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Índice de Gini

O índice de Gini é um importante indicador que reflete a desigualdade socioeconômica dos países e territórios, mensurando a distribuição de renda entre as populações.

Pessoas sobre pilhas de moedas em alusão à distribuição de renda, mensurada pelo índice de Gini.
O índice de Gini reflete a distribuição de renda de um país.
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O índice de Gini, chamado também de coeficiente de Gini, é um indicador que mensura a distribuição de renda em um território. Por meio dele, é possível determinar a desigualdade social e a concentração de renda em diferentes níveis territoriais, além de estabelecer comparativos entre eles. Os valores do coeficiente de Gini variam entre 0 e 1, e, quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade na distribuição de renda entre a população.

Leia também: PIB — o indicador que mede o crescimento ou não da economia de um país

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o índice de Gini

  • O índice de Gini, ou coeficiente de Gini, mensura a igualdade ou desigualdade de distribuição de renda num determinado território.

  • Seu valor varia entre 0 e 1: quando mais próximo de 1, mais desigual é a distribuição de renda em um país; quanto mais próximo de 0, menor é essa desigualdade.

  • O cálculo do índice de Gini é feito com base na curva de Lorenz, e leva em consideração a parcela mais rica e a parcela mais pobre da população de uma área.

  • É um indicador importante porque reflete a concentração de renda e as desigualdades socioeconômicas de um território.

  • O coeficiente de Gini do Brasil é de 0,518, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Anual (PNAD) divulgada em 2023.

  • O país com maior desigualdade de renda é a África do Sul, com índice de 0,630.

  • O país com maior igualdade de renda é a Eslováquia, com índice de 0,232.

Para que serve o índice de Gini?

O índice de Gini, chamado também de coeficiente de Gini, é um indicador socioeconômico que serve para mensurar a distribuição de renda num determinado país, estado, região ou município. Ele foi criado, no ano de 1912, pelo italiano Conrado Gini. Por meio desse índice, é possível compreender o grau de desigualdade ou de igualdade econômica num território, com escala que varia de 0 a 1.

  • O valor 0 significa igualdade, e, quanto mais próximo dele, maior é a igualdade de distribuição de renda em um território.

  • O valor 1, em contrapartida, indica altíssima desigualdade e máxima concentração de renda. Quando mais próximo dele, mais desigual é um território.

É possível, também, expressar o índice de Gini em uma escala que varia de 0 a 100, e a lógica é a mesma da descrita acima: quanto mais próximo de 100, maior é a desigualdade econômica entre a população observada.

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Como calcular o índice de Gini?

O cálculo do índice de Gini é realizado com base na área de concentração formada a partir do gráfico da curva de Lorenz, que expressa a relação entre a renda e a população analisada. A área é formada a partir da linha de igualdade perfeita, ou linha de 45º, e a linha que constitui a curva de Lorenz. Os eixos x e y do gráfico representam, respectivamente, a proporção acumulada de população e a proporção de renda acumulada.

Gráfico com a curva de Lorenz, utilizada para o cálculo do índice do Gini.
O cálculo do índice de Gini se baseia no diagrama da curva de Lorenz.

Assim sendo, calcula-se o índice de Gini por meio da razão entre a área de concentração e a área do triângulo, composto pela linha de igualdade perfeita e os eixos do gráfico.

Importância do índice de Gini

O índice de Gini é um indicador numérico que reflete a desigualdade de distribuição de renda entre a população de um lugar. Por essa razão, ele é tão importante para as ciências humanas, de modo geral, e para a gestão política dos territórios. A maneira como ele é expresso torna a sua compreensão fácil e direta, além de abrir a possibilidade para a análise comparativa entre diferentes territórios do mesmo nível, isto é, para a comparação da desigualdade entre um país e outro ou entre estados, por exemplo.

Apesar da existência de outros indicadores econômicos que expressam a renda da população, como é o caso do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, esses índices não levam em consideração a maneira como essa renda é distribuída entre as diferentes camadas da população como acontece com o coeficiente de Gini. Conforme descrito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o índice de Gini é composto pela comparação entre os 20% mais ricos de uma população e os 20% mais pobres.

