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Figuras de construção ou de sintaxe são figuras de linguagem marcadas por construções frasais que se afastam de uma estrutura gramatical comum.
Elas estão relacionadas à:
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repetição (anáfora, pleonasmo e polissíndeto);
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falta de coesão (anacoluto);
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concordância ideológica (silepse);
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inversão (hipérbato) na frase ou oração.
Leia também: Figuras de pensamento — recursos linguísticos que criam efeitos de sentido
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre as figuras de construção ou sintaxe
- 2 - Videoaula sobre figuras de construção ou de sintaxe
- 3 - O que são as figuras de construção?
- 4 - Quais são as figuras de construção?
- 5 - Exercícios resolvidos sobre figuras de construção
Resumo sobre as figuras de construção ou sintaxe
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Figuras de construção são figuras de linguagem relacionadas a construções frasais incomuns.
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Elipse é a ocultação de uma palavra ou expressão na estrutura do enunciado.
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Zeugma é um tipo de elipse em que ocorre a ocultação de um termo já mencionado na frase.
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Anáfora é a repetição de um ou mais termos no início de versos ou frases.
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Pleonasmo é a repetição intencional com o objetivo de enfatizar uma ideia.
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Anacoluto é a falta de conexão sintática entre o início da frase e a sequência de ideias.
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Silepse é a concordância ideológica e não gramatical.
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Hipérbato é a inversão da ordem direta de uma oração.
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Polissíndeto é a repetição de conjunção coordenativa; principalmente, da conjunção “e”.
Videoaula sobre figuras de construção ou de sintaxe
O que são as figuras de construção?
As figuras de construção ou sintaxe são figuras de linguagem caracterizadas por construções frasais que se desviam de uma estrutura gramatical comum. É o que se pode verificar, por exemplo, na frase “Entrou Edna em sua bonita casa”, que se afasta da estrutura usual, isto é, “Edna entrou em sua casa bonita”.
Quais são as figuras de construção?
Existem as seguintes figuras de construção:
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Elipse
É quando uma palavra ou expressão está oculta na estrutura da frase:
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Belo canalha, o Leandro.
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Quando entrei na loja, fiquei fascinado com aquele terno e perguntei ao dono: “Quanto custa?”.
Nesses enunciados, estão implícitos o verbo “ser” (“Belo canalha é o Leandro”), o pronome “eu” (entrei, fiquei, perguntei) e as expressões “da loja” e “o terno” (“dono da loja” e “quanto custa o terno”). Porém, os dois últimos casos são um tipo especial de elipse, como veremos a seguir.
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Zeugma
É uma forma de elipse caracterizada pela ocultação de um termo ou expressão já mencionada no enunciado:
Amo a canção Preciso me encontrar, na voz de Cartola; e também, O mundo é um moinho.
Nesse exemplo, a oração “amo a canção”, mencionada no início do enunciado, está implícita neste trecho: “e também amo a canção O mundo é um moinho”.
Leia também: Metáfora — figura de linguagem que consiste em fazer uma comparação implícita
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Anáfora
É a repetição de um ou mais termos no início de versos ou frases:
Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense,
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!
No trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), podemos verificar a presença da anáfora “se você”.
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Pleonasmo
É a repetição de algum termo da frase com o intuito de dar ênfase a uma ideia:
Nicanor sorriu um sorriso triste ao se despedir, para sempre, de seu grande amigo.
Para enfatizar a forma de sorrir, um enunciador pode utilizar o pleonasmo.
Mas atenção! Expressões como “entrar para dentro” e “sair para fora” são consideradas vícios de linguagem — o chamado “pleonasmo vicioso” —, pois não são usadas para enfatizar uma ideia, já que não passam de um vício, costume ou mania.
Confira em nosso podcast: Pleonasmos viciosos mais comuns da língua portuguesa
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Anacoluto
É a falta de conexão sintática entre o início da frase e a sequência de ideias:
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Rico todo mundo sabe que dinheiro não compra educação.
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Eu não me importam seus problemas pessoais.
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Silepse ou concordância ideológica
É a concordância com a ideia e não com um termo da frase:
→ Silepse de gênero
Não me esqueço do dia em que cheguei à maravilhosa Rio de Janeiro.
O emissor dessa frase faz a concordância de acordo com a ideia de que o Rio de Janeiro é uma cidade.
→ Silepse de número
O povo dessa vez não ficou calado, e exigiam seus direitos, sem reclamar dos deveres.
O enunciador, nesse caso, faz a concordância com a ideia de que “povo” é um conjunto de pessoas. Então, diz que “o povo exigiam”, em vez de “o povo exigia”.
→ Silepse de pessoa
Todas as mulheres somos reprimidas por uma sociedade machista.
Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “ser” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se inclui entre as mulheres. Mas esse detalhe se perderia caso ela fizesse a concordância gramatical: “Todas as mulheres são reprimidas por uma sociedade machista”.
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Hipérbato
É a inversão da ordem direta — sujeito, verbo, complemento ou predicativo — de uma oração:
À sorveteria para tomar sorvete de morango fui.
A ordem direta dessa frase é:
Fui à sorveteria para tomar sorvete de morango.
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Polissíndeto
É a repetição de conjunção coordenativa, principalmente da conjunção “e”:
Eles gritam, e cantam, e choram, e comemoram assim a vitória.
Exercícios resolvidos sobre figuras de construção
Questão 1 - (Enem)
Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:
A) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...].”
C) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”
D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...].”
E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”
Resolução
Alternativa E. Está implícita a expressão “ele” ou “o segundo”: “Supõe-se que [ele/ o segundo] fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado”.
Questão 2 – (Vunesp) Na frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô”, encontramos a figura de linguagem chamada:
A) silepse de pessoa.
B) elipse.
C) anacoluto.
D) hipérbole.
E) silepse de número.
Resolução
Alternativa E. Na expressão “O pessoal estão exagerando”, o enunciador, isto é, o camelô, faz a concordância com a ideia de que “pessoal” é uma palavra que se refere a um conjunto de pessoas. Por isso, o verbo “estar” foi colocado na terceira pessoa do plural.
Por Warley Souza
Professor de Gramática