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Gênero dramático

Gênero dramático, surgido na Grécia Antiga em forma de comédia e tragédia, é um gênero literário concebido para ser encenado, no palco do teatro, por atores e atrizes.

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O gênero dramático designa os textos literários feitos para serem representados no palco. Sua origem, que remonta à Grécia Antiga, liga-se às festas religiosas em homenagem ao deus Dionísio (Baco). Ao longo dos séculos, esse gênero desprendeu-se da ligação com a religiosidade e foi incorporando as marcas de seu tempo e as características dos momentos literários em que foi produzido, sendo, ainda, produzido, lido e encenado.

Leia também: Gênero épico – textos que narram, por meio de versos, aventuras heroicas

Tópicos deste artigo

Origem do gênero dramático

Drama, que em grego significa “ação”, é um gênero literário surgido na Grécia Antiga como, originalmente, uma forma de louvação religiosa ao deus Dionísio (Baco). Compõem o gênero dramático os textos em prosa ou em verso feitos para serem encenados no palco.

Em teatros a céu aberto como este, localizado na Grécia, eram encenados os textos dramáticos.
Em teatros a céu aberto como este, localizado na Grécia, eram encenados os textos dramáticos.

Características do gênero dramático

  • Texto em forma de diálogos;
  • Dividido em atos e cenas;
  • Presença das rubricas — descrições do espaço e/ou da situação antes de cada ato;
  • Sequência da ação dramática geralmente constituída de exposição, conflito, complicação, clímax, desfecho.

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 Elementos do texto dramático

  • Protagonista: personagem central da ação dramática.
  • Antagonista: personagem que se opõe ao protagonista.
  • Coro: conjunto de atores que comentam a ação ao longo da peça.
  • Catarse: do grego, significa “purificação”, purgação experimentada pelo público de uma tragédia, o qual poderia apaziguar suas angústias internas por meio das emoções representadas nas cenas.

Tipos de textos dramáticos

Com o auxílio de máscaras, que representavam estados emocionais, como a alegria e a tristeza, os atores gregos encenavam comédias e tragédias.
Com o auxílio de máscaras, que representavam estados emocionais, como a alegria e a tristeza, os atores gregos encenavam comédias e tragédias.

Na Grécia Antiga, dois tipos de textos dramáticos eram produzidos: a tragédia e a comédia. Segundo Aristóteles, filósofo grego nascido em 384 a.C., a tragédia caracteriza-se por ser “a imitação de uma ação de caráter elevado que suscita o terror e a piedade e tem por efeito a purificação das emoções”; a comédia, por sua vez, seria “a imitação de homens inferiores”.

  • Características da tragédia

  • Tom sério, solene;
  • O protagonista enfrenta grandes dificuldades;
  • Linguagem mais formal;
  • Estrutura composta por ação inicial feliz, mas que tem um desfecho fatal;
  • Presença de personagens nobres: reis, príncipes, que sofrem o destino imposto pelos deuses do Olimpo.
  • Características da comédia

  • Tom cômico, ridículo;
  • Temática ligada ao cotidiano, com foco na sátira da sociedade e dos vícios humanos;
  • Linguagem mais coloquial;
  • Estrutura composta por uma situação inicial complicada, mas que acaba em final feliz;
  • Presença de personagens estereotipados, os quais simbolizam defeitos humanos, tais como a avareza, a mesquinhez etc.
  • Tragicomédia

Modalidade teatral em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Significava, também, quando surgiu, a mistura de elementos da realidade e da imaginação.

  • Farsa

Pequena peça teatral, caracterizada pelo teor ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus hábitos.

Veja mais: Classicismo – movimento artístico que resgatou formas e temas da Antiguidade Clássica

Exemplo de tragédia

O poeta ateniense Sófocles, nascido provavelmente entre os anos de 497 a.C. a 496 a.C., é considerado o mais importante dramaturgo grego. Das mais de 100 peças que escreveu, destacam-se como as principais: Édipo rei, Antígona e Electra.

Veja um trecho da peça Édipo rei, em que Édipo descobre que havia sido dado ainda bebê para outra família. Por meio dessa revelação, descobre também que matou seu pai biológico sem o saber, além de ter-se casado com sua mãe, também sem saber que era sua progenitora. 

O SERVIDOR - Diziam ser filho do rei…

ÉDIPO - Foi ela quem te entregou a criança?

O SERVIDOR - Foi ela, Senhor.

ÉDIPO - Com que intenção?

O SERVIDOR - Para que eu a matasse.

ÉDIPO - Uma mãe! Mulher desgraçada!

O SERVIDOR - Ela tinha medo de um oráculo dos deuses.

ÉDIPO - O que ele anunciava?

O SERVIDOR - Que essa criança um dia mataria seu pai.

ÉDIPO - Mas por que tu a entregaste a este homem?

O SERVIDOR - Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade.

ÉDIPO - Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar!

Exemplo de comédia

O principal autor de comédias na Grécia Antiga foi Aristófanes, sendo o texto teatral Lisístrata, escrito e encenado em 411 a. C., sua principal obra. Nesse texto, as mulheres gregas, lideradas por Lisístrata, fartas da guerra entre Atenas e Esparta, trancam-se num templo e decidem, por votação, iniciar uma greve sexual para forçar uma negociação de paz. Essa estratégia, no entanto, provoca uma engraçada batalha entre homens e mulheres. 

Leia um trecho da primeira cena da comédia, em que se evidencia o início da reunião organizada por Lisístrata para que as mulheres façam greve de sexo, com a finalidade de pôr fim na Guerra do Peloponeso

CENA

No primeiro plano, de um lado a casa de Lisístrata, do outro a de Cleonice. Ao fundo, a Acrópole, Um caminho estreito e cheio de curvas conduz até lá. No meio dos rochedos, em segundo plano, a gruta de Pã. Lisístrata anda pra lá e pra cá, diante da casa.

LISÍSTRATA - Pois é. Se tivessem sido convidadas para uma festa de Baco isso daqui estaria intransitável de mulheres e tamborins. Mas, como eu disse que a coisa era séria, nenhuma apareceu até agora. Só pensam em bacanais. Ei, Cleonice! Bom-dia, Cleonice!

CLEONICE - Bom dia, Lisístrata. Magnífico dia para uma bacanal.

LISÍSTRATA - Cleonice, pelo amor de Zeus: Baco já deve andar cansado.

CLEONICE - Que aconteceu, boa vizinha? Tens a expressão sombria, um olhar cheio de repreensão, a testa franzida. O avesso de uma máscara de beleza.

LISÍSTRATA - Oh, Cleonice, meu coração está cheio de despeito. Me envergonho de ser mulher. Sou obrigada a dar razão aos homens, quando nos tratam como objetos, boas apenas para os prazeres do leito.

CLEONICE - E às vezes nem isso. Cibele, por exemplo...

LISÍSTRATA - (Repreensiva.) Por favor, Cleonice. (Pausa.) Não é hora para maledicências. (Pausa.) No momento em que foram convocadas para uma decisão definitiva na vida do país, preferem ficar na cama em vez de atender aos interesses da comunidade.

CLEONICE - Calma, Lisinha! Você sabe como é difícil para as donas de casa se livrarem dos compromissos domésticos. Uma tem que ir ao mercado, outra leva o filho à academia, uma terceira luta com a escrava preguiçosa que às 6 da manhã ainda não levantou. Sem falar no tempo que se perde limpando o traseiro irresponsável das crianças.

LISÍSTRATA - Mas eu avisei que deixassem tudo. A coisa aqui é muito mais urgente. Muito maior.

CLEONICE - Tão grande assim?

LISÍSTRATA - Acho que nenhuma de nós jamais encarou nada tão grande. Ou nos reunimos e enfrentamos juntas ou ela nos devora.

 

Acesse também: A literatura cheia de antíteses e paradoxos do Barroco

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (UFG)

CENA IV
EDUARDO, CARLOTINHA.
CARLOTINHA - Onde vai, mano?
EDUARDO - Vou ao Catete ver um doente; volto já.
CARLOTINHA - Eu queria falar-lhe.
EDUARDO - Quando voltar, menina.
CARLOTINHA - E por que não agora?
EDUARDO - Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir hoje ao Teatro Lírico?
CARLOTINHA - Não, não estou disposta.
EDUARDO - Pois representa-se uma ópera bonita. (Enche a carteira de charutos.) Canta a Charton. Há muito tempo que não vamos ao teatro.
ALENCAR, José de. O demônio familiar. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003. p. 11.

O texto teatral, exemplificado pelo trecho anterior, apresenta semelhanças com o texto narrativo por utilizar personagens, representar ações e marcação de tempo e espaço. No texto teatral,

a) as ações das personagens são descritas por um narrador, sendo este o mediador da narrativa.

b) as falas das personagens são diluídas no texto, sendo confundidas com a voz do narrador.

c) as características das personagens são reveladas por meio de suas falas e assim a ação é conduzida por elas mesmas.

d) as vozes das personagens são importantes para a construção da narrativa, embora haja a voz de um narrador onisciente.

e) as atitudes das personagens são conduzidas por um narrador intruso, embora o conflito esteja nos diálogos.

Resolução

Alternativa C. No texto teatral, geralmente, não há a presença de narradores que conduzam as ações e falas das personagens. Elas são encenadas e ditas diretamente, revelando as características das personagens ao público.

Questão 2 - (UFPA) O texto literário, além de apresentar-se em prosa e em verso, manifesta-se, do ponto de vista do conteúdo, de maneiras variadas, em atendimento à inspiração e/ou às circunstâncias histórico-socio-culturais de cada estilo de época. Assim sendo, a alternativa que expressa corretamente uma característica relativa ou ao gênero lírico, ou ao narrativo ou ao dramático é:

a) O texto dramático tem como objeto principal a emoção subjetiva.

b) No gênero lírico o texto constrói-se a partir de diálogos.  

c) A ação é elemento essencial da narrativa.

d) As personagens de caráter humorístico são as mais comuns nas peças teatrais.

e) A construção textual em verso é a mais apropriada para o conto.

Resolução

Alternativa C. O gênero lírico tem como objeto principal a emoção subjetiva, enquanto o dramático constrói-se por meio de diálogos. As personagens de caráter humorístico são comuns tanto em peças teatrais quanto em narrativas. A construção textual em verso não é apropriada para o conto, gênero narrativo em prosa.

 

Por Leandro Guimarães
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Leandro Guimarães Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUIMARãES, Leandro. "Gênero dramático"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-dramatico.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Enem – 2009)

Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação.

COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:

a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.

b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.

c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.

d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.

e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

Exercício 2

Leia o poema narrativo de Manuel Bandeira:

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL

João Gostoso era carregador de feira-livre e morava

no morro da Babilônia num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e

morreu afogado.

De acordo com as suas características, o poema pode ser classificado como um texto

a) lírico.

b) épico

c) narrativo.

d) dramático.