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Platão

Platão foi considerado um dos principais pensadores do período antropológico da filosofia grega.

Estátua de Platão, um dos maiores pensadores da Grécia Antiga e o principal discípulo de Sócrates.
Estátua de Platão, um dos maiores pensadores da Grécia Antiga e o principal discípulo de Sócrates.
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Platão foi um dos mais importantes pensadores do período antropológico da filosofia grega. Ele fundou um pensamento metafísico próprio, relegando à questão do “ser” e das “essências” o princípio e a chave para se ter qualquer tipo de conhecimento acerca do mundo. Inspirado pelas teorias de Parmênides acerca do imobilismo, Platão elaborou uma teoria metafísica dualista, que divide o mundo em duas categorias: o Mundo das Ideias e das Formas e o mundo sensível.

O primeiro, que deve ser escrito com letra maiúscula, seria a realidade intelectual, verdadeira e acessada apenas por meio da capacidade racional do ser humano. Nesse Mundo das Ideias, estariam as essências das coisas, os conceitos, as Ideias fixas e imutáveis que descrevem essencialmente cada ser ou objeto existente. Já o mundo sensível seria a realidade com a qual nos defrontamos em nosso cotidiano básico, acessada por meio de nossa experiência sensível. Essa realidade é ilusória, enganosa e inferior, levando o ser humano ao erro, causado pelas aparências das coisas do mundo, que não correspondem às essências.

Leia também: Relação entre o Mito da Caverna e o filme Matrix

Tópicos deste artigo

Resumo de Platão

  • Jovem aristocrata e de família influente.

  • Dedicado aos esportes e à política.

  • Tornou-se discípulo de Sócrates.

  • Escreveu Apologia de Sócrates, texto que narra o julgamento, a condenação e a morte de seu mentor intelectual.

  • Fundou a Academia, espaço de ensino e discussão política e filosófica para os jovens atenienses.

  • Escreveu A República, primeira grande utopia política ocidental.

  • Fundou as bases do Idealismo, doutrina filosófica que atribui ao conhecimento meramente racional e às Ideias a centralidade na busca pela verdade sem possibilidade de erro.

Biografia de Platão

Arístocles, verdadeiro nome de Platão, nasceu na cidade-Estado de Atenas, hoje a capital da Grécia, no ano de 428 a.C., e morreu no ano de 348 a.C. O nome Platão foi dado ao pensador ainda em sua juventude por causa de seus atributos físicos. A palavra correspondente em grego, Platon, significa ombros largos, característica marcante do filósofo.

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O filósofo veio de uma família influente na política de certo período da Grécia, pois sua mãe descendeu do grande legislador e estadista grego Sólon, um dos grandes reformadores da política ateniense do século VI a.C. e considerado um dos sete sábios da Grécia antiga. A família de Platão também possuía uma condição financeira estável, algo que não era incomum entre os filósofos antigos, visto que, para se dedicar ao ócio filosófico, um pensador deveria estar livre das amarras do trabalho, o que, para um cidadão antigo, era algo inferior, algo destinado aos escravos.

Platão participou de uma campanha militar ateniense por volta dos anos 404 e 409 a.C., anos finais da Guerra do Peloponeso. Isso significa que o pensador viveu, em sua juventude, a democracia ateniense e, depois da guerra, passou pela inescrupulosa Tirania dos 30. Nesse período, considerado por muitos historiadores helenistas o início da decadência grega no mundo antigo, Atenas foi dominada por Esparta e governada por tiranos oligarcas, fazendo sucumbir o modelo democrático ateniense anterior à Guerra do Peloponeso.

Aos 30 anos de idade, Platão conheceu Sócrates, pensador que foi o seu mestre iniciador na Filosofia, mentor intelectual e amigo. A maioria dos escritos deixados por Platão forma os chamados diálogos socráticos, que são narrativas em que Sócrates é a personagem principal e porta-voz das ideias de Platão. Em virtude dessa forma de escrita narrativa, com um personagem principal que realmente existiu, os historiadores da Filosofia relatam certa dificuldade para separar as teses que realmente foram ideias inéditas de Platão daquilo que foi pensado pela primeira vez por Sócrates, mas o que se tem certeza é que Sócrates trouxe a Platão um modo de pensar que o influenciou no desenvolvimento de suas principais ideias, tanto ético-políticas quanto metafísicas, epistemológicas e estéticas.

Por volta do ano 388 a.C., Platão adquiriu um terreno no interior do parque público Akademia, de Atenas, que, segundo a professora Olga Pombo, era um lugar bucólico e calmo onde havia túmulos e homenagens a grandes personalidades do mundo antigo, dois templos, um dedicado ao deus Apolo e outro dedicado à deusa Artemisa, e grandes áreas de vegetação natural e jardins, além de um ginásio para a prática de esportes, que era muito importante na formação dos homens gregos. Nesse pequeno lote, Platão fundou a sua academia, uma espécie de escola para que os seus discípulos pudessem continuar os seus estudos em Filosofia.

Pode-se dizer que a Academia de Platão teve muita influência socrática no modo de se ensinar, de se passar os conhecimentos filosóficos adiante. A escolha de Platão pelo local foi estratégica, visto que, além dos templos e do culto aos heróis e aos deuses, havia no local constantes reuniões de jovens para discutir política, música, tocar flauta e praticar lutas e exercícios físicos.

Principais ideias de Platão

Dialética

Platão buscou fundar, sob a influência de Parmênides, a sua dialética. Como uma técnica oral de diálogo filosófico, a dialética consistiria na obtenção de uma nova ideia, uma síntese a partir de duas ideias opostas apresentadas anteriormente: a tese e a antítese. Assim, o diálogo filosófico tornar-se-ia mais rico por recorrer a uma estratégia de aproveitamento das ideias.

→ Idealismo

A noção de idealismo pode ser considerada como a mais influente de Platão para a posteridade e a mais importante dentro de sua obra, pois o filósofo criou nas ideias e nos conceitos das coisas a verdadeira essência e o verdadeiro conhecimento possível. Segundo Platão, todo o conhecimento, toda a verdade, todas as relações e todos os seres existiriam, verdadeira e imutavelmente, em sua forma ideal, que seria suprema e verdadeira.

Aquilo que conhecemos por meio de nossos sentidos corpóreos seriam apenas ilusões causadas por nossos órgãos, portanto, seriam um conhecimento inferior e enganoso. O conhecimento ideal estaria, segundo o filósofo grego, no Mundo das Ideais, estância metafísica racional que só poderia ser alcançada por nosso intelecto. O idealismo circunda tanto aspectos metafísicos da obra de Platão como os aspectos epistemológicos.

Política

Platão concebeu uma teoria política baseada em sua teoria idealista. Segundo o filósofo, existiriam três tipos de caráter que moldam as almas das pessoas:

  1. Caráter concupiscível: tipo de alma em que há a prevalência dos desejos e das paixões mais animais. Esse caráter mais impulsivo estaria localizado principalmente na região abdominal das pessoas. No modelo político ideal de Platão, seria um bom atributo para os artesãos e trabalhadores em geral, pois eles poderiam, em suas condições de trabalho autônomas, exercer sua liberdade sem ficarem submetidos a grandes responsabilidades.

  2. Caráter irascível: nesse tipo de alma, prevalecem os impulsos de ira e cólera, a agressividade e a força. Essas características estariam mais presentes, segundo Platão, no coração e seriam bons atributos para um soldado.

  3. Caráter racional: nesse tipo de alma, há o predomínio absoluto da razão. A localização corporal dessa característica estaria na cabeça, e ela seria a característica principal dos filósofos e pensadores. No modelo político ideal de Platão, seria a característica dos governantes e legisladores também, pois a capacidade racional e o intelecto os levaria a um modo de governar justo e que atendesse da melhor forma o interesse de toda a cidade.

Sólidos ou Poliedros de Platão

Enquanto geômetra, Platão identificou e classificou poliedros com características semelhantes, que ficaram conhecidos como sólidos de Platão.

Obras de Platão

A grande maioria das obras de Platão é composta por diálogos nos quais Sócrates é a personagem principal. Seus diálogos têm uma espécie de tema central, mas não se encerram naquele tema, podendo abordar outros assuntos semelhantes ou não, diferentemente da escrita aristotélica que sistematicamente trata sobre temas específicos.

Segundo Olga Pombo, “a coleção das obras de Platão compreende trinta e cinco diálogos e um conjunto de treze cartas. Os seus diálogos podem ser considerados dentro de quatro períodos distintos”. Destacamos a seguir os períodos apontados por Pombo como os quatro da obra platônica e elencamos apenas as principais obras que compreendem esses períodos:

1. Diálogos de juventude ou socráticos (até 390 a.C.)

  • Apologia de Sócrates: um dos diálogos mais lidos e escrito após a morte de Sócrates, narra a trajetória do mestre de Platão em seus últimos momentos de vida, quando foi acusado de injúria contra os deuses e corrupção da juventude de Atenas. Nesse texto, Platão narra como foi o tribunal, a defesa e a condenação de Sócrates.

  • Láques, ou da coragem: o livro traz uma nova concepção de coragem ao cidadão grego, que se afasta da concepção tradicional dos heróis, como Aquiles e Ulisses, e ganha uma roupagem mais ética.

  • Cármides, ou da sabedoria: esse diálogo também traz uma concepção ética ao anunciar a sabedoria como uma espécie de moderação na vida cotidiana.

2. Diálogos ditos de transição

  • Hípias menor: diálogo em que é discutida a questão da mentira, a verdade e o caráter.

  • Hípias maior: nesse texto, Platão expõe as suas concepções estéticas sobre o belo e as artes, que, em A República (livro sobre política que demonstra um modelo utópico de cidade ideal), serão rechaçadas pelo filósofo e retiradas de seu modelo ideal de cidade.

  • Górgias: livro que fala sobre a retórica, tomando como interlocutores principais Sócrates e o sofista Górgias.

  • Protágoras: nesse livro, a figura de Protágoras, o principal sofista do período helênico, é exposta em diálogo com Sócrates, que denuncia ao leitor as farsas sofísticas para enganar as pessoas.

  • A República – livro I: nesse diálogo, que é concluído posteriormente, Platão começa a falar sobre o seu modelo ideal de política e gestão da cidade.

3. Diálogos de maturidade (387 a.C. a 368 a.C.)

  • Fédon: diálogo em que Platão expõe a sua concepção de alma, de reencarnação e assuntos em relação à constituição metafísica do homem.

  • O Banquete: nesse livro, Platão utiliza a figura de Sócrates para falar sobre o bem e o amor ideal.

  • A República – livros II a X: aqui, o filósofo continua suas considerações sobre a política, trazendo a famosa Alegoria da Caverna, no livro VII, e novas considerações sobre a ética e a estética.

4. Diálogos considerados de velhice

  • Parmênides: diálogo sobre epistemologia no qual o filósofo fala sobre o conhecimento das Formas e essências.

  • Teeteto: diálogo sobre as ciências e o conhecimento científico.

  • O Sofista: texto em que Platão expõe de vez a sua condenação à arte sofística.

  • Timeu: texto em que Platão fala sobre a natureza e a sua constituição.

Relação entre Platão, Sócrates e Aristóteles

Como foi dito, Platão foi discípulo de Sócrates e foi mestre de Aristóteles. Com o seu mestre, Platão manteve uma boa relação até a morte de Sócrates. Já com Aristóteles, algumas divergências intelectuais e pessoais esfriaram a relação dos dois, o que fez com que Aristóteles abandonasse a Academia de Platão, quando este morreu, e fundasse, anos depois, o seu Liceu, que seguiria os mesmos moldes da Academia, mas com algumas diferenças, principalmente de caráter intelectual.

A República

A República é um escrito de Platão que foi provavelmente produzido por volta de 380 a.C. Com um tamanho considerável, a obra foi dividida em dez livros, todos escritos na forma de diálogo, no qual o filósofo Sócrates, mestre intelectual de Platão, ocupa o lugar de personagem principal.

Em A República, Platão apresenta a busca de Sócrates por uma forma de governar que atenda a todos e, para isso, é necessário esclarecer o que é a Justiça em si. São apresentadas formas de governar uma cidade, a divisão dos poderes e os tipos de caráter que devem predominar entre os ocupantes de cargos públicos. Por ser uma forma ideal de governo, A República pode ser considerada a primeira utopia política registrada no Ocidente.

No livro VII de A República, Platão apresenta a sua tão atual e bem comentada Alegoria da Caverna, na qual Sócrates apresentaria aos interlocutores do diálogo uma história alegórica para explicar a superioridade do conhecimento advindo do Mundo das Ideias e do raciocínio.

Confira no nosso podcast:  5 dicas para entender o pensamento de Platão

Frases de Platão

“As cidades somente alcançarão a felicidade se os filósofos se tornarem reis ou se os reis se tornarem filósofos.”

“Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo.”

“Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada uma.”

“Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.”

“Boas pessoas não precisam de leis para obrigá-las a agir responsavelmente, enquanto as pessoas ruins encontrarão um modo de contornar as leis.”

Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Platão"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/platao.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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