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O uso do hífen é uma das principais dúvidas ortográficas da língua portuguesa. De forma geral, o hífen é usado em palavras compostas sem elemento de ligação, como “arco-íris”, por exemplo. Por outro lado, não o utilizamos nas palavras compostas com elemento de ligação, tais como “pé de moleque”. É preciso também estar atento(a) ao uso ou não uso do hífen após os prefixos.
Leia também: Quais são as regras de acentuação gráfica?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o uso do hífen
- 2 - Videoaula sobre o hífen
- 3 - Para que serve o hífen?
- 4 - Quando usar o hífen?
- 5 - Quando não usar o hífen?
- 6 - Hífen e o novo acordo ortográfico
- 7 - Quais são as diferenças entre hífen, meia-risca e travessão?
- 8 - Exercícios resolvidos sobre o uso do hífen
Resumo sobre o uso do hífen
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O hífen é usado em algumas palavras compostas, segundo certas regras.
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Também é utilizado para unir verbos a pronomes oblíquos átonos.
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Geralmente, palavras compostas sem elemento de ligação apresentam o hífen.
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Já os termos compostos com elementos de ligação costumam não apresentar hífen.
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O hífen [-], a meia-risca [–] e o travessão [—] possuem tamanhos e usos distintos.
Videoaula sobre o hífen
Para que serve o hífen?
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Marcar a justaposição dos termos de algumas palavras formadas pelo processo de composição: mata-borrão, sexta-feira etc.
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Unir verbos a pronomes oblíquos átonos:
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ênclise: deu-lhe, ama-os, viu-me etc.
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mesóclise: dir-se-ia, dar-lhe-ei etc.
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Indicar a separação silábica: de-fi-ni-ti-va-men-te, pro-sai-co etc.
Quando usar o hífen?
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Em palavras compostas, sem elemento de ligação: arco-íris, terça-feira, guarda-chuva, para-choque etc. Exceções: mandachuva, paraquedas.
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Em palavras compostas, sem elemento de ligação, formadas por elementos repetidos ou semelhantes: tico-tico, pingue-pongue, reco-reco etc.
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Em termos compostos em que o segundo elemento utiliza o apóstrofo: caixa-d’água, mestre-d’armas etc.
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Após os termos “além”, “aquém”, “bem”, “recém” e “sem”: além-túmulo, aquém-mar, bem-nascido, recém-chegado, sem-teto etc.
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Após o prefixo “mal”, quando seguido de vogal, “h” ou “l”: mal-educado, mal-humorado, mal-limpo etc.
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Em adjetivos gentílicos: estado-unidense, mato-grossense-do-sul, boa-vistense etc.
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Em vocábulos compostos, com ou sem elemento de ligação, que indicam seres da fauna ou da flora: bem-te-vi, comigo-ninguém-pode, joão-de-barro, erva-doce etc.
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Nos encadeamentos vocabulares: a social-democracia, a ponte Paraguai-Brasil etc.
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Depois dos prefixos que terminam com a mesma vogal que inicia o segundo elemento da palavra composta: contra-ataque, micro-onda, anti-inflamatório etc.
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Após os prefixos que terminam com a mesma consoante que inicia o segundo elemento da palavra composta: super-raro, sub-base etc.
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Após os prefixos “pré-”, “pós-” e “pró-”: pré-histórico, pós-doutorado, pró-democracia etc.
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Depois dos prefixos “circum-” e “pan-”, quando seguidos de termos que se iniciam com vogal, “h”, “m” ou “n”: pan-americano, pan-helênico, circum-navegar, pan-mágico etc.
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Após os prefixos “ex-”, “sota-”, “soto-”, “vice-”: ex-prefeita, sota-vento, soto-piloto, vice-prefeito etc.
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Depois de prefixo terminado em vogal, “r” ou “b”, quando o segundo elemento da palavra se inicia com “h”: anti-herói, super-homem, sub-humano etc.
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Em palavras compostas, quando os dois termos indicam etnia: afro-brasileiro, franco-alemão etc.
Quando não usar o hífen?
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Em palavras compostas, quando apenas um dos termos indicar etnia: eurocêntrico, afrodescendente etc.
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Após o prefixo “mal”, quando NÃO seguido de vogal, “h” ou “l”: malquerer, maltratar etc.
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Em palavras compostas, com elemento de ligação: dona de casa, pé de moleque etc. Exceções: cor-de-rosa, água-de-colônia, mais-que-perfeito, pé-de-meia (quantia economizada), arco-da-velha.
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Depois dos prefixos que terminam com vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento da palavra composta: autoescola, extraordinário, pseudoator, infraestrutura etc.