É importante considerar, no entanto, que o índice de Gini consiste em um retrato da população num determinado momento, e não leva em consideração fatores e mecanismos inerentes àquela comunidade em específico que podem impedir ou dificultar uma melhor distribuição de renda.

Leia também: Quais são os países mais pobres do mundo?

Índice de Gini no Brasil

O Brasil apresenta um coeficiente de Gini de 0,518, segundo as informações da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio Anual (PNAD) de 2023, e atualizada em 2024. Até o ano de 2020, entretanto, o país ocupava a sétima colocação entre os 10 países mais desiguais do mundo, com índice de 0,533 de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A queda aconteceu em setores específicos da sociedade brasileira, e foi melhor observada após o pico da pandemia de covid-19 que atingiu o país entre 2020 e 2021.

O atual índice de Gini brasileiro reflete um movimento de redução da desigualdade de distribuição de renda que teve início a partir dos anos 2000. Nos 30 anos que antecedem esse marco, o coeficiente oscilou entre 0,636, seu valor mais elevado, e 0,583, seu valor mais baixo, entre 1976 e 2000. O pico da desigualdade, por assim dizer, aconteceu no ano de 1989, quando o país enfrentava uma profunda crise econômica que fez com que a década de 1980 fosse apelidada de “década perdida”.

Entre 2000 e 2014, conforme a série histórica do Ipea, o coeficiente de Gini brasileiro caiu de 0,596 para 0,518, patamar que atingiu mais uma vez atualmente. Tal fato se deveu principalmente aos programas de transferência de renda que foram implementados no país durante esse período, responsáveis por uma melhoria nas condições de vida da parcela mais pobre da população. Com isso, instalou-se um cenário mais favorável no que diz respeito à distribuição de renda entre a população comparativamente ao período precedente.

Os estados brasileiros apresentam coeficiente de Gini entre 0,559, valor mais elevado do país, registrado na Paraíba, e 0,418, menor valor, registrado em Santa Catarina. Confira, a seguir, o índice de Gini dos estados do Brasil|1|:

Índice de Gini dos estados do Brasil

Estado

Índice de Gini

Acre

0,511

Alagoas

0,486

Amapá

0,491

Amazonas

0,512

Bahia

0,490

Ceará

0,513

Distrito Federal

0,543

Espírito Santo

0,486

Goiás

0,473

Maranhão

0,492

Mato Grosso do Sul

0,477

Mato Grosso

0,452

Minas Gerais

0,476

Paraíba

0,559

Paraná

0,463

Pará

0,501

Pernambuco

0,496

Piauí

0,552

Rio de Janeiro

0,540

Rio Grande do Norte

0,535

Rio Grande do Sul

0,466

Rondônia

0,455

Roraima

0,520

Santa Catarina

0,418

São Paulo

0,504

Sergipe

0,507

Tocantins

0,477

Índice de Gini no mundo

O PNUD e o Banco Mundial são as duas principais fontes de dados para a obtenção do índice de Gini dos países do mundo. Os dados mais recentes mostram a discrepância que há entre os continentes africano e europeu: enquanto a África concentra os países com a maior desigualdade de distribuição de renda do mundo, os países da Europa figuram entre aqueles onde há maior igualdade.

A África do Sul é, atualmente, o país com a maior concentração e má distribuição de renda do mundo, embora não seja um dos mais pobres da África. O índice de Gini sul-africano é de 0,630. Nota-se que aproximadamente 55% dos 60 milhões de habitantes da África do Sul vive abaixo da linha da pobreza.

No outro extremo, está a Eslováquia, país europeu do leste do continente que apresenta um índice de Gini de 0,232, o que denota maior igualdade na distribuição de renda e baixa concentração. Atualmente menos de 12% da população da Eslováquia vive abaixo da linha da pobreza.

Ranking do índice de Gini

Países mais desiguais do mundo

Países menos desiguais do mundo

País

Índice de Gini

País

Índice de Gini

África do Sul

0,630

Eslováquia

0,232

Namíbia

0,591

Belarus

0,244

Zâmbia

0,571

Eslovênia

0,244

Reino de Essuatíni

0,546

Armênia

0,252

Colômbia

0,542

Tchéquia

0,253

Moçambique

0,540

Ucrânia

0,256

Botsuana

0,533

Moldávia

0,260

Angola

0,513

Emirados Árabes Unidos

0,260

Santa Lúcia

0,512

Islândia

0,261

Zimbábue

0,503

Azerbaijão*

0,266

*Dado do Banco Mundial

Exercícios resolvidos sobre o Índice de Gini

Questão 1

(Unesp) Analise a tabela e o mapa.

Ranking dos maiores PIBs do mundo em 2010

Ranking dos maiores PIB do mundo em 2010

Concentração de renda no mundo em 2008 (índice de Gini)*

Delimitação no globo terrestre da concentração de renda no mundo em 2008 (índice de Gini).

*Quanto mais próximo a zero for o índice de Gini, menor é a concentração de renda no país.

(James Tamdjian e Ivan Mendes. Geografia: estudos para compreensão do espaço, 2011. Adaptado.)

A partir da análise da tabela e do mapa, é correto afirmar que

a) China e Brasil são os países que apresentam os maiores índices de concentração de renda entre os dez países com maiores PIBs do mundo.

b) a concentração de renda é um problema que atinge, na mesma proporção, os dez países com maiores PIBs do mundo.

c) a Rússia, apesar de possuir o menor PIB entre os dez países, é o que apresenta o menor índice de concentração de renda.

d) os dez países com os maiores PIBs do mundo são, também, aqueles que possuem os menores índices de concentração de renda no mundo.

e) os EUA possuem o maior PIB e o menor índice de concentração de renda do mundo.

Resolução: Alternativa A. Embora fiquem entre os maiores PIB do mundo, China e Brasil apresentam coeficiente de Gini elevado, entre 45-49 e entre 55-59 respectivamente. Com isso, ambos são os países com maior desigualdade e maior concentração de renda no grupo selecionado.

Questão 2

(UFTM) O coeficiente de Gini é uma relação estatística para medir a desigualdade social, incluindo a distribuição de renda, e varia de 0 (zero) a 1 (um). O gráfico apresenta, no período de 2005 a 2009, os coeficientes encontrados em alguns países do G20, onde para a distribuição de renda o coeficiente 0 corresponde à completa igualdade na renda (todos detêm a mesma renda per capita) e o coeficiente 1 corresponde à completa desigualdade entre as rendas.

Gráfico com o índice de Gini de alguns países do G20

A partir da análise do gráfico, é correto afirmar que, no período e dentre os países analisados:

a) o Brasil é o segundo país com maior desigualdade na distribuição de renda dentre os países do G20.

b) o Brasil apresenta a melhor taxa de distribuição de renda dos países da América Latina.

c) assim como no Brasil, os governos de países de economias emergentes priorizaram a melhoria na distribuição de renda.

d) a África do Sul apresenta a melhor distribuição de renda do grupo em função dos recursos minerais existentes em seu território.

e) países desenvolvidos como França, Alemanha e Canadá, embora apresentem economia estável, possuem elevados índices de desigualdade social.

Resolução: Alternativa A. Um maior índice de Gini indica uma maior desigualdade de distribuição de renda em um país. No gráfico, o Brasil é o segundo país mais desigual entre os países selecionados, atrás somente da África do Sul.

Notas

|1| Dados obtidos pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

|2| Os dados das tabelas com os rankings do índice de Gini foram retirados do Relatório de Desenvolvimento Humano referente aos anos de 2021 e 2022 e disponibilizado pelo PNUD.

Fontes

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (PNADC/A). Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadca/tabelas.

Ipeadata. Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx.

NISHI, Lisandro Fin. Coeficiente de Gini: uma medida de distribuição de renda. Florianópolis, SC:

UDESC, 2010. Disponível em: http://www.esag.udesc.br/arquivos/id_submenu/63/apostila_gini.pdf.

UNDP (United Nations Development Programme). Human Development Report 2021-22: Uncertain Times, Unsettled Lives: Shaping our Future in a Transforming World. New York, 2022. Disponível em: https://hdr.undp.org/content/human-development-report-2021-22.

USP. Entendendo o índice de Gini. Edisciplinas USP. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/223382/mod_folder/content/0/Desigauldade_Gini.pdf.

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Índice de Gini"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/indice-gini.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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