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Écloga é um texto poético de caráter pastoril. Portanto, possui elementos bucólicos e faz menção a pastores. A écloga pode apresentar diálogo ou monólogo, mas também pode utilizar elementos narrativos. Além da écloga, existem outros tipos de poema, tais como elegia, ode, madrigal, epitalâmio e sátira.
Leia também: Gênero lírico — características, tipos e exemplos
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre écloga
- 2 - O que é écloga?
- 3 - Características da écloga
- 4 - Exemplos de écloga
- 5 - Qual é a origem da écloga?
- 6 - Outros tipos de poemas e suas temáticas
Resumo sobre écloga
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A écloga é um texto poético com temática pastoril e bucólica.
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A écloga pode apresentar diálogo, monólogo ou elementos narrativos.
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A poesia pastoril foi criada pelo poeta grego Teócrito de Siracusa.
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Além da écloga, há outros tipos de poema, como elegia, ode e madrigal.
O que é écloga?
A écloga é um texto poético de caráter pastoril, ou seja, faz menção ao campo e aos pastores.
Características da écloga
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Temática bucólica.
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Elementos pastoris.
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Presença de diálogo ou monólogo.
-
Traços dos gêneros dramático e narrativo.
-
Texto escrito em versos.
-
Locus amoenus ou lugar ameno.
Exemplos de écloga
No trecho da écloga intitulada Fileno, do poeta árcade Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), são evidentes os elementos bucólicos (campestres) e pastoris. O poema fala sobre o pescador Fileno e a harmonia que ele ouvia, ou seja, o canto de Corino:
Na margem deleitosa
Do cristalino Tejo
Sentado um Pescador, a pobre rede
Enquanto tem nas praias estendida,
Ao longe uma harmonia,
Nunca ouvida jamais, ao longe escuta
Um canto tão sonoro,
Que nem Glauco suave, nem o cego
Amante da formosa Galateia,
De Sicília entoou na branca areia.
Corino era, que vinha
Da aldeia já voltando; onde o pescado
A vender estivera: ali no povo
Uma notícia achou, a qual em trovas,
Por um Pastor discreto
Ordenadas ao som da acorde avena,
Trazia para o mar; quando aos ouvidos
Foi mais próximo o som. Eu, que atendia,
Estas doces cadências percebia.
[...]
Os campos neste dia
Se cobrem de verdura:
Pasta o gado contente a relva fria;
E na verde espessura
Novo contentamento
Desterra toda a sombra do tormento.
[...]
Em concertados hinos
Soa toda a floresta:
Pastores mais gentis, mais peregrinos
Concorrendo na sesta
Do Maioral, oh quanto
Agradável se faz seu doce canto!
[...]
Assim cantava, quando
Ao chegar o seu barco
Junto à margem frondosa
Um pouco se calou: eis entretanto
Dos versos, que lhe ouvia,
Aplicando uma parte ao tosco alento
Da flauta piscatória, desta sorte
A seu modo dispunha,
Das praias, onde estava,
Fileno, o Pescador, que o escutava:
[...]
Já no trecho da écloga Lísia, do mesmo autor, o eu lírico feminino faz um monólogo dirigido à “Selva amena”. Assim, relembra o amor vivido entre ela (Lísia) e Sílvio. Ele a abandonou por outra mulher, para a qual Lísia deseja todos os males:
Se é certo, que inda vive a doce avena,
Que chorou Coridon, chorou Amintas,
Tu me tens de escutar, ó Selva amena.
Eu por entre estas sombras mal distintas,
Ao resplendor da Lua, que aparece,
Quero, que tu comigo o meu mal sintas.
[...]
Como posso apagar esta lembrança
Daquele grande bem, que eu discorria,
Que jamais poderia ter mudança!
Quem, fortuna, (ai de mim!) quem me diria,
Que havia de vir tempo, em que faltasse
Aquela doce união, em que eu vivia!
[...]
Sacrifício lhe fiz das minhas reses;
Para ele colhi somente o fruto,
Que o Sol sazona nos dourados meses.
Tudo, o que leva o campo, eu em tributo
Mil vezes lhe rendi: ah como agora
O meu rosto não posso ver enxuto!
Deixou-me Sílvio; sim Sílvio, que fora
Distinto Maioral destas campinas,
Glória de Lísia, por quem Lísia chora.
Deixou-me: mas por quem! Se é que inda atinas,
Saudoso coração, nesta tormenta,
Explica de meu pranto as ânsias finas.
Deixou-me por aquela, que se ostenta
Como nome de Rica; a que sepulta
Em seu seio os tesouros, que sustenta.
[...]
Se a glória me roubaram, que eu mantinha:
Contra o fado, contra essa, que hoje invejo.
A queixa, a acusação só me convinha.
Infeliz seja sempre o teu desejo,
Oh ingrata inimiga; e a aventura
Não encontres jamais sem mágoa, ou pejo.
Teus campos não se cubram de verdura:
O dia te amanheça carregado,
A noite sempre feia, sempre escura!
[...]
Que será de meus campos na pobreza,
Em que me deixas, Sílvio? Tu me davas
Todos os meus haveres, e riqueza.
Tu só os mais Pastores consolavas,
Distinto Maioral com arte, e modo
Tudo compunhas, tudo moderavas.
Por ti vivia alegre o campo todo.
Ah! E com quanta dor nesta lembrança
A calar minhas penas me acomodo!
[...]
Saiba mais: Marília de Dirceu — obra do arcadismo brasileiro que mistura traços de poesia e narrativa
Qual é a origem da écloga?
O criador da poesia pastoril foi o poeta grego Teócrito de Siracusa (310-250 a.C.). Porém, foi o escritor romano Virgílio (70-19 a.C.) que popularizou o subgênero literário écloga.
Outros tipos de poemas e suas temáticas
TIPO DE POEMA |
TEMÁTICA |
Tristeza, melancolia |
|
Epitalâmio |
Casamento, bodas |
Madrigal |
Amor, pastoralismo |
Ode |
Enaltecimento, homenagem |
Sátira |
Crítica social |
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
BORGES, Ana. Apuntes sobre la “Égloga piscatoria en la muerte del duque de Medina Sidonia”. Cadernos de Letras, Niterói, v. 27, n. 54, p. 311-321, jan./ jun. 2017.
CEIA, Carlos. Écloga (ou égloga). Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/ecloga-ou-egloga.
COSTA, Cláudio Manuel da. Fileno. In: COSTA, Cláudio Manuel da. Obras poéticas. Rio de Janeiro: Garnier, 1903.
COSTA, Cláudio Manuel da. Lísia. In: COSTA, Cláudio Manuel da. Obras poéticas. Rio de Janeiro: Garnier, 1903.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001.
RIBEIRO, Márcio Luiz Moitinha. A poesia pastoril: as bucólicas de Virgílio. 2006. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.