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A primeira fase do modernismo brasileiro, ou primeira geração modernista no Brasil, é como ficou conhecido o período da literatura nacional que foi de 1922 (seu marco inicial foi a Semana de Arte Moderna) a 1930. As obras dessa fase são caracterizadas pelo seu caráter inovador, antiacadêmico e nacionalista. Assim, o movimento modernista no Brasil surgiu durante o fim da República Velha e mostrou o descontentamento dos artistas com a arte e a política nacionais vigentes até aquele momento.
Leia mais: Primeira geração do romantismo — um dos principais movimentos literários brasileiros
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
- 2 - Videoaula sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
- 3 - Contexto histórico da primeira fase do modernismo brasileiro
- 4 - Características da primeira geração modernista
- 5 - Autores da primeira geração modernista
- 6 - Obras da primeira fase do modernismo brasileiro
- 7 - Videoaula sobre Macunaíma, de Mário de Andrade
- 8 - Exercícios resolvidos sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
Resumo sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
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A primeira fase do modernismo brasileiro durou de 1922 a 1930.
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Trouxe para a literatura a inovação e fez uma releitura dos símbolos nacionais.
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Surgiu no final da República Velha e refletiu o descontentamento com a política nacional.
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Contou com autores como Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.
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Além de manifestos, como Manifesto da poesia pau-brasil, produziu obras como Macunaíma e Memórias sentimentais de João Miramar.
Videoaula sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
Contexto histórico da primeira fase do modernismo brasileiro
O modernismo brasileiro surgiu no fim da chamada República Velha ou Primeira República, período da história do Brasil iniciado em 1889 e concluído em 1930. Durante grande parte dele, predominou o governo oligárquico, dominado principalmente por fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais.
A política do café com leite, portanto, garantia que representantes da elite agropecuária desses dois estados se revezassem no comando do Estado brasileiro. É preciso recordar que a maioria da população do país era rural e dominada por fazendeiros (ou coronéis), que se perpetuavam no poder.
O movimento tenentista, de cunho militar, mostrou sua insatisfação com o regime vigente por meio da Revolta do Forte de Copacabana, em 1922, e da Revolta Paulista, de 1924, além da Coluna Prestes, movimento que se estendeu de 1924 a 1927. Nesse contexto, o movimento modernista surgia para mostrar a insatisfação política e principalmente artística de vários artistas brasileiros.
A arte tradicional representava o velho, o passado, e os modernistas valorizavam o novo, o futuro. Por isso, sentiram a necessidade de repensar a nacionalidade e foram em busca da verdadeira identidade brasileira.
Veja também: Qual é a relação entre o modernismo e a Primeira Guerra Mundial?
Características da primeira geração modernista
A primeira fase do modernismo brasileiro teve início, em 1922, com o advento da Semana de Arte Moderna, evento que buscou renovar a arte nacional e que tomou como base as seguintes tendências europeias (vanguardas europeias):
Assim, a chamada fase heroica ou fase de destruição (dos valores estéticos do passado) apresentou as seguintes características:
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inovação;
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ousadia;
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nacionalismo;
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crítica sociopolítica;
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releitura dos símbolos nacionais;
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busca pela identidade brasileira;
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liberdade de criação;
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liberdade formal;
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uso de versos livres;
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valorização da linguagem oral;
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defesa de uma língua brasileira;
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antiacademicismo.
Essa fase se encerrou em 1930, dando espaço para os autores da segunda geração, que puderam usufruir livremente das conquistas de seus antecessores.
→ Videoaula sobre a Semana de Arte Moderna
Autores da primeira geração modernista
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Oswald de Andrade (1890-1954)
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Mário de Andrade (1893-1945)
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Manuel Bandeira (1886-1968)
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Cassiano Ricardo (1895-1974)
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Menotti del Picchia (1892-1988)
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Plínio Salgado (1895-1975)
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Ronald de Carvalho (1893-1935)
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Guilherme de Almeida (1890-1969)
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Alcântara Machado (1901-1935)
Interessante: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia foram os artistas e os escritores que fizeram parte do Grupo dos Cinco bem como importantes colaboradores dessa primeira fase de 1922 a 1930.
Obras da primeira fase do modernismo brasileiro
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Manifesto da poesia pau-brasil (1924), de Oswald de Andrade
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Memórias sentimentais de João Miramar (1924), de Oswald de Andrade
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Raça (1925), de Guilherme de Almeida
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O estrangeiro (1926), de Plínio Salgado
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Toda a América (1926), de Ronald de Carvalho
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Amar, verbo intransitivo (1927), de Mário de Andrade
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Macunaíma (1928), de Mário de Andrade
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Martim Cererê (1928), de Cassiano Ricardo
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República dos Estados Unidos do Brasil (1928), de Menotti del Picchia
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Laranja da China (1928), de Alcântara Machado
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Manifesto antropófago (1928), de Oswald de Andrade
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Manifesto do verde-amarelismo ou da escola da anta (1929), de Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e demais integrantes do grupo dos verde-amarelos
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Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira
Videoaula sobre Macunaíma, de Mário de Andrade
Exercícios resolvidos sobre a primeira fase do modernismo brasileiro
Questão 1
(Enem)
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época
A) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
B) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do realismo.
Resolução:
Alternativa B
No texto em questão, é característica da primeira fase do modernismo brasileiro a valorização da linguagem oral ou falada. No mais, não há rimas ricas nem simetria de versos no texto. Quanto às características do romantismo, elas estão ligadas à tradição literária, combatida pelos modernistas. Já o diálogo não é uma característica típica do realismo, podendo estar em qualquer outro estilo de época.
Questão 2
(Enem) A discussão sobre gramática na classe está “quente”. Será que os brasileiros sabem gramática? A professora de português propõe para debate o seguinte texto:
Pra mim brincar
Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática.
— As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde.
BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Organização de Emanuel de Moraes. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. p. 19.
Com a orientação da professora e após o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguinte conclusão:
A) uma das propostas mais ousadas do modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o registro, no texto literário, da diversidade das falas brasileiras.
B) apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em relação às cariocas.
C) a tradição dos valores portugueses foi a pauta temática do movimento modernista.
D) Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nação brasileira.
E) Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agressão à língua portuguesa.
Resolução:
Alternativa A
No texto em questão, há a valorização da “diversidade das falas brasileiras”. Portanto, ele não demonstra preconceito. Já a pauta temática do movimento modernista foi a identidade nacional e não a tradição dos valores portugueses. Além disso, o texto não traz primitivismo nem considera a diversidade dos falares como agressão à língua, muito pelo contrário.
Questão 3
(Enem)
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante
A) o regionalismo do Nordeste.
B) o concretismo paulista.
C) a poesia pau-brasil.
D) o simbolismo pré-modernista.
E) o tropicalismo baiano.
Resolução:
Alternativa C
A poesia pau-brasil está pautada no elemento nacionalista e, portanto, identitário do Brasil. Assim, o poema de Oswald, de forma irônica, menciona o contato cultural entre índios e portugueses, que levaria a uma futura identidade brasileira.
Crédito de imagem
[1] Editora FTD (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura