com boa drenagem e profundos, demonstrando elevado grau de intemperismo.
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No leste, onde a Caatinga se faz presente, os solos encontrados geralmente são argilosos e arenosos.
→ Clima da mata dos cocais
A mata dos cocais, sendo uma faixa de transição entre diferentes domínios morfoclimáticos, recebe a influência de pelo menos três climas distintos. São eles:
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Clima equatorial: caracterizado pelo elevado teor de umidade e altas temperaturas, chuvas abundantes e ausência de uma estação seca. É predominante na porção ocidental da mata dos cocais.
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Clima semiárido: compreende uma parcela menor dessa vegetação, a leste, e é marcado pelo calor intenso durante o ano e chuvas escassas que acumulam até 750 mm anuais, a depender da localidade, com estiagens que podem se estender por períodos de até seis meses;
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Clima tropical semiúmido: abrange a maior parcela da mata dos cocais, compreendo as áreas centrais e meridionais, e tem como principal característica a ocorrência de uma estação seca e uma estação chuvosa, com temperaturas médias elevadas e chuvas que variam entre 1.000 e 1.500 mm anuais.
→ Hidrografia da mata dos cocais
A mata dos cocais é banhada e abastecida por rios pertencentes a três bacias hidrográficas brasileiras:
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Bacia do Atlântico Nordeste Ocidental: seu sistema de drenagem se estende pelo norte do Maranhão e extremo-leste do Pará.
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Bacia do Parnaíba: uma das mais importantes do Nordeste brasileiro. Compreende áreas no Maranhão, Piauí e Ceará. Seu rio principal é o Parnaíba, e muitos dos cursos d’água que a integram são intermitentes, isto é, secam durante o período de estiagem.
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Bacia do Tocantins-Araguaia: compreende a maior parcela desse ecossistema e é a maior bacia hidrográfica localizada exclusivamente em território nacional. Seu nome faz referência aos dois rios principais da região: rio Tocantins e rio Araguaia.
Veja também: Mata Atlântica — um dos biomas brasileiros mais ameaçados pelo ser humano
Aspectos econômicos da mata dos cocais
Os circuitos econômicos que se desenvolvem nas áreas de ocorrência da mata dos cocais estão diretamente associados ao extrativismo vegetal e aos produtos derivados das espécies florísticas que compõem esse domínio.
Destaca-se a versatilidade do coco do babaçu e também da carnaúba, que representam uma importante fonte de renda para as comunidades da região. Nesse sentido, podemos citar as mulheres que atuam como quebradeiras de coco, que constituem um grupo de 300 mil pessoas nos estados do Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí. Trata-se de uma tradição de gerações por meio da qual mulheres se reúnem para realizar a quebra do coco do babaçu e extrair manualmente os seus principais elementos, como as amêndoas.|1|
Do babaçu pode ser produzido sabão, farinha do mesocarpo e óleo advindo das amêndoas. Da casca é possível obter carvão, etanol, alcatrão e outros derivados utilizados sobretudo nas indústrias químicas.|2|
A carnaúba é aproveitada em sua integridade. Um de seus principais elementos de valor econômico é a cera, da qual são fabricados sabonetes, batons, vernizes, papel, tinta, plástico, discos de vinil, só para citarmos alguns exemplos. Suas raízes possuem propriedades medicinais, seu caule e fruto são aproveitados da mesma forma das folhas, e a palha serve de matéria-prima para o artesanato local.
Degradação e conservação da mata dos cocais
A conservação da mata dos cocais é primordial para:
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a manutenção do equilíbrio ambiental e preservação de muitas espécies de animais e vegetais endêmicas do Brasil;
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a manutenção da fonte de renda de várias populações que vivem em harmonia com esse ecossistema e dele retiram o seu sustento, como vimos anteriormente.
