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Gênero épico

Gênero épico, surgido na Grécia Antiga, é caracterizado por narrar os feitos heroicos de um povo e tem como principais obras representantes a “Ilíada” e a “Odisseia”.

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O gênero épico é estruturado em versos e estrofes. Sua principal característica é a narração de ações nobres praticadas por heróis representativos da história de um determinado povo. As epopeias Ilíada e Odisseia, compostas na Grécia Antiga, de autorias atribuídas a Homero, constituem os modelos mais famosos desse gênero, tendo influenciado a construção de outras epopeias. 

Leia mais: Gênero lírico – apresenta como traço principal a manifestação da subjetividade

Tópicos deste artigo

Origem do gênero épico

A palavra epopeia vem do grego épos, “verso”, mais poieô, “faço”, e refere-se à narrativa, em forma de versos, de um fato grandioso de interesse de um povo. Trata-se de uma poesia objetiva, impessoal, cuja característica principal é a presença de um narrador contando fatos do passado. Quanto ao tema, predomina-se a narração de fatos heroicos da história de um povo.

Principais características gênero épico

→ Quanto ao tema

  • Narra a aventura de um herói e suas façanhas guerreiras.
  • Presença de elementos da mitologia greco-romana.

→ Quanto à estrutura

  • Poema narrado em terceira pessoa.
  • Divide-se em cantos ou livros.
  • Predomínio da objetividade.
  • Tende a apresentar as seguintes partes: introdução, invocação, narração e epílogo.

Textos épicos

Homero (928 a.C.-898 a.C.) é considerado o autor das duas mais importantes epopeias do Ocidente. [1]
Homero (928 a.C.-898 a.C.) é considerado o autor das duas mais importantes epopeias do Ocidente. [1]

Destacam-se, no Ocidente, os seguintes textos épicos:

  • Ilíada (Homero, Grécia; narrativa sobre a Guerra de Troia)
  • Odisseia (Homero, Grécia; narrativa do retorno de Ulisses da Guerra de Troia)
  • Eneida (Virgílio, Roma; narrativa dos feitos romanos)
  • Paraíso perdido (Mílton, Inglaterra)
  • Orlando Furioso (Ludovico Ariosto, Itália)
  • Os Lusíadas (Camões, Portugal)
  • Caramuru (Santa Rita Durão, Brasil; narra feitos ligados ao início da colonização)
  • O Uraguai (Basílio da Gama, Brasil; narra a disputa entre jesuítas, índios e portugueses no Rio Grande do Sul)

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  • Ilíada

A epopeia Ilíada narra o drama do herói Aquiles, filho da deusa Tétis e do mortal Peleu, rei de Ftia, na Tessália, envolto com a guerra dos gregos contra os troianos. Essa guerra, segundo a mitologia grega, foi motivada pelo rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, por Páris, filho de Príamo, rei de Troia.

Agamenon, chefe dos exércitos gregos, resgatou das mãos de Aquiles, o mais valoroso dos guerreiros gregos, sua Briseide, que havia sido raptada por Aquiles. Em protesto, Aquiles retirou-se para o acampamento com seus guerreiros e recusou-se a entrar em combate.

É nesse momento que tem início a Ilíada. Para amenizar os ânimos de Aquiles, Agamenon envia-lhe mensageiros, com o pedido de que entre na luta. Aquiles recusa-se, e Agamenon, com seus homens, entra no combate.

Aquiles, porém, enraivecido com o assassinato de Pátroclo, seu melhor amigo, volta às batalhas e destrói o inimigo. Mata Heitor, acorrenta seu cadáver ao carro e com ele dá voltas em torno das muralhas da cidade. Príamo, pai de Heitor, consegue de Aquiles permissão para sepultar seu filho.

Em relação à estrutura, a Ilíada é composta de 15.693 versos em hexâmero datílico, que é o formato tradicional da épica grega. Hexâmero é um verso composto de seis sílabas poéticas, e datílico faz alusão ao ritmo do poema, composto de uma sílaba longa e duas breves, já que o grego (e o latim) não possui sílabas tônicas, e sim breves e longas.

Veja a primeira estrofe do “Canto I” da Ilíada:

Canta-me ó deusa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:
Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem
O de homens chefe e o Mírmidon divino.

Heitor e Aquiles, protagonistas da epopeia “Ilíada”, foram os grandes guerreiros da Guerra de Troia.
Heitor e Aquiles, protagonistas da epopeia “Ilíada”, foram os grandes guerreiros da Guerra de Troia.

Veja também: Luís Vaz de Camões – autor do mais famoso texto épico da língua portuguesa

  • Odisseia

Odisseia vem de Odysseus — herói grego, rei de Ítaca, que os latinos chamam de Ulisses. Nessa epopeia grega, narra-se a volta de Odisseu (ou Ulisses) da Guerra de Troia, onde guerreou por 10 anos. Nos 24 cantos que constituem essa narrativa épica de Homero, composta por 12 mil versos hexâmetros, de 13 a 17 sílabas, o leitor acompanha as peripécias pelas quais passa o protagonista ao longo de uma viagem de 10 anos.

Odisseu, portanto, passou 20 anos fora de casa, período em que sua esposa, rainha de Ítaca, torna-se cortejada por muitos pretendentes, os quais almejam assumir o reino. Após vivenciar uma série de aventuras, como sua passagem na ilha de Calipso, onde ficou preso por um tempo considerável, Odisseu chega a Ítaca e, utilizando seu pesado arco, flecha os arrogantes pretendentes de sua esposa, reassumindo seu reino.   

Reprodução da cena em que Odisseu mata os pretendentes de Penélope.
Reprodução da cena em que Odisseu mata os pretendentes de Penélope.

Leia um trecho do “Canto XXII”, momento da narrativa épica em que se dá o extermínio, por parte de Odisseu, dos pretendentes de Penélope.

Despe os trapos o herói, pula à soleira
De arco e de aljava, e aos pés derrama as frechas,
Dizendo aos procos: “A árdua empresa é finda;
Num alvo nunca dantes alcançado
A mira tenho, e dê-me glória Febo.”
A Antino aqui dispara o tiro acerbo,
Quando ele as duas asas d’áurea taça
Maneava, e o licor ia empinando,
Não cuidoso da morte. Quem previra
Que entre muitos um só, famoso embora,
À Parca o renderia? A ponta o vara
Da goela à cerviz tenra; ao golpe, Antino
Deixa a taça cair, de ilharga tomba;
Sangue das ventas jorra, e a pés convulso
A mesa empurra; espalha-se a comida,
Suja-se a carne e o pão. Ferve o tumulto;
Erguem-se alvorotados, procurando
Em vão, pelas paredes esculpidas,
Escudo ou lança, em cólera fremiam:
“Que! forasteiro, aos homens é que apontas!
Final proeza: abutres vão tragar-te;
Mataste a flor dos Ítacos mancebos..

Crédito da imagem

[1] Naci Yavuz / Shutterstock

 

Por Leandro Guimarães
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Leandro Guimarães Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUIMARãES, Leandro. "Gênero épico"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-epico.htm. Acesso em 30 de dezembro de 2024.

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