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Linguagem literária e linguagem não literária

Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar.

Imagem explicando a diferença entre a linguagem literária e a linguagem não literária.
O uso de linguagem literária e linguagem não literária depende da função do texto.
Crédito da Imagem: Gabriel Franco | Brasil Escola
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Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar. Elas apresentam características opostas. Assim, a conotação, a subjetividade e a função estética são elementos típicos da linguagem literária. Já a denotação, a objetividade e a função utilitária são elementos típicos da linguagem não literária. Por exemplo, a poesia utiliza linguagem literária, enquanto uma receita de bolo utiliza linguagem não literária.

Leia também: O que são as figuras de linguagem?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre linguagem literária e linguagem não literária

  • Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar.
  • A linguagem literária é conotativa, subjetiva e não necessariamente utilitária.
  • A linguagem não literária é denotativa, objetiva e utilitária.
  • Um texto é literário quando utiliza linguagem literária.
  • Um texto é não literário quando utiliza linguagem não literária.

Qual a diferença entre linguagem literária e linguagem não literária?

LINGUAGEM LITERÁRIA

LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA

Caráter não utilitário

Caráter utilitário ou funcional

Maior subjetividade

Maior objetividade

Conotação

Denotação

Aspecto ficcional

Ausência de ficcionalidade

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Linguagem literária

A linguagem literária é a linguagem dos textos artísticos, pois é plurissignificativa, o que implica grande subjetividade. Um texto com linguagem literária não possui necessariamente uma utilidade prática, mas apenas uma função estética. Afinal, a linguagem literária é mais ambígua e difícil de entender. Além disso, ela não tem compromisso com a realidade, já que privilegia o universo ficcional.

Como exemplo de linguagem literária, veja esta estrofe do poema Clamando..., de Cruz e Sousa:

Tantas guerras bizarras e incoercíveis
No tempo e tanto, tanto imenso afeto,
São para vós menos que um verme e inseto
Na corrente vital pouco sensíveis.

Observe que a linguagem é subjetiva (não é direta, mas emotiva) e apresenta conotação (os termos “guerras” e “afeto” são comparados a “verme” e “inseto”). Por não ser uma linguagem clara, o texto não apresenta caráter funcional.

Veja também: Afinal, o que é literatura?

Linguagem não literária

A linguagem não literária é a linguagem dos textos funcionais, pois é denotativa, o que implica grande objetividade. Um texto com linguagem não literária possui utilidade prática, pois tem um propósito evidente. Afinal, a linguagem não literária é mais clara e fácil de entender. Além disso, ela tem compromisso com a realidade, já que está relacionada a ações práticas do cotidiano.

Como exemplo de linguagem não literária, veja um trecho de uma receita de bolo:

Bata os ovos, o açúcar, o óleo, o achocolatado e a farinha de trigo no liquidificador.

Em uma tigela, coloque a massa, adicione o fermento e mexa bem.

Coloque a massa em uma forma untada e ponha para assar em um forno que foi preaquecido.

Note que a linguagem é objetiva (é direta e não emotiva) e não apresenta conotação (a denotação é total). Por ser uma linguagem clara, o texto apresenta caráter funcional. Afinal ele foi escrito com a função de instruir alguém a fazer um bolo.

Texto literário e não literário

TEXTO LITERÁRIO

TEXTO NÃO LITERÁRIO

Apresenta linguagem literária

Apresenta linguagem não literária

EXEMPLOS

EXEMPLOS

Poesia, conto, novela, romance, letra de música, roteiro cinematográfico e peça teatral.

Relatório, manual de instruções, bula de remédio, receita, notícia, reportagem etc.

Exercícios resolvidos sobre linguagem literária e linguagem não literária

Questão 1

(Enem)

S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, n. 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso

A) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil.

B) literário, pela conformidade com as normas da gramática.

C) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.

D) coloquial, por meio do registro de informalidade.

E) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.

Resolução:

Alternativa C.

O texto utiliza linguagem não literária típica de textos de caráter técnico ou científico. Assim, é objetivo, denotativo e tem a função de informar. Além disso, usa termos científicos ou técnicos como “dicotômicas”, “código” e “modalidades da língua”.

Questão 2
(Ufla)

“A propósito da diferença entre texto literário e texto não literário, o poeta e ensaísta Paul Valéry diz que, num texto não literário, quando se resume, apreende-se o essencial; no literário, quando se resume, perde-se o essencial.”

Aplicando os conhecimentos acerca das características do texto literário e não literário, marque a alternativa INCORRETA:

A) Quem escreve um texto literário não quer apenas dizer o mundo, mas recriá-lo em palavras.

B) O texto não literário tem, principalmente, função utilitária (informar, explicar).

C) Os conteúdos do texto literário buscam ter um único significado.

D) No texto literário, importa não só o que se diz, mas também o modo como se diz.

E) Entre outras características, o texto literário apresenta os seguintes traços: criação de conotações e plurissignificação.

Resolução:

Alternativa C.

Os conteúdos do texto literário buscam a plurissignificação, isto é, mais de um significado.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

CRUZ E SOUSA. Broquéis. Porto Alegre: L&PM, 2011.

GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Linguagem literária e linguagem não literária"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/linguagem-literaria-naoliteraria.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:

a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.

b) Sua principal característica é a objetividade.

c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos mais amplos do que elas realmente possuem.

d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem metáforas ou preocupações artísticas.

Exercício 2

(UERJ – 2012)

SOBRE  A ORIGEM DA POESIA 

A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. 

Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios  ou telefonemas [...] 

No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto  com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...] 

Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.

ARNALDO ANTUNES

No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida,  uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial.

Pela  descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem,  o seguinte traço fundamental: 

a) O desgaste da intuição 

b) A dissolução da memória

c) A fragmentação da experiência

d) O enfraquecimento da percepção