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O Ciclo da Borracha foi um ciclo econômico brasileiro ocorrido no final do século XIX e início do século XX na região Norte do Brasil, local rico em extração de látex, matéria-prima da produção de borracha. Esse ciclo atendeu às necessidades do mercado externo, em especial o norte-americano, que abria espaço para a indústria automobilística, e a borracha era um produto essencial nesse ramo.
Esse ciclo se divide em duas etapas: a primeira, ocorrida ainda no século XIX, foi motivada pela Segunda Revolução Industrial, enquanto a segunda ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, atendendo as demandas do conflito. No Brasil, o Ciclo da Borracha promoveu relativo desenvolvimento aos estados nortistas e uma oportunidade para os nordestinos que fugiam da seca em sua terra de origem.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Ciclo da Borracha
- 2 - Contexto histórico do Ciclo da Borracha
- 3 - Como foi o Ciclo da Borracha na Amazônia?
- 4 - Importância do Ciclo da Borracha
- 5 - Fim do Ciclo da Borracha
- 6 - Consequência do Ciclo da Borracha
- 7 - Curiosidades sobre o Ciclo da Borracha
- 8 - Exercícios resolvidos sobre o Ciclo da Borracha
Resumo sobre Ciclo da Borracha
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O Ciclo da Borracha foi um ciclo econômico que aconteceu no Brasil entre os séculos XIX e XX baseado na produção do látex, matéria-prima da borracha.
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Tal qual os ciclos anteriores, o Ciclo da Borracha atendia às demandas do mercado externo.
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Esse ciclo se dividiu em dois períodos: o primeiro, que se iniciou em meados do século XIX por conta da Segunda Revolução Industrial, e o segundo, durante a Segunda Guerra Mundial.
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Os nordestinos que sofriam com a estiagem encontraram no Ciclo da Borracha um motivo para se deslocarem para o Norte brasileiro em busca de melhores condições de vida.
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A cultura nortista recebeu investimentos oriundos do comércio da borracha ao serem construídos museus e teatros.
Contexto histórico do Ciclo da Borracha
Datada de meados do século XIX, a Segunda Revolução Industrial expandiu a industrialização para várias nações europeias, como França, Bélgica, Itália e Alemanha, além dos Estados Unidos, na América.
A indústria automobilística se fortaleceu, principalmente nos Estados Unidos, quando Henry Ford fundou sua fábrica de carros. Uma das matérias-primas utilizadas para essa produção era a borracha, para a confecção dos pneus. O aumento significativo na fabricação de carros exigiu maior produção de borracha.
A borracha é oriunda do látex, que era encontrado em abundância na Floresta Amazônica. A demanda pela borracha fez com que o interesse pelo látex aumentasse. Assim, a região amazônica que integra o território brasileiro, principalmente próximo à fronteira com a Bolívia, se tornou alvo dos interesses econômicos do momento para a extração desse produto tão desejado para o mercado externo. Isso provocou uma grande movimentação de pessoas atraídas pelo comércio do látex.
Muitos nordestinos viram o êxito da extração do látex como oportunidade para melhoria das suas condições de vida e se mudaram para a região amazônica.
Como foi o Ciclo da Borracha na Amazônia?
Historicamente, classifica-se o Ciclo da Borracha em dois períodos. O primeiro compreende os anos de 1877 até 1910, atendendo às demandas das nações europeias e dos Estados Unidos, que atravessavam a Segunda Revolução Industrial. O segundo ciclo se refere aos anos de 1942 até 1960, quando o látex brasileiro serviu de matéria-prima para a produção da borracha usada em materiais bélicos durante a Segunda Guerra Mundial.
→ Primeiro Ciclo da Borracha
O primeiro Ciclo da Borracha se deu entre os anos de 1877 e 1910. Antes disso, o látex produzido na Amazônia brasileira já era exportado, mas em números não tão significativos. Essa realidade mudou a partir de 1880, quando a demanda por borracha nos países industrializados exigiu maior produção do látex, matéria-prima da borracha.
