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Figuras de pensamento

As figuras de pensamento são elementos da língua que servem para criar diferentes efeitos de sentido, com intuito de impactar, sensibilizar ou convencer o leitor.

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   As figuras de pensamento são recursos linguísticos que criam efeitos de sentido no texto, apelando para as interpretações lógicas e imaginação do interlocutor, de modo que ele possa compreender o sentido implícito. As figuras de pensamento são:

  • ironia;

  • hipérbole;

  • eufemismo;

  • prosopopeia;

  • antítese;

  • paradoxo;

  • gradação;

  • apóstrofe;

  • litote.

Tópicos deste artigo

O que são figuras de pensamento?

As figuras de pensamento trabalham com o campo mental e imagético dos interlocutores.
As figuras de pensamento trabalham com o campo mental e imagético dos interlocutores.

As figuras de pensamento são recursos linguísticos que servem para enfatizar e/ou criar efeitos estéticos e semânticos, com intuito de impactar o leitor/ouvinte, gerando maior poder de convencimento ou emoção. São figuras caracterizadas como do pensamento, pois apelam a movimentos mentais e imaginários do leitor, sendo, portanto, mais conectadas à interpretação do que com a materialização do texto.

Esses elementos linguísticos provocam reflexões e leituras criativas, pois exigem do leitor/ouvinte uma interpretação deslocada. O efeito da figura de pensamento não está diretamente relacionado com as palavras utilizadas ou com a organização estrutural do texto, mas com a capacidade de encontrar um sentido “oculto” ou “novo”.

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Ironia

A ironia é a figura do pensamento responsável por dizer o contrário do que se quer expressar. Ela se utiliza de palavras e expressões que signifiquem um sentido diferente ou oposto ao que se deseja dizer. A revelação da oposição ocorre, principalmente, por marcações na oralidade, como entonação da voz, expressões faciais e outros.

Exemplo:

“Nossa! Como chegou pontual!”
(quando se deseja dizer que está atrasado)

Para saber mais detalhes sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Ironia.

Hipérbole

A hipérbole é a figura de pensamento responsável por intensificar o sentido do enunciado, muitas vezes a um nível impossível, para expressar uma condição com força expressiva. Utiliza palavras ou comparações absurdas para simbolizar o sentido.

Exemplo:

“Nossa! Tá um dilúvio lá fora!”
(quando se deseja dizer que está chovendo muito)

Saiba mais sobre essa figura de pensamento e veja mais exemplos em: Hipérbole.

Eufemismo

O eufemismo é a figura de pensamento responsável por atenuar ou amenizar uma informação, por meio da substituição de termos considerados fortes ou impactantes por expressões mais formais e neutras. Pode ser utilizado para expressar algo positivo, para evitar uma informação assustadora ou ainda para amenizar uma situação grosseira.

Exemplo:

“Ela não é horrível, só tem uma personalidade forte.”
(“personalidade forte” vem amenizar “horrível”)

Personificação ou prosopopeia

A personificação ou prosopopeia é a figura de pensamento que atribui características, aspectos e funções considerados humanos a elementos não humanos e/ou não vivos. Quando narrativas literárias, por exemplo, constroem personagens que são objetos, animais ou elementos da natureza, ocorre a prosopopeia.

Exemplo:

“O Sol me olhou nos olhos e disse que eu precisava ter fé.”
(“O Sol”, elemento inanimado, “olha” e “diz” como os humanos)

Para saber mais sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Personificação (prosopopeia).

Antítese

A antítese é a figura de pensamento responsável por relacionar elementos que possuem diferença ou oposição semântica em uma mesma frase, para produzir um efeito de sentido. Não há uma anulação de sentido, pois a antítese apenas relaciona elementos aparentemente opostos em um mesmo enunciado.

Exemplo:

“Todo dia ela vai arrumada e colorida, e também com aquela sua cara pálida.”

Nesse caso, a antítese ocorre pela relação entre “arrumada e colorida” e “cara pálida”, referidos ao mesmo sujeito. Saiba mais sobre essa figura de pensamento e leia mais exemplos em: Antítese.

Paradoxo ou oxímoro

O paradoxo ou oxímoro é a figura de pensamento que une elementos opostos, que aparentemente se contradizem, em um novo sentido, no qual atuam juntos. A sua diferença com relação à antítese é que o paradoxo trabalha com contradições anulatórias ou impossíveis, mas que, no discurso, ganham a possibilidade simbólica de coexistir.

Exemplo:

“Todo dia eu morro, para poder renascer.”

Nesse caso, o paradoxo ocorre, pois é logicamente impossível que uma pessoa todo dia morra para renascer. Os termos não são apenas diferentes, pois também se contradizem na realidade. Saiba mais sobre essa figura de pensamento lendo nosso texto: Paradoxo.

Gradação ou clímax

A gradação é a figura de pensamento responsável por enumerar as ideias em uma ordem que se direcione em movimento crescente ou decrescente. A gradação crescente produz o clímax, que é o ápice da enumeração. A gradação decrescente se direciona até o anticlímax, o mais fundo ou fechado da enumeração.

Exemplos:

- “Entrei pela porta dos fundos, adentrei a cozinha, direcionei-me à sala e comecei a subir os degraus. A vista foi se ampliando, vi o chão, o pé do sofá, a mesa de centro, a janela e, de repente, ela.” (gradação crescente até o encontro com “ela”, momento clímax)

- “Primeiro ele se internou, depois precisou de cirurgia, começou a enfraquecer, até que faleceu.” (gradação decrescente até o falecimento do sujeito, momento anticlímax)

Apóstrofe

A apóstrofe é a figura de pensamento que indica um chamamento ou invocação do interlocutor ou de outro sujeito para o discurso. Sintaticamente, a apóstrofe corresponde ao vocativo.

Exemplo:

“Atenção todos, preciso falar com vocês!”

A expressão “Atenção todos” é a apóstrofe e serve para chamar a atenção para a mensagem que será comunicada.

Litote

Litote é a figura de pensamento que ocorre quando o enunciado apresenta uma negação, mas o sentido apresenta uma afirmação implícita. O texto externo apresenta uma mensagem que, internamente, carrega outra.

Exemplos:

- “Você não parece passar bem.”
(quando se deseja dizer “você está passando mal”)

- “Você não é nada bobo.”
(quando se deseja dizer “você é esperto”)

- “Você não parece nada calmo.”
(quando se deseja dizer “você parece nervoso”)

Exercícios resolvidos

Analise as frases das questões abaixo e identifique a figura de pensamento presente em cada uma.

Questão 1 – “Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso.” (Machado de Assis)

A) Paradoxo
B) Prosopopeia
C) Antítese
D) Apóstrofe

Resolução

Alternativa C. A antítese ocorre na relação entre “corcel do cego desejo” e “asno da paciência”.

Questão 2 – “Jurema partiu dessa para melhor”.

A) Antítese
B) Paradoxo
C) Hipérbole
D) Eufemismo

Resolução

Alternativa D. O eufemismo ocorre em “partiu dessa para melhor” no lugar de “morreu”.

Questão 3 – “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente”. (Luís de Camões)

A) Antítese
B) Paradoxo
C) Prosopopeia
D) Eufemismo

Resolução

Alternativa B. O paradoxo ocorre nas relações “arde” e “sem se ver”; “dói” e “não se sente”.

Questão 4 – “A lua me traiu.”

A) Prosopopeia
B) Eufemismo
C) Paradoxo
D) Antítese

Resolução

Alternativa A. A prosopopeia ocorre pela atribuição do aspecto traição, elemento humano, à “Lua”, elemento da natureza.

Questão 5 – “João, o que você está fazendo aí na sala?!”

A) Prosopopeia
B) Antítese
C) Apóstrofe
D) Eufemismo

Resolução

Alternativa C. A apóstrofe ocorre na expressão “João”, que serve para chamar a atenção do interlocutor.

    

Por Talliandre Matos
Professora de Redação

Escritor do artigo
Escrito por: Talliandre Matos Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MATOS, Talliandre. "Figuras de pensamento"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/figuras-pensamento.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Fuvest) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:

a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.

b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.

c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.

d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.

e) Amanheceu, a luz tem cheiro.

Exercício 2

(UFPE)

DESCOBERTA DA LITERATURA

No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/

cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./

E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/

para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./

Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/

ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/

com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./

Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/

em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/

e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/

a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/

que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/

e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/

receava que confundissem/ o de perto com o distante,/

o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/

e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/

ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./

(…)

João Cabral de Melo Neto

Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:

(1) Romance de barbante                                ( ) Pleonasmo

(2) Roda morta; folheto guenzo                        ( ) Metáfora

(3) Como puro alto-falante                               ( ) Comparação

(4) Perto/distante                                             ( ) Metonímia
Ali/espaço mágico
Franzino/gigante

(5) Cochichavam-me em segredo                     ( ) Antítese

A ordem correta é:

a) 1, 2, 3, 4, 5

b) 5, 2, 3, 1, 4

c) 3, 1, 4, 5, 2

d) 2, 1, 3, 4, 5

e) 2, 4, 5, 3, 1