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Pampa é um bioma que se estende pelo sul da América do Sul, compreendendo áreas de clima subtropical úmido. No Brasil, os Pampas (ou campos sulinos) ocorrem somente no estado do Rio Grande do Sul, em uma área que equivale a 2% do território nacional.
Assim como nas pradarias, os Pampas são formados por extensos terrenos planos ou suavemente ondulados, recobertos por gramíneas e arbustos. Sua grande biodiversidade inclui várias espécies endêmicas, como o sapinho-de-barriga-vermelha, na fauna, e o nhavandaí, representante da flora. Os problemas ambientais observados hoje nesse bioma, como a arenização e compactação do solo, são derivados do avanço de atividades como a agropecuária.
Leia também: Arenização na região Sul do Brasil
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é Pampa?
- 2 - Características do Pampa
- 3 - → Hidrografia do Pampa
- 4 - Degradação do Pampa
- 5 - Biomas brasileiros
O que é Pampa?
Pampa é um bioma caracterizado pela vegetação de pequeno e médio porte que recobre terrenos planos e suavemente ondulados na porção meridional da América do Sul, compreendendo uma parte do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. A própria palavra pampa, que vem da língua indígena quíchua, designa as áreas de ocorrência do bioma, uma vez que significa “plano” ou “planície”. Chamado também de campos sulinos ou campos do sul, o bioma Pampa dispõe uma grande biodiversidade, especialmente no que diz respeito ao número de espécies que constitui a sua flora.
Características do Pampa
O Pampa pode ser descrito como um tipo de pradaria da América do Sul, e por isso apresenta características semelhantes aos campos de outras regiões de clima temperado do planeta. Apresentamos abaixo os principais aspectos desse importante bioma.
→ Localização do Pampa
O Pampa é um bioma que ocorre exclusivamente no sul do subcontinente da América do Sul. Ele se estende pela parcela mais meridional do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No território brasileiro, a área ocupada pelo Pampa é de 2% da superfície total do país, o equivalente a 176.496 km². A cobertura do Pampa corresponde a 63% de toda a área do Rio Grande do Sul, único estado brasileiro que abriga uma parte do bioma.
→ Clima do Pampa
Nas áreas de ocorrência do Pampa, o clima predominante é o subtropical, que dispõe das mesmas características do temperado úmido.
As temperaturas médias nessas regiões, como no Sul do Brasil, ficam entre 18 ºC e 20 ºC, mas há uma amplitude térmica acentuada durante o ano. Os verões são muito quentes e os invernos tendem a ser muito frios devido ao avanço da massa polar atlântica. Ainda na estação fria, pode haver a ocorrência de geada e até mesmo neve em algumas localidades.
Outro aspecto importante do clima subtropical é o volume considerável de precipitação, uma vez que as chuvas ocorrem de maneira uniforme durante todos os meses do ano.
→ Hidrografia do Pampa
Existe uma grande disponibilidade hídrica na região por onde o Pampa se estende, o que se deve à presença de uma densa rede de drenagem, diversos lagos e reservas subterrâneas de água. As águas compreendidas no bioma fazem parte de duas importantes bacias hidrográficas: a bacia do Uruguai e a bacia do Atlântico Sul.
Entre os principais cursos d’água que banham o Pampa, estão os rios Uruguai — que recebe o nome de rio da Prata quando encontra com o rio Paraguai na região de sua foz —, Ibicuí, Santa Maria, Jacaí e Vacuí. Além disso, uma grande extensão do aquífero Guarani está localizada no subsolo das áreas caracterizadas por esse bioma.
→ Relevo do Pampa
O Pampa recobre terrenos, em sua maioria, planos ou suavemente ondulados que caracterizam, ao menos, quatro domínios geomorfológicos distintos do relevo sul-rio-grandense. São eles:
- planalto da campanha;
- depressão central;
- planalto sul-rio-grandense;
- planície costeira.