A região amazônica tinha em grande quantidade a árvore Hevea brasiliensis, da qual se extrai o látex. A demanda internacional fez com que a região se tornasse alvo da procura por esse insumo.
Os trabalhadores empregados na extração do látex migravam principalmente da região Nordeste, fugindo da seca e buscando melhores condições de vida no Norte. Essa mão de obra não era qualificada, e se exigia força física para extrair o látex da árvore. Além disso, as condições de trabalho não eram das melhores.
Desde 1903, o governo brasileiro tinha interesse na Amazônia, quando adquiriu da Bolívia o território onde atualmente é o estado do Acre. Em 1907, houve a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, que auxiliou no transporte dos produtos amazônicos, como o látex.
O ciclo entrou em crise em 1910, quando as colônias europeias na Ásia começaram a plantar a Hevea brasiliensis, a árvore que dá origem ao látex. Dessa forma, abriu-se uma forte concorrência para a produção brasileira, que perdeu espaço no mercado externo.
→ Segundo Ciclo da Borracha
O segundo Ciclo da Borracha se deu entre os anos de 1942 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. A borracha foi um produto muito utilizado na fabricação de pneus para os aviões usados no conflito e outros artefatos.
O Japão, que pertencia ao Eixo, invadiu a Malásia, um dos maiores produtores de látex da Ásia, e impediu que os norte-americanos utilizassem essa matéria prima para a manutenção da produção de borracha. Os Estados Unidos fizeram um acordo com o Brasil para que o látex extraído em solo brasileiro fosse utilizado pelos norte-americanos durante a guerra.
Essa nova busca pelo látex fez com que milhares de brasileiros se deslocassem até o Norte do país para a sua extração. O Nordeste, durante os anos 1940, sofria com uma prolongada estiagem, e os nordestinos viram nesse novo Ciclo da Borracha uma oportunidade para melhorar suas condições de vida e enriquecer com o comércio do produto.
O segundo ciclo acabou logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e a partir do predomínio da borracha sintética no mercado externo, que desvalorizou o látex.
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Importância do Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha foi importante porque ocasionou o povoamento do Norte brasileiro, em especial regiões da Floresta Amazônica. O lucro obtido pelo comércio do látex levou ao desenvolvimento econômico e cultural das capitais dos estados nortistas. Além disso, também houve o avanço das estradas de ferro pelo Norte do Brasil para transportar o látex até os portos, onde era exportado para o mercado europeu e norte-americano.
Mesmo com o fim dos dois Ciclos da Borracha, os investidores que decidiram permanecer na Amazônia atuaram em outras áreas, como a agropecuária, o comércio e a exploração de minérios como o ferro e a bauxita.
Fim do Ciclo da Borracha
Desde o período colonial, o Brasil tem como função, dentro da divisão internacional do trabalho, comercializar matérias-primas para o mercado externo. Isso gera uma dependência econômica do país em relação ao que esses mercados instalados na Europa e/ou Estados Unidos necessitam para atender suas demandas internas e ao que o Brasil tem disponível para atendê-las. Em vários momentos de nossa história, já se observou que essa dependência pode valorizar ou desvalorizar as matérias-primas exportadas.
A concorrência também foi outro empecilho para o comércio prolongado de nossos produtos. O Ciclo da Borracha repetiu outros ciclos econômicos na história econômica do Brasil. A produção era exportada gerando lucros para os seus comerciantes, mas a entrada de outros países que concorressem com o nosso produto no exterior gerava problemas econômicos. O fim dos dois Ciclos da Borracha se deu dessa forma. No primeiro, a concorrência com o látex asiático, e no segundo, o predomínio da borracha sintética em contraposição à que era fabricada por meio do látex.
Consequência do Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha deixou várias consequências nas regiões Norte e Nordeste. Com o dinheiro oriundo do comércio da borracha, inúmeras cidades e vilarejos se formaram, e cidades já existentes, como Belém, capital paraense, se desenvolveram por conta dos investimentos gerados por esse ciclo.
Vários nordestinos migraram para o Norte do país fugindo da seca ou buscando melhores condições de vida para si e seus familiares, e ali permaneceram.
