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Segunda fase do modernismo brasileiro

Segunda fase do modernismo brasileiro aconteceu entre 1930 e 1945 e é também conhecida como fase de reconstrução.

“Vidas secas”, livro publicado pela editora Record, foi um dos principais representantes da prosa da segunda fase modernista. [1]
“Vidas secas”, livro publicado pela editora Record, foi um dos principais representantes da prosa da segunda fase modernista. [1]
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A segunda fase do modernismo brasileiro, ou segunda geração modernista no Brasil, é como ficou conhecido o período da literatura nacional que foi de 1930 a 1945. As obras dessa fase são caracterizadas pelo conflito existencial, além da crítica sociopolítica. Surgiram em um contexto de crises políticas e sociais, marcado pela ditadura de Vargas e pela Segunda Guerra Mundial.

Veja também: Primeira fase do modernismo brasileiro — a fase iniciada na Semana de Arte Moderna de 1922

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a segunda fase do modernismo brasileiro

  • A segunda fase do modernismo brasileiro durou de 1930 a 1945.

  • Sua poesia é marcada pelo conflito existencial e pela reflexão sobre os problemas contemporâneos.

  • Sua prosa possui caráter regionalista.

  • Fatos como a ditadura de Vargas e a Segunda Guerra Mundial influenciaram a escrita dos seus autores.

  • Contou com poetas como Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.

  • Contou com prosadores como Graciliano Ramos e Erico Verissimo.

  • Obras como A rosa do povo e Vidas secas foram destaques da sua produção literária.

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Contexto histórico da segunda fase do modernismo brasileiro

No período que foi de 1930 a 1945, fatos históricos importantes, no Brasil e no exterior, influenciaram os escritores modernistas da segunda geração. Com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, que gerou a Crise de 1929, houve queda do preço do café, principal produto de exportação brasileiro, de forma a afetar a economia do país.

No ano seguinte, ocorreu o fim da República Velha, com a Revolução de 1930 encerrando a política do café com leite, que beneficiava agropecuaristas dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Deposto o presidente Washington Luís (1869-1957), Getúlio Vargas (1882-1954) subiu ao poder, em um governo, a princípio provisório, que se estenderia por anos.

Sem ainda aceitar a derrota, os paulistas tentaram voltar ao poder com a Revolução Constitucionalista, de 1932, mas Getúlio Vargas se manteve forte e se firmou no governo com a promulgação da Constituição de 1934. Já em 1937, fechou o Congresso Nacional e decretou o Estado Novo, regime autoritário de cunho fascista.

Artistas e intelectuais de esquerda foram perseguidos pelo governo getulista, conhecido como Era Vargas, que perdurou até 1945. Nesse ano, também chegava ao fim a Segunda Guerra Mundial, com o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, duas cidades japonesas. Diante de tais fatos, os escritores brasileiros expressaram o horror da guerra, a desilusão com a humanidade, além de criticarem a ditadura e apontarem os problemas sociais.

Características da segunda geração modernista

A segunda fase do modernismo brasileiro, também conhecida como fase de reconstrução, teve início em 1930 e se encerrou em 1945, dando espaço para a terceira fase ou, segundo alguns estudiosos, o pós-modernismo. As características das obras escritas na segunda fase do modernismo brasileiro relacionam-se a dois aspectos distintos: o poético e o prosaico.

→ Características da poesia da segunda geração modernista

  • reflexão sobre os problemas contemporâneos;

  • conflito existencial e espiritual;

  • busca por um sentido para a vida;

  • crítica sociopolítica;

  • liberdade de criação;

  • uso de versos regulares, brancos e livres.

Videoaula sobre a segunda fase do modernismo (poesia)

→ Características da prosa da segunda geração modernista

  • regionalismo ou neorregionalismo;

  • realismo ou neorrealismo;

  • crítica sociopolítica;

  • ausência de idealizações;

  • parcialidade da voz narrativa;

  • determinismo;

  • valorização do espaço narrativo;

  • linguagem simples;

  • enredos dinâmicos.

Videoaula sobre a segunda fase do modernismo (prosa)

Autores da segunda geração modernista

→ Poetas da segunda geração modernista

→ Romancistas da segunda geração modernista

Obras da segunda fase do modernismo brasileiro

→ Poesia da segunda geração modernista

  • Forma e exegese (1935), de Vinicius de Moraes

  • A túnica inconsútil (1938), de Jorge de Lima

  • O visionário (1941), de Murilo Mendes

  • Mar absoluto (1945), de Cecília Meireles

  • A rosa do povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade

→ Prosa da segunda geração modernista

  • O quinze (1930), de Rachel de Queiroz

  • Os ratos (1935), de Dyonélio Machado

  • Capitães da areia (1937), de Jorge Amado

  • Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos

  • Fogo morto (1943), de José Lins do Rego

  • O tempo e o vento (1949-1961), de Erico Verissimo

Leia também: Triste fim de Policarpo Quaresma — uma obra do pré-modernismo

Exercícios resolvidos sobre a segunda fase do modernismo brasileiro

Questão 1

(Enem) A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. [...] andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites [...] era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. [...] Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. [...] Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

José Lins do Rego. Menino de engenho.

A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:

A) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”

B) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações.”

C) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.”

D) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e Uma Noites.”

E) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas.”

Resolução:

Alternativa A

A cor local se refere às características geográficas ou culturais de uma região, portanto, faz parte do regionalismo de romances da segunda fase modernista. Assim, o personagem Barba Azul, de um conto europeu, recebe características de um senhor de engenho nas histórias da velha Totonha.

Questão 2

(Enem)

Anoitecer

A Dolores

É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas,
apitos aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.

[...]

É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz — morte — mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.

Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim,
meu passado, meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

A) defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.

B) desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.

C) olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.

D) exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.

E) espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

Resolução:

Alternativa C

O pessimismo do eu lírico pode ser verificado em passagens como estas:

  • “apitos aflitos, pungentes, trágicos,/ uivando escuro segredo”;

  • “o corpo não pede sono,/ depois de tanto rodar;/ pede paz — morte — mergulho/ no poço mais ermo e quedo”;

  • “Hora de delicadeza,/ agasalho, sombra, silêncio./ Haverá disso no mundo?/ É antes a hora dos corvos,/ bicando em mim,/ meu passado, meu futuro, meu degredo;/ desta hora, sim, tenho medo”.

Questão 3

(Enem)

Cântico VI

Tu tens um medo de

Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.

Que morres no amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que te renovas todo dia.

No amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que és sempre outro.

Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.

Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em “Cântico VI”, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,

A) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.

B) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.

C) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.

D) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.

E) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

Resolução:

Alternativa A

A sublimação (purificação ou elevação espiritual), no poema, está relacionada à morte e à renovação provocadas pelos sentimentos de amor e tristeza, além da dúvida e do desejo. A experiência com tais emoções se repete até que, promete o eu lírico, “serás eterno”.

Crédito de imagem

[1] Editora Record (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Segunda fase do modernismo brasileiro"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-modernismo-no-brasil2-fase.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(PUC-RS)

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.

Uma das constantes na obra poética de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos transcritos, é:

a) louvação do homem social
b) o negativismo destrutivo
c) a violação e desintegração da palavra
d) o questionamento da própria poesia.
e) o pessimismo lírico.

Exercício 2

Entre os artistas que se destacaram no cenário artístico nacional, podemos destacar Graciliano Ramos, compondo a segunda fase do Modernismo, sobretudo na prosa. Assim, entre as magníficas obras que criara, uma delas se destaca pela temática voltada para o regionalismo brasileiro - Vidas Secas. Acerca dela, procure explicitar algumas particularidades relacionadas à temática trabalhada pelo autor em questão, enfatizando, sobretudo, os posicionamentos ideológicos por ele firmados – oriundos de todo um contexto social dominante. Para facilitar seu posicionamento frente à questão, propusemo-nos em descrever uma passagem:

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

[...]

Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: — Vão bulir com a Baleia?

[...]

Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.
Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.
[...]

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