Romance

O romance é uma longa narrativa e diferencia-se da epopeia por ser escrito em prosa. Ele pode ser monofônico, polifônico, fechado, aberto, linear, vertical ou psicológico.

Imprimir
A+
A-
Escutar texto
Compartilhar
Facebook
X
WhatsApp
Play
Ouça o texto abaixo!
1x

O romance é um longo texto narrativo, portanto apresenta:

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • narrador;

  • personagens;

  • ação;

  • espaço; e

  • tempo.

Surgido no século XVIII, ele se diferencia da epopeia, pois narra os eventos em forma de prosa, e não mais em verso (estrutura típica dos poemas épicos). Além disso, pode ser classificado como monofônico, polifônico, fechado, aberto, linear, vertical ou psicológico.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Leia também: Crônica narrativa – gênero que conta histórias ágeis sobre fatos cotidianos

Tópicos deste artigo

O que é romance?

O romance é um subgênero literário; portanto, integra o gênero narrativo.
O romance é um subgênero literário; portanto, integra o gênero narrativo.

A origem do romance está no século XVIII, quando esse gênero textual adquiriu popularidade e substituiu a antiga forma de narrativa conhecida como epopeia ou poema épico. Esse tipo de narrativa era escrito em versos e apresentava a figura de um herói. Já o romance é escrito em prosa e a figura heroica pode ser dispensada.

Além disso, ele se diferencia da novela e do conto no que se refere à sua extensão, pois é a narrativa mais longa. Um conto é uma narrativa curta, e a novela possui uma extensão intermediária entre o conto e o romance. Isso significa que o romance, por ser mais amplo, possui também a chance de apresentar tramas e personagens mais complexos.

Quanto à temática, o romance pode ser classificado de diversas formas: infantojuvenil, policial, romântico, realista, naturalista, modernista, regionalista, homoerótico, erótico, de aventura, de ficção científica, de terror, de fantasia. Enfim, são inúmeras as possibilidades temáticas desse gênero de texto literário.

Principais características do romance

  • Ação: acontecimentos.

  • Espaço: lugar da ação.

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Tempo:

- cronológico: associado ao espaço, logo linear;

- psicológico: relacionado ao mundo interior das personagens, aos seus pensamentos e reflexões; portanto, não linear.

  • Personagem:

- plana: simples e previsível;

- redonda ou esférica: complexa e imprevisível.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Enredo: a história.

  • Narrador:

- personagem: participa da história e narra em primeira pessoa;

- observador: não possui conhecimento de todos os fatos e narra em terceira pessoa;

- onisciente ou onipresente: narra em terceira pessoa e conhece todos os fatos, além dos pensamentos e desejos íntimos de cada personagem.

Leia também: Angústia: romance de Graciliano Ramos

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Tipos de romance

  • Romance monofônico

A narrativa está centrada em uma personagem, como no romance Senhora, de José de Alencar (1829-1877), que conta a história de Aurélia Camargo:

“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa.
[...]
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.”

  • Romance polifônico

A narrativa não está centrada em uma personagem apenas, mas em várias, como no romance Capitães da areia, de Jorge Amado (1912-2001), que mostra o drama de cada uma destas crianças de rua: Pedro Bala, Sem-Pernas, Boa-Vida, Dora, Volta Seca, Gato, Pirulito e Professor.

Capa do livro Capitães da areia, de Jorge Amado, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]
Capa do livro Capitães da areia, de Jorge Amado, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]
  • Romance fechado

O narrador não deixa lacunas para serem preenchidas pelo(a) leitor(a). Como exemplo desse tipo de romance, é possível citar algumas obras da escritora inglesa Agatha Christie (1890-1976), em que o narrador, ao final, revela sempre a identidade do assassino ou assassina:

  • Assassinato no campo de golfe;

  • Assassinato no expresso do Oriente;

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Morte no Nilo;

  • Morte na praia e tantos outros.

  • Romance aberto

O narrador deixa lacunas para serem preenchidas pelo(a) leitor(a). Como exemplo desse tipo de romance, é possível citar o livro Orlando, da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941), em que o personagem Orlando nasce homem, mas se transforma em mulher, além de viver durante séculos. Em nenhum momento, o narrador nos explica por que Orlando vive tanto tempo ou o motivo de sua transformação repentina:

“Ficamos então agora inteiramente sozinhos no quarto com o adormecido Orlando e os trombeteiros. Os trombeteiros, organizando-se lado a lado, sopram um terrível toque: — “A VERDADE!” — e com isso Orlando despertou.
Espreguiçou-se. Levantou-se. Ficou de pé completamente despido diante de nós, e enquanto as trombetas soavam Verdade! Verdade! Verdade! não temos escolha senão confessar — ele era uma mulher.”|1|

  • Romance linear ou progressivo

Esse tipo de romance está centrado na ação, e não na reflexão, como bem ilustra a obra Cartas na rua, do escritor estado-unidense Charles Bukowski (1920-1994):

“Dei a volta pela lateral da igreja e topei com uma escada que descia. Atravessei uma porta aberta. Você sabe o que eu vi? Uma fila de banheiros. E chuveiros. Mas estava escuro. Todas as luzes apagadas. Como, diabos, esperam que um homem encontre uma caixa de correspondência no escuro? Então avistei o comutador. Apertei a chave e as luzes da igreja se acenderam, dentro e fora. Avancei até a sala seguinte e havia batinas de padres estendidas numa mesa. Havia também uma garrafa de vinho.”|2|

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Romance vertical ou analítico

Nesse tipo de romance, a ação leva a uma reflexão, como podemos observar no livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908):

“[...]. Talvez por isso entraram os objetos a trocarem-se; uns cresceram, outros minguaram, outros perderam-se no ambiente; um nevoeiro cobriu tudo, — menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel...
[...]
Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, [...].
Mas é sestro antigo da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar. É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha. Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários. No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a adventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu. Afinal, já a Sandice se contentava com um cantinho no sótão.”

Acesse também: Graciliano Ramos – grande nome da prosa modernista brasileira

  • Romance psicológico

No romance de viés psicológico, sobressai o monólogo interior, os chamados fluxos de consciência, que revelam o universo íntimo das personagens. O enredo fica em segundo plano, pois o que importa não é a ação, mas a análise psicológica. Isso pode ser verificado na obra A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector (1920-1977):

“Abaixei rapidamente os olhos. Ao esconder os olhos, eu escondia da barata a astúcia que me tomara — o coração me batia quase como numa alegria. É que inesperadamente eu sentira que tinha recursos, nunca antes havia usado meus recursos — e agora toda uma potência latente enfim me latejava, e uma grandeza me tomava: a da coragem, como se o medo mesmo fosse o que me tivesse enfim investido de minha coragem. Momentos antes eu superficialmente julgara que meus sentimentos eram apenas de indignação e de nojo, mas agora eu reconhecia — embora nunca tivesse conhecido antes — que o que sucedia é que enfim eu assumira um medo grande, muito maior do que eu.”

Notas

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

|1|Tradução de Laura Alves.

|2|Tradução de Pedro Gonzaga.

Crédito da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução) 

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Deseja fazer uma citação?
SOUZA, Warley. "Romance"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/romance.htm. Acesso em 24 de dezembro de 2025.
Copiar