As altitudes variam do nível do mar até pouco mais de 400 metros, encontrando terrenos de maior elevação no interior da unidade do planalto sul-rio-grandense.|1|
→ Vegetação do Pampa
Assim como as pradarias, a vegetação dos Pampas é predominantemente campestre, formada por plantas herbáceas, o que inclui as gramíneas, e espécies arbustivas. Em algumas áreas desse bioma, é possível identificar a presença de matas ciliares, algumas árvores decíduas e formações pioneiras, embora em menor quantidade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a flora do Pampa apresenta 1623 espécies diferentes de plantas, incluindo aquelas endêmicas, ou seja, típicas do bioma, como o nhavandaí e o algarrobo. Assim, podemos encontrar no Pampa as seguintes plantas:
babosa-do-campo |
trevo-nativo |
brabas-de-bode |
capim-forquilha |
amendoim-nativo |
flechilhas |
grama-tapete |
angico-vermelho |
cabelos-de-porco |
→ Fauna do Pampa
O Pampa apresenta uma fauna bastante diversa composta por 120 espécies de aves, 97 espécies de répteis, 74 espécies de mamíferos, 50 espécies de anfíbios e 18 espécies de peixes, de acordo com dados do IBGE.|2| Encontram-se entre os animais dos Pampas espécies endêmicas como o sapinho-de-barriga-vermelha, o tuco-tuco e o beija-flor-de-barba-azul. Além desses, compõem também a fauna do bioma:
furão |
quero-quero |
pica-pau-do-campo |
veado-campeiro |
sabiá-do-campo |
tatu-mulita |
joão-de-barro |
preá |
graxaim-do-campo |
Saiba mais: Estepes — a cobertura vegetal que possui características semelhantes ao Pampa e ocorre em climas secos
Degradação do Pampa
A degradação do Pampa está diretamente relacionada com a substituição da vegetação natural desse bioma por monoculturas e pastagens. Em outras palavras, o avanço da atividade agropecuária é um dos principais causadores dos problemas ambientais na região do Pampa, especialmente quando se leva em consideração que parte dessa prática se desenvolve de maneira extensiva e também com a utilização de fertilizantes e outros defensivos agrícolas empregados nos cultivos.
O solo presente nessas áreas apresenta baixo desenvolvimento, o que indica que é raso. A textura desses substratos é, no geral, arenosa. Esse conjunto de características nos indica a presença de solos muito propensos à desestruturação física, que causa a erosão.
Apesar disso, o monocultivo de grãos (como a soja) principalmente e espécies como o eucalipto tem avançado por sobre os Pampas, e o manejo inadequado do solo resulta na aceleração dos impactos negativos sobre ele, a vegetação nativa e os mananciais, além de remover o habitat de muitas espécies animais.
A pecuária extensiva, por sua vez, gera o aumento da pressão sobre o solo com o pisoteio do gado. Isso acaba levando à sua compactação, o que gera a diminuição da infiltração de água e consequências para a vegetação e a fauna, além de transformar a estrutura do substrato e torná-lo sujeito aos processos de erosão.
Uma consequência da degradação do Pampa observada atualmente é a arenização, a formação de depósitos ou bancos de areia na paisagem outrora recoberta por vegetação. Esse fenômeno é decorrente justamente da remoção da cobertura vegetal e do longo tempo de exposição do solo aos agentes intempéricos.
Biomas brasileiros
A enorme biodiversidade animal e vegetal característica do Brasil está dividida em cinco grandes biomas. São eles:
-
Amazônia: localizado predominantemente na região Norte, o bioma Amazônia é o maior do país. Sua vegetação consiste na Floresta Amazônica, uma floresta equatorial que abriga milhares de espécies de plantas e animais, sendo, por essa razão, considerada uma das regiões com maior biodiversidade do mundo.
-
Cerrado: ocorre na região central do país, compreendendo parte das regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste, onde o clima predominante é o tropical. Sua vegetação se assemelha às savanas, sendo composta por árvores de troncos retorcidos e espessos, arbustos e gramíneas, e por isso é chamada também de savana brasileira. É no Cerrado onde nascem alguns dos mais importantes rios do território nacional. Sua grande diversidade de fauna e flora tem sido ameaçada pela intensificação de atividades como a agropecuária.
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Caatinga: trata-se de um bioma exclusivamente brasileiro que ocorre nas áreas de clima semiárido da região Nordeste, marcado por altas temperaturas e longos períodos de estiagem. Sua vegetação é adaptada à seca, característica essa que recebe o nome de xeromorfia.
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Mata Atlântica: bioma que se estende pelo litoral leste do Brasil, compreendendo regiões de clima tropical úmido. É formado pelas florestas ombrófilas e florestas estacionais. Estende-se por uma área muito populosa, que concentra mais de metade da população do país. Por essa razão, é um dos biomas mais devastados e ameaçados do país.
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Pampa: como vimos, é um bioma que ocupa uma pequena área do país, ocorrendo somente no sul do Rio Grande do Sul. Conhecido também como campos sulinos, o Pampa é caracterizado pelos vastos terrenos planos recobertos por gramíneas e arbustos de vários tipos. Abriga boa parte do aquífero Guarani.
Notas
|1| IBGE. Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. 168 p. Disponível aqui.
|2| IBGE. Conheça o Brasil – Território: Biomas Brasileiros. IBGE Educa, [S.I.]. Disponível aqui.
Crédito de imagem
[1] Wikimedia Commons (reprodução)
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia