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As figuras de pensamento são recursos linguísticos que criam efeitos de sentido no texto, apelando para as interpretações lógicas e imaginação do interlocutor, de modo que ele possa compreender o sentido implícito. As figuras de pensamento são:
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ironia;
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hipérbole;
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eufemismo;
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prosopopeia;
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antítese;
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paradoxo;
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gradação;
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apóstrofe;
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litote.
Tópicos deste artigo
- 1 - O que são figuras de pensamento?
- 2 - Ironia
- 3 - Hipérbole
- 4 - Eufemismo
- 5 - Personificação ou prosopopeia
- 6 - Antítese
- 7 - Paradoxo ou oxímoro
- 8 - Gradação ou clímax
- 9 - Apóstrofe
- 10 - Litote
- 11 - Exercícios resolvidos
O que são figuras de pensamento?
As figuras de pensamento são recursos linguísticos que servem para enfatizar e/ou criar efeitos estéticos e semânticos, com intuito de impactar o leitor/ouvinte, gerando maior poder de convencimento ou emoção. São figuras caracterizadas como do pensamento, pois apelam a movimentos mentais e imaginários do leitor, sendo, portanto, mais conectadas à interpretação do que com a materialização do texto.
Esses elementos linguísticos provocam reflexões e leituras criativas, pois exigem do leitor/ouvinte uma interpretação deslocada. O efeito da figura de pensamento não está diretamente relacionado com as palavras utilizadas ou com a organização estrutural do texto, mas com a capacidade de encontrar um sentido “oculto” ou “novo”.
Ironia
A ironia é a figura do pensamento responsável por dizer o contrário do que se quer expressar. Ela se utiliza de palavras e expressões que signifiquem um sentido diferente ou oposto ao que se deseja dizer. A revelação da oposição ocorre, principalmente, por marcações na oralidade, como entonação da voz, expressões faciais e outros.
Exemplo:
“Nossa! Como chegou pontual!”
(quando se deseja dizer que está atrasado)
Para saber mais detalhes sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Ironia.
Hipérbole
A hipérbole é a figura de pensamento responsável por intensificar o sentido do enunciado, muitas vezes a um nível impossível, para expressar uma condição com força expressiva. Utiliza palavras ou comparações absurdas para simbolizar o sentido.
Exemplo:
“Nossa! Tá um dilúvio lá fora!”
(quando se deseja dizer que está chovendo muito)
Saiba mais sobre essa figura de pensamento e veja mais exemplos em: Hipérbole.
Eufemismo
O eufemismo é a figura de pensamento responsável por atenuar ou amenizar uma informação, por meio da substituição de termos considerados fortes ou impactantes por expressões mais formais e neutras. Pode ser utilizado para expressar algo positivo, para evitar uma informação assustadora ou ainda para amenizar uma situação grosseira.
Exemplo:
“Ela não é horrível, só tem uma personalidade forte.”
(“personalidade forte” vem amenizar “horrível”)
Personificação ou prosopopeia
A personificação ou prosopopeia é a figura de pensamento que atribui características, aspectos e funções considerados humanos a elementos não humanos e/ou não vivos. Quando narrativas literárias, por exemplo, constroem personagens que são objetos, animais ou elementos da natureza, ocorre a prosopopeia.
Exemplo:
“O Sol me olhou nos olhos e disse que eu precisava ter fé.”
(“O Sol”, elemento inanimado, “olha” e “diz” como os humanos)
Para saber mais sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Personificação (prosopopeia).
Antítese
A antítese é a figura de pensamento responsável por relacionar elementos que possuem diferença ou oposição semântica em uma mesma frase, para produzir um efeito de sentido. Não há uma anulação de sentido, pois a antítese apenas relaciona elementos aparentemente opostos em um mesmo enunciado.
Exemplo:
“Todo dia ela vai arrumada e colorida, e também com aquela sua cara pálida.”
Nesse caso, a antítese ocorre pela relação entre “arrumada e colorida” e “cara pálida”, referidos ao mesmo sujeito. Saiba mais sobre essa figura de pensamento e leia mais exemplos em: Antítese.
Paradoxo ou oxímoro
O paradoxo ou oxímoro é a figura de pensamento que une elementos opostos, que aparentemente se contradizem, em um novo sentido, no qual atuam juntos. A sua diferença com relação à antítese é que o paradoxo trabalha com contradições anulatórias ou impossíveis, mas que, no discurso, ganham a possibilidade simbólica de coexistir.
Exemplo:
“Todo dia eu morro, para poder renascer.”
Nesse caso, o paradoxo ocorre, pois é logicamente impossível que uma pessoa todo dia morra para renascer. Os termos não são apenas diferentes, pois também se contradizem na realidade. Saiba mais sobre essa figura de pensamento lendo nosso texto: Paradoxo.
Gradação ou clímax
A gradação é a figura de pensamento responsável por enumerar as ideias em uma ordem que se direcione em movimento crescente ou decrescente. A gradação crescente produz o clímax, que é o ápice da enumeração. A gradação decrescente se direciona até o anticlímax, o mais fundo ou fechado da enumeração.
Exemplos:
- “Entrei pela porta dos fundos, adentrei a cozinha, direcionei-me à sala e comecei a subir os degraus. A vista foi se ampliando, vi o chão, o pé do sofá, a mesa de centro, a janela e, de repente, ela.” (gradação crescente até o encontro com “ela”, momento clímax)
- “Primeiro ele se internou, depois precisou de cirurgia, começou a enfraquecer, até que faleceu.” (gradação decrescente até o falecimento do sujeito, momento anticlímax)
Apóstrofe
A apóstrofe é a figura de pensamento que indica um chamamento ou invocação do interlocutor ou de outro sujeito para o discurso. Sintaticamente, a apóstrofe corresponde ao vocativo.
Exemplo:
“Atenção todos, preciso falar com vocês!”
A expressão “Atenção todos” é a apóstrofe e serve para chamar a atenção para a mensagem que será comunicada.
Litote
Litote é a figura de pensamento que ocorre quando o enunciado apresenta uma negação, mas o sentido apresenta uma afirmação implícita. O texto externo apresenta uma mensagem que, internamente, carrega outra.
Exemplos:
- “Você não parece passar bem.”
(quando se deseja dizer “você está passando mal”)
- “Você não é nada bobo.”
(quando se deseja dizer “você é esperto”)
- “Você não parece nada calmo.”
(quando se deseja dizer “você parece nervoso”)
Exercícios resolvidos
Analise as frases das questões abaixo e identifique a figura de pensamento presente em cada uma.
Questão 1 – “Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso.” (Machado de Assis)
A) Paradoxo
B) Prosopopeia
C) Antítese
D) Apóstrofe
Resolução
Alternativa C. A antítese ocorre na relação entre “corcel do cego desejo” e “asno da paciência”.
Questão 2 – “Jurema partiu dessa para melhor”.
A) Antítese
B) Paradoxo
C) Hipérbole
D) Eufemismo
Resolução
Alternativa D. O eufemismo ocorre em “partiu dessa para melhor” no lugar de “morreu”.
Questão 3 – “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente”. (Luís de Camões)
A) Antítese
B) Paradoxo
C) Prosopopeia
D) Eufemismo
Resolução
Alternativa B. O paradoxo ocorre nas relações “arde” e “sem se ver”; “dói” e “não se sente”.
Questão 4 – “A lua me traiu.”
A) Prosopopeia
B) Eufemismo
C) Paradoxo
D) Antítese
Resolução
Alternativa A. A prosopopeia ocorre pela atribuição do aspecto traição, elemento humano, à “Lua”, elemento da natureza.
Questão 5 – “João, o que você está fazendo aí na sala?!”
A) Prosopopeia
B) Antítese
C) Apóstrofe
D) Eufemismo
Resolução
Alternativa C. A apóstrofe ocorre na expressão “João”, que serve para chamar a atenção do interlocutor.
Por Talliandre Matos
Professora de Redação