Curiosidades sobre o Ciclo da Borracha
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O nome científico da árvore de onde se extrai o látex é Hevea brasiliensis.
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O nome do profissional que extrai látex é seringueiro.
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A borracha é obtida pela coagulação do látex.
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O Ciclo da Borracha favoreceu o rápido desenvolvimento das cidades de Manaus e Belém.
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A maior parte da exportação brasileira na época do contexto do Ciclo da Borracha era derivada da região amazônica.
Exercícios resolvidos sobre o Ciclo da Borracha
Questão 1
(UFPA) Borracha e borracheiro, segundo o dicionário Houaiss, podem significar:
“Borracha: substância elástica e impermeável, resultante da coagulação do látex de vários vegetais, esp. de árvores dos gên. Hevea e Ficus, com propriedades diversas e inúmeros usos industriais, segundo os vários tipos de tratamento a que é submetida; caucho, goma-elástica.”
“Borracheiro:
1) aquele que produz, industrializa ou vende borracha (‘substância’);
2) Regionalismo: Brasil. Indivíduo que repara e/ou vende pneus;
3) Regionalismo: Norte do Brasil. m.q. seringueiro (‘trabalhador’).”
Houaiss (Dicionário da Língua portuguesa. Verbetes Borracha e borracheiro. Versão digital, SP: Instituto Antônio Houaiss, Editora Objetivo, 2009).
Os verbetes acima esclarecem os significados do termo “borracha” no Brasil. Um desses significados põe em evidência o Norte do país, em que a palavra tem um emprego diferenciado historicamente porque
A) o Norte do Brasil teve um contato mais próximo com a produção do látex e, nessa região, a palavra borracheiro passou a significar mais do que a produção da borracha em si, definindo também o seu produtor (trabalhador), o seringueiro.
B) o Brasil, como um todo, conheceu a borracha como um produto que se industrializa, pois esse produto era extraído da Amazônia e industrializado no Centro-Sul. Assim, no Norte o significado da borracha ligou-se ao campo do trabalho e no Sul vinculou-se ao da produção.
C) o Norte do Brasil percebe a goma elástica de maneira mais ampla e correta, pois, distinguindo-se do resto do Brasil, os nortistas conhecem o processo de produção e trabalho com o látex, diferentemente do que ocorre com os nordestinos e sulistas.
D) o Centro-Sul do Brasil visualiza a borracha em seus produtos como os pneus; já o povo do Norte e Centro-Oeste percebem o produto em todo o seu processo produtivo, desde a extração do látex até a sua produção e comercialização.
E) o Centro-Sul do Brasil é o reduto da produção e do trabalho com o látex, por isso o significado da palavra é mais amplo. Já no Norte e Nordeste apenas se sabe que a borracha tem utilidades como a fabricação do pneu, o que justifica o uso mais simplificado da palavra.
Resolução:
Alternativa A
Por causa do Ciclo da Borracha, surgiu a figura do borracheiro, o trabalhador que retira o látex da seringueira para ser comercializada no mercado externo.
Questão 2
(Ibmec) Sobre o fracasso do chamado Ciclo da Borracha, na região amazônica, são feitas as seguintes afirmativas:
I. faltou mão de obra especializada, afinal a migração nordestina não foi capaz de atender a demanda;
II. a produção desenvolvida pelos ingleses em áreas como a Malásia e o Ceilão resultou em um produto com custo menor, dificultando a comercialização do nosso látex;
III. a ocorrência da Primeira Guerra Mundial paralisou o comércio internacional, dificultando as exportações brasileiras.
Assinale:
A) se apenas a afirmativa I for correta.
B) se apenas a afirmativa II for correta.
C) se apenas a afirmativa III for correta.
D) se as afirmativas I e II forem corretas.
E) se as afirmativas II e III forem corretas.
Resolução:
Alternativa B
O Ciclo da Borracha no Brasil enfrentou dificuldades no mercado externo por causa da concorrência oriunda da produção inglesa, que, por causa do preço mais baixo, controlava o mercado desse produto.
Por Carlos César Higa
Professor de História