Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Polissíndeto

Polissíndeto é a figura de linguagem caracterizada pela repetição de conjunções. Esse recurso muitas vezes gera um efeito de intensificação no enunciado.

Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Polissíndeto é a figura de linguagem que utiliza repetidamente uma conjunção de modo a intensificar o efeito do discurso. Esse recurso estilístico não deve ser confundido com assíndeto e nem com a anáfora.

Leia também: Hipérbato – figura de linguagem que se caracteriza pela inversão sintática

Tópicos deste artigo

O que é polissíndeto?

Polissíndeto é a figura de construção caracterizada pela repetição de conjunções, o que muitas vezes acaba gerando um efeito de intensificação do discurso. Observe:

  • “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
  • “Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes fazem o carnaval” (Caetano Veloso)
  • “Não é este edifício obra de reis, ainda que por um rei me fosse encomendado seu desenho e edificação, mas nacional, mas popular, mas da gente portuguesa [...]” (Alexandre Herculano)

Nos respectivos trechos da crônica de Rubem Braga, da canção de Caetano Veloso e do conto de Alexandre Herculano, vemos diferentes exemplos de polissíndeto. Em ambos os casos, há intensificação da ideia de adição e de reforço (com as conjunções coordenativas aditivas “nem” e “e”) e de contraste (com a conjunção coordenativa adversativa “mas”).

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Diferença entre polissíndeto e assíndeto

Ao contrário do polissíndeto, o assíndeto se caracteriza pela omissão proposital de conjunções, o que também gera um efeito de intensificação, muitas vezes pela sensação de inacabamento de uma sequência. Veja:

“A tua raça quer partir, / guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles)

No verso acima, o assíndeto ocorre pela omissão de conjunção na sequência de ações, o que gera o efeito de constante movimentação.

Diferença entre polissíndeto e anáfora

A anáfora é a figura de linguagem em que há repetição de uma ou mais palavras no início de orações ou de versos, não sendo necessariamente a repetição de conjunções. Observe no exemplo abaixo:

“Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando pra trás

Esperando, esperando, esperando

Esperando o Sol, esperando o trem

Esperando o aumento desde o ano passado para o mês que vem”

(Chico Buarque)

Nos versos acima da canção “Pedro Pedreiro”, a anáfora ocorre com o termo “esperando”, que não é uma conjunção.

Veja também: Anacoluto – figura de linguagem caracterizada pela topicalização de um termo no início do enunciado

O polissíndeto é caracterizado pela repetição de conjunções.
O polissíndeto é caracterizado pela repetição de conjunções.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (UFBA)

O período “A rua continuava indefinidamente, e o dedo apontado, e eu sem saber, e ela pedindo urgência, dizendo que o fogo lavrava sempre.” (l. 14-16) apresenta, predominantemente, orações independentes, coordenadas, e a figura de sintaxe polissíndeto.

(   ) Certo

(   ) Errado

Resolução

Certo. O período, de fato, é composto majoritariamente por orações coordenadas. O polissíndeto se dá pela repetição da conjunção “e”.

Questão 2 – (IF-PA)

Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma se comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
[...]

(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra, p. 350-351)

O texto Rios sem discurso é metafórico, e mais detalhadamente podemos identificar outras figuras de linguagem. Marque a alternativa cujo trecho retirado do referido texto apresenta um polissíndeto:

A) “Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio que ele fazia”

B) “Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária”

C) “e muda porque com nenhuma se comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.”

D) “cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica”

E) “e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma se comunica”

Resolução

Alternativa E. O polissíndeto pode ser visto na repetição da conjunção “e” no início de cada verso.

 

Por Guilherme Viana
Professor de Gramática

Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VIANA, Guilherme. "Polissíndeto"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/polissindeto.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante