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Enredo é como chamamos a trama de uma narrativa. Ele pode ser linear (os fatos são narrados de forma cronológica) ou não linear (a ordem cronológica não é respeitada). De forma geral, o enredo é composto por um acontecimento inicial, um ponto de mudança na narrativa e a resolução dos conflitos da história.
Leia também: Gênero narrativo — o gênero que se refere aos textos que contam uma história
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre enredo
- 2 - Quais são os tipos de enredo?
- 3 - Como se faz um enredo?
- 4 - Exemplos de enredo
- 5 - Elementos da narrativa
Resumo sobre enredo
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O enredo pode ser linear (sequencial) ou não linear (fragmentado).
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A estrutura clássica do enredo é: acontecimento inicial, mudança ou “virada” e solução final.
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Os elementos da narrativa são: narrador, personagem, enredo, tempo, espaço e discurso.
Quais são os tipos de enredo?
O enredo (ou trama) é a sequência de fatos narrados. Assim, um evento gera outro, e isso compõe uma narrativa com princípio, meio e fim. Desse modo, o enredo pode ser, basicamente:
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sequencial ou linear: a narrativa é contada de forma cronológica.
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fragmentado ou não linear: a história não respeita uma ordem cronológica.
Para ficar mais claro, vamos imaginar a história de um menino que sonha em conhecer seu ídolo. No enredo linear, a trama tem início com a manifestação do desejo desse garoto, seguida da dificuldade ou ações para realizar o desejo e, por fim, é concluída com a realização desse desejo.
Mas é possível também iniciar o enredo pelo fim e depois contar a trajetória do menino até o momento em que ele consegue o que quer. Nesse caso, não temos um enredo sequencial, mas fragmentado. Portanto, a estruturação do enredo tem a ver com a intenção do narrador, que pode enfatizar o desfecho da obra ou a trajetória do personagem.
Como se faz um enredo?
Na construção do enredo, segundo o crítico literário Jonathan Culler, é preciso:
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a existência de um acontecimento inicial, principal, que desencadeia outros;
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a ocorrência, em seguida, da “virada”, uma transformação;
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a resolução, por fim, para a história.
Assim, o que prende o leitor e a leitora de uma narrativa é essa mudança, que gera o conflito da obra. Essa transformação pode estar relacionada a um acontecimento ou a um personagem, por exemplo. Ela deve ser seguida da solução no final da obra, desfecho que dialoga com o início da narrativa. Essa retomada mostra a potência desse desfecho, já que põe em evidência a transformação ocorrida durante a história.
Veja também: Fábula — o tipo de narrativa que transmite diversos valores sociais
Exemplos de enredo
→ Dom Casmurro, de Machado de Assis
O livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um exemplo de enredo não linear. Afinal, o narrador do romance começa a história pelo final, quando Bentinho está velho e tem a intenção de “atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. Desse modo, o narrador-personagem passa a contar fatos de sua adolescência.
A partir daí, temos uma narrativa cronológica: Bentinho e Capitu se apaixonam, precisam vencer um obstáculo ao seu amor (o jovem é obrigado a ir para um seminário e se tornar padre), depois se casam, têm um filho, surge o ciúme de Bentinho e, por fim, a eterna dúvida — Capitu traiu ou não traiu o seu marido? Assim, Machado de Assis inova ao negar uma solução final para o seu enredo.
→ A hora da estrela, de Clarice Lispector
Inovador também é o livro A hora da estrela, de Clarice Lispector, devido ao seu caráter metalinguístico. Inicialmente, a obra mostra as dúvidas do narrador Rodrigo S. M. na criação de sua protagonista: a nordestina Macabéa. Assim, ele prefere um enredo linear, conforme aponta em:
“Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.”
Então, ele finalmente inicia o relato da vida tão monótona de sua protagonista. Ele mostra o seu trabalho, o lugar onde ela vive, a pobreza em que vive, seu namoro com o ambicioso Olímpico, o fim da relação, o encontro com uma cartomante e o final trágico da personagem, ou seja, a sua hora da estrela.
→ Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll
Na obra Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, temos um exemplo de enredo linear. A protagonista, entediada, vê um coelho branco e corre atrás dele. Ela entra em uma toca e cai até o “país das maravilhas”. Ali, ela vive várias aventuras e conhece exóticos personagens. Por fim, Alice acorda e descobre que tudo foi um sonho.
→ Pela noite, de Caio Fernando Abreu
Na novela Pela noite, de Caio Fernando Abreu, a linearidade do enredo é evidente. Santiago está no apartamento de Pérsio, onde os dois conversam. Mais tarde, eles saem “pela noite”. Primeiro, vão a um restaurante. Depois, para o Deer’s, um bar, mas têm um desentendimento. Do lado de fora, sob a chuva, eles se beijam. Vão para uma danceteria. Depois, se despedem em frente ao edifício de Pérsio. Porém, minutos depois, a campainha toca. Pérsio vai abrir — é Santiago. Então, “provaram um do outro, no colo da manhã”.
Elementos da narrativa
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Narrador: quem conta a história.
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Tipos de narrador:
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personagem: participa da história narrada.
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onisciente: sabe de tudo, conhece até os pensamentos íntimos dos personagens.
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observador: está limitado àquilo que pode observar.
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Personagem: quem realiza a ação narrada.
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Tipos de personagem:
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plana: simples e previsível.
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redonda ou esférica: complexa e imprevisível.
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Enredo: trama ou história.
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Tempo: quando ocorre a ação.
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Tipos de tempo narrativo:
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cronológico: linear.
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psicológico: relativo e fragmentado.
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Espaço: onde ocorre a ação.
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Tipos de discurso narrativo:
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direto: apresenta diretamente a fala de um personagem.
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indireto: o narrador faz referência à fala de um personagem.
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indireto livre ou semi-indireto: o narrador reproduz o pensamento de um personagem.
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→ Videoaula sobre elementos da narrativa
Por Warley Souza
Professor de Literatura