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Queimadas no Pantanal

As queimadas no Pantanal são comuns nas épocas secas do inverno. Porém, tais eventos estão aumentando, o que preocupa ambientalistas.

Planícies alagadas no Pantanal.
Planícies alagadas no Pantanal.
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As queimadas no Pantanal, bioma localizado no Centro-Oeste e em partes da Bolívia e do Paraguai, são bastante comuns no inverno, época em que as temperaturas aumentam e a umidade do ar diminui nessa localidade. Esses fatores climáticos associados às ações humanas podem gerar queimadas de vários graus de intensidade e prejudicar bastante o bioma.

Leia também: Impactos ambientais causados pela mineração

Tópicos deste artigo

Origem das queimadas

A estiagem natural do inverno na região Centro-Oeste pode vir acompanhada de focos naturais de queimadas, mas em trechos isolados, com a atuação dos ventos e tempo seco. Os focos também podem aparecer perto do período chuvoso, com a ação de raios e outros fenômenos naturais.

Entretanto, o que tem sido visto ultimamente é um aumento considerável desses focos em épocas muito secas e em grandes áreas, o que leva a crer que esses focos sejam causados pela ação humana.

Vista espacial de queimadas na América do Sul
Vista espacial de queimadas na América do Sul.

Recentemente foi percebida uma diminuição das chuvas no início do ano, fazendo com que, durante as secas, os rios diminuam ainda mais seus níveis, minorando também as áreas pantaneiras alagadas. Dessa forma, solos mais secos surgem, favorecendo a prática agropecuarista da região, que usa as queimadas para limpar a vegetação e desenvolver pastos e lavouras.

Essa diminuição das chuvas pode estar associada ao desmatamento da Amazônia, que vem crescendo ao longo dos anos. Secas mais severas, aumento da temperatura e menos umidade são os fatores ideais para que pequenas queimadas saiam do controle.

Principais motivos das queimadas no Pantanal

A baixa quantidade de chuvas dos últimos períodos contribui para o aumento do número de queimadas, pois a umidade diminui, deixando o tempo seco, além das altas temperaturas, com médias acima dos 30ºC.

Contudo, tais queimadas não ocorrem apenas por causa desses fatores mencionados. Especialistas, como biólogos e climatologistas, acreditam que grande parte dos focos – para não dizer todos – é causada pelas ações humanas ligadas ao:

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O agronegócio é um setor econômico forte na região Centro-Oeste, sendo importantíssimo para a composição do PIB dos estados da região. Na área de ocorrência do Pantanal, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as planícies inundadas estão cada vez menores, o que aumenta a área de pastagem e de plantação de braquiária, uma planta que ajuda na alimentação do gado.

Associadas à pecuária, as queimadas são utilizadas como forma de desmatamento para limpar a área do pasto, algo comum na região. Entretanto, as condições climáticas já mencionadas fazem com que pequenos focos virem queimadas incontroláveis.

Desmatamento com queimadas equaciona um problema ambiental imenso, mas que para muitos se justifica com a economia pecuarista e agrícola, destacando-se a plantação de soja na região pantaneira. Mas não podemos esquecer que dinheiro não é comida, logo a preservação ambiental é imprescindível.

Veja também: Impactos ambientais causados pelo agronegócio no Brasil

Dados das queimadas no Pantanal

A temporada de queimadas na região Centro-Oeste atinge seu ápice durante os meses do inverno, estação com escassez de chuvas e baixa umidade. Com isso, durante esse período, é natural que haja aumento do número de focos de incêndios, mas, nos últimos anos, esse número tem preocupado bastante os ambientalistas.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ano de 2020, até setembro, já possui mais focos de queimadas do que todo o ano de 2019. Observe a tabela de 2015 a 2019 em relação aos focos de queimadas:

Ano

Número de focos de queimadas

2015

4.458

2016

5.814

2017

5.773

2018

1.691

2019

10.025


Até setembro de 2020, os focos de queimadas ultrapassavam 15.800, um aumento assustador se levarmos em conta o período citado. Ainda segundo o Inpe, o bioma Pantanal já teve 12% de sua área destruída em 2020 com a ação do fogo, o que corresponde a uma área de 18,6 km².

O Parque Estadual Encontro das Águas, localizado em Poconé, a pouco mais de 100 quilômetros de Cuiabá, teve mais de 80% de sua área destruída com as queimadas de 2020. Esse parque é famoso por concentrar a maior quantidade de onças-pintadas do mundo, o que atrai turistas de vários países do globo.

Ao compararmos o primeiro semestre de 2020 com o primeiro semestre de 2019, houve um aumento de 206% no número de focos de queimadas, sendo o maior registro desde 1998/1999, quando as medições começaram. Esses números geram grande preocupação, principalmente ao se levar em conta os prejuízos sem precedentes para a fauna e a flora desse bioma.

Acesse também: A relação entre impactos ambientais e o surgimento de doenças

Consequências das queimadas no Pantanal

As consequências das queimadas em excesso no Pantanal são graves, em especial para a fauna e a flora. As queimadas geram efeitos diretos e indiretos, sendo esses últimos percebidos somente a longo prazo.

Como consequências diretas e imediatas, podemos citar animais com queimaduras, intoxicação e a morte de vários deles. Alguns animais do Pantanal, como onças, capivaras, tuiuiús, araras, jacarés, tatus, sucuris e tamanduás, costumam se refugiar do perigo iminente. Entretanto, essa fuga vai até o limite corporal do animal, o que pode fazer com ele saia do seu habitat natural e fique desorientado devido à fumaça e cinzas. Com isso, alguns animais acabam morrendo de cansaço ou mesmo de fome, pois não encontram alimentos em meio a um ambiente hostil e diferente do que estão habituados.

As mortes dos animais estão entre as mais graves consequências das queimadas, pois, além de ser uma grande perda biológica, há o desequilíbrio na cadeia alimentar do bioma. Um exemplo é o caso das onças, o maior felino das Américas e que controla a população de outros animais, como capivaras e veados.

Onça se alimentando de uma capivara no Pantanal
A falta de alimentos é uma das graves consequências indiretas. Na foto, onça abatendo capivara no Pantanal.

Na flora, as árvores e plantas incendiadas fazem com que as aves do Pantanal se desloquem para outras áreas. Sem casa e comida, muitas aves padecem mesmo se acharem outro abrigo, pois não há garantia de que encontrarão alimentos. Ninhos, ovos e filhotes queimados são mais um exemplo da tragédia que se instala com as queimadas em excesso.

Já as consequências a longo prazo estão relacionadas com os ecossistemas. As queimadas aumentam os níveis de poluição, o que pode ser diminuído com a presença de árvores. Mas com as árvores queimadas, a poluição cresce, o que afeta não só a região pantaneira, mas várias outras adjacentes. Ademais, a população que vive e sobrevive dos recursos do Pantanal é também extremamente prejudicada.

As cidades que abrigam o Pantanal sofrem com a fumaça que encobre a região, o que agrava problemas respiratórios e demais doenças relacionadas com a péssima qualidade do ar. Outra grave consequência são as cinzas deixadas pelo fogo. Quando chegarem as primeiras chuvas, essas cinzas serão transportadas para os rios, o que prejudicará ecossistemas aquáticos e, também, o consumo humano. Esses acontecimentos deixarão tristes marcas para todos.

Escritor do artigo
Escrito por: Átila Matias Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MATIAS, Átila. "Queimadas no Pantanal"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/queimadas-no-pantanal.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

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