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Madrigal é um texto lírico que possui conteúdo amoroso, bucólico e pastoril. Estruturalmente, é um poema monostrófico com versos alternados em hexassílabos e decassílabos. Esse tipo de poema surgiu no século XIV, na Itália. Mas alcançou popularidade e se espalhou para outros países da Europa no século XVI.
Leia também: Elegia — o texto poético de caráter melancólico
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre madrigal
- 2 - O que é madrigal?
- 3 - Características do madrigal
- 4 - Poetas do madrigal
- 5 - Poemas do madrigal
- 6 - Madrigal no Brasil
- 7 - Origem do madrigal
Resumo sobre madrigal
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O madrigal é um texto poético de temática amorosa e bucólica.
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Ele possui apenas uma estrofe, com versos alternados em hexassílabos e decassílabos.
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Fizeram madrigais poetas como Bocage, Silva Alvarenga, Quevedo e Góngora.
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O madrigal surgiu na Itália no século XIV, chegando a Portugal no século XVI.
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No Brasil, o madrigal passou a ser composto no século XVIII, durante o arcadismo.
O que é madrigal?
O madrigal é uma composição poética, com temática amorosa e bucólica. É um poema curto, galante, gracioso e sutil.
Características do madrigal
Originalmente, apresentava dois a três tercetos, além de um ou dois dísticos. Possuía também versos decassílabos e rimas. Após mudanças no decorrer do tempo, assumiu esta estrutura:
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monostrófico;
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estrofe com aproximadamente dez versos;
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versos hexassílabos e decassílabos alternados.
No mais, o madrigal apresenta elementos pastoris e temática amorosa.
Poetas do madrigal
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Torquato Tasso (1544-1595) — Itália.
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Jean Bertaut (1552-1611) — França.
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Luis de Góngora (1561-1627) — Espanha.
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Francisco de Quevedo (1580-1645) — Espanha.
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William Drummond of Hawthornden (1585-1649) — Escócia.
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Manuel de Faria e Sousa (1590-1649) — Portugal.
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Francisco Manuel de Melo (1608-1666) — Portugal.
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Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) — Brasil.
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Filinto Elísio (1734-1819) — Portugal.
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Silva Alvarenga (1749-1814) — Brasil.
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Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) — Portugal.
Poemas do madrigal
Neste madrigal do poeta brasileiro Silva Alvarenga, o eu lírico fala do amor personificado, ou seja, Cupido, que se oculta em seu peito. Quanto à estrutura, o poema apresenta uma estrofe de oito versos alternados em hexassílabos e decassílabos. Apesar de não deixar explícito o ambiente bucólico, os versos falam de amor:
Ninfas, e belas Graças,
O Amor se oculta, e não sabeis aonde:
As vossas ameaças
Ele ouve, espreita, ri-se, e não responde.
Mas, ah! cruel! e agora me traspassas?
Ninfas, e belas Graças,
O Amor se oculta; eu já vos mostro aonde;
Neste peito (ai de mim!) o Amor se esconde.
Já no madrigal de Bocage, poeta português, o eu lírico mostra, com sutileza erótica, o contato do vento com o seio e o rosto da amada. Porém, não é o vento que ele teme, mas o suspiro de “audaz ternura” que se disfarça no vento, o suspiro de um “astuto rival”, o qual seria uma ameaça ao amor do eu lírico:
Zéfiros, que brincais co’as tranças belas
Da minha doce Anália,
Voai às flores da viçosa Idália,
Bem que na graça e cor são menos que elas.
Não é por vós, Favônios, que a frescura
Trazeis ao níveo seio,
E à face melindrosa em que deliro:
É só porque receio
Que de astuto rival, de audaz ternura
Convosco se disfarce algum suspiro.
Estruturalmente, o poema possui uma estrofe de dez versos, que se alternam em hexassílabos e decassílabos. Além disso, apresenta temática amorosa ou erótica e caráter bucólico associado ao vento.
Leia também: Soneto — características e exemplos
Madrigal no Brasil
No Brasil, as primeiras composições do gênero ocorreram no século XVIII, durante o arcadismo. No século XIX, saiu de cena. Porém, retornou, esporadicamente, durante o modernismo brasileiro, no século XX, mas com versos livres e, portanto, sem elementos estruturais tradicionais.
Um exemplo é o “Madrigal tão engraçadinho”, de Manuel Bandeira, composto por um único longo verso, de caráter irônico:
Teresa você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha vida, inclusive o porquinho-da-índia que
[me deram quando eu tinha seis anos.
Vejamos agora um madrigal nos moldes tradicionais, composto por Silva Alvarenga. É constituído por uma única estrofe, com nove versos, que se alternam entre hexassílabos e decassílabos:
Suave fonte pura,
Que desces murmurando sobre a areia,
Eu sei que a linda Glaura se recreia
Vendo em ti de seus olhos a ternura:
Ela já te procura;
Ah! como vem formosa, e sem desgosto!
Não lhe pintes o rosto:
Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade
Meu terno amor, minha infeliz saudade.
Assim, o poema apresenta temática amorosa e ambiente bucólico, isto é, campestre.
Origem do madrigal
O madrigal surgiu no norte da Itália, no século XIV. Mas esteve em maior evidência no século XVI, quando se espalhou pela Europa, chegando a Portugal.
Fontes:
BANDEIRA, Manuel. Madrigal tão engraçadinho. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.
MOISÉS, Massaud. Madrigal. In: MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
PIRES, Daniel (org.). Obras completas de Bocage: sonetos, sátiras, odes, epístolas, idílios, apólogos, cantatas e elegias. Setúbal: Imprensa Nacional, 2018. tomo II.
SILVA ALVARENGA, Manuel Inácio da. Glaura: poemas eróticos. Lisboa: Oficina Nunesiana, 1799.