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As danças folclóricas são expressões culturais que envolvem movimentos corporais coreografados, vestimentas e músicas. Essas manifestações desenvolvem sentido de pertencimento a determinada identidade cultural.
Por meio dessas danças populares, as tradições regionais são compartilhadas e ensinadas. Assim, essas práticas se tornam mecanismos de preservação de costumes e aspectos de cada cultura.
No Brasil, a diversidade étnico-racial, característica marcante do país, é advinda de diferentes povos: indígenas, africanos e europeus. Esse processo de miscigenação produziu diferentes tipos de manifestações, tais como as práticas corporais das danças folclóricas.
Leia também: Folclore brasileiro — as manifestações da nossa cultura popular
Tópicos deste artigo
- 1 - Lista com as principais danças folclóricas que existem no Brasil
- 2 - Características das danças folclóricas do Brasil
- 3 - Danças folclóricas do mundo
Lista com as principais danças folclóricas que existem no Brasil
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Baião
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Bate-coxa
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Batuque
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Bumba meu boi
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Cacuriá
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Caninha-verde
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Carimbó
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Catira
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Chula
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Coco alagoana
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Congada
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Çairé
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Dança do siriá
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Dança da fita
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Dança do boi de mamão
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Fandango
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Frevo
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Jongo
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Lundu
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Marabaixo
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Maracatu
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Marujada
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Pezinho
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Pastoris
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Pericom
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Quadrilha
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Reisado
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Samba de roda
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Samba de matuto
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Ticumbi
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Xaxado
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Xote
Características das danças folclóricas do Brasil
Veja a seguir as principais características de algumas das mais conhecidas danças folclóricas que existem no Brasil.
→ Baião
O baião é tanto um tipo de dança quanto um gênero musical criado no Nordeste. O principal nome do ritmo é Luís Gonzaga, cantor e compositor de destaque na música brasileira.
As principais influências dos movimentos foram as danças indígenas cateretê ou cururu e as danças africanas lundu, calango e batuque.
No baião, forma-se uma roda pelo público, e a dança é realizada ao centro, em pares. O acompanhamento é feito pelo violão, e os desafios são cantados. Entre os passos estão o de calcanhar, o de ajoelhar, o rodopio e o balanceio.
→ Bumba meu boi
O bumba meu boi consiste em uma festa popular que surgiu no Nordeste no século XVIII. Nos estados do Norte, o nome é boi-bumbá.
A manifestação envolve ritmos musicais, encenações teatrais, instrumentos, vestimentas específicas e os movimentos da dança. O sincretismo da festa mistura elementos como os santos juninos, os orixás e seres mágicos.
A dança encenada e a coreografa são realizadas com base no auto do boi, uma narrativa que deu origem à tradição. O conto popular narra a história de um boi que foi sacrificado para satisfazer o desejo de uma mulher escravizada. No final, ele é ressuscitado, e o dono da fazenda promove uma festa como forma de agradecimento.
A prática é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Veja também: Folia de Reis — uma festa e tradição popular católica muito celebrada em alguns estados do Brasil
→ Caninha-verde
A caninha-verde é uma dança de origem portuguesa que chegou ao Brasil no período do ciclo da cana-de-açúcar. Ela foi repercutida ao longo do tempo em regiões canavieiras, do Sul ao Nordeste. Em alguns locais, faz parte da tradição fandango. No Ceará, manifesta-se de forma independente.
A prática conta com a encenação de uma narrativa popular caracterizada pelo enredo de um casamento. A dança consiste em duas rodas, uma formada por homens, e a outra, por mulheres, que dançam em sentidos opostos. O revezamento de lugar que faz novos pares é feito sem que os participantes toquem um ao outro. As batidas das mãos são executadas quando os pares ficam de frente.
Cada região conta com particularidades. Em Minas Gerais, por exemplo, há a dança em que os pares mudam ao longo de toda a apresentação. O nome dessa forma de dançar é cana-verde-de-passagem.
→ Carimbó
O carimbó é uma manifestação nortista que retrata a vida na região amazônica, a pesca, a agricultura e as narrativas da vida de suas comunidades. Nos versos e cantos, o imaginário amazônico, com suas lendas e mitos, é representado.
A região litorânea do Pará, em Salgado, foi o local onde a prática começou a ser desenvolvida. Pesquisadores apontam que o carimbó foi criado pelos indígenas tupinambás. Com a chegada dos negros escravizados, a tradição ganhou novas formas de se manifestar. Atualmente, o carimbó é considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
Os dançarinos ficam descalços, e as mulheres usam grandes saias coloridas, blusas geralmente de cor lisa e acessórios como pulseiras e colares feitos de sementes.
A apresentação da dança é feita em pares. O convite é feito pelos homens, que vão em direção às mulheres batendo palmas. Os giros contínuos feitos pelos pares foram um grande círculo, que também gira no senti anti-horário.
O “Peru de Atalaia” é um momento da dança em que os homens são desafiados pelas parceiras a pegar com a boca um pedaço de lenço deixado no chão. Caso ele não consiga cumprir a tarefa, a parceira atinge seu rosto com a barra da saia.
→ Catira
Também conhecida como cateretê, a catira é uma prática brasileira que começou a ser realizada no início do período colonial. A dança é realizada nas regiões interioranas do país, sendo popular nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.
O sapateado, elemento central da catira, é executado ao som das palmas e violas. Geralmente, é feito por um grupo de pessoas do mesmo gênero.
O violeiro inicia o “rasqueado”, e assim os dançarinos realizam a “escova”, que significa um rápido bate-pé e mão junto a seis pulos. É cantada então uma parte da moda de viola, e depois o violeiro retorna ao rasqueado junto à escova dos dançarinos. Os versos da moda de viola são cantados posteriormente.
