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As queimadas na Amazônia tiveram sua origem ligada às práticas econômicas desenvolvidas na região, motivadas pelo cenário político brasileiro e sem controle por parte das entidades governamentais. Seu crescimento dá-se a partir da década de 1930, ficado mais intenso após a década de 1970.
Agricultura e pecuária são as principais motivadoras do processo, pois são atividades que necessitam de grandes áreas de terras para acontecerem, por isso, entende-se que o desmatamento é necessário e está ligado ao processo das queimadas na região. Os efeitos do desmatamento e das consequentes queimadas são muitos, as alterações da condição climática e perda da biodiversidade configuram-se como os mais preocupantes e de maior impacto na região.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Contexto histórico e origem das queimadas
- 2 - Desmatamento e queimadas
- 3 - Causas das queimadas da Amazônia
- 4 - Consequências das queimadas na Amazônia
- 5 - Dados das queimadas na Amazônia
Contexto histórico e origem das queimadas
A origem das queimadas na Amazônia teve seu início com o avanço da fronteira agrícola nacional, que expandiu as áreas de produção e uso do território brasileiro. Algumas políticas governamentais contribuíram para esse processo, como a Marcha para o Oeste, implementada no governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930. Essa política contribuiu para o povoamento das regiões Norte e Centro-Oeste, com o surgimento de cidades, a abertura de estradas e o desenvolvimento econômico dessas regiões, favorecendo assim a ocorrência maior da prática de queimadas.
No governo de Juscelino Kubitschek, em 1956, o Plano de Metas também contribuiu com o processo sendo o primeiro passo para a industrialização de todas as áreas do país e para o investimento de capital externo, sendo efetivado no Governo Militar. A criação do Polo Industrial de Manaus (1967) foi o fato de maior impacto na região da Amazônia, pois, para a indústria funcionar, precisa-se de matéria-prima, energia e recursos, e a região da Amazônia conta com bastante recursos disponíveis.
Com a retirada de cobertura vegetal, tanto para o avanço da indústria, quanto para o avanço da fronteira agrícola da região e povoamento, a Amazônia vem sofrendo, ao longo dos anos, com o aumento dos focos de incêndio. Atualmente, tais focos são monitorados e podem ser controlados pela aplicabilidade de políticas públicas ambientais, capazes de propor soluções para tal problemática.
Desmatamento e queimadas
O desmatamento e as queimadas são práticas humanas muito ligadas e consequentes uma da outra. De modo geral, entende-se que, ao realizar-se a retirada da cobertura vegetal, ocorrem as queimadas, pois queima-se as plantas menores para usufruto da madeira de maior porte. No caso da Amazônia, essa lógica é aplicada.
O uso da madeira como matéria-prima (da indústria e da construção civil) e como fonte de energia, e estando associado à técnica da queimada, é algo comum. Atualmente, grandes áreas dos principais biomas do mundo sofrem essas ações desenfreadamente, como é o caso das florestas tropicais e equatoriais (a exemplo da Amazônia e do Cerrado). A Floresta Amazônica vem sofrendo com essas ações de maneira agressiva nos últimos anos.
O avanço da fronteira agrícola e pecuária nessas áreas florestais configura-se como principal motivo da realização dessas atividades. Primeiramente ocorre a extração vegetal, retirando-se a madeira que será utilizada, e depois há a prática da queimada, como forma de eliminar-se arbustos e gramíneas que não servem para a agricultura.
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Causas das queimadas da Amazônia
Nos últimos anos, as queimadas na região da Amazônia ganharam um maior destaque, pois trata-se de centenas de milhares de focos de incêndio ao ano, e as motivações para tal ato são bastante diversificadas. Destacam-se três motivos centrais para a realização das queimadas na Amazônia.
O primeiro motivo diz respeito à realização de incêndios ligada ao desmatamento. Retira-se a vegetação considerada boa para uso em outras atividades econômicas, em seguida, faz-se uso do fogo para eliminação dos arbustos que sobram, técnica executada para preparo do solo para a agricultura ou pecuária.
O segundo motivo fica por conta das queimadas realizadas em áreas de agricultura que já existem, que foram desmatadas anteriormente. Elas ocorrem para o preparo do solo, com eliminação de ervas daninhas e fertilização do solo para o desenvolvimento agrícola. O incêndio é uma técnica primitiva bastante eficiente, rápida e barata, esses fatores motivam os grandes proprietários de terra a promovê-lo.
O terceiro e último motivo são os incêndios florestais. Eles podem ser iniciados de maneira acidental, principalmente no período da estiagem, e podem afetar áreas gigantescas de coberturas vegetais, ocasionando impacto direto aos animais, rios e sociedades tradicionais e ribeirinhas. Em alguns casos, eles podem ser considerados criminosos, quando indivíduos realizam-nos de maneira indiscriminada, e acabam com grandes áreas verdes.
Consequências das queimadas na Amazônia
Grande parte da devastação ambiental ocorrida na floresta é causada por queimadas. As consequências das queimadas na Amazônia são muitas e ameaçam vários aspectos do meio natural e do equilíbrio planetário. Dessas consequências, as imediatas são:
- Erosão e empobrecimento do solo;
- Eliminação da biodiversidade local;
- Diminuição da circulação do volume das águas superficiais;
- Alteração das condições de temperatura e umidade e presença de vapor d’água na atmosfera — chuva;
- Emissão de gases poluentes na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e efeito estufa;
- Alterações climáticas mundiais;
- Danos à saúde, como aumento de doenças respiratórias.
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Dados das queimadas na Amazônia
A região da Floresta Amazônica é monitorada diariamente por satélites e uma força tarefa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no combate aos focos de incêndio. Diversos são os pontos de início dessa atividade, e os dados mostram-nos uma situação intensa e alarmante.
Região Norte: Dados dos Focos de Incêndio por Ano
Os dados revelam uma intensificação no aumento dos focos de incêndio na Floresta Amazônica a partir do início do século XXI, com mais de 100 mil focos em 2002 e com o dobro da quantidade dois anos depois, em 2004. No ano de 2005, houve o pico do número de incêndios, mais de 160 mil focos na região. Em 2010, os números também assustam, com mais de 130 mil focos na região.
A partir de 2011, houve um equilibro nos números, os focos de incêndio na Amazônia Legal encontram-se numa média de 50 mil por ano. Atualmente, em 2020, há cerca de 35 mil casos registrados até o momento.
Por Gustavo Henrique de Mendonça
Professor de Geografia