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Na região sul do Brasil, mais precisamente no estado do Rio Grande do Sul em sua porção sudoeste, existe um problema ambiental que vem se agravando ao longo do tempo: a arenização. Trata-se da formação de bancos de areia em solos predispostos para essa ocorrência, o que ocasiona o esgotamento das áreas agricultáveis e a consequente perda da vegetação e de nutrientes.
É muito comum que se confunda o processo de arenização com o de desertificação. No entanto, trata-se de fenômenos basicamente diferentes, pois a desertificação corresponde à degradação dos solos em regiões de clima árido e semiárido, que possuem índices de precipitação inferiores a 1400mm anuais e menores do que os índices de evaporação.
No Rio Grande do Sul, o clima, que é o subtropical, apresenta índices de chuva maiores e a precipitação é maior do que a evaporação. Portanto, não existe desertificação no sul do Brasil, processo que acontece na região Nordeste do país. As chuvas, inclusive, exercem um papel importante no processo de arenização, algo que não acontece no fenômeno da desertificação.
A arenização na região Sul ocorre pela soma de alguns fatores: a predisposição dos solos, que são naturalmente arenosos; o uso intensivo deles na agricultura; a remoção da vegetação e a retirada de nutrientes. Com o desmatamento das áreas para a agricultura, os solos ficam mais expostos à ação das chuvas, que auxiliam na sedimentação e movimentação dos sedimentos, que, por sua vez, dão origem aos areais que recobrem os solos e tornam a paisagem, em muitos casos, semelhante a áreas de deserto.
Vale lembrar que a arenização é um processo natural e sua ocorrência no Rio Grande do Sul possui vários registros históricos. No entanto, a intensificação da agricultura nessa região ao longo do século XX contribuiu para uma intensificação sem igual desse problema, que se tornou crônico em boa parte do espaço geográfico local. Portanto, além de conservar as áreas de solos arenosos, é preciso tomar medidas de atenuação dos impactos, como o cultivo da vegetação e fertilização das superfícies.
Por Me. Rodolfo Alves Pena