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Pleonasmo

O pleonasmo pode ser uma figura de linguagem ou um vício de linguagem dependendo da intenção com a qual foi empregado no enunciado.

O pleonasmo pode ser uma figura de linguagem ou um vício de linguagem.
O pleonasmo pode ser uma figura de linguagem ou um vício de linguagem.
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O pleonasmo é caracterizado pela repetição de ideias no mesmo enunciado, gerada pelo uso de termos diferentes que, no entanto, produzem o mesmo significado. Quando a redundância é feita de maneira proposital, o pleonasmo é um recurso estilístico. Quando a redundância ocorre sem a intenção do falante, então é um vício de linguagem.

Leia também: O que é ironia?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre pleonasmo

  • Pleonasmo é a repetição de uma mesma ideia por meio de palavras diferentes que têm o mesmo sentido.

  • Quando essa repetição é proposital, o pleonasmo é considerado uma figura de linguagem, usada para reforçar uma ideia.

  • Quando essa repetição não é proposital, o pleonasmo é considerado um vício de linguagem, no qual a redundância ocorreu sem a intenção do enunciador.

  • Entre os tipos de pleonasmo estão o pleonasmo literário e o pleonasmo vicioso, além do conceito de objeto pleonástico.

O que é pleonasmo?

O pleonasmo é a repetição de uma mesma ideia no enunciado pelo uso de palavras diferentes que trazem o mesmo sentido. Ele pode ser considerado uma figura de linguagem ou um vício de linguagem, a depender da intenção do enunciador ao produzir a repetição no discurso.

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Quais são os tipos de pleonasmo?

Há alguns tipos de pleonasmo, caracterizados, basicamente, pela intenção de seu uso no enunciado. Esse fator diferencia o uso enquanto recurso estilístico do uso considerado um vício de linguagem. Vamos a eles:

  • Pleonasmo literário

O pleonasmo literário é aquele empregado de modo proposital. Seu uso acontece para dar ênfase ao significado que se repete. Muitas vezes, essa repetição dá um caráter ainda mais lírico ou poético ao discurso, pois reforça um significado pretendido pelo autor.

“As doces águas do rio embelezavam a paisagem.”

No enunciado acima, o pleonasmo se dá pelo termo “doces águas do rio”, já que as águas dos rios são, por excelência, doces.

“Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento”

(Vinicius de Moraes)

Nessa estrofe de Vinicius de Moraes, o termo “rir meu riso” é um pleonasmo literário, já que, apesar de redundante, é empregado para dar maior lirismo ao enunciado.

Leia também: Metáfora — uma das mais populares figuras de linguagem

  • Pleonasmo vicioso

O pleonasmo vicioso ocorre quando se usam termos diferentes com o mesmo significado no próprio enunciado, o que gera uma redundância no discurso. Como essa repetição não é pretendida, ela ocorre por vício de linguagem do enunciador, que reproduz um termo desnecessariamente para retransmitir uma ideia que já estava clara.

Perceba que os termos a seguir têm o mesmo sentido, de modo que, ao serem empregados no mesmo enunciado, geram redundância, muitas vezes de modo não intencional.

ciclo vicioso

principal protagonista

junto com

entrar dentro

sair pra fora

subir pra cima

descer pra baixo

gritar alto

congelar de frio

criação nova

inaugurar o novo

Videoaula sobre pleonasmo vicioso

  • Objeto pleonástico

O conceito de objeto pleonástico diz respeito à repetição de um determinado complemento no mesmo enunciado com o objetivo de dar ênfase a ele. Isso geralmente é feito pelo uso de pronomes oblíquos átonos ligados a verbos.

“Quando Rubião chegou à esquina do Catete, a costureira conversava com um homem, que a esperara, e que lhe deu logo depois o braço; viu-os ir ambos, conjugalmente, para o lado da Glória”

(Machado de Assis)

No trecho acima de Quincas Borba, o objeto pleonástico aparece no trecho “viu-os ir ambos”: o pronome oblíquo “os” já representava o “homem” e a “costureira”. Ainda assim, o uso de “ambos” traz um reforço dessa ideia, tratando-se de um objeto pleonástico.

A mim, não me enganas tu.”

No enunciado acima, o objeto indireto “a mim” veio reafirmado na sequência, com o pronome “me”, caracterizando outra ocorrência de objeto pleonástico.

Ouça no nosso podcast: Pleonasmos viciosos mais comuns da língua portuguesa

Quais as diferenças entre pleonasmo e redundância?

Como visto anteriormente, o pleonasmo é a repetição de uma mesma ideia pelo uso de termos que, conjuntamente, tornam-se redundantes. A redundância, também chamada de pleonasmo vicioso, ocorre de maneira não intencional no discurso. Porém, quando se usa um pleonasmo propositalmente para reforçar algum sentido no enunciado, trata-se de uma figura de linguagem.

  • Pleonasmo (uso proposital como recurso de estilo):

O mar salgado nos convidava a uma grande aventura.

  • Redundância (uso não intencional que gera repetição desnecessária):

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Exercícios resolvidos

Questão 1

(Funrio)

Assinale a alternativa que não apresenta um pleonasmo.

A) Elo de ligação.

B) Vi com os meus próprios olhos.

C) Obtivemos deferimento favorável do juiz.

D) Conduta ilibada.

E) É um filme baseado em fatos reais.

Resolução

Alternativa D. “Elo” já estabelece ideia de ligação; “ver” já indica que foi com os olhos; “deferimento” já apresenta ideia de ter sido favorável; e “fatos” já indicam a ideia de que é algo real.

Questão 2

(Unesp – adaptada)

Texto para questão

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua
lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância
Dizíamos: “E-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo-de-alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.

*

Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforescência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.

Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo.
Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro, sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.
Não eram, meu pai. A mim me deste
Águas-marinhas grandes, povoadas de estrelas, ouriços
E guaiamus gigantes. A mim me deste águas-marinhas
Onde cada concha carregava uma pérola. As águas-marinhas que me
deste
Foram meu primeiro leito nupcial.
[...]

(Vinícius de Moraes. Antologia Poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 180-181.)

Marque a alternativa cujo verso contém um pleonasmo, ou seja, uma redundância de termos com bom efeito estilístico.

A) De repente não tinha pai.

B) Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...

C) Se curvavam como ao peso da enorme poesia

D) Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.

E) Deste-nos pobreza e amor: A mim me deste

Resolução

Alternativa E. No trecho “A mim me deste”, há um objeto pleonástico pela repetição dos pronomes de 1ª pessoa do singular “mim”/“me”.


Por Guilherme Viana
Professor de Gramática

Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VIANA, Guilherme. "Pleonasmo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/pleonasmo.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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