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Após os prefixos átonos “co-”, “pro-”, “pre-” e “re-”: coautoria, coordenado, proativo, preestabelecer, reeditar etc.
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Depois dos termos “quase” e “não” com valor de prefixo: o quase processo, a não agressão etc.
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Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento se inicia com “r” ou “s”, dobramos o “r” ou “s”: microrregião, antissocial, ultrassom etc.
Hífen e o novo acordo ortográfico
Veja a seguir como ficou o uso do hífen após o novo acordo ortográfico:
Uso do hífen antes do acordo ortográfico |
Uso do hífen depois do acordo ortográfico |
Não se usa hífen diante dos adjetivos gentílicos: estadounidense, boavistense etc. |
Em adjetivos gentílicos: estado-unidense, boa-vistense etc. |
Não se usa hífen após os prefixos que terminam com a mesma vogal que inicia o segundo elemento da palavra composta: microonda, antiinflamatório etc. |
Após os prefixos que terminam com a mesma vogal que inicia o segundo elemento da palavra composta: micro-onda, anti-inflamatório etc. |
Em palavras compostas, com elemento de ligação: dia-a-dia, fim-de-semana etc. |
Não se usa hífen em palavras compostas, com elemento de ligação: dia a dia, fim de semana etc. |
Após os prefixos seguidos de termos iniciados por vogal, “h”, “r” ou “s”: auto-estrada, extra-oficial, semi-selvagem, supra-renal etc. |
Não se usa hífen após os prefixos que terminam com vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento da palavra composta: autoestrada, extraoficial etc. Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento se inicia com “r” ou “s”, dobramos o “r” ou “s”: suprarrenal, semisselvagem etc. |
Após os termos “quase” e “não” com valor de prefixo: o quase-irmão, a não-intervenção etc. |
Não se usa hífen após os termos “quase” e “não” com valor de prefixo: o quase irmão, a não intervenção etc. |
Quais são as diferenças entre hífen, meia-risca e travessão?
Tanto o hífen [-] quanto a meia-risca [–] e o travessão [—] são traços, mas com dimensões diferentes e usos distintos:
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Hífen [-]: é um sinal gráfico usado em algumas palavras compostas, segundo certas regras.
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Meia-risca [–]: é um mero traço de ligação; porém, as gramáticas da língua portuguesa não trazem regras para o seu uso. Comumente, a meia-risca é usada para indicar uma sequência, como, por exemplo: “Temos a seguinte variação de temperatura: -10–5°C”. Note que, nesse caso, se colocássemos um hífen em vez de uma meia-risca, ficaria um pouco confuso. Portanto, o uso assim se justifica.
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Travessão [—]: é utilizado, principalmente, para indicar a fala de personagens em uma narrativa. Mas ele também pode ser usado com a mesma função do parêntese. Por exemplo: “O livro (um clássico mundial) chegou ontem” ou “O livro — um clássico mundial — chegou ontem”.
Veja também: Cedilha [Ç] — a junção da letra C com um sinal diacrítico
Exercícios resolvidos sobre o uso do hífen
Questão 1
Existem regras para o uso ou não uso do hífen após os prefixos. Sabendo-se disso, é possível afirmar que todas as palavras abaixo devem utilizar o hífen, com exceção de:
A) Hiper-romântico.
B) Mini-saia.
C) Micro-ônibus.
D) Super-humano.
E) Pré-história.
Resolução:
Alternativa B.
Segundo as regras, o correto é escrever “minissaia”. Afinal, quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento se inicia com “r” ou “s”, dobramos o “r” ou o “s”.
Questão 2
Analise os termos abaixo e marque a alternativa em que o uso do hífen é necessário.
A) Maldizer.
B) Semiaberto.
C) Neorrealista.
D) Afroamericano.
E) Multiverso.
Resolução:
Alternativa D.
Segundo as regras, o certo é escrever “afro-americano”. Afinal, usamos o hífen em palavras compostas, quando os dois termos indicam etnia.
Questão 3
Analise os enunciados abaixo e assinale a alternativa em que o uso ou não uso do hífen está INCORRETO.
A) O remédio vem com contagotas, mas não sei quantas gotas usar.
B) Veja, Arthur, como estão bonitas as flores do meu copo-de-leite.
C) Ontem caiu um pé-d’água aqui na minha cidade e fiquei com medo.
D) Estou ansioso para ficar cara a cara com esse pilantra.
E) Eva comprou um guarda-roupa novo, pois o velho estava cheio de cupins.
Resolução:
Alternativa A.
A palavra “conta-gotas” não apresenta elemento de ligação. Portanto, o uso do hífen é necessário.
Fonte
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
Por Warley Souza
Professor de Português