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Queimadas na Amazônia

As queimadas na Amazônia são um grave problema ambiental cujos impactos têm transformado as condições atmosféricas no Brasil e afetado a vida de milhares de pessoas no país.

Parte da Floresta Amazônica em chamas, situação típica das queimadas na Amazônia.
As queimadas na Amazônia são um grave problema ambiental de origem antrópica e que tem contribuído para a degradação do clima em escala global.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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As queimadas na Amazônia são um grave problema ambiental que acomete esse importante bioma sul-americano há décadas. Embora queimadas possam ter origem natural, sua ocorrência na Amazônia tem principalmente origem antrópica: a abertura de áreas para o desenvolvimento de atividades econômicas, como a pecuária extensiva e o plantio de commodities agrícolas, é a maior causa da ampliação dos focos de fogo na região.

Os impactos das queimadas na Amazônia, que se agravaram substancialmente em 2024, são ambientais e socioeconômicos, além de contribuírem para a piora do aquecimento global. Reverter esse quadro impedindo o avanço das queimadas é urgente, e demanda esforços dos setores público e privado, como mediante a ampliação da fiscalização na área e o desenvolvimento de dispositivos legais que visem à maior proteção da floresta.

Leia também: Queimadas no Pantanal — um grave problema ambiental que acomete esse importante bioma brasileiro

Tópicos deste artigo

Resumo sobre as queimadas na Amazônia

  • As queimadas na Amazônia são causadas pela ação humana. A motivação é principalmente econômica, com foco na abertura de novas áreas produtivas para o agronegócio.
  • O número de queimadas registrado no primeiro semestre de 2024 é o pior em 17 anos. Com o El Niño e as ondas de calor que aconteceram no ano, o tempo mais quente e seco favoreceu o agravamento das queimadas.
  • A fumaça das recentes queimadas na Amazônia tem chegado até os estados do Sul do Brasil, como Paraná e Santa Catarina, afetando a formação de chuvas nessas áreas.
  • Apesar dos agravantes de ordem natural, as causas para as queimadas na região da Amazônia em 2024 são, também, antrópicas.
  • As queimadas na Amazônia são um grave problema ambiental, portanto, resultam em impactos ao meio ambiente e aos seres humanos, como na perda de biodiversidade, na piora da qualidade de vida das pessoas e nas alterações no clima em escala regional e global.
  • Queimadas e desmatamentos são problemas diretamente relacionados, pois o fogo é uma técnica muito empregada na Amazônia para a remoção da cobertura vegetal.
  • Conter as queimadas na Amazônia é uma tarefa urgente que demanda esforços de todos os setores da sociedade, mas principalmente dos agentes públicos e econômicos.
  • Entre as medidas necessárias para diminuir as queimadas na Amazônia, estão a ampliação dos dispositivos legais de proteção da floresta e da flora brasileira como um todo e o aumento da fiscalização na região.

Videoaula sobre as queimadas na Amazônia

Causas das queimadas na Amazônia

As queimadas na Amazônia brasileira são um problema ambiental muito antigo. Tiveram início ainda no século passado e têm como principal causa a ação dos seres humanos na natureza. Existem queimadas cuja origem é natural, como no caso de queda de raios. No entanto, os focos identificados na região da Floresta Amazônica são antrópicos, ou seja, iniciados pelos seres humanos.

A motivação para tal ação é, na maioria das vezes, econômica. Nesse sentido, e considerando o atual cenário, a atividade agropecuária encabeça a lista de razões pelas quais as queimadas são iniciadas.

Na segunda metade do século XX, o território brasileiro vivenciou o processo de modernização das atividades agropecuárias e a conseguinte expansão das fronteiras agrícolas para o interior do país, mais precisamente em áreas recobertas pelo Cerrado.

A partir da década de 1980, os estados da Amazônia passaram a ser a destinação favorita dos principais produtores de commodities agrícolas, como soja, e criadores de animais. Com isso, novas áreas para pastagem e para o plantio agrícola passaram a ser abertas, o que acontece até hoje, motivando a realização de queimadas para a “limpeza” dos terrenos.

Tal limpeza pode ocorrer, também, entre um plantio e outro. Desde muito tempo atrás, acredita-se que o fogo seja a técnica mais viável para remover resíduos de lavouras precedentes e ampliar a fertilidade do solo, preparando o substrato para a realização de um novo plantio.

Outra atividade econômica causadora das queimadas na Amazônia é a mineração. Nesse caso, as queimadas associadas ao extrativismo mineral caminham lado a lado com outro problema ambiental: o desmatamento. A abertura de novas áreas para a exploração do solo é, muitas vezes, feita mediante o uso do fogo. Essa e todas as demais causas apontadas acima se encontram na origem das queimadas que ocorrem hoje em dia na Amazônia.

É importante lembrar que a abertura de áreas para a urbanização e instalação de infraestrutura, o fogo, muitas vezes ateado em lixo, e o simples fato de se jogar uma bituca de cigarro acesa em área de vegetação ressecada ocasionam, igualmente, queimadas e até incêndios florestais que são registrados na região em questão.

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Queimadas na Amazônia em 2024

O ano de 2024 foi um dos piores no que diz respeito ao registro de focos de queimada e de incêndio na região da Amazônia nos últimos 17 anos. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Pesquisa Espacial (Inpe), reunidos em sua plataforma BDQueimadas, no primeiro semestre do ano em questão, a Amazônia teve 13.489 focos de queimada. Foi o bioma mais ameaçado por esse tipo de problema nesse período, seguido muito de perto pelo Cerrado.

Floresta Amazônica em chamas e com bastante fumaça no estado do Pará, situação típica das queimadas na Amazônia.
Em 2024, a fumaça das queimadas na Amazônia chegou a 10 estados brasileiros.

Os focos de queimada na Amazônia em 2024 representam quase um terço dos focos identificados em todo o território nacional no mesmo intervalo de tempo. Considerando, ainda, a mesma plataforma, o mês de julho de 2024 se tornou extremamente preocupante para aqueles que acompanham as informações sobre queimadas na região: 11.434 focos de queimada foram identificados na Amazônia somente nesse mês. Entre janeiro e agosto, o número superou 45 mil focos somente no bioma.

Os estados do Amazonas e do Pará são aqueles que concentram o maior número de focos de queimada. Essa prática tem afetado os moradores locais e os ecossistemas amazônicos; ainda, a fumaça das recentes queimadas está se espalhando por outras regiões do país por meio de um corredor de ventos que está fazendo com que 10 estados sejam afetados. Santa Catarina é o mais longe que a fumaça chegou até o momento, o que indica a gravidade do problema.

Acredita-se que alguns fatores contribuíram para a piora no número de focos de queimada na Amazônia em 2024, para além da própria ação humana. O principal deles é o El Niño que começou em 2023 e tem sido um dos piores já registrados, trazendo tempo extremamente seco para a região Norte do Brasil. Somam-se a isso o agravamento das mudanças climáticas e o recorrente avanço de ondas de calor e períodos com queda drástica da umidade em diversas regiões do país.

Impactos das queimadas na Amazônia

As queimadas na Amazônia são um problema ambiental muito severo que impacta o equilíbrio da natureza e afeta diretamente a vida dos seres humanos. Não somente a vida daqueles que habitam na região amazônica sofre alterações com o fogo na vegetação como também das populações que vivem em outras áreas do país e do mundo. Nesse sentido, um dos principais impactos ocasionados pelas queimadas na Amazônia é a piora nas condições atmosféricas e a deterioração da qualidade do ar.

Temos observado o espalhamento da fumaça provocada pelas queimadas e pelos incêndios florestais na Amazônia em diversas partes do território nacional, chegando até mesmo aos estados do Sul do Brasil. Essa fumaça diminui a visibilidade, o que pode ocasionar acidentes em terra e aéreos, além de causar danos à saúde dos animais e dos seres humanos, notadamente problemas respiratórios e alérgicos. Outro problema trazido pela fumaça é a redução na formação de nuvens de chuva, o que impacta na precipitação e na umidade das áreas atingidas.

As queimadas na Amazônia provocam graves efeitos na fauna, na flora e no solo desse bioma. Isso porque ameaçam a biodiversidade, pois eliminam plantas de todas as espécies e acabam com o habitat de inúmeros animais, desde mamíferos a pequenos insetos. Não somente isso, o fogo é a causa direta da morte de indivíduos da fauna e da flora. Os seus impactos ambientais se estendem para o solo, que tem perda de fertilidade. Em conjunto com o desmatamento, as queimadas deixam o solo suscetível à lixiviação e à erosão.

Com o fogo na vegetação, há grande liberação de gases do efeito estufa na atmosfera, especialmente gás carbônico (CO2). Além disso, a perda de uma grande área verde reduz a absorção de carbono pelas plantas, o que acontece naturalmente por meio dos ciclos biogeoquímicos da natureza. Assim sendo, as queimadas contribuem para a mudança do microclima (clima local) em curto prazo, e, em médio e longo prazo, elas agravam o aquecimento global e as mudanças do clima em escala planetária.

Relação entre o desmatamento e as queimadas na Amazônia

As queimadas na Amazônia e o desmatamento estão diretamente relacionados. A remoção da cobertura vegetal é, em muitas das vezes, realizada pelo ateamento de fogo. Por conta disso, diz-se que as queimadas são uma das principais causadoras do desmatamento na Amazônica.

Tais focos de calor iniciados para a limpeza de áreas acabam se caracterizando como queimadas e, quando fora de controle, podem evoluir para incêndios florestais. Os mesmos motivos que levam à realização de queimadas estão na origem do desmatamento na região amazônica: fatores econômicos, a urbanização, e a abertura de novas áreas para o desenvolvimento de atividades como a mineração.

Desflorestação na Amazônia

A desflorestação, ou o desmatamento, na Amazônia é uma realidade que, assim como as queimadas, se instalou desde o princípio da exploração desse bioma sul-americano. Do extrativismo vegetal até a construção de grandes obras, como a Transamazônica, a retirada da vegetação nativa é um problema ambiental grave que ameaça, em conjunto com as queimadas, a maior floresta equatorial do mundo.

