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Rachel de Queiroz foi uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX. Pertencente à geração modernista de 1930, também trabalhou como jornalista e foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
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Biografia
Nasceu em Fortaleza, Ceará, em 17 de novembro de 1910 e ali viveu até os cinco anos de idade. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em virtude da terrível seca que assolou o Ceará em 1915. Em 1917, mudou-se para Belém do Pará e, em 1919, retornou para o Ceará, onde fixou residência.
Iniciou sua carreira jornalística escrevendo para o jornal O Ceará quando tinha apenas 17 anos. Aos 19 anos, começou a escrever, em segredo, o romance que a tornaria conhecida como escritora: O Quinze. Com a publicação do livro, em 1930, a autora tornou-se nacionalmente conhecida e ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha.
Em 1937, foi presa pelo governo de Getúlio Vargas acusada de ser comunista. A autora permaneceu presa por dois anos. Décadas depois, Rachel de Queiroz, em 1964, apoiou a ditadura militar brasileira, integrando o Conselho Federal de Cultura e o Diretório Nacional da Arena, partido político de sustentação do regime.
Além do prêmio da Fundação Graça Aranha, a escritora também ganhou diversos outros prêmios, como o Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, em 1970, e o Prêmio Camões, a maior honraria dada a escritores de língua portuguesa, em 1993. Rachel de Queiroz faleceu em 2003, no Rio de Janeiro, aos 92 anos de idade.
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Obras
Romances
O Quinze (1930)
João Miguel (1932)
Caminho de Pedras (1937)
As três Marias (1939)
Dora, Doralina (1975)
O galo de ouro (1985)
Memorial de Maria Moura (1992)
Peças de teatros
Lampião (1953)
A beata Maria do Egito (1957)
Teatro (1995)
Crônicas
A donzela e a moura torta (1948)
100 crônicas escolhidas (1958)
O brasileiro perplexo (1964)
O caçador de tatu (1967)
As menininhas e outras crônicas (1976)
O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
As terras ásperas (1993)
Falso mar, falso mundo (2002)
Literatura infantojuvenil
O menino mágico (1967)
Cafute e pena-de-prata (1986)
O Quinze
O livro O quinze, de Rachel de Queiroz, é o mais famoso romance da autora. Na narrativa, conhece-se a história de Chico Bento e sua família, um grupo de retirantes que foge da grande seca que assolou o Ceará em 1915. O nome do livro justifica-se, inclusive, pois a falta de água nesse ano é o principal conflito da narrativa. Em busca de melhores condições, as personagens migram para o litoral nordestino e, em seguida, para São Paulo.
Acesse também: Confira o contexto histórico de criação dessa obra.
Curiosidades
Rachel de Queiroz foi, além de uma grande autora de literatura, também uma excepcional jornalista. De fato, a autora dizia preferir a atividade do jornal à escrita literária. No fim da vida, questionada sobre o porquê de continuar escrevendo literatura, respondeu: “Você já ficou grávida? Quando se fica grávida é imperativo parir.”
Frases
Rachel de Queiroz, principalmente depois da popularização da internet, tem diversas de suas frases circulando pelas redes sociais. Veja, a seguir, algumas dessas frases:
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“Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?”
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“O que leva a gente a escrever o primeiro livro? Não sei. (...) O que tinha lido de literatura sobre seca não era satisfatório para mim e quis dar uma espécie de testemunho. E, com essa petulância da juventude, eu me meti a escrever o romance.”
Características
Rachel de Queiroz escreveu dos 19 aos 92 anos de idade, e sua produção foi alterando-se com o passar do tempo, de modo que existem diversas faces dessa escritora, a depender da época observada.
No começo de sua carreira, nos romances O Quinze (1930) e João Miguel (1932), a autora alinha-se a escritores como Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado, em uma escrita voltada para o regionalismo, denunciando a seca nordestina, a miséria, a desigualdade e indiferença dos poderosos diante da penúria do povo.
Em 1937, escreveu Caminho de pedra, romance notadamente com inclinações políticas de esquerda, escrito enquanto a autora estava presa durante a ditatura de Vargas.
No romance As três Marias (1939), a autora apresenta um estilo mais intimista, com uma narração voltada para o psicológico das personagens, tematizando a adolescência feminina.
Além dos romances, a autora também escreveu peças de teatro, livros infantojuvenis e, principalmente, dedicou boa parte da vida escrevendo crônicas para jornais.
Em 1992, Rachel de Queiroz publicou seu último romance, Memorial de Maria Moura, livro que conta a saga de uma cangaceira nordestina. Dois anos depois da publicação, a obra foi adaptada para uma série de televisão.
Por Me. Fernando Marinho