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O desmatamento na Amazônia é um problema ambiental que ameaça a biodiversidade desse bioma desde a década de 1970. Várias causas estão por trás dessa prática, como a construção de grandes obras de infraestrutura na região Norte do Brasil e o avanço da fronteira agrícola para áreas recobertas pela floresta. Deixando de lado a tendência de queda observada a entre 2004 e 2015, o crescimento expressivo e contínuo nas taxas de desmatamento na Amazônia nos últimos anos é preocupante.
Leia também: Desmatamento do Cerrado — um problema ambiental causado pela expansão das atividades agropecuárias
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o desmatamento na Amazônia
- 2 - Causas do desmatamento na Amazônia
- 3 - Desmatamento na Amazônia nos últimos 30 anos
- 4 - Desmatamento na Amazônia na atualidade
- 5 - Gráfico do desmatamento na Amazônia
- 6 - Consequências do desmatamento na Amazônia
Resumo sobre o desmatamento na Amazônia
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O desmatamento na Amazônia teve início durante a década de 1970.
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A construção de grandes obras de infraestrutura, a especulação com terras e a instalação de atividades econômicas como a agropecuária e a mineração estão entre as causas do desmatamento.
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A intensificação das queimadas na Amazônia acontecem junto ao aumento das taxas de desmatamento.
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Os picos de desmatamento na Amazônia aconteceram em 1995 e 2004, quando respectivamente 29 mil e 27 mil km² de área tiveram a cobertura vegetal removida.
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A década de 1990 ficou marcada pela oscilação nas taxas de desmatamento, que caminharam junto das transformações na economia brasileira.
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O período que se estende de 2004 e 2015 foi marcado pela queda geral dos índices de desmatamento.
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O Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), de 2004, foi um dos principais responsáveis por essa queda.
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Foi a partir de 2017 que a curva do desmatamento voltou a subir de forma contínua, o que se tornou motivo de preocupação das comunidades nacional e internacional.
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A flexibilização das leis ambientais é uma das causas para o aumento da área desmatada.
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O desequilíbrio ambiental, a perda de biodiversidade em larga escala e a intensificação das mudanças climáticas são algumas das consequências do desmatamento na Amazônia.
Causas do desmatamento na Amazônia
O desmatamento na Amazônia se tornou o principal problema ambiental desse bioma, que abriga a maior floresta equatorial do mundo e possui a maior biodiversidade do planeta, com milhões de espécies de plantas e animais, algumas delas ainda não catalogadas.
Inúmeras são as causas que suscitam a remoção da cobertura vegetal da Floresta Amazônica, causas essas que estão diretamente atreladas ao momento histórico-econômico do Brasil, conforme veremos a seguir.
A década de 1970 é tida como o marco inicial para o avanço do desmatamento na Amazônia. Durante esse período, foram os projetos de infraestrutura para a região que ocasionaram a retirada da cobertura vegetal para a construção principalmente de estradas, como foi o caso da Rodovia Transamazônica (BR-230).
A Rodovia Transamazônica teve seu primeiro trecho inaugurado no ano de 1972, mas o processo de abertura de novas áreas se estendeu entre 1969 e 1974. A ideia era a de que a via percorresse um trajeto de 8 mil km para ligar a região Norte às demais áreas do território brasileiro através da região Nordeste.
Concomitante às obras de engenharia havia ainda o incentivo governamental para ampliar as correntes migratórias em direção à Amazônia, processo que vinha acontecendo, mas de forma gradual nas décadas anteriores. Tais incentivos incluíam ainda o fomento à produção agropecuária que, já na segunda metade do século XX, começava a incorporar as novas técnicas produtivas resultantes da Revolução Verde.
As causas iniciais para o desmatamento da Amazônia, portanto, foram a abertura de áreas para obras de infraestrutura e para a produção agrícola e criação de animais, ou seja, pastagem.
O fenômeno descrito como expansão da fronteira agrícola no Brasil, caracterizado pela ampliação das áreas de monocultivos, como o da soja e do algodão, e da pecuária extensiva pautada pela lógica produtiva do agronegócio, aconteceu durante as últimas décadas do século XX e é também causa do desmatamento na Amazônia. Inicialmente, a expansão de áreas compreendeu os trechos no Mato Grosso, expandindo-se posteriormente para outros estados da região Norte recobertos pela Amazônia.
Além dessas causas citadas, existem outras motivações econômicas que levam ao desmatamento na Amazônia, como a especulação, pensando aqui nos lotes de terras e áreas a serem exploradas para atividades agropecuárias, por exemplo, e também a mineração de recursos como minério de ferro e bauxita, principalmente no estado do Pará. Destaca-se ainda a extração de madeira para a utilização na indústria.
Veja também: Impactos ambientais causados pelo agronegócio no Brasil
Desmatamento na Amazônia nos últimos 30 anos
O mapeamento do desmate na Floresta Amazônica fica a cargo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que, desde 1988, monitora a variação da cobertura vegetal na Amazônia Legal por meio do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite). Anualmente, são divulgados dados que mostram a evolução desse problema ambiental, como taxas de desmatamento e área desmatada por estado brasileiro.
Nos últimos 30 anos, foram registradas muitas oscilações na taxa de desmatamento da Amazônia. Sabe-se que, desde o início do mapeamento do Inpe, a floresta já perdeu uma área de aproximadamente 800 mil km² de cobertura nativa.
