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A região Norte é bastante conhecida por dois aspectos principais: é a maior região do Brasil em termos de extensão territorial e é a que concentra a maior biodiversidade graças à existência da Floresta Amazônica. Mais da metade dessa floresta está localizada no território brasileiro.
Devido à presença da floresta, é na região Norte que percebemos a grande influência que a paisagem natural possui sobre as ocupações humanas no espaço geográfico. A existência de comunidades ribeirinhas e o uso com frequência de rios para o transporte de pessoas e/ou cargas podem exemplificar essa influência.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Estados da região Norte
- 2 - Dados gerais da região Norte
- 3 - Breve histórico da região Norte
- 4 - Clima da região Norte
- 5 - Relevo da região Norte
- 6 - Hidrografia da região Norte
- 7 - Vegetação da região Norte
- 8 - Demografia da região Norte
- 9 - Principais atividades econômicas
- 10 - Aspectos culturais da região Norte
Estados da região Norte
Apesar de ser a maior do país, a região Norte não concentra o maior número de estados. São eles:
Estados |
Capitais |
Gentílico |
Acre |
Rio Branco |
Acriano |
Amapá |
Macapá |
Amapaense |
Amazonas |
Manaus |
Amazonense |
Pará |
Belém |
Paraense |
Rondônia |
Porto Velho |
Rondoniense ou rondoniano |
Roraima |
Boa Vista |
Roraimense |
Tocantins |
Palmas |
Tocantinense |
Dados gerais da região Norte
Veja agora alguns dados estatísticos dessa região, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Esses dados são de 2019.
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Área territorial: 3.853.575,6 km², o que resulta em, aproximadamente, 45% do território brasileiro.
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População: 18.430.980 habitantes.
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Rendimento domiciliar per capita (em reais): 950,00
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Densidade demográfica: 4,73 habitantes por km²
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Índice de Desenvolvimento Humano|1|: 0,683
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Taxa de mortalidade infantil|1|: 20,97
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Produto Interno Bruto (em reais)|1|: 201.511.748.000,00
Breve histórico da região Norte
A história do Brasil mostra-nos que, no início da colonização portuguesa, as ocupações humanas estavam concentradas nas faixas litorâneas. Por conto disso, somente no século XVII é que a região Norte começou a ser ocupada pelos colonizadores, por meio de incentivos do governo português, com a instalação de um forte militar na foz do Rio Amazonas. Essa ocupação deu origem à cidade de Belém, no Pará.
No século XVIII, houve dois tipos de ocupações: as religiosas, para catequização dos nativos, e as militares, para defender o território nacional.
Já nos séculos XIX e XX, novas moradias começaram a surgir por motivos econômicos e sociais, devido à exploração da borracha, no interior da Amazônia, e com a imigração japonesa, concentrada no estado do Pará.
A exploração da borracha no século XIX foi fundamental para o povoamento da região Norte, pois, com a Segunda Revolução Industrial e o processo de vulcanização, tal matéria prima tornou-se essencial na economia brasileira, tornando-se o segundo produto mais exportado do país no fim do século XIX e início do XX, atrás apenas do café.
A borracha enriqueceu um pequeno grupo de pessoas que se concentrava na cidade de Manaus, porém a extração do látex nas seringueiras para a confecção da borracha atraiu muita gente, principalmente nordestinos que iam para a Amazônia devido à seca e em busca de melhor qualidade de vida. Desse modo, podemos dizer que grande parte da região Norte é fruto de imigrantes que buscavam enriquecimento rápido com as riquezas da Floresta Amazônica.
Clima da região Norte
O Norte do país é a única região brasileira cortada pela Linha do Equador. Com isso, grande parte do clima dessa região é o equatorial, além de ser encontrado o clima tropical continental.
O clima equatorial é presente em todos os estados, exceto em algumas áreas do Tocantins, Pará e Roraima. Bastante quente e chuvoso, esse clima permite-nos dizer que não há inverno como nas outras regiões do Brasil. Já o clima tropical continental, encontrado nos trechos em que o equatorial não alcança, tem duas características bem definidas: um inverno seco e um verão chuvoso.
A localização da região Norte permite-nos dizer que o clima nessa localidade é bem homogêneo, não sofrendo muitas variações. A média termal está entre 25 ºC e 27 ºC.
Três fatores tornam a região Norte a mais chuvosa do país: sua proximidade com a Linha do Equador, a grande e densa Floresta Amazônica e os vários rios de grande extensão (caudalosos) que ali estão. Assim, devido à alta temperatura e à floresta, a evaporação é mais intensa, formando nuvens durante o dia que geram chuvas no fim da tarde, o que chamamos de chuvas de convecção. Dessa forma, os estados com maior concentração de pluviosidade são o Amazonas e o Pará.
Contudo, há um período do ano em que ocorre o fenômeno friagem. Durante o inverno, entre maio e junho, frentes frias oriundas do Sul e do Sudeste do Brasil penetram no sudoeste da região Norte, baixando as temperaturas para até 14 ºC. Esse fenômeno costuma durar, no máximo, uma semana.
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Relevo da região Norte
Em relação ao relevo, grande parte da região Norte apresenta baixas altitudes, excetuando as áreas de fronteira com as Guianas e a Venezuela. Nessa área, há a incidência de planaltos que chegam até 3000 m de altitude, como o Pico da Neblina, ponto mais alto do país localizado na fronteira com a Venezuela, no estado do Amazonas.
Há também a presença de depressões, superfícies mais baixas em relação às áreas vizinhas. Esse tipo de relevo predomina na região Norte. Dentre as depressões nomeadas pelos geólogos, podemos citar a depressão norte-amazônica e a depressão sul-amazônica. A altitude dessas depressões não ultrapassa 300 m.
No leito do rio Amazonas, encontramos a sua planície, que acompanha todo o rio e alguns de seus afluentes. Planícies são áreas geralmente planas e de baixa altitude.
Hidrografia da região Norte
A hidrografia da região Norte abrange duas bacias hidrográficas do Brasil: a bacia hidrográfica amazônica e a bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia.
A primeira corresponde a 45% do território brasileiro e banha os seguintes estados: Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima e o estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste.
O rio da dá nome à bacia, o rio Amazonas é o maior da região e do mundo em volume de água, o que mostra sua grande importância para todos que estão ao seu redor. Esse rio nasce nas montanhas do Peru e deságua no Pará, atingindo o oceano Atlântico.
Quando entra em território brasileiro, o rio Amazonas recebe o nome de rio Solimões. Quando ele se encontra com o rio Negro, forma uma paisagem magnífica devido ao contraste das águas. Após esse encontro, volta a ser chamado de Amazonas.
Devido ao seu tamanho, o rio Amazonas possui muitos afluentes, alguns com mais de 1000 km, como o rio Madeira, o rio Juruá e o rio Tapajós, além do rio Negro e o rio Jari.
Durante a cheia do rio Amazonas e a maré alta do oceano Atlântico, há o fenômeno conhecido como pororoca, resultante do encontro dessas águas nesses períodos. Esse fenômeno atrai turistas de todos os cantos do país, pois é típico daquela região.
Já a bacia Tocantins-Araguaia banha dois estados na região Norte: Tocantins e Pará. É a segunda maior bacia hidrográfica do país e possui o sentido sul–norte. Assim, os rios que dão nome a essa bacia, rio Tocantins e rio Araguaia, nascem no Centro-Oeste, cruzam os estados do Tocantins e Pará até desaguarem no oceano Atlântico.
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Vegetação da região Norte
O destaque da região Norte nesse aspecto é a Floresta Amazônica. A intensidade de chuvas na região permite uma grande biodiversidade, com vegetação densa e sempre verde. É a maior floresta do mundo de regiões quentes, concentrando a maior biodiversidade terrestre do planeta.
Podemos citar algumas características dessa floresta:
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variadas plantas;
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espécies adaptadas ao clima úmido (higrófila);
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árvores com folhas latifoliadas, isto é, grandes e largas;
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tamanhos variados das árvores, que podem atingir mais de 30 m de altura;
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árvores muito próximas, o que garante uma vegetação fechada;
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riqueza de matéria-prima, como madeira, piaçava e plantas medicinais.
Essa riqueza natural gera especulações das grandes indústrias. O desmatamento na floresta é um dos maiores do mundo, gerando grande preocupação entre os estudiosos. Isso porque o solo da região é frágil e pouco fértil. A grande biodiversidade da floresta ocorre devido ao material orgânico depositado no solo, como folhas e restos de frutas, e à alta pluviosidade. A menor alteração nesse bioma pode levar a um erro irreparável.
Demografia da região Norte
A população da região Norte não cresceu de forma expressiva até os anos 1970, por ser uma região muito grande, e, até essa década, a comunicação era precária e havia pouco desenvolvimento econômico.
A partir de 1970, minérios foram descobertos, garimpos surgiram e o desmatamento foi intensificado pela agropecuária. Esses fatores geraram uma migração em massa para a região, que atualmente é a segunda em termos de taxa de crescimento demográfico, sendo a primeira a região Centro-Oeste.
De acordo com os dados do IBGE de 2019, a região Norte conta com pouco mais de 18 milhões de habitantes, porém sua população está mal distribuída. Por exemplo: o estado do Amazonas, maior da região, possui uma densidade demográfica de 2,23 hab/km², sendo essa a segunda menor da região, a menor está no estado de Roraima. Esses últimos dados são do IBGE, de 2010. Belém, capital do Pará, possui uma densidade demográfica de 1315 hab/km², dados do IBGE de 2010, o que reforça a desigualdade demográfica da região.
Vários fatores podem explicar essa distribuição irregular de pessoas, mas vamos citar apenas dois: o primeiro é a vegetação. Grande parte da região é ocupada pela Floresta Amazônica, o que impede algumas áreas de serem ocupadas. O segundo fator é a presença da população ribeirinha, que vive na beira dos rios, ao longo de suas margens.
Veja também: Urbanização – aumento da população urbana em relação à população rural
Principais atividades econômicas
Para incentivar a economia e o povoamento da região, na década de 1960 foram criados alguns órgãos governamentais responsáveis pelo estímulo econômico no Norte do Brasil. Dentre eles podemos destacar a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Esta última corresponde a um grande polo industrial, idealizado em 1967 e localizado em Manaus, que abriga grandes multinacionais, propiciando um enorme desenvolvimento industrial e geração de empregos para a região.
Esse polo concentra três tipos de atividades: comercial, agropecuária e industrial (a mais forte de todas). De acordo com a Suframa, existem mais de 600 indústrias no polo e uma geração de mais de 500 mil empregos, diretos e indiretos. As áreas de produção industrial que se destacam são: eletroeletrônicos (celulares, TVs), duas rodas (motocicletas) e química (produção de matéria-prima para refrigerante). Além disso, coexistem com esse desenvolvimento industrial as atividades econômicas naturais, como agricultura, pecuária e extrativismo vegetal e mineral.
Na agricultura, podemos citar a produção de pimenta do reino, iniciada com os japoneses no início do século passado; e o cultivo da juta, uma espécie de árvore plantada na beira dos rios de que é extraída uma fibra vegetal utilizada na produção de tapetes e cordas. Além desses produtos, a região Norte é a maior produtora de fibras do país, sendo a juta e a malva plantas importantíssimas nesse processo.
Já a pecuária é desenvolvida de forma extensiva, com destaque para a pecuária bovina e a criação de búfalos. Esta última está concentrada no estado do Pará, em áreas alagadas, e corresponde a 68% da produção nacional.
Os extrativismos vegetal e mineral representam uma importante fonte de renda para a população local. No extrativismo vegetal, a força da extração de madeira está nos estados do Pará e do Amazonas. É produzida na região Norte uma grande variedade de palmito, açaí e outros vegetais das árvores locais.
A borracha ainda está presente nas atividades extrativistas, mas não com a força do início do século XX, pois vem perdendo espaço para a agropecuária. Além disso, a biodiversidade da floresta amazônica atrai a indústria farmacêutica na busca de medicamentos e plantas medicinais, além de oferecer cosméticos para a indústria da beleza.
A extração mineral iniciou-se ainda na década de 1950 como estratégia de povoamento da região pelo Governo Federal da época. Dentre os minérios encontrados na região Norte, podemos destacar:
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manganês, no Amapá;
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cassiterita, em Rondônia;
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ferro, no Pará;
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bauxita, no Pará;
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níquel, no Pará.
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ouro, em vários estados, mas com ênfase no Amazonas e no Pará.
O extrativismo mineral na região Norte é uma das bases econômicas de muitos estados, como o Pará. Nesse estado, temos a presença de ferro, na Serra dos Carajás, e do ouro, na Serra Pelada. Esta última área atraiu uma grande quantidade de garimpeiros na década de 1980, acelerando o desmatamento e a poluição nela.
Aspectos culturais da região Norte
A grande quantidade de imigrantes na região Norte faz com que haja nela uma grande diversidade cultural.
As duas festas mais populares da região ocorrem em junho, no estado do Amazonas, e no segundo domingo de outubro, no Pará. Em junho temos o Festival de Parintins. Esse festival reúne o evento do boi-bumbá e é marcado pela disputa artística do Boi Caprichoso, na cor azul, e do Boi Garantido, na cor vermelha. São três dias de festas, com várias apresentações das populações locais, carimbó e muita diversão.
No Pará, em outubro, temos o Círio de Nazaré, uma procissão religiosa católica na cidade de Belém em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Essa procissão reúne católicos do mundo todo, sendo um dos eventos mais importantes para o catolicismo brasileiro.
Notas
|1| Dados são do Censo do IBGE de 2010.
Crédito da imagem
[1] T photography / Shutterstock