No encerramento, os participantes da dança fazem a figura “serra acima”, uns atrás dos outros, da esquerda para direita, batendo os pés e as mãos. Após a volta ser completada, eles voltam e fazem os mesmos movimentos no sentido contrário, fazendo a “serra abaixo”.
→ Fandango
O fandango é uma dança folclórica que foi criada na Espanha e chegou ao Brasil pelos portugueses. A coreografia é marcada pelos bailados e sapateados. O improviso é um elemento da dança. Entre os instrumentos utilizados nas apresentações estão a viola, sanfona, rebeca e maxixe.
Os tipos de danças no fandango são conhecidos como marcas. Entre as marcas do fandango estão as batidas, as valsadas e as mistas.
Nas marcas batidas, os homens que dançam não se aproximam das mulheres e eles batem os tamancos no chão. Os encontros de corpos nessa modalidade acontecem nos momentos da ponte, com balanceios e giros.
No fandango bailado não há a presença do sapateado. Os dançarinos seguem juntos de acordo com o ritmo da música conforme uma dança de salão, com giros em sentido anti-horário.
As coreografias simples, indicadas aos iniciantes, chamam-se anu e sinsará. Já as mais complexas são conhecidas por queromana e tonta.
→ Frevo
O frevo é uma manifestação que surgiu no final do século XIX nas festas carnavalescas de Recife, capital de Pernambuco. Esse ritmo de Carnaval foi influenciado pelo maxixe, tango, polca, marchas e dobrados.
Os movimentos corporais do frevo receberam influência da capoeira. Os passos são marcados por movimentos nos planos baixo, médio e alto, com flexões de joelhos. São mais de 100 passos catalogados da dança, que mistura capoeira, cossacos e balé.
Nos blocos, os passistas de frevo realizam movimentos mais complexos, que exigem habilidades acrobáticas.
Saiba mais: Qual é a história do Carnaval?
→ Maracatu
O maracatu surgiu no período colonial e é uma manifestação popular que relaciona música e dança. Há a mistura de elementos africanos, indígenas e portugueses nessa expressão.
O estado de origem foi Pernambuco, em meados do século XVIII. Esse movimento cultural é um dos mais importantes do Nordeste.
Na dança do maracatu, os aspectos do corpo são importantes na execução da prática. Os pés não se arrastam e se movimentam de acordo com o baque. Os braços ficam no máximo na altura do ombro, não sendo permitido com que eles ultrapassem o rosto para que não atrapalhe a visão.
O olhar é um elemento essencial no maracatu. Durante o giro, o olhar acompanha os ombros. A expressão facial mostra um sorriso nesse momento. Durante a apresentação de cortejo, os dançarinos sempre se voltam para seu público. A postura dos participantes deve ser marcada pelo peito alongado, olhos atentos e sorriso no rosto.
→ Quadrilha
A quadrilha é uma dança tradicional das festas juninas. A origem dessa manifestação está associada aos povos arianos e romanos da Idade Antiga. Ao longo do tempo, com as influências da Igreja Católica, a prática passou a homenagear santos padroeiros, como Santo Antônio, São João e São Pedro.
O nome foi escolhido pois antigamente se dançava com quatro ou oito casais que formavam um quadrado. Atualmente, a dança é formada por pares que formam um grande círculo. A vestimenta é caracterizada por uma indumentária caipira.
O roteiro é composto por diferentes tipos de passos que conduzem a dança, tais como a dança de cavalos, olha a cobra, olha a chuva, troca de parceiros, caminho da roça, túnel, caracol, a grande roda, entre outros.
Na quadrilha, há também a realização do tradicional casamento caipira, composto por uma encenação teatral durante a festa junina.
Saiba também: Curiosidades da festa junina
→ Samba de roda
O samba de roda possui raízes africanas e começou a ser realizado por aqui na Bahia, especialmente na região do Recôncavo Baiano. Os instrumentos utilizados são o pandeiro, o prato-de-face e a viola.
Entre as características da coreografia do samba de roda estão a roda, a umbigada e o miudinho. Na roda, estão os músicos e as pessoas que cantam em coro e batendo palmas, esperando o momento para entrarem individualmente no centro da roda. As mulheres predominam na dança do samba de roda.
A umbigada é a sinalização da escolha do próximo a dançar, realizada pelo encontro dos corpos em suas regiões ventrais.
O miudinho é feito com movimentos curtos com os pés, quase imperceptíveis, sem sair do chão. Outros passos são o corta-jaca, separa-o-visgo e apanha-o-fogo.
O samba de roda do Recôncavo Baiano foi o primeiro patrimônio cultural brasileiro reconhecido pela Unesco, em 2005.
Danças folclóricas do mundo
As danças folclóricas fazem parte da diversidade de culturas de todos os continentes do mundo. Veja a seguir alguns tipos de danças presentes no mundo:
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cumbia, na Colômbia;
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footwork, nos Estados Unidos;
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hopak, na Ucrânia;
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kathakali, na Índia;
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ote’a, na Polinésia Francesa;
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zaouli, na Costa do Marfim.
Créditos de imagem
[1] Joa Souza / Shutterstock
[2] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Érica Catarina Pontes / Shutterstock
[4] Mapa Cultural de Guaramiranga / Prefeitura de Guaramiranga (reprodução)
[5] Francisco Braz / Wikimedia Commons (reprodução)
[6] Cristina Gallo / Ministério da Cultura / Wikimedia Commons (reprodução)
[7] Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (reprodução)
[8] Elysangela Freitas / Shutterstock
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Por Lucas Afonso
Jornalista