O ano de 1995 representa um marco negativo nesse cômputo, tendo em vista que foi quando o desmatamento atingiu o recorde para a década de 1990 e um dos maiores valores já registrados: 29.059 km² de área desmatada, sendo as maiores parcelas registradas nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
A taxa de desmatamento na Amazônia acompanha, frequentemente, o momento econômico do país. Oscilações na economia, como um período de inflação recorde e posterior estabilização mediante o advento de um novo plano monetário nacional, marcaram a década de 1990 no Brasil, e esse segundo momento condicionou queda na remoção da cobertura vegetal na floresta a partir da segunda metade dos anos 90, com um mínimo de 13.227 km² em 1997.
A partir de então, se identificou um novo movimento ascendente no desmatamento na Amazônia, permanecendo na faixa dos 17 mil km² anuais até 2002, quando houve um salto significativo que culminou em um segundo ponto recorde em 2004, quando a área desmatada foi de 27.772 km².
Seguindo a tendência anterior, registrou-se maior remoção nos três estados já mencionados: Mato Grosso, Pará e Rondônia, sendo o estado do Centro-Oeste o que encabeçou a lista do desmatamento entre 1991 e 2005, com exceção do ano 2000, quando a área desmatada na Amazônia paraense foi maior.
O ano de 2004 foi um ponto de inflexão no desmatamento da Amazônia. A partir de então, iniciou-se um período de pouco mais de uma década em que se observou uma queda contínua na curva do desmatamento da Floresta Amazônica, com poucas oscilações para cima, isto é, com poucos momentos de aumento no desmate. Entre 2004 e 2005, o desmatamento caiu em aproximadamente 30%, saindo dos então 27.772 mil km² para 19.014 km².
A redução aconteceu como resultado da criação do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), elaborado após os índices alarmantes atingidos em 2004 e que foi colocado em prática com a criação de áreas de proteção e a intensificação do monitoramento e fiscalização.
No ano de 2012, o Brasil atingiu o ponto mais baixo no desmatamento da Amazônia Legal, quando a área desmatada foi de 4.571 km², representando assim uma queda de mais de 80% entre 2004 e 2012. A única exceção para a queda contínua no período aconteceu em 2008, quando houve um aumento de aproximadamente 11% com relação a 2007.
Até o ano de 2017, o desmatamento na Amazônia apresentou oscilação, voltando novamente a apresentar variação positiva a partir de 2018. O movimento de ascensão da curva do desmatamento se mantém até o presente.
Desmatamento na Amazônia na atualidade
O desmatamento na Amazônia atualmente é motivo de preocupação para pesquisadores, ambientalistas, populações tradicionais que dependem dos recursos da floresta e diversos setores da sociedade civil nacional e internacional.
Isso acontece porque, diferentemente dos períodos precedentes, tem havido novamente um aumento nas taxas de remoção da cobertura vegetal, que teve início a partir de 2017 e tem mantido movimento ascendente e tendência de crescimento, segundo mostram os dados mais recentes do Inpe.
Foi de 87,6% o aumento da área desmatada entre 2017 e 2021, saltando de 6.947 km² para 13.038 km². Os intervalos em que aconteceu maior aceleração na taxa de desmatamento são 2018-2019, em que o Inpe identificou uma ascensão de 34,4%, e 2020-2021, quando a área desmatada foi ampliada em 20,5%.
Nesse mesmo intervalo de tempo, se registrou um aumento nos focos de incêndio e queimadas na Amazônia, fenômeno que tem sido provocado com a intenção de abrir novas áreas em meio à vegetação.
Com isso, os últimos anos foram marcados pelo agravamento do desmatamento da Amazônia e pela flexibilização das normas ambientais, com a redução na fiscalização das áreas ameaçadas e menor aplicação de multas àqueles que praticam o desmatamento ilegal.
Na COP 27 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a gravidade do problema foi reconhecida pelos representantes brasileiros e houve o compromisso de reduzir significativamente o desmatamento nos biomas do país até o ano de 2030, o que inclui a Amazônia. A principal meta é a de que a taxa de remoção da cobertura vegetal, até lá, esteja zerada.
Veja também: Queimadas no Pantanal — uma realidade ambiental que tem aumentado nos últimos tempos
Gráfico do desmatamento na Amazônia
Veja abaixo um gráfico que demonstra a evolução da área desmatada na Amazônia Legal no período que vai de 1991 a 2021, elaborado com base nos dados atualizados do Inpe|1|.
Consequências do desmatamento na Amazônia
O desmatamento na Amazônia acarreta problemas em escala local, regional e global, pois a floresta é abrigo de milhões de espécies, entre animais e plantas, além de desempenhar papel importante nas condições atmosféricas da região Norte do Brasil e no clima mundial. No segundo caso, isso acontece porque a floresta é uma grande reserva de carbono que conseguia, até pouco tempo, reter o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e auxiliar no controle do clima.
Com a retirada da cobertura vegetal da Floresta Amazônica, as seguintes consequências são observadas:
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maior vulnerabilidade do solo, tornando-o suscetível a processos erosivos;
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assoreamento dos rios em decorrência da fragilização e erosão dos solos;
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perda de biodiversidade tanto na fauna quanto na flora, além do aumento do número de espécies ameaçadas de extinção;
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desequilíbrio ecossistêmico;
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poluição atmosférica decorrente das queimadas;
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agravamento das mudanças climáticas em função da emissão de gases poluentes na atmosfera.
Notas
|1| PRODES/DPI/INPE, 2022. Disponível aqui.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia