Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Gustave Flaubert

Gustave Flaubert foi o fundador e principal representante do realismo francês. Sua obra mais conhecida é o romance “Madame Bovary”, que inaugurou a estética realista.

Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Gustave Flaubert, escritor francês, nasceu em 12 de dezembro de 1821. Aos 16 anos de idade, escreveu sua primeira obra autobiográficaMemórias de um louco. Iniciou o curso de Direito, mas, devido a problemas de saúde, não concluiu a graduação. Passou, então, a dedicar-se exclusivamente à literatura.

Seu grande sucesso é Madame Bovary, livro publicado em 1857 e que levou o escritor a ser processado por imoralidade. Com essa obra, Flaubert, que faleceu em 8 de maio de 1880, inaugurou o realismo francês, caracterizado por textos marcados por objetividade, antirromantismo, análise psicológica e crítica sociopolítica.

Leia também: Como foi o realismo no Brasil?

Tópicos deste artigo

Biografia de Gustave Flaubert

Gustave Flaubert deu início à estética realista, que se contrapunha à idealização e ao platonismo românticos.
Gustave Flaubert deu início à estética realista, que se contrapunha à idealização e ao platonismo românticos.

Gustave Flaubert nasceu em 12 de dezembro de 1821, em Rouen, França. Era filho do cirurgião-chefe do hospital Hôtel-Dieu de Rouen. Em 1836, conheceu Élisa Schlésinger (1810-1888), uma mulher casada e mais velha do que ele, por quem alimentou, durante anos, um amor platônico. Dois anos depois, com apenas 16 anos, escreveu sua primeira obra autobiográfica — Memórias de um louco.

Em 1842, o escritor estudava Direito em Paris, mas, em 1844, foi acometido por um ataque epiléptico. Devido a isso, ele retornou à casa paterna e passou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Quando, em 1846, ele perdeu o pai e também a irmã, que morreu durante o parto, Flaubert, com a mãe, ficou responsável pela criação da sobrinha. De 1846 a 1854, o romancista teve um relacionamento amoroso com a poetisa Louise Colet (1810-1876).

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Madame Bovary, romance que tomou cinco anos da vida do autor, foi publicado pela primeira vez em folhetim, durante o ano de 1856. A obra foi alvo de censura; e Flaubert, processado por imoralidade. Entretanto, o escritor foi absolvido, e seu livro tornou-se um grande sucesso. A partir daí, o romancista ficou amigo da escritora George Sand (1804-1876), que escrevia com pseudônimo, e foi uma espécie de mentor para o jovem escritor Guy de Maupassant (1850-1893).

No final de sua vida, Flaubert enfrentou dificuldades financeiras. De um lado, por ajudar o marido de sua sobrinha, que estava endividado; de outro, devido ao fracasso de suas últimas obras. Desse modo, morreu em 8 de maio de 1880, provavelmente devido a um acidente vascular cerebral (AVC) ou hemorragia cerebral.

Estilo literário de Gustave Flaubert

O escritor Gustave Flaubert é o principal representante do realismo francês. Suas obras, portanto, apresentam as seguintes características:

  • Objetividade

  • Antirromantismo

  • Não idealização

  • Crítica sociopolítica

  • Análise psicológica

  • Autobiografismo

  • Observação crítica da realidade

  • Caráter documental

  • Racionalismo

Leia também: Naturalismo – corrente mais extremada do movimento realista

Obras de Gustave Flaubert

Capa do livro “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
Capa do livro “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
  • Paixão e virtude (1837)

  • Memórias de um louco (1838)

  • Novembro (1842)

  • Madame Bovary (1857)

  • Salambô (1862)

  • A educação sentimental (1869)

  • As tentações de Santo Antão (1874)

  • Três contos (1877)

  • Bouvard e Pécuchet (1881)

Madame Bovary

Madame Bovary é o romance mais conhecido de Flaubert. A obra inaugurou o realismo na França, e sua publicação foi acompanhada pelo escândalo causado pela censura que ela recebeu e que levou ao processo judicial contra seu autor. Flaubert foi acusado de imoralidade por criar uma protagonista adúltera, insatisfeita com seu casamento com Charles Bovary, um indivíduo medíocre:

“À força de ser aplicado, conseguiu manter sempre notas médias na classe; uma vez obteve até uma distinção em História Natural. Mas, no fim do 3o ano, os pais retiraram-no do colégio para o mandar estudar Medicina, convencidos de que ele poderia chegar sem auxílio até ao bacharelato.

[...]

Charles pôs-se então novamente a estudar e preparou todas as matérias do seu exame, aprendendo de cor todas as perguntas que lhe poderiam ser feitas. Conseguiu passar com uma nota razoável. Que feliz dia para a sua mãe! Deu-se um grande jantar.”

Formado, finalmente, em Medicina, Charles Bovary casa-se, por interesse, com uma viúva, a senhora Dubuc, que logo morre. Ao contrário do que a mãe de Charles acreditava, a viúva não tinha nenhuma fortuna. Charles, então, casa-se com Emma. Ela é uma jovem romântica, sonhadora, e fica decepcionada com a vida de casada, tão diferente do que imaginava:

“Seria que aquela miséria duraria para sempre? Não haveria maneira de lhe fugir? Contudo, ela achava que valia tanto como todas as outras que viviam felizes! Vira em Vaubyessard duquesas com a cintura mais grossa e os modos mais vulgares e vociferava contra a justiça de Deus; encostava a cabeça às paredes para chorar; invejava as existências tumultuosas, as noites de máscaras, os prazeres insolentes com todos os delírios que deviam provocar o que ela não conhecia.”

A falta de ambição do marido provoca irritação em Emma Bovary, pois ela precisa de uma vida menos ordinária, mais luxuosa e emocionante. A situação acaba por fazer Emma adoecer, devido ao tédio. O marido decide mudar de ares, para o bem da esposa. Quando se mudam de Tostes, Emma já está grávida. Assim, Berthe, a filha do casal, nasce no povoado de Yonville-l’Abbaye. A maternidade só complica o estado emocional de Emma, entediada e deprimida.

Então ela se apaixona por Léon Dupuis, um escriturário, que, como Emma, não suporta a realidade. No entanto, a relação não se concretiza, e Léon decide ir embora para Paris. Logo ela encontra Rodolphe Boulanger, que a seduz. Os habitantes da cidade começam a comentar, mas o marido ignora a traição. Por fim, o amante abandona Emma, que queria fugir com ele. Ela, mais uma vez, cai em depressão.

Depois de reencontrar Léon, os dois iniciam um relacionamento amoroso, mas ela se cansa do amante. Assim, infeliz e afundada em dívidas, Emma Bovary fica sem saída e decide cometer suicídio. Charles, então, encontra suas cartas, descobre os seus casos extraconjugais e morre algum tempo depois:

“Depois de tudo vendido, restaram doze francos e setenta e cinco cêntimos que serviram para pagar a viagem da menina Bovary para casa da avó. A pobre mulher morreu ainda nesse mesmo ano, como o avô Rouault estava paralítico, foi uma tia que se encarregou de tomar conta dela. Essa tia é pobre e manda a pequena trabalhar numa fábrica de fiação para ganhar a vida.”|1|

Desse modo, o romance desconstrói a idealização romântica ao mostrar um casamento burguês em que a realidade não passa de um cotidiano monótono. Além disso, a obra parece condenar a fuga da realidade empreendida pelos românticos, que, ao vender sonhos, não preparam suas leitoras para a realidade.

Veja mais: Memórias póstumas de Brás Cubas – obra fundadora do realismo brasileiro

Frases de Gustave Flaubert

A seguir, vamos ler algumas frases de Gustave Flaubert, extraídas de seu Dicionário das ideias feitas, tradução de Cristina Murachco:

“Açougueiros são terríveis em tempos de revolução.”

“Algodão é útil principalmente para os ouvidos.”

“Alguns [animais] são mais inteligentes do que certos homens.”

“Sempre há dois vencedores, o que bate e o que apanha.”

“Deve-se sempre chamar os reacionários de caranguejos.”

“Um pouco de ciência nos afasta da religião e muita ciência nos aproxima dela.”

“A dor verdadeira é sempre contida.”

“As hostilidades são como as ostras, devem ser abertas.”

“Quando não se tem imaginação, deve-se denegri-la nos outros.”

Nota

|1| Tradução de Fernanda Ferreira Graça.

Crédito da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Gustave Flaubert"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/gustave-flaubert.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante