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O gênero narrativo refere-se aos textos que contam uma história. Para isso, é necessário um narrador ou narradora, personagem, enredo, tempo, e espaço. O narrador pode ser onisciente, observador ou personagem da narrativa, que pode conter um discurso direto, indireto ou indireto livre.
Assim, o gênero narrativo apresenta, entre outros, estes principais subgêneros:
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epopeia
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romance
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conto
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novela
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fábula
Leia também: Crônica narrativa – gênero textual marcado pela brevidade das ações
Tópicos deste artigo
- 1 - Estrutura da narrativa
- 2 - Tipos de discurso narrativo
- 3 - Subgêneros narrativos
- 4 - Classificação dos textos do gênero narrativo
- 5 - Resumo
- 6 - Exercícios resolvidos
Estrutura da narrativa
O texto do gênero narrativo conta uma história, o enredo, e apresenta os seguintes elementos:
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Narrador
É a voz narrativa, isto é, aquele ou aquela que conta a história. Portanto, não devemos confundir essa voz com a voz do autor, pois ela se configura, também, em uma estratégia ficcional.
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Narrador onisciente ou onipresente
Narrador em 3a pessoa, que tem conhecimento total das personagens, como pensamentos, intenções e detalhes de suas histórias individuais. Isso pode ser verificado no seguinte trecho do conto “Pílades e Orestes”, do livro Relíquias de casa velha (1906), de Machado de Assis, em que o narrador conhece até as sutis impressões da personagem Quintanilha:
“Quintanilha sentiu-lhe lágrimas na voz; assim lhe pareceu, ao menos. Pediu-lhe que guardasse o testamento; [...] só lhe respondia o som áspero da pena correndo no papel. [...]. A consulta dos livros era feita com tal melancolia que entristecia o outro.”
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Narrador observador
Narrador em 3a pessoa, que não tem conhecimento total das personagens, portanto, restringe-se a narrar suas ações. Assim como neste trecho da novela Pela noite (1983), de Caio Fernando Abreu (1948-1996):
“Voltou de repente e deu um salto para dentro da sala, a cara violenta, o punho fechado, estendido em direção à barriga do outro.”
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Narrador-personagem
Narrador em 1a pessoa. Assim, o próprio personagem conta a história, o que dá aos leitores uma visão parcial dos fatos. É o que acontece neste trecho do conto “Frederico Paciência”, do livro Contos novos (1947), de Mário de Andrade (1893-1945):
“Frederico Paciência estava maravilhoso, sujo do futebol, suado, corado, derramando vida. Me olhou com uma ternura sorridente. Talvez houvesse, havia um pouco de piedade.”
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Personagem
As personagens são os participantes da história, quem age ou quem é afetado pelo enredo, podendo ser planas (sem complexidade, superficial e previsível) ou redondas (complexa, com profundidade e imprevisível).
Assim, a personagem redonda ou esférica é muito semelhante a um ser real. Por exemplo, Capitu, personagem do livro Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis (1839-1908), é uma personagem redonda, já que é complexa a ponto de, até os nossos dias, não sabermos se ela era inocente da traição ou dissimulada.
Já como exemplo de personagens planas, podemos citar o vilão e o herói da série de livros infantil juvenil Harry Potter (1997-2007), de J. K. Rowling. Nessa obra, tanto Voldemort quanto Harry são previsíveis, pois se comportam da forma que um vilão e um herói comportam-se, pois representam a luta do bem contra o mal. Esse tipo de personagem é típico de narrativas de entretenimento, pois complexidade demais pode afastar leitores e leitoras que querem apenas “passar o tempo” e divertir-se.
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Tempo
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Tempo cronológico
Semelhante ao tempo do relógio, ou seja, regular, indicador dos segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos, enfim, o chamado tempo físico. Assim, passado, presente e a projeção do futuro são bem demarcados. Como exemplo, vamos ler o trecho do conto A nova Califórnia (1910), de Lima Barreto (1881-1922):
“Havia já anos que o químico vivia em Tubiacanga, quando, uma bela manhã, Bastos o viu entrar pela botica adentro. O prazer do farmacêutico foi imenso. O sábio não se dignara até aí visitar fosse quem fosse e, [...].”
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Tempo psicológico
Não está relacionado ao espaço, mas ao interior da personagem, é o tempo do fluxo de consciência, ocorrido na mente da personagem, portanto, é relativo, possibilitando a indefinição das fronteiras entre presente, passado e futuro. Como podemos ver neste trecho do romance A paixão segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector (1920-1977):
“Oh, meu amor desconhecido, lembra-te de que eu estava ali presa na mina desabada, e que a essa altura o quarto já se tornara de um familiar inexprimível, igual ao familiar verídico do sonho. E, como do sonho, o que não te posso reproduzir é a cor essencial de sua atmosfera. Como no sonho, a ‘lógica’ era outra, era uma que não faz sentido quando se acorda, pois a verdade maior do sonho se perde.
Mas lembra-te que isso tudo acontecia eu acordada e imobilizada pela luz do dia, e a verdade um sonho estava se passando sem a anestesia da noite. Dorme comigo acordado e só assim poderás saber de meu sono grande e saberás o que é o deserto vivo.
De súbito, ali sentada, um cansaço todo endurecido e sem nenhuma lassidão me tomara. Um pouco mais e ele me petrificaria.”
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Espaço
É o lugar onde acontece a trama (o enredo, a história contada na narrativa). A sua escolha pode ser aleatória, mas pode também estar diretamente associada às características da personagem, como no romance Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos (1892-1953). O espaço dessa narrativa, caracterizado pela seca, determina o caráter das personagens, que acabam assimilando, em suas personalidades, a brutalidade e sequidão do ambiente:
“Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as cercas, curava os animais — aproveitara um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?”
Veja também: Angústia: romance de Graciliano Ramos
Tipos de discurso narrativo
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Discurso direto
É a fala da personagem (ou das personagens). Observe este diálogo do livro Os Bruzundangas (1922), de Lima Barreto (1881-1922):
“— O doutor Sicrano já escreveu alguma coisa?
— Por que perguntas?
— Não dizem que ele vai ser eleito para a Academia de Letras?
— Não é preciso escrever coisa alguma, meu caro; entretanto, quando esteve na Europa, enviou lindas cartas aos amigos e...
— Quem as leu?
— Os amigos, certamente; e, demais, é um médico de grande clínica. Não é bastante?”
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Discurso indireto
O narrador ou narradora fala pela personagem. Como exemplo, destacamos este trecho do romance Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo:
“Quando fizeram silêncio, foi o soldado negro que se aproximou, dizendo se chamar Nestor e que, se Luandi quisesse, ele estaria empregado. Era para varrer, limpar, cuidar do asseio da delegacia. E como ele não sabia ler nem assinar, não poderia ser soldado.”
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Discurso indireto livre ou semi-indireto
É a reprodução do pensamento da personagem pelo narrador ou narradora. Isso é possível observar, ainda no livro Ponciá Vicêncio, neste trecho:
“Lembrou da missão que passara por uns tempos na sua terra. Foi naquela época que sua irmã Ponciá tinha aprendido a ler. Ele já acompanhava o pai nos trabalhos de roça. E a sua irmã? Já varara os quatro cantos da cidade, olhava as moças negras, procurando um rosto que fosse o dela. A irmã sabia ler, como estava sendo a vida dela?”
Subgêneros narrativos
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Epopeia: poema narrativo
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Romance: longa narrativa em prosa
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Conto: curta narrativa em prosa
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Novela: narrativa em prosa, com dimensões entre o conto e o romance
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Fábula: narrativa curta, protagonizada por animais e com uma moral
Classificação dos textos do gênero narrativo
Os textos narrativos podem ser assim classificados:
→ Monofônicos: focados sobre uma personagem, o protagonista. Exemplo: A metamorfose (1915), de Franz Kafka (1883-1924).
→ Polifônicos: focados sobre várias personagens. Exemplo: O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913).
→ Fechados: focados na ação e não na reflexão. Assim, não há abertura para a imaginação dos leitores, tudo é informado. Exemplo: romances policiais, pois devem apresentar uma solução para o mistério no final da obra, o que acontece em livros como A maldição do espelho (1962), de Agatha Christie (1890-1976), e em tantas obras da escritora.
→ Abertos: focados na reflexão e não na ação, nem tudo é expresso, o enredo apresenta lacunas que devem ser preenchidas pelos leitores. Exemplo: Dom Casmurro, de Machado de Assis. Até hoje não se sabe se Capitu traiu ou não seu marido e narrador da história, Bentinho.
→ Lineares ou progressivos: seguem uma sequência cronológica, e os fatos, os acontecimentos, são considerados mais importantes do que a reflexão. Exemplo: Harry Potter, de J. K. Rowling.
→ Verticais ou analíticos: há reflexão sobre os fatos ocorridos e sobre sua influência nas personagens. Por exemplo, este trecho de A metamorfose, de Franz Kafka:
“Ao ouvir essas palavras da mãe, Gregor reconheceu que a falta de qualquer comunicação humana imediata, ligada à vida uniforme em meio à família, no decorrer desses dois meses, deveria ter confundido seu entendimento, pois de outra forma ele não conseguia entender como poderia ter coragem de desejar a sério que seu quarto fosse esvaziado.”|1|
→ Psicológicos: centrados no funcionamento da mente humana, no pensamento das personagens ou dos narradores, em seus fragmentários estados de consciência. Portanto, nesse tipo de texto, é minimizada a importância dos fatos narrados e supervalorizada a expressão do pensamento, o que observamos neste trecho de A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector:
“E uma desilusão. Mas desilusão de quê? Se, sem ao menos sentir, eu mal devia estar tolerando minha organização apenas construída? Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto, se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não me era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.”
Observe que, no texto vertical ou analítico, a reflexão surge de um fato. Já no psicológico, o intenso fluxo de consciência independente de um fato em particular.
Veja também: Conto fantástico – gênero que extrapola os limites da realidade
Resumo
Estrutura da narrativa:
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Narrador:
- Onisciente ou onipresente
- Observador
- Personagem
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Personagem:
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plana
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redonda ou esférica
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Tempo:
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cronológico
-
psicológico
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Espaço
Tipos de discurso narrativo:
-
Direto
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Indireto
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Indireto livre ou semi-indireto
Subgêneros narrativos:
-
Epopeia
-
Romance
-
Conto
-
Novela
-
Fábula
Exercícios resolvidos
Questão 1 - (Enem)
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá pisadêra e pode morrê de ataque de cabeça! Despois do armoço num far-má... mais despois da janta?!
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador
a) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa usos próprios da linguagem regional das personagens.
c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as refeições.
d) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para demonstrar seu desrespeito às populações das zonas rurais do início do século XX.
e) manifesta preconceito em relação à Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros próprios da região.
Resolução
Alternativa A. No fragmento, o narrador em 3a pessoa apresenta os costumes da época, mas não faz julgamentos pessoais a respeito.
Questão 2 - (UFJF)
TEXTO 1:
Chiquinho Azevedo
(Gilberto Gil)
Chiquinho Azevedo
Garoto de Ipanema
Já salvou um menino
Na Praia, no Recife
Nesse dia Momó também estava com a gente
Levou-se o menino
Pra uma clínica em frente
E o médico não quis
Vir atender a gente
Nessa hora nosso sangue ficou bem quente
Menino morrendo
Era aquela agonia
E o doutor só queria
Mediante dinheiro
Nessa hora vi quanto o mundo está doente
Discutiu-se muito
Ameaçou-se briga
Doze litros de água
Tiraram da barriga
Do menino que sobreviveu finalmente
Muita gente me pergunta
Se essa estória aconteceu
Aconteceu minha gente
Quem está contando sou eu
Aconteceu e acontece
Todo dia por aí
Aconteceu e acontece
Que esse mundo é mesmo assim
GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.
A letra da canção de Gilberto Gil, apresentada como Texto 1, caracteriza-se, predominantemente, por:
a) Descrever
b) Narrar
c) Dissertar
d) Argumentar
e) Simbolizar
Resolução
Alternativa B. Na letra de música em questão, é predominante o gênero narrativo, pois ela conta uma história, portanto, apresenta um narrador-personagem (“Quem está contando sou eu”), além de personagens (Chiquinho Azevedo, um menino, Momó, um médico e o narrador), enredo (afogamento e tentativa de salvar o menino), tempo (passado e presente), e espaço (praia e clínica em Recife).
Questão 3 - (Enem)
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […].
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta. Disponível em: www.dominimopublico.gov.br
Acesso em: 9 out. 2015.
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
a) indignação face à suspeita do adultério da esposa.
b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
d) prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio.
e) superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.
Resolução:
Alternativa D. O narrador assume a perspectiva da personagem no final do fragmento, em que se menciona a dor “muito longa, deliciosamente longa”. Assim, o advérbio “deliciosamente” indica o prazer de Fortunato diante do sofrimento alheio.
Nota
|1| Tradução de Marcelo Backes.
Por Warley Souza
Professor de Literatura