Dados recentes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério do Meio Ambiente indicam que, entre 2022 e 2023, o desmatamento da Amazônia foi de 9064 km², a menor taxa registrada desde o ano de 2019. A queda com relação ao ano de 2022 foi de 21,8%. Ainda assim, é válido reforçar que esse é um valor muito alto e que causa preocupação acerca do futuro desse bioma.

O MapBiomas estima que metade de todo o desmatamento que aconteceu no Brasil, desde a sua colonização até o ano de 2023, se deu na Amazônia. A floresta já perdeu quase 20% de toda a sua área recoberta por vegetação. Esse montante equivale a aproximadamente 55 milhões de hectares, e a atividade agropecuária foi a principal responsável pela perda ao longo dos anos. Para saber mais detalhes sobre o desmatamento na Amazônia, clique aqui.

Como evitar as queimadas na Amazônia?

Evitar as queimadas na Amazônia é uma tarefa urgente que demanda esforços da população, dos agentes públicos e principalmente dos agentes econômicos. As medidas que podem ser tomadas para diminuir os focos de queimada no bioma e, por conseguinte, desacelerar a taxa de desmatamento na região Norte do Brasil são as seguintes:

  • Reforçar o patrulhamento e a fiscalização das áreas em que as queimadas acontecem com maior frequência, ou em localidades que há maior risco de elas ocorrerem.
  • Implementar punições, como multas, para aqueles que fazem uso comum e recorrente das queimadas ilegais, principalmente em áreas protegidas por lei.
  • Criar dispositivos legais que tenham como objetivo proteger áreas florestadas e inibir a ocorrência de queimadas e ações de desmatamento.
  • Aplicação de métodos alternativos para a preparação do solo.
  • Desenvolvimento de métodos que ampliem a produtividade do solo das áreas que já foram previamente desmatadas, sem a necessidade de realizar novas queimadas.
  • Adoção de hábitos sustentáveis por parte da população, além de evitar jogar fogo em lixo ou lançar bitucas de cigarro em vegetação seca, o que pode dar início a queimadas e incêndios.

Dados das queimadas na Amazônia

Os principais dados das queimadas na Amazônia são os levantados pelo Inpe por meio de seu Programa Queimadas, que monitora os focos de queimada e os incêndios por instância territorial e por bioma.

A série de dados sobre a Amazônia teve início no ano de 1998, e mostra que a situação já esteve muito pior do que o cenário que encontramos atualmente no que diz respeito ao número absoluto de focos de queimadas. O pico aconteceu no ano de 2004, com mais de 218 mil focos de queimadas.

Entretanto, é importante lembrarmos que os problemas ambientais da magnitude das queimadas na Amazônica são cumulativos na natureza, e a situação de desequilíbrio ecossistêmico e climático atual se torna ainda mais grave com a continuidade da prática, independentemente do fato de ter havido diminuição do número de queimadas por ano. Nota-se, ainda, que, somente nos oito primeiros meses de 2024, já foram registrados 45 mil focos de queimada.

Veja, a seguir, o gráfico com a evolução do número de focos de queimada na Amazônia de 1998 até 2023:

Gráfico do Instituto Brasileiro de Pesquisa Espacial (Inpe) com a evolução dos focos de queimadas na Amazônia de 1998 a 2023.
Fonte: Inpe, 2024.

Fontes

CASEMIRO, Poliana. Amazônia tem temporada recorde de queimadas, corredor de fumaça se espalha e afeta 10 estados. G1, 21 ago. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/08/21/amazonia-tem-pior-temporada-de-queimadas-em-17-anos-corredor-de-fumaca-se-espalha-e-afeta-10-estados.ghtml.

MCTI. Desmatamento na Amazônia cai 21,8% em 2023. Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI), 08 mai. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2024/05/desmatamento-na-amazonia-cai-21-8-em-2023.

OLIVEIRA, Vinícius. Número de queimadas na Amazônia em 2024 já é o maior para o período em quase duas décadas. Greenpeace Brasil, 25 jul. 2024. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/imprensa/numero-de-queimadas-na-amazonia-em-2024-ja-e-o-maior-para-o-periodo-em-quase-duas-decadas/.

PEIXOTO, Roberto. Entenda por que o Brasil registrou uma taxa inédita de queimadas neste 1º quadrimestre do ano. G1, 02 mai. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/05/02/entenda-por-que-o-brasil-registrou-uma-taxa-inedita-de-queimadas-neste-1o-quadrimestre-do-ano.ghtml.

Programa Queimadas do INPE. Disponível em: https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/queimadas/portal/.

WWF. Número de queimadas explode e Amazônia tem o pior mês de julho desde 2005. WWF Brasil, 02 ago. 2024. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?89340/Numero-de-queimadas-explode-e-Amazonia-tem-o-pior-mes-de-julho-desde-2005.

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Queimadas na Amazônia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/queimadas-na-amazonia.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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