Embora existam mecanismos legais que preveem a proteção da mata dos cocais, o que inclui a criação de áreas de conservação, esse ecossistema tem sido ameaçado pelo avanço da pecuária extensiva e pelo plantio da soja em grandes propriedades.
Cabe lembrar que a mata dos cocais se encontra próximo de uma área de expansão recente da fronteira agrícola brasileira e que tem ganhado cada vez mais importância no cenário nacional e internacional no que diz respeito às exportações de commodities. Além disso, solos ricos em minerais presentes na região são um atrativo para a atividade mineradora, que provoca também a degradação desse habitat.
Confira nosso podcast: Desafios da conservação da biodiversidade brasileira
Curiosidades sobre a mata dos cocais
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O nome “mata dos cocais”, em referência a coqueiral, se deve à flora composta por diversas espécies de palmeiras produtoras de cocos, como o babaçu e a carnaúba.
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A carnaúba é conhecida como “árvore da vida” pelo fato de todas as suas partes, desde a cera que recobre as folhas até as suas raízes, terem alguma utilidade.
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O macaco cuxiú, que vive na mata dos cocais, é também uma espécie endêmica do Brasil.
Exercícios resolvidos sobre a mata dos cocais
Questão 1
(Fatec) A mata dos cocais é um tipo de cobertura vegetal presente no meio-norte do Brasil, principalmente nos estados do Maranhão e do Piauí. É uma zona de transição entre os biomas Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga. Nessa área de transição são encontrados alguns tipos de vegetais, dentre os quais se destacam
A) as seringueiras e as bananeiras.
B) as catuabas e os juazeiros.
C) as laranjeiras e os pinheiros.
D) as carnaúbas e os babaçus.
E) as perobas e os jatobás.
Resolução:
Alternativa D
As carnaúbas e os babaçus são palmeiras que caracterizam a formação vegetal da mata dos cocais.
Questão 2
(Uema) Leia o seguinte trecho do poema “Canção do Exílio”:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
[...]
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Primeiros Cantos, 1847. Gonçalves Dias)
O poema saudosista do poeta Gonçalves Dias, no século XIX, se refere a uma característica geográfica marcante de parte do território maranhense, coberto por extensas matas de palmeirais. Na atualidade, essa paisagem tem sofrido profundas modificações em razão da
A) devastação dos palmeirais para o estabelecimento de campos para a criação de bovinos, na lógica da produção agropecuária do capitalismo contemporâneo.
B) ocupação das áreas de florestas de babaçuais por pequenos produtores para a criação de animais domésticos e plantio de roças de subsistência, provocando alterações climáticas que afetam as palmeiras.
C) exploração desordenada das palmeiras de babaçu para extração da amêndoa a fim de atender o mercado capitalista de produção de oleaginosas e demais derivados do fruto dessa planta nativa do sul do Maranhão.
D) contaminação do solo pela atividade agrícola de produção de arroz no Cerrado maranhense, realizada pelas comunidades camponesas com uso de agrotóxicos e de maquinário que destroem os palmeirais.
E) formação de grandes propriedades agrícolas de imigrantes nordestinos, retirantes da seca, os quais destroem os palmeirais para a produção de eucalipto na região conhecida como Cocais Maranhenses.
Resolução:
Alternativa A
As matas de palmeiras, mencionadas por Gonçalves Dias, que nada mais são do que a mata dos cocais, têm sido alteradas pela abertura de novas áreas para a pecuária extensiva e para o plantio de commodities agrícolas como a soja, ambos seguindo a lógica produtiva do agronegócio.
Notas
|1| BARTABURU, Xavier. Quebradeiras de coco babaçu. Repórter Brasil, 27 jan. 2018. Disponível aqui. Acesso em 12 fev. 2022.
|2| EMBRAPA. Aproveitamento do babaçu: alimento, carvão e até biodiesel. Embrapa Cocais, 31 out. 2017. Disponível aqui. Acesso em 12 fev. 2022.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia