PUBLICIDADE
Sudão, ou República do Sudão, é um país africano localizado na região da África Oriental e banhado pelo mar Vermelho. A capital sudanesa é a cidade de Cartum. Situado entre o deserto e a savana, com grande parte do território inserida no Sahel, o Sudão dispõe de climas árido e tropical e relevo predominantemente plano. Trata-se de um país subdesenvolvido e essencialmente rural, com a economia baseada na produção agropecuária e no setor terciário.
No ano de 2011, se oficializou a fragmentação do território sudanês, que deu origem a dois países: Sudão do Sul e Sudão. Ambos são marcados pelas guerras civis e conflitos internos, o que aprofunda as desigualdades socioeconômicas no país e a instabilidade política. Ainda em curso no Sudão estão os conflitos na região do Darfur, que tiveram início em 2003.
Saiba mais: Países da África — quais são eles?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Sudão
- 2 - Dados gerais do Sudão
- 3 - Mapa do Sudão
- 4 - Geografia do Sudão
- 5 - Demografia do Sudão
- 6 - Economia do Sudão
- 7 - Infraestrutura do Sudão
- 8 - Governo do Sudão
- 9 - Etimologia de Sudão
- 10 - História do Sudão
- 11 - Cultura do Sudão
- 12 - Curiosidades sobre o Sudão
Resumo sobre o Sudão
-
É um país da África Oriental, com saída para o mar Vermelho.
-
Sua capital é a cidade de Cartum.
-
Tornou-se independente da colonização britânica e egípcia em 1956.
-
Dispõe de climas árido e tropical. Parte do seu território se encontra no Sahel, faixa de transição entre o deserto do Saara e a savana.
-
Seu relevo é formado por planícies e planaltos.
-
O principal rio do Sudão é o Nilo.
-
Trata-se de um país populoso, com quase 45 milhões de habitantes, mas pouco povoado.
-
Apenas 36% dos habitantes do Sudão vive nas cidades.
-
A economia do Sudão é duramente afetada pelos conflitos internos e pela instabilidade política do país.
-
Cerca de 80% da mão de obra está alocada na agropecuária, mas é o setor terciário que responde pela maior parcela do PIB sudanês.
-
O país é atualmente governado por um Conselho Soberano constituído por militares e civis nomeados pelos militares.
-
Em 2011, o sul declarou oficialmente a sua separação do Sudão, formando assim o Sudão do Sul.
-
O Sudão é marcado por inúmeros conflitos internos e guerras civis, dentre os quais estão os conflitos na região de Dafur, no extremo oeste do país, que tiveram início em 2003 e permanecem até o presente.
Dados gerais do Sudão
-
Nome oficial: República do Sudão.
-
Gentílico: sudanês.
-
Extensão territorial: 1.731.671 km².
-
Localização: África Oriental.
-
Capital: Cartum.
-
Climas: árido e tropical.
-
Governo: república presidencialista.
-
Divisão administrativa: 18 estados.
-
Idiomas: árabe e inglês (oficiais).
-
População: 44.909.000 habitantes (ONU, 2021).
-
Densidade demográfica: 25,4 hab./km².
-
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,510.
-
Moeda: libra sudanesa.
-
Produto Interno Bruto (PIB): US$ 31,46 bilhões (FMI, 2022).
-
PIB per capita: US$ 673,94.
-
Gini: 0,342.
-
Fuso horário: GMT +3.
-
Relações exteriores:
Mapa do Sudão
Geografia do Sudão
O Sudão é um país de 1.731.671 km² de extensão localizado na região da África Oriental, com capital na cidade de Cartum. A nordeste o território sudanês possui saída para o oceano Índico na região do mar Vermelho, enquanto estabelece fronteiras terrestres com os seguintes países:
◦ Egito, ao norte;
◦ Eritreia e Etiopia, a leste e sudeste;
◦ Sudão do Sul, ao sul;
◦ República Centro-Africana, a sudoeste;
Na sequência, vamos conhecer as principais características físicas do Sudão.
-
Clima do Sudão
A ocorrência climática no Sudão varia de árida nas regiões central e norte para tropical na região sul, onde se concentram os maiores períodos de umidade durante o ano.
Nas terras mais ao norte, as chuvas são escassas e as temperaturas são muito elevadas, variando entre 30 e 40 °C a depender da área, enquanto nas demais áreas os termômetros marcam 30 °C em média. O volume anual de chuvas varia de praticamente zero no norte até 750 mm no sul.
-
Relevo do Sudão
A planície é a forma de relevo que caracteriza grande parte do território sudanês, destacando-se a planície do Nilo. Ao norte do país há uma extensão do deserto onde é possível observar a presença de relevo residual (inselbergues) e outras formas oriundas da erosão eólica.
-
Vegetação do Sudão
Com regimes hidrológicos contrastantes, a cobertura vegetal sudanesa acompanha o padrão de distribuição de umidade nas diferentes regiões do país. Os desertos são predominantes no norte, dando lugar a uma faixa de transição central e vegetação típica das savanas na região sul.
-
Hidrografia do Sudão
O principal rio que banha o Sudão é o rio Nilo, o segundo maior curso d’água do mundo. A maioria dos rios que correm pelo país é tributária do Nilo, além de alguns poucos cursos que correm em direção ao mar Vermelho ou bacias endorreicas, isto é, que não deságuam no oceano.
Demografia do Sudão
A população sudanesa é hoje de 44.909.000 pessoas, de acordo com os dados das Nações Unidas. Em função do clima, a região norte do país é a menos densamente povoada do Sudão, com exceção das margens do rio Nilo. A maior concentração populacional do país fica situada entre a capital, Cartum, e a fronteira meridional com o Sudão do Sul. Considerando todo o território, a densidade demográfica sudanesa é de 25,4 hab./km².
Somente 36% dos habitantes do Sudão vive nas cidades, o que equivale a uma população urbana de aproximadamente 16 milhões de pessoas. Desse total, quase um terço vive na cidade de Cartum. Nyala é a segunda maior cidade do Sudão, com 1 milhão de habitantes.
A população do Sudão cresce a uma taxa de 2,55% ao ano, bem acima da média mundial. O crescimento populacional se deve ao elevado número de nascimentos, que é atualmente cinco vezes maior do que o de mortes. Embora tenha havido aumento constante da população do Sudão, seu saldo migratório é negativo, o que se deve aos conflitos étnicos e guerras civis no interior do país, como na região de Darfur, e também na fronteira com o Sudão do Sul.
Economia do Sudão
O Sudão é um país subdesenvolvido que figura entre os mais pobres do mundo, com renda per capita baixa e pouco mais de 46% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. O Produto Interno Bruto (PIB) sudanês é de cerca de 31 bilhões de dólares, e suas principais atividades econômicas se concentram nos setores terciário, que responde por 57,8% da renda nacional, e primário, que representa 39,6% do valor do PIB.
A atividade agropecuária concentra 80% de toda a mão de obra do Sudão. Esse setor é responsável pela produção dos seguintes itens:
-
cana-de-açúcar;
-
amendoim;
-
cebola;
-
milho;
-
trigo;
-
banana;
-
leite de cabra.
A indústria apresenta desenvolvimento bastante incipiente e é voltada essencialmente para o processamento dos produtos agropecuários, sendo composta por ramos como o alimentício, têxtil, açucareiro, fabricação de óleos, sabonetes, além de alguns itens mais complexos, como produtos farmacêuticos, armamentos e peças leves de caminhão.
O refino de petróleo é também uma atividade desenvolvida no país, mas sofreu forte queda com a separação do Sudão do Sul em 2011, território onde ficam concentradas as reservas de óleo. Antes da independência desse país, a economia do Sudão girava basicamente em torno da exploração e comercialização do petróleo.
Infraestrutura do Sudão
O Sudão apresenta uma rede de infraestrutura bastante deficitária, sobretudo quando se considera o atendimento das redes básicas de serviço como esgoto, a que somente 30,6% da população rural possui acesso, ainda que a maior parte dos habitantes do país viva no campo. Nas cidades, esse índice sobe para 72,1%. A água chega a 80,7% daqueles que vivem no campo, mas é de quase 20% a parcela que não tem acesso a fontes seguras de água.
A energia elétrica chega a somente 35% da população rural e a 71% nas áreas urbanizadas. No Sudão, as principais fontes geradoras de eletricidade são a água e os combustíveis fósseis. Nos transportes, temos que as rodovias compõem a principal rede de deslocamentos, com mais de 31 mil km de extensão, embora 23 mil km não sejam pavimentados. O mesmo acontece com a maior parte dos aeroportos do país. As hidrovias e ferrovias são utilizadas como vias de transporte no Sudão, sendo a segunda empregada principalmente para a movimentação de cargas agrícolas, como algodão.
Veja também: Infraestrutura e desenvolvimento — as relações entre ambos
Governo do Sudão
A forma de governo vigente no Sudão é o presidencialismo. Atualmente, o país vive sob um regime provisório que foi instituído no ano de 2019, após o término de um longo regime ditatorial militar que se prolongou durante três décadas no país. O órgão responsável pelo governo de transição, como foi inicialmente chamado, é o Conselho Soberano, que foi instituído no contexto de uma Declaração Constitucional.
O conselho era formado pelo chefe das forças armadas e civis, incluindo seu primeiro-ministro, indicando que o próximo quadro governamental seria composto por um maior número de civis do que nos períodos anteriores. Entretanto, no ano de 2021 houve um golpe que dissolveu temporariamente o conselho e retirou o primeiro-ministro de suas funções.
Pouco tempo depois, o Conselho Soberano do Sudão foi restabelecido, mas com líderes militares. Hoje, ele é constituído por generais, civis nomeados pelos militares e representantes de antigos grupos de oposição. A Declaração Constitucional prevê a realização de eleições em um futuro próximo.
Etimologia de Sudão
O nome Sudão, ou As-Sudan, como é chamado de maneira abreviada no idioma local, é derivado da expressão em árabe bilad-as-sudan, que significa “terra dos homens negros”.
História do Sudão
A região onde hoje está localizado o Sudão já foi o lugar de diferentes reinos e povoados que ali se desenvolveram ou para onde se expandiram antes do estabelecimento em definitivo dos povos árabes, o que aconteceu a partir do século XV. Um dos mais importantes reinos formados no atual território sudanês foi o reino de Querma, que perdurou por um longo período aproximadamente entre 2500 e 1500 a.C. Ainda muito antes disso, acredita-se que povos viviam nas proximidades da atual capital, Cartum, no Neolítico. As terras ali eram então chamadas de Núbia.
A presença e dominação dos egípcios sempre foi uma realidade naquela área, especialmente no norte da antiga Núbia. Milhares de anos mais tarde, no século XIX, o Egito assumiu o governo do Sudão mediante o auxílio da Grã-Bretanha. Dessa forma, o território sudanês se tornou uma colônia majoritariamente britânica, mas sob a influência egípcia. Após o estabelecimento de um acordo entre o Egito e o Reino Unido, o Sudão conquistou a sua independência no ano de 1956.
Não obstante o fim da influência estrangeira no país, a crise política e os conflitos permaneceram. Isso porque pouco tempo depois da independência houve um golpe de Estado que redefiniu a estrutura governamental sudanesa e, além disso, manteve o processo de incorporação da religião islâmica em diversos aspectos da vida política e social. Nesse ínterim, disputas étnico-religiosas entre as regiões norte e sul do país se tornaram ainda mais intensas e foram ganhando novas dimensões com a instalação de uma guerra civil que fez ao menos 2 milhões de vítimas no país.
A guerra no Sudão durou pelo menos até o ano de 2005, com cerca de dois períodos de cessar-fogo, um deles motivado pela seca extrema e agravamento do quadro de fome da população do sul. Nesse mesmo intervalo, conflitos emergiram na região oeste do país, em Darfur, no ano de 2003, que é composta por população negra de maioria não árabe. As respostas do governo sudanês foram violentas e fizeram milhares de vítimas, e os conflitos permanecem sem solução até hoje.
Mediante a assinatura de um acordo de paz em 2005, ficou estabelecido que a região sul do Sudão seria desmembrada do país e se tornaria um novo território. Em 2011, foi oficializada a independência do Sudão do Sul. Ainda hoje existem conflitos que acontecem na região da fronteira entre esses dois países, tendo a mais recente guerra na região durado de 2013 a 2020.
Saiba também: Conflitos na África — embates multifatoriais no continente africano
Cultura do Sudão
A diversidade cultural sudanesa é característica dos mais de 500 grupos étnicos que formam a população do país, como fur, beja, nuba, uduk e outros. Atualmente, o grupo mais numeroso é o dos sudaneses árabes, que perfazem 70% de seus habitantes. Os idiomas árabe e inglês são ambos considerados oficiais no Sudão, mas várias outras línguas locais são identificadas.
Em termos religiosos, há o predomínio da fé islâmica de corrente sunita. Apesar disso, os costumes e tradições que são identificados no Sudão variam consideravelmente de acordo com o grupo ou etnia e/ou conforme a região em que essas populações habitam.
A gastronomia sudanesa é bastante diversificada e característica de cada região do país. Em comum elas apresentam a grande variedade de temperos e especiarias utilizados nos preparos e os ingredientes mais presentes, como grãos e vegetais. Dentre os pratos tradicionais do Sudão podemos citar o moukhbaza, feito de bananas maduras amassadas com pimenta, e o dura, que consiste em milho e painço cozido acompanhado de vegetais.
Curiosidades sobre o Sudão
-
Foi palco da guerra civil mais longa do continente africano, que durou 22 anos e ceifou a vida de 1,5 milhão de pessoas.
-
O ponto mais alto do Sudão fica nas montanhas de Marrah, a 3.042 metros de altitude.
-
Existem mais de 200 pirâmides hoje no Sudão, algumas das quais possuem mais de 2.500 anos de idade. O número de construções é maior do que no Egito.
-
Integra o projeto da Grande Muralha Verde, que tem como objetivo impedir o avanço do processo de desertificação na região do Sahel.
-
É o maior exportador mundial de goma-arábica.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia