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Elegia é um texto lírico que possui conteúdo melancólico, triste. A elegia amorosa ou erótica apresenta sofrimento amoroso. A filosófica reflete sobre a espiritualidade. A fúnebre lamenta a morte. A heroica mostra elementos bélicos. A moralista enaltece os valores morais. E, por fim, a religiosa fala sobre a brevidade da vida, o pecado e a culpa.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre elegia
- 2 - O que é elegia?
- 3 - Quais são as características da elegia?
- 4 - Quais são os tipos de elegia?
- 5 - Exemplos de elegia
- 6 - Autores de elegia mais famosos
Resumo sobre elegia
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A elegia é um texto poético com temática de teor melancólico, triste.
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A elegia pode ser amorosa, filosófica, fúnebre, heroica, moralista ou religiosa.
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Fizeram elegia escritores como Ovídio, Petrarca, Verlaine, Shelley e Goethe.
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No Brasil, autores como Cecília Meireles e Vinicius de Moraes escreveram elegia.
O que é elegia?
A elegia é um tipo de poesia cuja temática está associada à tristeza, ao lamento.
Quais são as características da elegia?
Estrutura da elegia clássica:
-
dístico elegíaco;
-
verso 1: hexâmetro;
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verso 2: pentâmetro.
Com o decorrer do tempo, a elegia passou a ser definida não mais pela sua estrutura e sim pela sua temática:
-
lamúria;
-
lágrimas;
-
sofrimento;
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tristeza;
-
melancolia;
-
desgraças;
-
morte.
Veja também: O que é um soneto?
Quais são os tipos de elegia?
TIPO |
TEMÁTICA |
Amorosa, erótica |
Sofrimento amoroso |
Filosófica |
Espiritualidade |
Fúnebre |
Lamúria pelos mortos |
Heroica |
Guerra |
Moralista |
Grandeza moral |
Religiosa |
Fragilidade da vida, pecado, culpa |
Exemplos de elegia
No poema Elegia, de Mario Quintana, o eu lírico utiliza um tom melancólico para falar das coisas do cotidiano. Elementos tristes são mencionados, como — uma “velhinha sozinha numa gare”, a “mais absoluta viuvez”, “recordações das solteironas”, um “cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta”:
Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas
De um mau-gosto tocante
Que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra “quincúncio”.
Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim...
Porém, o poema apresenta também uma característica que não é típica da elegia, isto é, estes versos irônicos: “Essas gravatas/ De um mau-gosto tocante/ Que nos dão as velhas tias/ As velhas tias/ Um novo parente que se descobre/ A palavra “quincúncio”/ Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias”.
Já no trecho a seguir do longo poema Elegia lírica, de Vinicius de Moraes, é possível apontar a melancolia elegíaca em versos como — “Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura”, “Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança” e “Que o pranto me transporta sobre o mar”:
Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida
Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Nos vales havia mais poesia que em mil anos.
[...]
E acima de tudo me abençoava o anjo do amor sonhado...
Seus olhos eram puros e mutáveis como profundezas de lago
Ela era como uma nuvem branca num céu de tarde
Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura.
Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança
Vendo-a dançar ainda quente de sol nas gazes frias da chuva
E a correr para ela, quantas vezes me descobri confuso
Diante de fontes nuas que me prendiam e me abraçavam...
[...]
“Ó
Crucificado estou
Na ânsia deste amor
Que o pranto me transporta sobre o mar
Pelas cordas desta lira
Todo o meu ser delira
Na alma da viola a soluçar!”
Bordões, primas
Falam mais que rimas.
É estranho
Sinto que ainda estou longe de tudo
Que talvez fosse cantar um blues
Yes!
Mas
O maior medo é que não me ouças
Que estejas deitada sonhando comigo
Vendo o vento soprar o avental da tua janela
Ou na aurora boreal de uma igreja escutando se erguer o sol de Deus.
Mas tudo é expressão!
Insisto nesse ponto, senhores jurados
O meu amor diz frases temíveis:
Angústia mística
Teorema poético
Cultura grega dos passeios no parque...
No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda
Para eu poder te amar tragicamente!
Saiba mais: 5 consagrados poemas de amor de Vinicius de Moraes
Autores de elegia mais famosos
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Na Grécia:
- Arquíloco (680-645 a. C.)
- Simónides (556-468 a. C.)
-
Em Roma:
- Catulo (84-54 a. C.)
- Tibulo (54-19 a. C.)
- Propércio (43 a. C.-17 d. C.)
- Ovídio (43 a. C.-18 d. C.)
-
Na Itália:
- Petrarca (1304-1374)
- Giacomo Leopardi (1798-1837)
-
Na França:
- François Villon (1431-1463)
- Pierre de Ronsard (1524-1585)
- Alphonse de Lamartine (1790-1869)
- Paul Verlaine (1844-1896)
-
Na Inglaterra:
- John Milton (1608-1674)
- Shelley (1792-1822)
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Na Alemanha:
- Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
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Na Espanha:
- Jorge Manrique (1440-1479)
- Garcilaso de la Vega (1503-1536)
- Federico García Lorca (1898-1936)
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No Chile:
- Pablo Neruda (1904-1973)
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Em Portugal:
- Sá de Miranda (1481-1558)
- Luís de Camões (1524-1580)
- Manuel du Bocage (1765-1805)
- Fernando Pessoa (1888-1935)
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No Brasil:
- Fagundes Varela (1841-1875)
- Cecília Meireles (1901-1964)
- Mario Quintana (1906-1994)
- Vinicius de Moraes (1913-1980)
Fontes
LAGE, Rui Carlos Morais. A elegia portuguesa nos séculos XX e XXI: perda, luto e desengano. 2010. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, 2010.
MACHADO, Cinthya Sousa. Elegia renascentista: estudo e tradução das elegias de Jacopo Sannazaro. 2017. Tese (Doutorado em Letras Clássicas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
MORAES, Vinicius de. Elegia lírica. In: MORAES, Vinicius de. Cinco elegias. Rio de Janeiro: Pongetti, 1943.
QUINTANA, Mario. Elegia. In: QUINTANA, Mario. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo, 2005.
SILVA, Márcia Regina de Faria da. Amor e guerra na elegia latina. PRINCIPIA, n. 25, 2012.