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O bumba meu boi é uma festa popular, com predominância nas regiões Norte e Nordeste, que teve origem no folclore brasileiro. A festividade é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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Tópicos deste artigo
- 1 - Origem do bumba meu boi
- 2 - Repressão e preconceito contra as festas do bumba meu boi
- 3 - Nomes do bumba meu boi em diferentes estados
- 4 - Como é a festa do bumba meu boi?
- 5 - Personagens do bumba meu boi
- 6 - Quando acontece o bumba meu boi?
- 7 - Boi-bumbá de Parintins
Origem do bumba meu boi
O bumba meu boi surgiu na região Nordeste, no século XVIII, época em que o gado era de extrema importância na economia local. Além disso, o boi é um animal com diferentes simbologias ao longo da história, o que contribuiu para o seu protagonismo no folclore regional.
As festas de boi, como são chamadas as celebrações como o bumba meu boi, inspiram-se no auto do boi, um conto popular passado por gerações que traz o seguinte enredo:
Mãe Catirina e Pai Francisco é um casal de escravizados que vive em uma fazenda no sertão. Grávida, Catirina sente o desejo de comer a língua do boi mais bonito do dono da fazenda. Para satisfazer o desejo de sua mulher, Pai Francisco rouba o boi preferido do dono da fazenda, mata o animal e retira a língua para que sua esposa possa comê-la.
O vaqueiro fica sabendo do roubo e da morte do boi e avisa seu patrão. Enfurecido, o dono das terras jura vingança e parte em busca do casal. No fim do auto, os personagens conseguem ressuscitar o boi, e, como agradecimento, o dono da fazenda promove uma festa.
O auto do boi retrata as diferentes visões sobre o boi e a sua imponência. Para os escravizados e trabalhadores rurais, o animal era companheiro de trabalho e sinônimo de força. Para os proprietários de fazendas, investimento seguro e uma fonte de renda.
Repressão e preconceito contra as festas do bumba meu boi
Os primeiros registros oficiais do bumba meu boi, no Maranhão, mostram que a festividade era predominante entre os negros, o que gerou um descontentamento na sociedade elitista da época. Em 1861, a manifestação cultural foi proibida, sofrendo uma paralisação de sete anos.
Durante o período em que o boi esteve parado, entrou em vigor o Código de Posturas de São Luís, pela Lei Provincial, em 4 de julho de 1866. Seu artigo 4º “proibia a realização de batuques fora dos lugares permitidos pelas autoridades competentes”.
Mesmo com a volta dos folguedos, os responsáveis pelo bumba meu boi tinham que pedir, por requerimento, a autorização da polícia para que pudessem ensaiar e sair para se apresentar nos dias das Festas Juninas. A burocracia durou de 1876 a 1913.
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Nomes do bumba meu boi em diferentes estados
Bumba meu boi é o nome adotado no Maranhão, estado em que a festa é parte fundamental da cultura de seu povo. No entanto, a manifestação cultural muda de nome em diferentes partes do país, veja:
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Boi-bumbá: Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Festa em junho, assim como o bumba meu boi.
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Boi de São João: Ceará, na Festa Junina.
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Boi-calemba: Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
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Boizinho: Rio de Janeiro e São Paulo, no Carnaval.
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Boi de jacá: São Paulo.
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Boi-pintadinho: Rio de Janeiro.
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Boi de mamão: Santa Catarina e Paraná, no Natal.
Como é a festa do bumba meu boi?
O bumba meu boi do Maranhão tem uma grande influência do catolicismo, sendo São João considerado o seu principal padroeiro. No entanto, os foliões dividem sua devoção também com São Pedro e São Marçal.
Apesar da predominância cristã nos simbolismos, o sincretismo está presente ao misturar os santos juninos, os orixás e seres mágicos. Algumas versões do folguedo contam com cultos afro-brasileiros, como tambor de mina e terecô.
No bumba meu boi, os diferentes estilos dos grupos que encenam o auto do boi são chamados de sotaques. O que os diferencia são os ritmos musicais, os instrumentos e as vestimentas.
Os principais sotaques do Maranhão são: baixada, matraca, zabumba, costa de mão e orquestra.
Personagens do bumba meu boi
Tradicionalmente a encenação do auto do boi durante a festa do bumba meu boi tem alguns personagens fixos.
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Brincantes: apesar de não ser um personagem, o público é parte fundamental do bumba meu boi. Quem acompanha os festejos, interagindo ou não com os personagens, é chamado de brincante.
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Boi: é o principal personagem da festa, e o enredo gira em torno dele. A pessoa que conduz o boneco e fica em seu interior durante o ciclo festivo é chamada de miolo.
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Casal: Pai Francisco e Mãe Catirina representam os escravizados (em algumas versões, os trabalhadores rurais). Pai Francisco rouba o boi mais bonito do fazendeiro, mata o animal e lhe corta a língua para que Mãe Catirina possa comê-la e acabar com o seu desejo. É comum que Mãe Catirina seja representada por um homem vestido de mulher durante os festejos do boi.
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Dono da fazenda: é o proprietário do boi. Ele é o responsável pela caçada ao casal que causou a morte do animal.
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Vaqueiro, índios e caboclos: personagens secundários da história, eles estão presentes durante a procura ao boi e a perseguição ao casal.
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Músicos: os personagens são acompanhados por bandas de diferentes ritmos. O Maranhão, por exemplo, tem a tradição dos chamados sotaques, grupos folclóricos de diferentes estilos musicais.
Quando acontece o bumba meu boi?
O ciclo festivo do bumba meu boi tem seu auge em junho, durante as Festas Juninas do Nordeste. Inclusive, o folguedo tem um dia só seu: 30 de junho. No entanto, é possível encontrar festas de boi em outros períodos do ano, em outras partes do Brasil.
O ciclo festivo do boi é composto pelo ensaio, batismo do boi, apresentações e morte.
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Ensaio: é a preparação dos foliões para o folguedo do ano.
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Batismo do boi: é quando o padroeiro da festa abençoa o boi.
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Apresentações: é o auge da festa do boi. As apresentações, ou brincadeiras, costumam ser realizadas em junho. É comum que as encenações sejam nas Festas Juninas, mas também podem ser feitas em outros ambientes.
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Morte: é a finalização do ciclo festivo, sendo mais comum no fim de julho.
Boi-bumbá de Parintins
O boi-bumbá de Parintins é a versão amazonense do bumba meu boi. A celebração foi levada ao Amazonas por maranhenses que migraram para o estado para trabalhar com a extração de borracha, no século XX.
Em 1964, a cidade de Parintins recebeu o primeiro festival oficial do boi-bumbá, evento chamado na época de Toada Amazônica, nome de influência indígena. Aliás, a temática da festa é predominantemente voltada para a cultura indígena, para os povos que fizeram e fazem história na região amazônica, como Chico Mendes, e para as lendas e seres místicos da cultura do Norte brasileiro.
O festival é realizado no fim do mês de junho, no Centro Cultural de Parintins, mais conhecido como bumbódromo. Na ocasião, os bois Caprichoso e Garantido disputam o título. Diferentemente dos sotaques maranhenses, o boi-bumbá conta com a marujada do Caprichoso e a batucada do Garantido.
O Festival de Parintins é uma festa que conta com mais de 38 mil espectadores por ano, gerando aproximadamente cinco mil empregos, estimulando o turismo, aquecendo a economia e propagando a cultura.
Crédito das imagens
[1] Erica Catarina Pontes / Shutterstock
Por Lorraine Vilela
Jornalista