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Os gêneros literários são três: narrativo ou épico, lírico e dramático. O narrativo está relacionado à contação de uma história e, por isso, apresenta narrador, personagens, trama, tempo e espaço. O lírico se refere a textos extremamente subjetivos e conotativos, que podem ser escritos em verso ou prosa.
A teorização em torno da questão dos gêneros literários teve início na Antiguidade, com filósofos como Platão e Aristóteles. Nessa época, além das epopeias, o teatro era bastante valorizado. Assim, o texto teatral faz parte do gênero dramático e apresenta atos, cenas, rubricas e falas.
Leia também: Diferenças entre linguagem literária e linguagem não literária
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre os gêneros literários
- 2 - Videoaula sobre os gêneros literários
- 3 - Tipos de gêneros literários
- 4 - Origem dos gêneros literários
Resumo sobre os gêneros literários
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Os gêneros literários são: narrativo ou épico, lírico e dramático.
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O gênero narrativo se refere a textos que contam histórias.
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O gênero lírico está relacionado a textos subjetivos e plurissignificativos.
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O gênero dramático faz referência a textos produzidos para serem encenados.
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A origem dos gêneros literários remonta à Antiguidade.
Videoaula sobre os gêneros literários
Tipos de gêneros literários
1) Gênero narrativo ou épico
O gênero narrativo está relacionado a textos que contam uma história. Já o gênero épico, além de possuir características narrativas, deve apresentar um herói. Tais textos são compostos por narrador, enredo ou trama, personagens, tempo e espaço.
→ Subgêneros do gênero narrativo
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Epopeias: são narrativas escritas em verso (com o passar do tempo, as epopeias foram substituídas pelo romance). São exemplos:
- A Ilíada e a Odisseia, ambas do poeta grego Homero;
- Eneida, de Virgílio;
- Os Lusíadas, de Camões;
- O Uraguai, de Basílio da Gama.
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Romance: é uma longa narrativa escrita em forma de prosa. São exemplos:
- Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe;
- Madame Bovary, de Gustave Flaubert;
- Dom Casmurro, de Machado de Assis;
- Macunaíma, de Mário de Andrade;
- Ulisses, de James Joyce;
- 1984, de George Orwell; e tantos outros.
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Contos e novelas: o conto é uma pequena narrativa, já a novela é uma narrativa de tamanho intermediário entre o conto e o romance. Duas famosas novelas brasileiras são O alienista, de Machado de Assis, e A hora da estrela, de Clarice Lispector. Já o conto O segredo de Brokeback Mountain, de Annie Proulx, ficou mundialmente famoso quando foi adaptado para o cinema.
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Fábulas: são contos cujos personagens são animais. Esse tipo de narrativa sempre apresenta uma lição de moral. Nesse sentido, é possível citar algumas clássicas fábulas de Jean de la Fontaine, como:
- A lebre e a tartaruga;
- A raposa e a cegonha;
- A raposa e as uvas;
- O leão e o rato.
Por fim, observe que, neste trecho de Os Lusíadas, a história é contada por meio de versos:
Mas o Mouro, instruído nos enganos
Que o malévolo Baco lhe ensinara,
De morte ou cativeiro novos danos,
Antes que à Índia chegue, lhe prepara.
Dando razão dos portos Indianos,
Também tudo o que pede lhe declara,
Que, havendo por verdade o que dizia,
De nada a forte gente se temia.CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São Paulo: Martin Claret, 2000.
Já neste trecho de A hora da estrela, temos uma narrativa em forma de prosa:
Da terceira vez em que se encontraram — pois não é que estava chovendo? — o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:
— Você também só sabe é mesmo chover!
— Desculpe.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Leia também: Luís Vaz de Camões — autor do mais famoso texto épico da língua portuguesa
2) Gênero lírico
O gênero lírico está relacionado a textos que expressam emoções, desejos ou ideias de forma plurissignificativa, ou seja, eles recorrem mais à conotação do que à denotação. Assim, as poesias são textos líricos que podem ser escritos em forma de verso ou de prosa. No segundo caso, temos a famosa prosa poética:
Por uma doirada tarde azul, em que os rios, após as chuvas torrenciais, sonorizam cristalinamente os bosques, os camponeses de uma vila risonha, numa unção bíblica, conduziam ao tranquilo cemitério florido o loiro cadáver branco de uma virgem noiva, morta de amor, tão bela e tão nova, umedecida no féretro, como se tivesse acabado de nascer da rosada luz da manhã.
Infantil ainda, viera outrora da Alemanha através de castelos feudais, de montanhas alpestres, de árvores
velhas e enevoadas...
[...]CRUZ E SOUSA. Lenda dos campos. In: PÉREZ, José (Org.). Cruz e Sousa: prosa. 2. ed. São Paulo: Cultura, 1945.
→ Subgêneros do gênero lírico
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Ode: o eu lírico homenageia algo ou alguém, como é possível observar no trecho seguinte de um poema de Horácio, traduzido por Beethoven Alvarez:
Que jovem cheio de graça, em perfumes banhado,
deseja-te assim, Pirra, em mil rosas deitado,
numa doce gruta? Tu enfeixas
a quem tuas louras madeixas,com singelo primor? Ah!... a crença em ti quanto
chorará e infiéis os deuses. Com espanto
como admirará negros ventos
cresparem mares violentos,
[...]SILVA, A. C. et al. (Orgs.). As fronteiras da Antiguidade Clássica. Rio de Janeiro: Metáfora, 2017.
Seguramente não sou eu
Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história.
É antes uma vontade indizível de te falar docemente
De te lembrar tanta aventura vivida, tanto meandro de ternura
Neste momento de solidão e desmesurado perigo em que me encontro.
Talvez seja o menino que um dia escreveu um soneto para o dia de teus anos
E te confessava um terrível pudor de amar, e que chorava às escondidas
Porque via em muitos dúvidas sobre uma inteligência que ele estimava genial.
[...]MORAES, Vinicius de. Elegia ao primeiro amigo. In:______. Nova antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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Madrigal: apresenta caráter pastoril e heroico:
Suave fonte pura,
Que desces murmurando sobre a areia,
Eu sei que a linda Glaura se recreia
Vendo em ti dos seus olhos a ternura;
Ela já te procura;
Ah! como vem formosa e sem desgosto!
Não lhe pintes o rosto:
Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade,
Meu terno amor, minha infeliz saudade.SILVA ALVARENGA. Glaura. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943.
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Epitalâmio: enaltece o casamento:
Vejo os Cisnes das penas prateadas
Trazer do Céu sobre o fecundo leito
Fitas de rosas no pescoço atadas,
Estrelas de oiro no encrespado peito.
Já dão caminho as nuvens enroladas,
Já sente a terra o amoroso efeito.
Deixa rasto de luzes no ar que trilha
A bela Deusa das escumas filha.GAMA, José Basílio da. Obras poéticas de Basílio da Gama. São Paulo: Edusp, 1996.
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Écloga: possui aspecto pastoril e apresenta diálogos:
Melibeu:
Títiro, tu, sentado embaixo da ampla faia,
tocas na tênue flauta uma canção silvestre;
nós deixamos a pátria e estas doces pastagens;
nós fugimos, e tu, tranquilo à sombra, Títiro,
levas selva a ecoar Amarílis formosa.Títiro:
Ó Melibeu, um deus, a nós, este ócio fez:
Ele sempre será meu deus; que o altar dele,
tenra ovelha de nosso aprisco sempre embeba.
Bem vês, ele deixou meu rebanho pastar
e eu tocar o que bem quiser em flauta agreste.
[...]VIRGÍLIO. Bucólicas: edição bilíngue. Tradução de Raimundo Carvalho. Belo Horizonte: Crisálida, 2005.
3) Gênero dramático
O gênero dramático está relacionado a textos produzidos para serem interpretados por atores. Tais textos são compostos por atos, cenas, rubricas (instruções do dramaturgo) e falas.
→ Subgêneros do gênero dramático
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Tragédias: são textos dramáticos de caráter funesto, trágico. São famosas as tragédias gregas, tais como:
- Édipo rei, de Sófocles;
- Prometeu acorrentado, de Ésquilo; e
- Medeia, de Eurípides.
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Comédias: são textos cômicos, engraçados, com situações e personagens ridículos. No Brasil, O noviço, de Martins Pena, e o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, são comédias bastante conhecidas. Aliás, a peça de Suassuna, além de uma comédia, é também um auto.
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Auto: se refere a textos dramáticos que apresentam caráter moral, místico ou satírico. Um auto bastante conhecido é o clássico Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.
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Farsa: é uma peça cômica com apenas um ato. É o caso da Farsa de Inês Pereira, também do escritor português Gil Vicente:
MÃE Tomai aquela cadeira.
PÊRO E que val aqui uma destas?
INÊS (Ó Jesu! que João das bestas!
Olhai aquela canseira!)Assentou-se com as costas pera elas, e diz:
PÊRO Eu cuido que não estou bem...
MÃE Como vos chamais, amigo?
PÊRO Eu Pêro Marques me digo,
Como meu pai que Deos tem.
Faleceu, perdoe-lhe Deos,
Que fora bem escusado,
E ficamos dous eréos.
Porém meu é o mor gado.MÃE De morgado é vosso estado?
Isso viria dos céus.
[...]VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, 1998.
Origem dos gêneros literários
A divisão dos textos literários em gêneros ocorreu na Antiguidade. Foram filósofos como Platão (428-347 a. C.) e Aristóteles (384-322 a. C.) que, pela primeira vez, falaram em gêneros literários. Desse modo, colocaram em evidência não só o gênero lírico, mas, principalmente, o dramático e o épico.
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.
ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Tradução de Jaime Bruna. 7. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Editora Lê, 1994.
Por Warley Souza
Professor de Literatura